Como aqui foi escrito ontem, na sequência da rejeição do orçamento 2012 pelos quatro vereadores da oposição, Carlos Carrão declarou haver uma situação política nova -a oposição está agora unida. Tendo toda a razão neste detalhe, teria ganho em prosseguir o raciocínio: com a oposição finalmente unida devido sobretudo às inúmeras tropelias da relativa maioria laranja, o PSD municipal está isolado, desacreditado e bloqueado. Doravante, o trio do topo do executivo tomarense só fará, em termos de grandes opções, aquilo que a oposição consentir. E vai consentir muito pouco.
O PS, cujos dois eleitos renunciaram voluntariamente a rendimentos mensais da ordem dos cinco mil euros cada um, já está mais para eleições antecipadas, que só não provoca por recear que isso o possa vir a prejudicar, bem como por não confiar inteiramente nos IpT. Quanto a estes, a recente decisão de propor o envio para a PGR do processo ParqT, mostra que estão a enveredar pelo tradicional bem feitinho -ir cozinhando a relativa maioria em lume brando, até que eles se resolvam a renunciar e convocar eleições intercalares. Reconheça-se que não está nada mal visto. Assim, conseguem manter-se a flutuar, enquanto vão satisfazendo um certo sadismo latente e achincalhando os adversários. Pensam eles. Mas posto que também não têm qualquer projecto adequado à actual situação, o futuro pode reservar-lhes desagradáveis surpresas.
No meio disto tudo, o problema é que os outros concelhos não esperam por nós, nem a constante mudança, cada vez mais acelerada, vai afrouxar por nossa causa. Nunca a televisão mostrou que alguma corrida tenha sido interrompida, porque um ou vários concorrentes começaram a coxear e a ficar para trás. Assim sendo, o presente modus operandi da maioria e da oposição seria para rir se não tivesse consequências tão trágicas. Imagine-se a cena. O procurador geral da República recebe o pedido tomarense e informa que o inquérito preliminar vai levar uns meses. A ParqT irrita-se com tal manobra dilatória e decide accionar o município tomarense, para que este nomeie bens à penhora. A próxima Assembleia Municipal, dia 27, volta a chumbar a revisão orçamental, pois nenhum dos "21 anteriores conjurados" tem qualquer razão para mudar de opinião. Ninguém gosta que o alcunhem de vendido, troca-tintas ou catavento, e os votos são de braço no ar. Perante tudo isto, o estado clínico de Corvêlo de Sousa só pode agravar-se, como se compreende, o que leva o seu médico a prolongar a baixa. Carlos Carrão resolve submeter uma vez mais a votação o orçamento para 2012. A PGR continua a estudar o processo ParqT. Os IpT decidem propor ao executivo a tal auditoria externa às contas municipais, que até agora nunca foi feita, apesar de obrigatória. Os socialistas mantêm-se na expectativa, para que ninguém os possa vir a acusar de terem provocado eleições antecipadas.
Com todos os eleitos tomarenses assim entretidos nas suas travessuras recíprocas, a certa altura surge o drama inesperado: não há liquidez para assegurar os vencimentos, porque afinal a governação por duodécimos não passou de uma treta, dado que em 2012 as transferências obrigatórias e outras receitas vão ser bastante inferiores às de 2011, devido às medidas de austeridade e à grave quebra da actividade económica. É isto que PSD, PS e IpT ambicionam para Tomar? Claro que não! Mas então estão à espera de quê para se sentarem todos à volta de uma mesa e decidirem medidas consensuais para os próximos tempos? Eleições intercalares, por exemplo... O que tem de ser, tem muita força!
1 comentário:
"Mas então estão à espera de quê para se sentarem todos à volta de uma mesa e decidirem medidas consensuais para os próximos tempos?"
Excelente pergunta a exigir resposta este fim de semana.
O primeiro passo só pode ser esse. A decisão nunca deve ser a de eleições antecipadas. Que adiantaria?
A minha proposta:
-Reunião urgente dos líderes dos partidos locais com assento no executivo (PSD-PS-INDEP'S)
-Colocar de parte eleições antecipadas.
-Reformular o executivo:
a)Regresso do Presidente legítimo (Corvêlo de Sousa). Não há pão pa malucos....
b)Solicitar renúncia a todos os actuais vereadores.
c)Restaurá-lo com novos vereadores
d)Na base de medidas acertadas, criar um executivo novo, distribuindo pelouros pelo Presidente, um vereador do PS e um vereador dos Indep's.
(pressupõe um entendimento até fim do mandato, que proponho envolva o CDU, na pessoa do Eng. Bruno).
Medida importante!
Convidar o Engenheiro Bruno e o Dr. Rebelo para assessores principais do executivo com poderes especiais definidos de controlo da aplicação das medidas e de toda a actividade camarária.
Mais ou menos isto.
Se os líderes das três organizações políticas deixarem a coisa ir para eleições antecipadas, só demonstram a sua incompetência e irresponsabilidade e oportunismo.
(Cantoneiro da Borda da Estrada -"cantoneiro" -, que já não consegue entrar no T a D)
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