Foto Rádio Hertz
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Caso falte a coragem ou não haja o realismo necessário para provocar eleições intercalares, ainda estamos a perto de dois anos da futura consulta eleitoral. Apesar disso, acicatados por um quotidiano que não cessa de se agravar, cada vez mais inquietos quanto ao seu futuro nas lides públicas, os principais eleitos locais tentam denodadamente vislumbrar algo do futuro. Até agora sem grande sucesso.
Um dos métodos usados consiste em difundir o nome de um provável futuro candidato, só para ver as reacções. Aquilo que se designa por "lebre", "palpite" ou "balão de ensaio". Tivemos assim, primeiro o Américo J.J., ou seja o Américo da Junceira e da Judiciária. Mais tarde chegou a vez do padre Mário, o pároco da urbe. Seguiu-se o ex-presidente, actual vereador e líder dos IpT, Pedro Marques.
Do primeiro nada posso dizer por agora, uma vez que nem sequer o conheço pessoalmente e também nunca tive o prazer de o ler ou de o ouvir, de forma detalhada. Quanto ao padre Mário, parece-me estar-se mesmo a ver que, com a falta de sacerdotes e de vocações por aí vai, a sua hierarquia dificilmente consentiria no seu afastamento da pastoral da igreja, uma vez que se trata -dizem os paroquianos- de um excelente padre. A não ser que resolvesse "despadrar-se", o que julgo estar fora de causa. O próprio, falando sobre a política local, foi claro: "A minha missão é outra."
De Pedro Marques todos sabemos que foi presidente da câmara durante oito anos, que entrou na política local pelo telhado e que não deixou boas recordações em muitos eleitores. Prova disso é que nas duas últimas consultas eleitorais, apesar de singularmente ajudado por outra formação política na mais recente, não conseguiu vencer, nem ficar perto disso. PSD e PS conseguiram mais votos, isoladamente. Por conseguinte, vir agora lançar a ideia de que, após o fim da coligação com o PS, os social-democratas iriam propor um acordo implícito aos IpT, oferecendo como contrapartida a liderança da futura lista PSD a Pedro Marques, é algo que parece mera engenharia virtual. Um avatar sem futuro.
Primeiro porque Pedro Marques é susceptível e orgulhoso, não aceitando de modo algum ser suplente ou remendo do PS. Depois, porque os outros membros dos IpT de certeza que não estariam todos de acordo. Finalmente, porque nada garante que, mesmo com Pedro Marques a encabeçar a lista, o PSD vencesse. A não ser que o PS asneirasse gravemente -o que não aconteceria pela primeira vez. E mesmo assim, pago para ver, se for caso disso.
É meu entendimento que a próxima consulta eleitoral, seja ela quando for, terá forçosamente um enquadramento muito diferente do habitual. Não só por causa da crise, que vai implicar a apresentação de propostas realistas e quantificadas, em vez das habituais farturas, mas também e sobretudo porque, causticados pelos acontecimentos, os eleitores tomarenses podem ainda não saber muito bem o que pretendem, mas já sabem o que não querem. Esperam pelas tais propostas concretas e bem explicadas, para poderem depois escolher em consequência. Infelizmente para os actuais eleitos, nenhum tem tais propostas, ou sabe sequer como se estruturam, ou como devem ser apresentadas. Tal como sucede com os outros domínios do saber, também a política está cada vez mais "tecnicizada", exigindo a implementação da velha arenga do cabo de corneteiros de Infantaria 15: "Quem sabe, toca! Quem não sabe, passa a corneta a outro, que não há cornetas que cheguem para todos!|" E agora com a crise ainda há menos "cornetas"! Essa é que é essa!
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