segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Olhar à nossa volta

Passou o Natal, vem aí o Ano Novo, mais um curto momento de alguma alegria e passageira euforia. Depois teremos de novo a interminável e pesada pasmaceira nabantina. É agora consensual que estamos mal servidos de eleitos. Conquanto boas pessoas, têm demonstrado vezes sem conta que não são os mais adequados para os lugares aos quais se candidataram. Vai daí, há uma tendência geral e doentia para lhes atribuir a responsabilidade por todos os males que nos atormentam. Erro nosso, que tão caro nos tem custado e nos arrastará para o estertor final, caso nada seja feito entretanto para contrariar tal estado de coisas.
Porque a triste e incómoda verdade é esta: Os nossos autarcas não valem grande coisa, mas não são usurpadores nem ditadores. Procuram desempenhar os lugares que ocupam de modo transitório o melhor que sabem e têm toda legitimidade para isso, pois fomos nós que os escolhemos. Temos todo o direito de discordar e de protestar, sem contudo devermos considerá-los como malfeitores, delinquentes ou desonestos. Ninguém contestou, nem tinha razões para contestar, o acto eleitoral que os colocou onde estão. Por conseguinte, se não estamos satisfeitos -como é o caso- resta-nos o recurso ao protesto e à manifestação. Tudo nos limites da lei, dos costumes e da decência. De forma pacífica e eficaz.
Assim de momento, parece-me que as últimas reivindicações populares que por aí houve foram contra a saída de um serviço público, já não me lembro qual, contra a encerramento da Platex, contra as portagens na A13 e contra a autarquia, por não implementar o conselho municipal de juventude. Temos de concordar que nenhuma foi ao essencial, bem pelo contrário. E, salvaguardando o caso particular dos trabalhadores da Platex, reconheça-se que se tratou de questões por assim dizer laterais, de detalhe, que não iam à raiz do nosso problema colectivo -encontrar outro modelo de desenvolvimento, uma vez que este que conhecemos faliu. Aos autarcas que temos não interessa a mudança, pois ela implica a sua substituição. Mas a população está à espera de quê? Que os causadores do desastre sejam agora capazes de reconstruir tudo? É uma ideia insensata. Se não tivermos a coragem de unidos agirmos em prol de outro futuro mais prometedor, espera-nos uma longa via dolorosa, cujo fim ainda nem sequer está à vista.

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