sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Cozinhar em lume brando

Como aqui foi escrito ontem, na sequência da rejeição do orçamento 2012 pelos quatro vereadores da oposição, Carlos Carrão declarou haver uma situação política nova -a oposição está agora unida. Tendo toda a razão neste detalhe, teria ganho em prosseguir o raciocínio: com a oposição finalmente unida devido sobretudo às inúmeras tropelias da relativa maioria laranja, o PSD municipal está isolado, desacreditado e bloqueado. Doravante, o trio do topo do executivo tomarense só fará, em termos de grandes opções, aquilo que a oposição consentir. E vai consentir muito pouco.
O PS, cujos dois eleitos renunciaram voluntariamente a rendimentos mensais da ordem dos cinco mil euros cada um, já está mais para eleições antecipadas, que só não provoca por recear que isso o possa vir a prejudicar, bem como por não confiar inteiramente nos IpT. Quanto a estes, a recente decisão de propor o envio para a PGR do processo ParqT, mostra que estão a enveredar pelo tradicional bem feitinho -ir cozinhando a relativa maioria em lume brando, até que eles se resolvam a renunciar e convocar eleições intercalares. Reconheça-se que não está nada mal visto. Assim, conseguem manter-se a flutuar, enquanto vão satisfazendo um certo sadismo latente e achincalhando os adversários. Pensam eles. Mas posto que também não têm qualquer projecto adequado à actual situação, o futuro pode reservar-lhes desagradáveis surpresas.
No meio disto tudo, o problema é que os outros concelhos não esperam por nós, nem a constante mudança, cada vez mais acelerada, vai afrouxar por nossa causa. Nunca a televisão mostrou que alguma corrida tenha sido interrompida, porque um ou vários concorrentes começaram a coxear e a ficar para trás. Assim sendo, o presente modus operandi da maioria e da oposição seria para rir se não tivesse consequências tão trágicas. Imagine-se a cena. O procurador geral da República recebe o pedido tomarense e informa que o inquérito preliminar vai levar uns meses. A ParqT irrita-se com tal manobra dilatória e decide accionar o município tomarense, para que este nomeie bens à penhora. A próxima Assembleia Municipal, dia 27, volta a chumbar a revisão orçamental, pois nenhum dos "21 anteriores conjurados" tem qualquer razão para mudar de opinião. Ninguém gosta que o alcunhem de vendido, troca-tintas ou catavento, e os votos são de braço no ar. Perante tudo isto, o estado clínico de Corvêlo de Sousa só pode agravar-se, como se compreende, o que leva o seu médico a prolongar a baixa. Carlos Carrão resolve submeter uma vez mais a votação o orçamento para 2012. A PGR continua a estudar o processo ParqT. Os IpT decidem propor ao executivo a tal auditoria externa às contas municipais, que até agora nunca foi feita, apesar de obrigatória. Os socialistas mantêm-se na expectativa, para que ninguém os possa vir a acusar de terem provocado eleições antecipadas.
Com todos os eleitos tomarenses assim entretidos nas suas travessuras recíprocas, a certa altura surge o drama inesperado: não há liquidez para assegurar os vencimentos, porque afinal a governação por duodécimos não passou de uma treta, dado que em 2012 as transferências obrigatórias e outras receitas vão ser bastante inferiores às de 2011, devido às medidas de austeridade e à grave quebra da actividade económica. É isto que PSD, PS e IpT ambicionam para Tomar? Claro que não! Mas então estão à espera de quê para se sentarem todos à volta de uma mesa e decidirem medidas consensuais para os próximos tempos? Eleições intercalares, por exemplo... O que tem de ser, tem muita força!

1 comentário:

templario disse...

"Mas então estão à espera de quê para se sentarem todos à volta de uma mesa e decidirem medidas consensuais para os próximos tempos?"

Excelente pergunta a exigir resposta este fim de semana.

O primeiro passo só pode ser esse. A decisão nunca deve ser a de eleições antecipadas. Que adiantaria?

A minha proposta:

-Reunião urgente dos líderes dos partidos locais com assento no executivo (PSD-PS-INDEP'S)
-Colocar de parte eleições antecipadas.
-Reformular o executivo:
a)Regresso do Presidente legítimo (Corvêlo de Sousa). Não há pão pa malucos....
b)Solicitar renúncia a todos os actuais vereadores.
c)Restaurá-lo com novos vereadores
d)Na base de medidas acertadas, criar um executivo novo, distribuindo pelouros pelo Presidente, um vereador do PS e um vereador dos Indep's.

(pressupõe um entendimento até fim do mandato, que proponho envolva o CDU, na pessoa do Eng. Bruno).

Medida importante!

Convidar o Engenheiro Bruno e o Dr. Rebelo para assessores principais do executivo com poderes especiais definidos de controlo da aplicação das medidas e de toda a actividade camarária.

Mais ou menos isto.

Se os líderes das três organizações políticas deixarem a coisa ir para eleições antecipadas, só demonstram a sua incompetência e irresponsabilidade e oportunismo.

(Cantoneiro da Borda da Estrada -"cantoneiro" -, que já não consegue entrar no T a D)