terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A tradição continua a ser o que era...


Este comunicado do PSD nabantino vai certamente encantar todos aqueles tomarenses amantes do passado e dos costumes locais. Escrito em tomarês quase puro, inclui até uma daquelas frases algo enigmáticas, próprias dos grandes espíritos: "A oposição, ao rejeitar o Orçamento 2012, provou a sua incoerência e negou a sua existência dos últimos dois anos, quando, de uma forma ou de outra, planeou ou apoiou as actividades desenvolvidas, que entretanto veio agora manifestar, com o "voto contra". Sabendo-se que a escrita é, por assim dizer, o espelho do pensamento, forçoso é reconhecer que, pelas bandas do autor (ou autores?) da frase, as coisas não parecem mesmo nada claras, antes algo baralhadas. No meu humilde entendimento, claro. Deve ser do actual clima de tensão...
Outro aspecto a destacar é a tradicional dicotomia implícita: os maus, os malandros, os incoerentes, os que não prestam são os outros, aqueles que contrariam as nossas ideias e acções. Mas "o PSD irá governar num sistema de partilha de ideias e de valores, onde todos os que se apresentem com ideias positivas válidas, serão ouvidos e convidados a participar, tendo em vista reforçar a imagem e posicionamento de Tomar ao nível regional e nacional." Ou me engano muito, ou a isto se usa chamar "língua de pau" e exemplo acabado de hipocrisia política. Compreendo que não sigam aquilo que aqui venho  porfiadamente dizendo -renunciem quanto antes e convoquem eleições intercalares. Alegarão que se trata de ideias negativas e inválidas. Mas já não percebo de modo algum o que terá levado por exemplo os dois eleitos socialistas a renunciarem a confortáveis vencimentos e mordomias, segundo afirmaram como forma de protesto contra a total e prolongada ausência de diálogo. Apesar de haver uma coligação publicamente assumida. Agora que a dita cuja acabou em rabo de bacalhau, os social-democratas tomarenses estavam e estão à espera de quê? É óbvio que já deixaram há muito de governar, passando apenas a governar-se, graças à evidente cumplicidade dos restantes quatro comparsas. E agora ainda têm o desaforo de os criticar publicamente?!
De eleitos responsáveis se deve esperar sempre que cumpram minimamente as suas obrigações de representantes do povo. Infelizmente, a actual maioria relativa nunca se mostrou interessada em cumprir a mais importante dessas servidões: informar atempadamente e com verdade os cidadãos-contribuintes-eleitores, que os mandataram. Desde o início do actual momento crítico que nos Paços do Concelho o silêncio é de ouro. Este comunicado agora subscrito pela Comissão Política local, apenas contribui para complicar ainda mais a já atribulada relação inter-eleitos. Uma vez que os laranjas não tencionam renunciar em bloco, quiçá devido às eleições internas previstas para Fevereiro e procurando adiar o mais possível a inevitável hora da verdade, com a legalmente indispensável auditoria externa, já com quatro anos de atraso, resta fazer votos para que a oposição saiba honrar esta amada terra, quase em fase terminal, unindo-se e agindo rapidamente, de  forma a provocar eleições intercalares quanto antes. Oxalá!!!

1 comentário:

Luis Ferreira disse...

Ó estimado Prof.Rebelo, mas que surpresa a sua em relação a esta peça indispensável da nulidade laranja local...

Acha mesmo que aquela gente seja capaz de produzir algo melhor? Se nem sequer souberam escrever um programa eleitoral. Nem foram capazes de escrever uma linha do "acordo de partilha de poder", que assinaram e incumpriram com PS em Outubro de 2009. Nem sequer souberam escrever a carta de renuncia de Corvelo de Sousa e pô-lo a assiná-la ou a Moção de defesa do fugido escritor Antunes tendo mandado o professor primário bloquista fazê-lo, estava à espera de quê?

Estou concentrdissino, como diria Futre, a assistir na primeira fila ao fogo, qual Nero contemplando a obra prima criada.

E ainda agora a procissão saiu do adro...