LE MONDE, 07/12/2011, página 3
Há que tomar providências! Quanto mais não seja, vestir o impermeável ou arranjar um chapéu de chuva. Vem aí borrasca da grossa! E para muito tempo! Os dois recortes supra são como o célebre algodão do anúncio -não enganam. Isto vai mesmo de mal a pior. Na Irlanda já vão no sétimo PEC em três anos, com o primeiro-ministro a declarar "Gostaria de poder dizer que este orçamento para 2012 não terá impacto sobre os mais necessitados, mas seria faltar à verdade." Trata-se com efeito de um orçamento com medidas muito dolorosas, entre as quais avulta a redução em 20% do subsídio aos mais pobres para aquecimento doméstico, o que por aquelas paragens nórdicas... Em simultâneo, uma das famosas três agências de notação, a Standard & Poor's, declarou a zona euro em vigilância negativa, preparando-se para baixar as notações um ou dois níveis, consoante os casos. Como era de esperar, todos os países latinos, mais a Irlanda e alguns outros, aparecem com as duas bolinhas vermelhas = eventual descida próxima de dois níveis. O resto da infografia é de fácil interpretação, apesar das indicações em francês. A verde escuro, os melhores alunos da turma europeia = AAA = Segurança Máxima; a castanho, a vergonha da turma = CC = em bancarrota. Estamos a falar só da Grécia. Por enquanto... A meio da tabela, em rosa claro, Portugal = BBB = qualidade média inferior. Como a Irlanda. E como Chipre, onde governa o partido comunista. Ele há coisas! A esta hora estarão os 27 reunidos em Bruxelas, para debater, modificar e aprovar um compromisso franco-alemão que já li (no Le Monde on line, pois claro) anteonteontem. Principais tópicos: A - Aprovação prévia pela UE = Alemanha do orçamento anual de cada país em dificuldade; B - inclusão da "regra de ouro" = défice zero = orçamento verdadeiro e equilibrado na constituição; C - Pagamento integral da dívida soberana; D - Cortem onde entenderem, mas reduzam drasticamente a despesa pública até atingirem o exigido em A e tendo em conta que as receitas vão continuar a diminuir. E em Tomar? Neste contexto, a nossa amada terra nem sequer chega a ser a cabeça de um alfinete. Mas para nós, naturalmente, é sempre o centro do mundo, onde tudo começa e tudo acaba. Pois é, o que não resolve nada, antes pelo contrário. À medida que a crise internacional e nacional se agrava, a situação à beira-Nabão segue a mesma tendência, em ritmo mais acelerado. Julgando estar a ganhar tempo, os nossos distintos dirigentes estão afinal a esbanjá-lo. Como têm feito com os recursos ao seu dispor. Cada dia que passa aumentam as dívidas e diminuem as receitas. Aumentam as dívidas, com consumíveis e outras despesas correntes. Diminuem as receitas, devido ao encerramento de empresas, à redução da actividade económica, à baixa do IRS resultante do desemprego e dos cortes, bem como à debandada da população, em busca de paragens mais baratas e acolhedoras. Perante tal desgraça, duas atitudes possíveis: 1 - Procurar fazer frente, recorrendo a todas as soluções possíveis, mesmo as mais drásticas; 2 - Fazer de conta que não é nada e esperar que passe. Segundo o economista Philip Lane, professor da Trinity University, em Dublin, Irlanda, citado pelo Le Monde, que nunca brinca com coisas sérias, "O peso da dívida e dos respectivos juros é de tal ordem que temos austeridade para pelo menos vinte anos." Em Tomar, a dívida global do município é neste momento, segundo as melhores fontes, de quase 80 milhões de euros = 16.000.000 de contos. Leu bem! 16 milhões de contos! Um milhão por freguesia! Por enquanto, pois pelo andar da carripana, agora sem o condutor titular... Vá já vestir a gabardina e abrir o chapéu de chuva! |
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