terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Vendedores de ilusões que já custaram milhões


A ilustração supra vem mesmo a propósito nesta época de Natal, pois tal como os Reis Magos foram guiados por uma estrela até ao Menino, também o PSD local, tendo como cabeça de lista o independente António Paiva, eleito pelos tomarenses com larga maioria absoluta, tinha a sua estrela orientadora. Tem por título "Tomar 2015 - Uma nova agenda urbana - Documento de trabalho - Janeiro de 2008". Entre as dezenas de propostas mais ou menos patuscas, eis algumas constantes da página 14. Do lado esquerdo uma selecção de pretensas oportunidades; do lado direito três ameaças latentes.
Praticamente quatro anos depois,  todas a oportunidades continuam no mesmo ponto de então. Aguardam que alguém tenha arcaboiço, engenho e arte, para as implementar pelo menos em parte. O que agora é pouco menos que impossível, uma vez que a crise e a absoluta necessidade de reduzir o défice não permitem recorrer aos fundos europeus, por carência de pulmão financeiro para garantir o remanescente, acrescido de IVA e "trabalhos a mais", uma conhecida doença portuguesa.
Em contrapartida, as ameaças de então acabaram por se concretizar na sua totalidade. O Mercado Municipal vai-se degradando, enquanto os vendedores estão agora abrigados numa tenda provisória, fria no Inverno e escaldante no Verão. Parece não haver dinheiro para a equipar com ar condicionado, mas houve para a iluminação de Natal. Valha-nos isso! A "miséria engravatada" tem grandes tradições no Vale do Nabão. O ambicionado operador privado nunca apareceu e ainda bem. Caso tivesse aparecido, de certeza que já teria resolvido calçar os patins e zarpar em grande velocidade, pois burocracias chatas e burras, ninguém está para as aturar. Sobretudo numa terra cujo poder de compra se afunda a olhos vistos.
A "conectividade funcional e física entre a cidade e o Convento de Cristo" está também como estava há quatro anos, entre outros motivos por se tratar de uma errónea problematização do assunto. Na verdade, como bem sabe qualquer profissional de turismo, mesmo principiante desde que competente, o enunciado está invertido: não se trata de ligar a cidade ao Convento, mas exactamente o inverso. É do conhecimento geral que praticamente todos os turistas que chegam ao centro histórico visitam o Convento. Os que se dirigem primeiro ao Convento é que na sua esmagadora maioria  não visitam a cidade. Por conseguinte, o desafio consiste em ligar o conjunto Castelo/Convento à cidade, e não o oposto, conforme consta do documento. Amadorismos dão nisto.
Sobre a terceira ameaça, julgo ser melhor abreviar, por uma questão de dó e piedade. Estratégia turística? Recursos patrimoniais e ambientais? Produto [turístico] atractivo? Não brinquem com coisas sérias! Se querem divertir-se, há ali frente aos Paços do Concelho a protecção do punho da espada do Gualdim, que imita muito bem o necessário. Não envergonhem ainda mais os tomarenses e os profissionais briosos. O que agora nos vale é que a era do dinheiro fácil já lá vai e não volta, pelo que estudos desta categoria não voltarão a ter oportunidades. Ainda bem!

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