segunda-feira, 31 de maio de 2010

QUALIDADE: PRECISA-SE!

Foto 1 - Ilha dos pinguins -Chile

Foto 2 - Punta Arenas, ponto mais austral da América

Foto 3 - Barqueiro e barco no lago Inle - Miannamar (Birmânia)

Foto 4 - Praça de S. Marcos, vista a partir da lagoa - Veneza

Foto 5 - Cornacas e elefantes aguardam os turistas - Laos

Cinco fotografias turísticas, para significar que o mundo é vasto e ameno, pelo que as viagens são sempre muito enriquecedoras, desde que se tenha em conta o conhecido dito popular árabe: As viagens formam os viajantes; porém, toma cautela! Se mandares o teu burro à Meca, ele regressará tão asno como antes da partida.
Feito o intróito, vamos à questão central. Aquando do recente debate sobre o protocolo entre a autarquia e a Associação Portuguesa de Turismo Cultural, depressa se chegou, como quase sempre acontece nestes assuntos, à fase do diálogo de surdos. No final, cada uma das partes mantém integralmente as suas posições anteriores. Mal empregada saliva.
Neste caso, enquanto um lado alegava que as prestações da entidade em questão não eram de qualidade, o outro retorquia que, pelo contrário, se tratava de especialistas na matéria. Óptima ocasião para um terceiro interveniente poder dizer, com toda a propriedade, um dos senhores estão enganados. (Já sabemos! Há erro de concordância. Mas é deliberado,. Assim fica menos abrasivo!). Mas ninguém se arriscou a meter a foice em seara alheia. Se calhar porque agora há máquinas para tudo. Mas ainda não há para uma boa troca de ideias.
Sabe-se, sobretudo nos meios especializados, dentro e fora do País, que o ensino em Portugal já conheceu melhores dias. Não sendo a ocasião nem o local para tentar aprofundar o assunto, pode-se no entanto dizer que temos um ensino que continua demasiado teórico, generalista em excesso, sem selecção e sem provas finais credíveis. Na área do turismo, confrange verificar que quase tudo se resume a trinta e um de boca, com pouca ou nenhuma prática efectiva, o que contrasta não só com a praxis europeia e/ou americana, mas igualmente com o que se vem fazendo por esse mundo fora. China incluída!
Em Portugal, por estranho que possa parecer, continua a acreditar-se que qualquer um serve para qualquer profissão. Se calhar por se cuidar que o Espírito Santo ajuda sempre. Por isso e porque fica bastante mais barato, é flagrante a falta de qualidade nos mais diversos sectores, por esse País fora. Como é lógico, o turismo não escapa ao improviso, ao remedeio, ao desenrascanço, ao depois logo se vê. Situações particularmente penalizadoras, pois os visitantes vêm em geral habituados a outras práticas e outros modos.
Há neste momento em Portugal 6 licenciaturas em Turismo Cultural e 28 em Turismo e Hotelaria. No caso das primeiras, os melhores candidatos entraram na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, com 15,52 e 15,92 para os últimos admitidos, respectivamente na primeira e na segunda fase. Os candidatos mais fracos entraram Escola Superior de Gestão de Lamego, do Politécnico de Viseu, com 11,3 e 10,7 respectivamente. Os últimos admitidos no Politécnico de Tomar, entraram com 12,1 e 10,8.
Quanto às licenciaturas em Turismo e Hotelaria, são neste momento leccionadas 28, em todo o País. Os candidatos com notas mais altas entraram na Universidade de Aveiro, com 15,0 e 14,45 para os últimos admitidos, enquanto que os menos abonados entraram no Politécnico de Bragança/Escola Superior de Gestão de Mirandela, com 9,5 e 9,7 para os últimos colocados em cada uma das fases.
Nestas condições, tendo em conta que em parte alguma do Mundo se conseguem fazer chouriços sem carne, sendo igualmente certo que não basta ter carne para fazer chouriços, tudo dependendo da habilidade do salsicheiro e dos temperos, que mais se poderá dizer? Que após a licenciatura ainda há os mestrados? Pois há! Mas se no primeiro ciclo de Bolonha, como agora se diz, as verificações de conhecimentos e subsequentes classificações, tanto intermédias como finais, estão em geral muito longe daquilo que deveriam ser, em termos europeus; nos mestrados, o melhor é não pormenorizar demasiado. Dado aquilo que custam (2500 euros, no mínimo) e as condições reinantes, há casos em que nem sequer é possível determinar com rigor se a tese apresentada foi efectivamente coligida, estruturada e redigida pelo mestrando que a apresenta e defende. Vamos indo...
Que fazer então? Mudar quanto antes a espingarda de ombro, como se dizia na tropa. Favorecer a prática, devidamente controlada e avaliada, em detrimento das aulas magistrais. Criar com frequência situações de real exercício da futura actividade pretendida. Avaliar e ter a coragem de excluir os menos aptos. Ser exigente consigo próprio e com os outros. Aprender a aprender, se ainda é necessário, antes de tentar ensinar a aprender. Sem tudo isto, não iremos longe. Por evidente falta de qualidade. E não adiantará vir com aquela segundo a qual "Quem não tem cão, caça com gato." Se o felino não tiver sido antes devidamente treinado, acabará por comer tudo quanto caçar, pelo que mais vale ir à caça sozinho! Ou aguardar melhores tempos e outras práticas.

ILEGALIDES, BLOQUEIOS E PREVARICAÇÕES NA CMT?

O que segue resulta de várias trocas de impressões com fontes que pediram para falar connosco e que reputamos credíveis. Dado que não somos jornalistas, nem escrevemos em qualquer órgão de informação legalizado, foi nosso entendimento que não estávamos em condições de solicitar ao executivo camarário comentários sobre os assuntos em questão. Tanto mais que, de acordo com os hábitos da casa, poderia verificar-se mais um caso de indefinido protelamento da reacção solicitada, com evidente prejuízo para a oportunidade do assunto.
Tomar a dianteira coloca-se, mais uma vez, à inteira disposição da autarquia, para a publicação de quaisquer esclarecimentos que julguem necessários. Afinal, trata-se de servir a comunidade tomarense, procurando sempre o melhor possível para ela.

Segundo as nossas fontes, o Código dos Contratos Públicos estabelece a obrigatoriedade, para todos os organismos públicos, de enviarem para publicação cópia dos contratos por ajuste directo a que procedam. Trata-se do qrtigo 127º, cujo ponto dois estabelece que são nulos todos os actos não comunicados, sendo por conseguinte ilegais e devendo ser repostos todos os pagamentos efectuados.
Neste âmbito, tenciona a inspecção já prevista ao Município de Tomar proceder à verificação detalhada da conformidade ou não das práticas da referida entidade em relação ao normativo supramencionado. Há, com efeito, suspeitas, baseadas em feixes de indícios convergentes, os quais apontam no sentido de estar o actual executivo tomarense, de forma deliberada ou por desleixo, não sendo concebível que o faça por ignorância, até porque esta não pode, nos termos da Lei, ser alegada como argumento ilibatório, ( "Ninguém pode alegar ignorância da Lei para daí retirar benefício.") de estar o Município, escrevíamos, a sonegar dados de conhecimento público e obrigatório.
Em termos acessíveis a todos, há fundadas dúvidas em relação ao estrito cumprimento da Lei por parte do Município de Tomar, mais precisamente no que concerne a ajustes directos e ao obrigatório envio dos respectivos documentos para publicação. Tal poderá, segundo quem nos contactou, ser premeditado, para posterior uso como argumento para protelar pagamentos; resultar de mero desleixo; ou configurar um acto de ocultação de dados tendo como objectivo final enganar o fisco, bem como outros serviços adstritos ao governo do País.
São três as vertentes a averiguar: A) - Todos os contratos são enviados atempadamente para publicação? B) - Cada um desses contratos menciona rigorosamente o objecto real do acordo?
C) - Múltiplos protocolos subscritos pelo Município não serão antes contratos de prestação de serviço, por ajuste directo, devendo por isso ser enviados para publicação?
Em relação ao ponto B, foi-nos detalhado um determinado ajuste directo, em que se menciona a compra de um projecto para "cafetaria e biblioteca em área desportiva", o qual, segundo alguns indícios já recolhidos, pode corresponder mais precisamente a um bar para venda, entre outras coisas, de bebidas alcoólicas, prática rigorosamente proibida em recintos desportivos. A ser assim estaríamos perante um caso típico de prevaricação e ocultação, ou encobrimento, previsto e punível pelo normativo em vigor.
Sob reserva do exposto no prólogo, recorda-se que já anteriormente, aquando da ainda recente inspecção, a Câmara foi repreendida por, designadamente, ter tentado escamotear mais de 2 milhões de euros de dívidas. E cesteiro que faz um cesto, faz um cento. Diz o povo, que sabe muito.

domingo, 30 de maio de 2010

SALADA FRIA DE FIM DE SEMANA



Há por aí, como é do conhecimento geral, umas ratazanas supostamente políticas, dispostas a sabe-se lá o quê, para continuarem a ter acesso ao apetitoso queijo autárquico nabantino. Tais predadores, mal ouvem qualquer composição que lhes ofende os ultra-sensíveis tímpanos, rapam logo da cassete -É tudo mentira! Invejosos! É só má-língua! Sectários! Cambada de ignorantes, só sabem criticar! etc. etc.
Para eles, preparei esta salada de recortes de fim de semana. Que deve ser comida fria. Gelada até, se tal for possível. Bom proveito a todos! (Não têm nada que agradecer. Continuem a cumprir as vossas obrigações, que eu tenciono fazer outro tanto.)

Os três recortes acima, reproduzidos do PÚBLICO de hoje, Suplemento CIDADES, a quem agradecemos, apesar de não falarem, são assaz eloquentes. É claro que nada daquilo que dizem se aplica ao município de Tomar, que é, como todos sabemos, uma autarquia rica. Ou, pelo menos, os integrantes e os apoiantes da actual maioria de circunstância têm essa mania. Deve mesmo ser por isso que até agora, em vez de anunciarem um plano de austeridade, ou no mínimo alguns cortes, se apressaram a escolher o mordomo da próxima edição dos Tabuleiros, e a anunciar a respectiva data de realização. Afinal serão só à roda de 200 mil euros (4o mil contos) + as inevitáveis alcavalas. Coisa ínfima para gente rica, ainda para mais a gerir uma autarquia rica. E depois ainda há a considerar o nunca encontrado tesouro dos Templários, se bem que, por agora, o melhor será arranjar uma tesoura quanto antes. Para os indispensáveis cortes orçamentais. Digo eu, que sou por vós acusado de ter mau feitio...

Tudo isto num contexto em que o presidente do BPI, Fernando Ulrich, se calhar influenciado pela sua evidente ascendência alemã, disse já faltar pouco para batermos na parede, conforme aqui referimos em tempo útil. Queria ele dizer na sua, que os bancos portugueses têm muita dificuldade para se financiarem no estrangeiro, situação grave, pois cá dentro não encontram dinheiro que chegue para as suas necessidades, em termos de fundos de maneio.
Ontem, foi a vez da analista económica francesa Anne Michel dizer de sua justica: "Eis que o Banco Espírito Santo, de Lisboa, acaba de anunciar que os bancos do sul da Europa temem não conseguir encontrar financiamento para as suas actividades normais... ...Mas tais problemas atingem, até este momento, apenas os bancos mais "frágeis" da zona euro. Os que se situam nos países mais endividados, que por isso mesmo -temem os investidores- talvez não tenham condições para salvar os bancos uma segunda vez. Concretamente, se os bancos gregos, portugueses e espanhóis têm falta de oxigénio, em contrapartida os bancos considerados sólidos, como por exemplo o BNP PARIBAS, em França, não têm qualquer problema de financiamento..."
Por sua vez, Marie Vergès, outra analista financeira e jornalista no Le Monde, escreve que "A tristeza de uns é a alegria de outros. ... ... Vendendo aos pacotes os títulos da dívida pública grega, portuguesa ou espanhola, os investidores atiram-se aos magotes às obrigações soberanas alemãs e francesas, cujas taxas de juro baixam devido a tal procura. Temos assim que, tanto a Alemanha como a França se conseguem financiar um pouco mais barato. Uma verdadeira bênção, nestes tempos conturbados de austeridade e penúria..."
Enfim, P.A. Delhommais, o habitual cronista económico do Le Monde, já conhecido dos leitores deste blogue, avança com a sua usual ironia cáustica: "...Já toda a gente percebeu que uma eventual mudança de maioria política em França, aquando das presidenciais de 2012, no fim de contas não mudará nada. A continuação da política de austeridade, num contexto de fraco crescimento económico, eis o que aguarda o futuro (feliz?) presidente eleito. É por isso que nem se percebe bem porque motivos os dirigentes do PS parecem prontos para o combate corpo a corpo, para conseguirem um poder cujo exercício será mais do domínio do sadomasoquismo do que da "ofensiva de civilização". É claro que os franceses sempre poderão argumentar que o futuro se anuncia ainda mais sombrio para os gregos, espanhóis, italianos e portugueses. E até para os irlandeses. Mas é uma fraca e triste satisfação, sabido como é que "com o mal dos outros passamos nós muito bem"...

Foi o que de melhor vos consegui oferecer. Desculpem ser pouca coisa. E de evidente fraco nível.
Qual "crème de la crème", qual carapuça! Viva a nata tomarense! Viva a inteligência nabantina, que tão bem nos tem sabido conduzir até aqui!

Vosso humilde servidor, que lamenta não ter feitio de lambe-botas,

António Rebelo

POBRE PAÍS! POBRE TERRA! POBRE GENTE!





A antiga Cerca Conventual, agora pomposamente designada Mata Nacional dos Sete Montes, é um perfeito espelho do país e da cidade. Enquando do lado norte se fazem obras de 200 mil euros, em grande parte supérfluas, numa via praticamente inútil; do lado sul, a Charolinha, uma edícula renascença única no país, da segunda metade do século XVI, obra de Diogo de Torralva, está como as fotografias documentam. A ser comida pouco a pouco pela vegetação invasora.
Se a conservação desta preciosidade permitisse uma empreitada de pelo menos 100 mil euros + alcavalas diversas, já teria sido limpa e cuidada há muito tempo. Ai já! já! Agora assim, longe de Lisboa, longe do IGESPAR, longe do Convento, longe da cidade, há-de morrer aos poucos, vítima da indiferença dos homens e das inclemências do tempo. Parafraseando o vereador Luís Ferreira -Conservação do património?! É já a seguir!!!
Pobre país! Pobre terra! Pobre gente!

sábado, 29 de maio de 2010

GRELHAS PORTUGUESAS E BITOLAS EUROPEIAS

Meu caro autarca Luís Ferreira (não escrevi caríssimo, pois o teu vencimento mensal de vereador também não é assim tão elevado. Sejamos justos!):

Tinha previsto escrever sobre outro aspecto da política nabantina, tomando por base o título escolhido por Henrique Monteiro, director do Expresso, na página 3 da edição de hoje -"Notícias do nosso pântano". Todavia, a tua intervenção acima reproduzida força-me a mudar os planos, para te responder em tempo oportuno. Primeiro estão os amigos, mesmo e sobretudo quando nos apelidam de "sectário", como se fosse eu a fazer parte de uma sociedade secreta.
Ainda assim, ou por isso mesmo, cuido que será melhor reproduzir o início da análise opinativa do director do Expresso, que vem mesmo a calhar, como adiante se constatará: "Com muito boa vontade, poderemos imaginar que damos combate à crise. Mas, na realidade, vivemos em pleno pântano, sem rumo, sem ânimo, sem perspectivas, à espera que alguém nos salve." Pelo andar da carruagem, este Henrique Monteiro não tardará muito a receber também o apodo de sectário. Não é Luís?
Não duvido, meu caro Luís, que estás a ser sincero no que dizes e empenhado no que fazes. O que ainda agrava mais as coisas. Se estivesses a mentir, pelo menos terias consciência da realidade em que vivemos todos, a qual não é nada risonha. Assim, levas-me a suspeitar de qualquer anomalia genética que impele alguns socialistas -tu e Sócrates, por exemplo- a falar de uma situação que visivelmente pouco ou nada tem de comum com a da generalidade da população.
O meu alegado sectarismo consiste, julgo eu, em pensar de modo independente, usando uma grelha de observação e de análise com parâmetros europeus. Tu, pelo contrário, tal como o teu camarada Sócrates, usas uma bitola portuguesa, do tipo facilitismo+nacional porreirismo = vai tudo pelo melhor, no melhor dos mundos. Já o célebre Pangloss, do Voltaire, dizia a mesma coisa, há mais de dois séculos. Não espanta por isso que haja sempre consideráveis discrepâncias entre nós. Pois se até em matéria de caminho de ferro, quando ainda havia composições portuguesas no Sud Express, estas só iam até Irun, porque a partir daí começa a bitola europeia, que é mais estreita, já tu podes ver!
Indo agora ao teu escrito, sobre as novas taxas no Parque de Campismo, e começando pelo fim dele. Brincalhões talvez; aldrabões nunca ! Se não erro, tempos houve em que davas o teu apoio à transferência do campismo para a Machuca. A ser assim, a tua posição actual terá mais a ver com oportunismo, arrivismo, desenrascanço e improviso, do que propriamente com uma estratégia anterior à consulta eleitoral, ganha pelos teus adversários do PSD. Ou estarei a ver mal?
Parece-me, aliás, que tendes a confundir táctica com estratégia e improviso com táctica. Se assim não fora, saberias decerto que fixar novas taxas só alguns meses após a reabertura das instalações em condições muito precárias, pode indiciar montes de coisas. Uma adequada e atempada estratégia, de certeza que não.
De resto, os teus números, Luís, desmentem por inteiro aquilo que afirmas, pois nenhuma estratégia coerente cairia na nossa triste e insólita situação de financiadores das férias de quem vive melhor do que nós. Ou não será assim? Se as receitas apenas cobrem 53, ou mesmo 74%, quem tem de arcar com a diferença?
Finalizando, vou ao aspecto que me parece mais importante. O parque tal como está, e como funciona, não passa de uma coisa pré-histórica a nível europeu, que apenas pode contribuir para nos envergonhar ainda mais do que já temos sido, por exemplo quando vêm equipas para jogar no ex-estádio, deliberadamente destruído às ordens de António Paiva, e encontram umas instalações precaríssimas.
Se te deres à pachorra de dar um salto ali ao sul de Espanha, a uma das pequenas cidades, tipo Tossa de Mar, Fuengirola ou Sotogrande, ficarás devidamente elucidado. Verificarás que aqui em Tomar falta limpeza, pessoal qualificado, sala de convívio equipada, sala de informática com acesso livre à Internet, lavandaria e secagem de roupa, estendais, balneários em quantidade e em qualidade, videovigilância, barreiras anti-intrusão, barreiras electrónicas para pessoas e para veículos, multibanco, registo informático com facturação simultânea, planta interactiva da cidade e da região, restaurante, biblioteca adequada, videoteca, pequeno ginásio equipado...
O mundo não pára Luís. Decorridos alguns meses, a maior parte do material, mesmo o mais osfisticado, já está ultrapassado, quanto mais a maior parte das pessoas deste rincão tomarense. O facto de termos parado no tempo não significa de modo algum que os outros tenham feito o mesmo.
Se realmente és tomarense, amante sincero da nossa terra, é meu entendimento que só tens uma via a seguir -romper o estranho acordo com o PSD. Quanto antes. Qualquer outra atitude só vai contribuir para agravar a situação. Como a seu tempo se verá, se for caso disso.

Cumprimenta-te cordialmente o

António Rebelo

SOBRE DESENRASCANÇO, IDEIAS LUMINOSAS E ASNEIRAS MONUMENTAIS

Como se sabe, é largamente exagerada, designadamente na comunicação social, a importância dada ao desporto (leia-se futebol), quando comparada com os resultados obtidos. Tanto nos relvados como nas bilheteiras. Ainda assim, aproveitando tão estranho fenómeno, comecemos por aí.
Mourinho isto, Mourinho aquilo, Mourinho para aqui, Mourinho para acolá, todos os escribas de serviço omitem o essencial. A dada altura, o agora genial treinador foi corrido do Benfica, o Sporting não o quis contratar e a presente estrela dos treinadores teve de contentar-se com o União de Leiria. A 5 mil euros por mês, quando no Benfica ganhava 30 mil... Agora vai arrecadar algo como quase 840 mil euros mensais. No Real...Em Espanha. Após a coragem e "olho" de Pinto da Costa. Após a Inglaterra e a Itália. Esta Pátria é uma excelente mãe para os seus filhos.
Na mesma área, o Euro 2004, ainda no tempo da fartura e das vacas adiposas, foi uma maravilha. Estádios por todo o lado, que disso é que o povo precisa. E pelo desporto é que lá vamos! Seis anos passados, à excepção da Luz, de Alvalade e do Dragão, viabilizados graças a projectos imobiliários, mais ou menos em conformidade com os respectivos PDMs, anda tudo à procura da melhor maneira de se desfazer de tais "encomendas", ofertadas pelo governo.
Ainda no sector, aqui pelas mansas margens nabantinas, o melhor é aconselhar uma volta pelo ex-estádio...e poupar tinta, que isto está cada vez mais pelas ruas da amargura.
Este longo prólogo para abordar, mais uma vez, a notória falta de planeamento, bem como o subsequente e exagerado recurso ao improviso, ao desenrascanso, ao remedeio, à solução possível.
Cá na urbe, por estes dias, um dos grandes temas de discussão é aquele insólito paredão, cuja utilidade ninguém conhece e que todos enjeitam, apesar de ainda inacabado. Se houvesse hábitos de planeamento rigoroso e de debate público das questão que a todos implicam (ou deviam implicar), bastaria agora ir consultar os respectivos projectos. Tratando-se de mais um óbvio caso de improviso tosco, na hipótese mais favorável, ainda acabará por ser demolido.
Tudo indica que o erro primordial terá resultado de uma conjugação de desenrascanço lusitano + esperteza saloia + deixa andar nabantino. Mais claramente, o respeitável arquitecto Chuva, cujo gabinete foi encarregado de projectar o elefante branco da Levada, apesar de se proclamar apaixonado pela tarefa (e quem não se apaixonaria por aquele preço ?!), provavelmente é a primeira vez que tem entre mãos a elaboração de planos para musealizar uma vasta área multissecular. Provavelmente também, não terá grande competência na área do turismo, dos circuitos de visita, das estruturas de apoio, do estacionamento, etc. etc. Nem a humildade necessária para ir investigar. Daí o previsível desastre, de que o insólito paredão-mijatório é o primeiro testemunho.
Num pretendido museu polinucleado, projectar a área técnica e de acolhimento, num local sem estacionamento, sem acesso seguro e fácil, ainda por cima situado entre um núcleo à esquerda (Museu da Fundição) e dois à direita (Museu da Electricidade e Museu da Moagem), não lembrava ao careca. Mas lembrou ao digno senhor arquitecto, por ser a única área disponível para ideias engenhosas. Estamos a falar da parte ampla e parcialmente sem telhado, entre o ex-refeitório da Mendes Godinho e a Central Eléctrica. Vai daí, um espírito mais prático, mais bárbaro e mais desenrascado, (sabemos quem foi, mas não adiantaria dar nome ao santo) anteviu que o melhor era incluir, assim pela calada, um pórtico e um átrio ao lado da moagem, como forma de evitar o desastre completo. Por isso, temos agora aquele estranho muro, formando uma espécie de funil em relação ao velho arranha-céus. Quando e se chegar a levar o previsto portão, teremos mais uma via pública privatizada e uma espécie de entrada de prisão na zona histórica. Lindo de morrer!
Tudo por causa do desenrascanço, do improviso, das ideias luminosas, ou das soluções possíveis.
E depois ainda temos outras questões candentes, que por agora nos limitamos a enumerar em frases condicionais: 1 - E se o pretendido elefante branco polinucleado nunca chegar a nascer? 2 - E se, nascendo e vingando, se revelar financeiramente um abismo? 3 - E se houver muitos visitantes, onde irão estacionar? 4 - E se o previsto (?) circuito de visitas se revelar inadequado?
5 - E de onde virão os recursos humanos qualificados para tal empreitada museológica? 5 - E quem formará essas pessoas? 6 -E com base em que experiência prática, académica, pedagógica e adequada às circunstâncias? 7 -E quem irá dirigir semelhante gerigonça? 8 -E como será feito o respectivo recrutamento? 9 - Na devida altura logo se vê? 10 - Alguma coisa se há-de conseguir?
Ao contrário do que neste país e nesta terra usualmente se pensa, o mais importante não é encontrar respostas; é formular as perguntas adequadas, no momento oportuno.
Dia a dia, ganha corpo a ideia de que o modelo social europeu deixou de ser viável após os "trinta gloriosos", a fartura e as vacas gordas. É nossa convicção que outro tanto está a acontecer com a proverbial esperteza saloia, o usual desenrascanço e o tradicional improviso dos tomarenses... Depois não se queixem!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A LUTA CONTINUA...

Com as suas mesadas certas, os senhores autarcas nabantinos continuam a demonstrar que ainda não sentiram quaisquer efeitos da crise. Por enquanto. Mas pelo andar da carruagem...
Não beneficiando das liberalidades do Estado no final de cada mês, outras entidades e alguns privados, vão tentando sacar quanto mais melhor, do que ainda há. No aproveitar é que está o ganho. Na passada reunião do executivo camarário, coube ao vereador Ferreira o frete de defender a proposta visando celebrar um protocolo de fornecimento de serviços, entre a autarquia e a Associação Portuguesa de Turismo Cultural, com a duração prevista de 43 meses (ou seja, até final do mandato), pela modesta soma de 4500 euros mensais. Uma ninharia de 200 mil euros, números redondos = 40 mil contos. Quatro assoalhadas bem aviadas, nos arrabaldes de Lisboa. Realmente insignificante, num orçamento de 57 milhões de euros, de uma autarquia como a nabantina, rica e sem dívidas, como é do conhecimento geral. Ou estaremos enganados?
Tanto bastou para desencadear mais uma animada sessão do interminável combate político Luís Ferreira/Pedro Marques. Desta vez com contormos épicos, homéricos, patéticos e cómicos. Enquanto o causídico Pedro Marques se aventurava a esgrimir no terreno cultural, o autarca da especialidade também brandia a sua espada e lá ia até ao campo jurídico. Restantes comparsas e a selecta assistência deleitavam-se com o saboroso entremez. No final registou-se mais um empate a zero, todavia com cada um dos contendores a cantar vitória. Perdeu a cidade e perdeu o concelho. Mas dar o braço a torcer? Era bom era!!!
Próximos episódios dentro de 15 dias, salvo qualquer imprevisto de última hora, que o pântano político nabantino já começou a dar ténues sinais de agitação. Ou será apenas um falso alarme, como já vem sendo habitual?
Uma coisa parece inevitável -Dado que o dinheiro não é elástico, as receitas encolhem cada vez mais e as despesas continuam a inchar, até ao fim do ano havemos de ter novidades. De certeza!

TURISMO E PATRIMÓNIO - QUATRO CASOS

Foto 1 - Palácio de Fontainebleau

Foto 2 - Palácio de Versailles

Foto 3 - Palácio de Chambord

Numa altura em que tanto se fala de turismo, e até de turismo cultural, publicamos 4 fichas sucintas, sobre outros tantos monumentos, para que os nossos leitores possam comparar. E pensar um bocadinho, se não estamos a pedir demasiado.

Palácio de Chambord (Foto 3) Designação oficial "Domaine national do château de Chambord". Director Jean d'Haussonville, diplomata. Vencimento situado entre 7 e 13 mil euros mensais. Alojamento gratuito no monumento. 9,5 euros cada entrada com audioguia, ou + 5 euros visita guiada ao vivo. Estacionamento pago. 3 euros motos, 5 euros automóveis e autocaravanas, 30 euros autocarros. 750 mil visitantes/ano, 50% estrangeiros. 145 funcionários para 1530 divisões e 114 hectares de mata. Orçamento anual 13 milhões de euros, dos quais 2 milhões para obras.

Palácio de Fontainebleau (Foto 1) Designação oficial "Domaine national du château de Fontainebleau". Director Jean-François Hébert, anteriormente secretário-geral do Ministério da Defesa. Vencimento entre 7 e 11 mil euros mensais. Alojamento gratuito no monumento. 8€ cada entrada com audioguia. 3 espaços visitáveis unicamente com guia ao vivo, a 6,5€ cada um. Estacionamento pago pelas tarifas urbanas. 350 mil visitantes/ano. 114 funcionários. Orçamento anual 6 milhões de euros.

Palácio de Versalhes (Foto 2) Designação oficial "Domaine national du Château de Versailles". Director Jean-Jacques Aillagon, ex-Ministro da Cultura. Vencimento entre 10 e 14 mil euros mensais. Alojamento gratuito, mobilado e equipado de 250 metros quadrados, no monumento. Cada entrada 18 euros, ou 25 euros quando os repuxos estão a funcionar, com audioguia em 10 idiomas. Estacionamento pago pelas tarifas urbanas. 6 milhões de visitantes/ano, dos quais 75% de estrangeiros. Orçamento anual 112 milhões de euros, com 60% de receitas próprias. 36 milhões de euros de doações mecenáticas nos últimos 3 anos. Cerca de mil funcionários para 272.500 metros quadrados construídos.

Convento de Cristo - Tomar Mesma designação oficial. Directora Iria Caetano, ex-directora do Panteão Nacional de Santa Engrácia. Vencimento inferior a 5 mil euros. Sem direito a alojamento. 6 euros cada entrada, sem audioguia nem visitas guiadas. 140 mil visitantes ano. Percentagem de estrangeiros não contabilizada. Estacionamento gratuito, mas sujeito a roubos frequentes, Orçamento anual desconhecido. Total de receitas próprias não comunicado. Algumas doações mecenáticas. 35 funcionários para uma superfície ainda por determinar na sua totalidade.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

ANÁLISE DA IMPRENSA DESTA SEMANA

COLABORAÇÃO DA PAPELARIA CLIPNETO, LDA

Numa semana de manifesto marasmo político, com o pessoal quase todo na retranca, enquanto não consegue perceber bem o que se está a passar, a imprensa hebdomadária só pode ser algo chocha. A excepção é O TEMPLÁRIO, que conseguiu um furo jornalístico. O arquitecto autor do projecto da Levada e arredores diz não saber de nada em relação ao mijatório monumental. Até agora, tinha havido aquele estranho caso do "Prédio de Vidro", no Porto, que acabou por ser demolido, dado ninguém saber para que servia, apesar de acabado pouco antes. Agora temos o Paredão-mijatório, que antes de concluído já está a ser enjeitado pelo arquitecto da área. Bonito!
Outro tema de interesse no semanário dirigido por José Gaio é a "Miss Facebook: uma tomarense na semi-final". Caso não venha a ser a vencedora é porque terá havido injustiça. Basta atentar na foto, para perceber que se trata de alguém cheio de talento. E ainda por cima é uma finalista de "Turismo Cultural"... Que ricas férias!

Por falar em turismo cultural, CIDADE DE TOMAR faz manchete com uma acção militante do Bloco de Esquerda, durante a qual os bloquistas locais denunciaram aquilo que em Tomar a dianteira tem sido dito e redito: falta de sinalização, falta de informação, falta de qualidade, falta de manutenção, falta de respeito pelos locais e por quem ainda vai tendo a coragem de nos visitar, ou vem ao engano.
A novidade é que o BE local propõe esplanadas e um projecto cultural para a Levada, supõe-se que em vez do projectado Museu Polinucleado, o nosso próximo elefante branco, que teremos de alimentar, quer queiramos quer não, por causa da protecção das espécies em vias de extinção e dos autarcas com afigurações.
Quem porventura ainda tenha dúvidas em relação ao pantanoso marasmo nabantino, fará o favor de ler a habitual Crónica de Campanha, na página 26 do semanário de António Madureira. Aí se fica a saber, assim pela calada, que se calhar a ocasional coligação 3+2 não vai sobreviver até ao Natal de 2011...

Esta edição de O MIRANTE é um perfeito retrato da zona. De Tomar só inclui duas notícias -A nova Escola Nun'Álvares Pereira estará pronta para funcionar no próximo ano lectivo, e ainda a bronca das taxas. O resto é mais do tipo jornalismo patusco: PSP louva mulher da limpeza por 32 anos de serviço, noivos vãso para o casamento de autocarro, GNR apresenta duas versões do mesmo acidente, Jornalistas têm um sindicato para "facilitar descontos em camionetas" e "Os políticos servem-se da justiça para a luta política". Ainda ninguém tinha dado por nada...

Fonte: Banco Mundial, citado pelo Prof. Nogueira Leite, copiado de O jumento

Só para esclarecer um bocadinho mais o pessoal nabantino, que insiste em andar distraído, publica-se este gráfico, copiado do blogue O jumento, a quem agradecemos. Trata-se da dívida externa grega, a azul, comparada com a portuguesa, a vermelho, ambas em percentagem do PIB (Produto Interno Bruto = tudo o que se produz no país em questão durante um ano).
Começando pela esquerda, as duas primeiras colunas comparam a dívida pública, ou dívida soberana. A do Estado, para resumir. Com o equivalente de 76,1% do PIB, os gregos estão um bocado pior do que nós, que devemos "apenas" 60%. Por enquanto. Nas colunas seguintes, a dívida do Banco da Grécia em relação à do Banco de Portugal, também temos uma pequena vantagem de 3,4%. O desatre está mesmo nas duas colunas seguintes, que retratam a banca privada. Os bancos gregos ficam-se pelo equivalente a 40% do PIB, enquanto que os portugueses já vão em 114%. É o resultado da ganância. A chamada intermediação. Pede-se emprestado no estrangeiro a 3/4 % e empresta-se em Portugal a mais do dobro. Uma verdadeira mina. De tal forma que até outros privados não banqueiros já vão em 34% do PIB. No total, neste momento devemos ao estrangeiro o equivalente a mais de 233% do PIB, contra apenas 143,2% dos gregos.
E depois ainda há quem se venha queixar dos especuladores internacionais, garantindo a pés juntos que a nossa situação é muito melhor do que a grega. Só se for para emigar...por causa do alfabeto!

NOVO RUMO NA POLÍTICA AUTÁRQUICA?


Conquanto seja voz corrente que Tomar a dianteira é só bota-abaixo, tal não corresponde à verdade. Limitamo-nos a referenciar e a tentar esclarecer o que vai acontecendo. Se chove, dizemos que chove; se há erros, noticiamos e explicamos porquê. Não temos culpa que os tomarenses sejam em geral deficientes visuais. Uns por falta de óculos intelectuais, outros por causa dos óculos partidários.
Sempre assim tem sido ao longo dos séculos. Em 1383/85 tardámos em optar; em 1581 apoiámos Filipe I (que remédio!); no século XIX estivemos com os miguelistas/absolutistas; em 1926 com o golpe militar do 28 de Maio; em 16 de Março de 74, foi o RI15 a reprimir a revolta das Caldas da Raínha; e no 25 de Abril ficámos sem saber o que fazer, para logo a seguir apoiarmos entusiasticamente o general Spínola, aquando da sua visita a Tomar.
Desta vez até vamos apoiar a mais recente orientação autárquica, porque nos parece correcta e ao arrepio do que tem sido feito até agora. Imaginem os leitores que terão resolvido meter a arrogância e o autismo no bolso, começando a atender as prementes reclamações dos munícipes. Será já consequência da visita papal? É pouco provável. Embora o ex-cardeal Ratzinger, como bom alemão que é, só use Mercedes, e por isso, mesmo quando os fiéis não gostam dele, a Mercedes Benz, convém não esquecer que pelo menos o vereador Ferreira é assumidamente republicano, laico e socialista, como o Bochechas.
De uma maneira ou de outra, certo é que a autarquia mandou proceder à reparação das mazelas mais gritantes da Corredoura, da Rua Nova e da Rua Aurora de Macedo. Dirão os leitores que já tardava. Mesmo assim, aqui vão os nossos aplausos sinceros.
Mais extraordinário ainda! Em última hora e em primeira mão, podemos anunciar que estão a arrancar os famosos projectores de solo existentes na Corredoura, que nunca ninguém percebeu para que serviam. Tarde é o que nunca acontece! Mais aplausos para os senhores autarcas!
Agora, uma excelente ideia seria mandarem instalar os ditos projectores na sala das habituais reuniões do executivo, onde teriam duas enormes utilidades. Por um lado, lembrariam constantemente que tudo o que é demais parece mal. Como por exemplo um asno de óculos. Por outro lado, poderia ser que os dignos edis ficassem com mais umas luzes sobre as novas tendências da política em tempo de crise. Aqui fica a sugestão. Gratuita e portanto sem necessidade de se assinar qualquer protocolo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

SEMPRE OS MESMOS ERROS...

Esta ilustração mostra a nossa tendência megalómana. Entre os países da zona euro, percentualmente, só a Itália e a Grécia nos ultrapassam. Em termos de dívida pública, ou dívida soberana. Porque se adicionarmos a dívida privada global, upa! upa! E tudo para quê? Para cometermos as mesmas asneiras que temos repetido ao longo da história. Quem viaja por essa Europa fora, não pode deixar de notar a abissal diferença. Por lá, as infra-estruturas são fiáveis, o indispensável é sempre prioritário e os serviços públicos, incluindo a justiça, funcionam a contento de todos.
Ao invés, aqui na ocidental praia lusitana, particularmente na ex-capital templária, é o que vemos todos os dias. Gastaram-se milhões em empreitadas do tipo paredão do Flecheiro, Parque subterrâneo, Campo de treinos, Campos de Ténis, requalificação dos jardins, etc. etc., cuja utilidade e prioridade escapam ao comum dos mortais, mas descurou-se o indispensável -assegurar a limpeza urbana com qualidade, implementar a sinalização e a informação turística rigorosa, pavimentar estradas, calçadas, largos e ruas, alguns dos quais mais parecem campos de batalha, tantas são as crateras. Exactamente aquilo que os europeus do norte nos reprovam: Somos bons a gastar em festas, grandes obras e projectos mirobolantes, mas infelizmente incapazes em tudo o resto. E lamentavelmente continuamos há séculos a não aprender com os erros. Fomos os primeiros no caminho marítimo par a Índia, é verdade. Para quê? Os ingleses só lá chegaram depois de nós, mas souberam dar a volta a tudo aquilo em pouco tempo. Tinham planos. Implementaram a sua visão das coisas e implantaram de forma durável a sua língua.
É sabido que, como dizia um célebre cómico francês, há só uma coisa que não se pode prever -o futuro. Mesmo assim, não constitui qualquer proeza na área da adivinhação, afirmar que no próximo Inverno vamos ter frio, chuva, vento, neve nas terras altas, necessidade de roupas quentes... Sendo assim, o que impedirá os senhores autarcas de rebocarem os acontecimentos, em vez de por eles serem arrastados, como tem vindo a ocorrer?
Escrevemos aqui há pouco tempo que com o agravamento da crise teremos também um aumento da criminalidade. É dos livros. É a tal experiência, ou tarimba a aconselhar-nos. Como de costume, entre os eleitos ninguém leu, ninguém ouviu falar, ninguém está interessado no assunto. Segundo noticiou o site da Rádio Hertz, ontem houve três assaltos a automóveis, estacionados na Cerrada dos Cães. Presuntivamente de turistas. Temos portanto o filme do costume. Como não há video-vigilância, a PSP tem falta de pessoal e aquilo fica longe da zona urbana movimentada...é só avançar. E quem paga as favas são os turistas, que levam da ex-capital templária uma excelente recordação. Até parece Palermo, com máfia, palermitas e tudo.
A exemplo dos anos anteriores, vai seguir-se o destacamento para o local de um agente fardado da PSP, depois um à civil e mais tarde ninguém, devido à tal carência de recursos humanos. O caricato da questão reside no facto de António Paiva ter mandado instalar video-vigilância à volta do ex-estádio, agora campo de treinos. Percebe-se porquê, foi para gastar fundos comunitários. Não se entende de todo qual a utilidade, enquanto que lá em cima, à entrada do castelo... Apesar de também ter havido há pouco tempo um assalto à bilheteira do Convento, cujo sistema de video-vigilância estava e está inoperacional. Azar dos azares! Porque será que nunca mais começam a aprender com a experiência? Ou será sina nossa?

UMA LAMENTÁVEL PAROLADA

Vi ontem pela primeira vez o novo autocarro alugado pela autarquia (custo total superior a 50 mil contos) e fiquei indignado. Sobretudo porque já me tinha constado que estava muito bonito. Pois se aquilo é bonito, vou ali e volto mais logo.
Bem sei que há gostos para tudo. É até costume dizer-se que sobre gostos e cores, não adianta discutir. E nunca mais me esqueci daquele alentejano de Évora que em 1975, quando lhe disse que ia votar no PS, foi contundente na resposta -Ele até há quem goste de pão com ranho!
Seja como for, na minha fraca opinião de ignorante em matéria de design, o tal autocarro camarário é uma autêntica parolada. Com cores berrantes, fotos desproporcionadas, letras garrafais, aquilo parece mais um veículo do Circo Chen, de uma selecção de futebol do 3º mundo...ou da Eurodisney. Se a ideia era e é promover a cidade por essas estradas fora, falharam completamente o objectivo. Aquilo é medonho, desagradável e repelente. Um autêntico mostruário de mau gosto de novos-ricos exibicionistas. Desencadeia em quem vê e/ou lê o sentimento de que uma autarquia capaz de encomendar e pagar uma coisa assim, tão labrega, só pode representar uma população que não se recomenda pela seu bom gosto.
Tal foi a desagradável surpresa, e o consequente choque, que fui deambular no meu arquivo fotográfico, em busca de algo semelhante por esse mundo fora, de Lisboa a Hanga Roa (Ilha da Páscoa). Lá acabei por encontrar uma coisa parecida, ainda assim mais discreta e decente, que a atracção é de outro tipo e dimensão. Trata-se do Glaciar Perito Moreno, na Patagónia Chilena (ver foto acima). Nem de propósito! A latitude é outra, mas pategos há por todo o lado e em quantidade.

terça-feira, 25 de maio de 2010

UMA TRISTE E NEFASTA MENTALIDADE

É uma situação deveras curiosa. Enquanto a autarquia vai proclamando que o futuro desta terra passa pelo turismo, os comerciantes lamentam-se de que os clientes são cada vez menos e com menor poder de compra. Ou criticam o facto de os turistas visitarem o Convento e não virem cá abaixo. E no entanto, que temos para oferecer aos visitantes nacionais ou estrangeiros? Comida, bebida e dormida?
Ainda recentemente CIDADE DE TOMAR reportava que não há em Tomar estabelecimentos de venda de lembranças e outros produtos de interesse para turistas. A não ser aquela loja da Rua Direita da Várzea Grande, que por acaso é da ADIRN (Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte), dependendo portanto dos fundos de Bruxelas. Outro tanto acontece com a loja de vinhos instalada no Convento de Cristo. Juntou-se-lhes ultimamente a delegação do Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, que lá vai vendendo o que pode, bem como a loja de recordações do IGESPAR, também no Convento. Resumindo, em Tomar comércio com interesse para turistas, só dependente do orçamento de estado ou comunitário. Apenas uma excepção: os raros vendedores ambulantes de fruta da época, no esburacado parque de estacionamento da Cerrada dos Cães.
É uma triste situação, originada por uma triste mentalidade -a dos que persistem, contra todas as evidências, na ideia de que os dinheiros públicos devem servir para os sustentar, apesar de nunca terem descontado para a Caixa Geral de Aposentações. Até há quem se tenha aposentado com mais de 2 mil euros mensais e mesmo assim aproveite um biscatezito "científico" para arrecadar mais 200 euros mensais + alcavalas, tudo à custa dos cofres municipais. Gente dita de esquerda, ainda para mais.
Tudo isto faz lembrar a situação existente nos países ditos socialistas, antes da implosão dos respectivos regimes e da queda do Muro de Berlim. Também por lá, as lojas de recordações para turistas eram exploradas só pelo estado. Também por lá, alguns conseguiam viver bastante bem, no meio da penúria geral. Também por lá, a crise se instalou e um dia os dirigentes comunistas foram varridos da cena política... Alguns até foram chamados a prestar contas. É sempre bom lembrar.

FALAR CLARO E URINAR A DIREITO

Foto Uly Martín/El País

Uma "Agência Tributária" (Repartição de Finanças) em Madrid. Ao alto, os contribuintes que aguardam a sua vez. Em primeiro plano, os numerosos postos individuais de atendimento. Devidamente compartimentados, de forma a assegurar a conveniente privacidade. É mais ou menos como cá, não é verdade?

Deduz-se, depreende-se, subentende-se, conclui-se, do anteriormente escrito, haver necessidade de uma viragem de 180 graus nas mentalidades dos senhores autarcas e outros governantes. Todavia, visto que o seguro morreu de velho, o melhor será falar claro e urinar a direito, que é como quem diz orar sem papas na língua.
Como é sabido por quem acompanha com empenhamento cidadão estas coisas da orbe, da urbe e da política, até agora, a grande preocupação para um eleito era arranjar oportunidades para gastar os fundos, tanto nacionais como da UE. De preferência obras vistosas, espampanantes, mesmo que de utilidade duvidosa ou nula. Um dos melhores exemplos desta conduta foi António Paiva, que conseguiu grande popularidade e maiorias absolutas, graças a obras que actualmente ninguém entende para que servem afinal. E para a manutenção das quais a autarquia não dispõe nem de recursos materiais nem humanos. Adiante.
Com esta crise, cuja duração ainda está por definir e que não pára de agravar-se, tornou-se claro, entre outras coisas, que o modelo social europeu é inviável, a despesa pública tem de ser reduzida quanto antes e as políticas influenciadas pelos discípulos de Keynes têm os seus limites. De tal forma que, doravante, a principal tarefa dos eleitos já não será arranjar obras para gastar verbas, assim conseguindo fama e vitórias eleitorais, mas exactamente o oposto -Arranjar verbas para assegurar as despesas correntes. Não sob a forma de episódicas ajudas comunitárias, que implicam contrapartidas locais, ou como transferências do governo central (que só poderá tranferir o que anteriormente tiver arrecadado). Recursos locais provenientes da produção de riqueza, de valor acrescentado, de mais-valia, originados em operações com bens transaccionáveis.
Se assim não procederem, se continuarem a aguardar, com aparente pachorra, que a crise passe e tudo volte ao que antes era, corremos grave perigo como comunidade humana com administração própria. A cidade continuará em declínio, -a definhar, como escreve Hernâni Lopes- até que a certa altura apenas nos restará uma alternativa -dar à sola para paragens mais dinâmicas e realistas.
Depois não venham dizer que ninguém vos preveniu atempadamente.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O EQUÍVOCO POLÍTICO TOMARENSE

Foi há mais de 40 anos, mas nunca mais me saiu da memória. Estávamos num seminário para doutorandos. O catedrático anunciou o tema e indagou se alguém pretendia falar sobre determinado capítulo da minha tese sobre o mercado turístico. Inscreveram-se três candidatos. A dada altura, um deles começou a debitar uma análise que me pareceu inadequada, porque partia de pressupostos falsos. O doutorando orador tinha, pensei eu, treslido o que eu escrevera. Ou, no mínimo, interpretara mal o que lera. Concluída a sua intervenção, que durara cerca de 7 minutos, pedi a palavra e interpelei-o, vincando que as suas conclusões só podiam ser falsas, uma vez que partiam daquilo que eu não tinha escrito, e não do real conteúdo da tese em debate.
A sua resposta foi lapidar -Uma vez escrita, começou ele, a obra deixa de pertencer ao autor. O seu significado é exactamente aquele que cada leitor lhe der, nunca o que o autor pretendeu.
Entretanto mudei de país, de língua e de século, mas a situação mantém-se. Desta vez na área da política activa. Os senhores autarcas de Tomar insistem, apesar das evidências em sentido contrário, que sabem muito bem o que estão a fazer, que têm senão um projecto, pelo menos ideias e planos. Trata-se obviamente de um lamentável equívoco, porquanto aquilo que conta, tanto agora como sobretudo em 2013, não é o que eles pensam mas o que os eleitores entendem. E o que entendem neste momento é que a cidade voga à deriva.
Até agora tem havido, praticamente desde o 25 de Abril, um entendimento tácito entre os autarcas, os subsídiodependentes e o lobby das obras públicas. Todos se têm esforçado para encontrar a melhor maneira de beneficiar dos fundos públicos, nacionais ou comunitários. De tal modo que se gerou o hábito do sempre mais -mais fundos disponíveis, mais e maiores subsídios, mais e mais dispendiosas empreitadas.
Como muito bem disse o secretário do tesouro do novo governo britânico, a época da fartura dos dinheiros públicos acabou. Mesmo em Inglaterra, que continua ser uma das grandes potências europeias. Agora imagine-se em Portugal, habitual beneficiário das esmolas de Bruxelas. E em Tomar, conhecida cliente das de Lisboa.
Hernâni Lopes preveniu que o tempo em que no nosso país uns ganhavam e outros perdiam, pelo que se justificavam greves e reivindicações, chegou ao fim com o desmantelamento das barreiras alfandegárias e a adopção do euro. Estamos agora, acrescenta, na fase seguinte, em que todos ganhamos ou todos perdemos, consoante as opções que mais ou menos livremente fizermos. Nestas condições, aqui em Tomar, o tempo trabalha contra os senhores autarcas, salvo no que concerne à sua contagem para efeitos de aposentação. É trágico mas é assim.
Para os dois eleitos pelo PS o futuro é ainda mais problemático, uma vez que, por mero acaso (o mais provável) ou de forma deliberada, lhes atribuiram os pelouros mais armadilhados da autarquia. Nas obras e no urbanismo, a crescente inactividade vai provocar incidentes e crises de toda a ordem, com culpas para o respectivo vereador responsável. Outro tanto sucederá, com mais gravidade, no Turismo, Cultura, Desporto e Defesa Civil. Com cada vez menos recursos disponíveis, para subsídios, manifestações, viaturas ou contratação de artistas, quem é que vai calar todos os que até agora iam molhando a sopa no orçamento autárquico?
De forma que, no modesto entendimento do autor destas linhas, não adianta os eleitos persistirem na afirmação de que têm planos, pois ainda que fosse verdade, já chegavam tarde. Deixou de haver disponibilidade orçamental para os devaneios de cada eleito. Ainda bem!
Trabalhar no arame político, com uma vasta rede orçamental de protecção, não é avaria nenhuma. Actuar sem qualquer protecção é que exige elevadas qualidades e gabarito muito acima da média. É nas tormentas que se conhecem os bons marinheiros, dizem para as bandas da Nazaré. Amen!, exclamo eu. Em 2013, haverá menos dúvidas no eleitorado. E menos oportunistas entre os candidatos. Não há mal que sempre dure, nem bem que se não acabe. Ou vice-versa, consoante quem lê.

VALE A PENA INSISTIR...E CONTINUAR A PAGAR

Desde os anos 5o do século passado que os sucessivos governos têm vindo a fazer esforços no sentido de alfabetizar os portugueses e melhorar a qualidade da sua educação. Estas quatro ilustrações, colhidas algures na cidade, demonstram que tem valido a pena. Importa portanto continuar a aumentar os recursos disponíveis, mesmo que para isso tenhamos de pedir dinheiro a Bruxelas. No exemplo acima, nem pontuação, nem acentuação. É a poupança...

Neste caso, quem escreveu o aviso terá optado por mudar os módulos, em vez da clássica mudança de modelo = remodelação.

Outro exemplo curioso. Conjugar adequadamente os verbos? Para quê ? Desde que se perceba... Já viram a trabalheira que teria sido, escrever "Fazemos fotocópias e plastificamos documentos"? Ou "Tiram-se fotocópias e plastificam-se documentos"?

E depois há os chamados acasos fortuitos, como este. Concerto de piano, com obras de Lopes Graça ainda por cima, a 7 euros o quilo, não se pode dizer que seja exagerado. Para melómanos, claro!

domingo, 23 de maio de 2010

ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS

Começo com uma visão nocturna indesmentível, hoje publicada no suplemento "Cidades" do "PÚBLICO", a cuja direcção agradecemos. Trata-se de uma fotografia de satélite, na qual as zonas mais habitadas são as mais iluminadas. A sequência de cores, da maior para a menor iluminação, é como segue: branco, magenta (vermelho), laranja, amarelo, verde, azul e preto (escuridão). Temos assim três grandes manchas populacionais na faixa costeira -Lisboa/Sintra/ Setúbal, Leiria/Marinha Grande e Porto/Gaia/Gondomar/Matosinhos. Seguem-se cinco nebulosas, a saber: Algarve, Coimbra/Figueira da Foz, Faldas da Serra da Estrela, Braga/ Guimarães e Trás os Montes.
Para nos situarmos, como comunidade humana tomarense, vai-se à mancha de Leiria/Marinha Grande, segue-se a cauda que desvia para a direita e aí encontramos um pequeno ponto amarelo e laranja. É o conjunto urbano Fátima/Ourém. Logo mais à direita, temos um outro pequeno ponto amarelo, numa manchita verde. Somos nós, os nabantinos. Pouca coisa afinal, se tivermos em conta o País, a Europa e o Mundo. A demonstrar aos mais distraídos que tudo é bastante relativo.
E já que falei de fotografia nocturna do país, aqui vai outra. Recente. "Noite de Tomar em grande: ruas cheias, restaurantes cheios, cafés cheios, e os Bares estão a começar a facturar. Crise? É já a seguir..." Luís Ferreira, vamosporaqui.blogspot.com, 23/05/10.
Partindo destes dois instantâneos antagónicos -um a mostrar que somos pouca coisa, mesmo no contexto regional; outro a afirmar que estamos na maior, apesar da crise- torna-se tarefa ingrata dar pistas sobre aquilo que nos espera no futuro próximo. Ainda assim, aqui vai.
No âmbito económico, vamos ter mais desemprego, mais crédito mal parado, menos consumo, juros mais altos, recessão, aumento da criminalidade (furtos, roubos, assaltos, abusos de confiança) e novas medidas de austeridade, que poderão passar pela supressão dos 12º e 13º meses, e/ou pelo aumento do IVA para 24/25%. Tudo isto até Dezembro, sendo certo que o governo não deixará de aproveitar o período de férias para implementar as exigências de Bruxelas que são mais impopulares.
Na área política, estamos numa situação parcialmente oposta à do governo. Enquanto Sócrates procura um acordo firme, PP Coelho vai concordando por episódios. De forma a conseguir que este governo seja forçado a levar à prática as medidas eleitoralmente mais gravosas, antes de tentar derrubá-lo com uma moção de censura. Inversamente, aqui nas margens do Nabão, há acordo firme. Não há é ideias políticas, nem conhecimento do real âmbito do protocolo assinado. De qualquer forma, parece evidente que com o agravamento da crise, a circunstancial maioria está atada de pés e mãos. Negociou e assinou, julgando que estávamos em plena fartura e que a cornucópia orçamental lisboeta era um manancial inesgotável, e agora catrapus! Acaba-se o crédito, sobem os juros e definham as receias correntes a olhos vistos! Azar!
Para uma autarquia que desde pelo menos há uma década tem recorrido à banca, como forma de conseguir honrar compromissos certos e permanentes (vencimentos, consumíveis, outras despesas de funcionamento), esta nova situação é levada da breca. E com uma maioria artificial, conquanto legal, da qual muitos cidadãos dizem que "são uns atados", vai ser o cabo os trabalhos.
Se o acordo de governação local se tivesse ficado por um lugar a tempo inteiro (ou dois meios tempos), e por uma relação detalhada das medidas a aprovar, ainda vá que não vá. Agora assim, é muita fruta para uma árvore tão débil, como a seu tempo se verá. Com a agravante de que, na melhor das hipóteses para os subscritores, que é ao mesmo tempo a pior para os eleitores, chegaremos a 2013 de rastos, com os eleitos PSD/PS queimados como o carvão, e sem obra alguma para apresentar. Não há dinheiro nem crédito, não há obras! É no que dá a excessiva apetência por lugares à mesa do orçamento. Vai ser bonito vai!

NUNCA PERDER A ESPERANÇA !!!

Nunca fomos grandes entusiastas do futebol, mas também nunca perdemos um bom jogo. Como o de ontem em Madrid. No final, além do orgulho que certamente todos sentimos por um treinador português, latino, do sul, com um clube italiano e portanto nas mesmas condições, ter levado a melhor sobre um treinador do norte, com um clube do norte, ainda por cima seu antigo mestre, deve levar-nos a meditar sobre a utilidade de jamais perder a esperança. E procurar fazer sempre as escolhas mais acertadas, mais racionais, mesmo que mais arriscadas. Porque Mourinho não joga. Não está dentro das quatro linhas. Mas tem ideias que resultam e os seus jogadores obedecem-lhe sem discutir, porque sabem isso muito bem.
O mesmo devia suceder na política, sobretudo e para começar, na política local. Há anos que defendemos que se acabe com a triste prática de ir votar e depois logo se vê. Está à vista o lamentável resultado desse comportamento. E, no entanto, bastava pensar um bocadinho. Nunca se viu nem se verá uma figueira a dar laranjas, e vice versa. Nestas condições, para quê votar em figueiras quando se pretendem colher laranjas? Ou roseiras à espera de colher figos?
Da mesma forma, é muito cómodo limitar-se a aguardar que resolvam o nossos problemas, mas a experiência demonstra que isso raramente acontece. E quando ocorre implica o pagamento de facturas, como as que agora nos estão a ser apresentadas. O sebastianismo é um sentimento de uma outra época, tal como o seguidismo cego, à espera de que melhores dias virão.
Tomar tem futuro porque tem imensos recursos. Oxalá os tomarenses todos, os de nascimento e os de adopção, acordem finalmente e decidam, enfim, tomar parte activa nos assuntos que a todos dizem respeito. Sem sobranceria, mas também sem complexos de inferioridade. Quem nunca andou na Universidade, se é realmente inteligente, tem a Universidade da Vida, que na verdade é a que mais ensina. A quem queira e saiba aprender, claro está.
A próxima grande oportunidade é a Festa dos Tabuleiros. Se a desperdiçarem outra vez, como sempre tem acontecido até agora, então é caso para fazer como Cristo, quando o miserável à borda da estrada lhe disse que era português -largou-se a chorar e continuou o seu caminho.

sábado, 22 de maio de 2010

VÊM AÍ TEMPOS SOMBRIOS

A crise começa a notar-se e a fazer mossa em Tomar. Ao contrário do que ocorria até aqui, deixou de haver comentários pícaros, piadas e soluções milagrosas. Impera um pesado silêncio, quiçá a indicar que pelo menos os cidadãos mais conscientes, e/ou mais informados, começaram a pôr as barbas de molho.
Se nos é permitida uma opinião, diremos que fizeram e fazem bem, sobretudo porque ainda estamos só no começo das tormentas. Segundo o EXPRESSO de hoje, (Suplemento economia, página 09), a Escola Superior de Negócios IMD, com sede na Suiça, acaba de divulgar " um ranking de stresse da dívida pública no mundo, que coloca Portugal em 3º lugar, como sendo o país, logo após o Japão e a Itália, a demorar mais tempo para conseguir domar a sua dívida pública, baixando-a para um nível "tolerável" de 60% do PIB, no prazo previsível de 27 anos, no mínimo."
Numa semana em que o presidente da câmara nabantina não pareceu nada incomodado com a anunciada redução de 300/400 mil euros nas transferências do governo para a autarquia, nem com o rombo provocado pela não aprovação atempada do regulamento de taxas, pareceu-nos útil, e até mesmo indispensável, reproduzir o que escreve Nicolau Santos no EXPRESSO (Suplemento economia, página 05). Naturalmente com a devida vénia e os nossos agradecimentos. (O negrito é da nossa iniciativa)

COM IMPOSTOS E SEM IDEIAS

"Os banqueiros ficaram muito incomodados, como ficam sempre que alguém diz, sem papas na língua, o que eles afirmam com língua enrolada e palavras cinzentas. Fazendo jus à sua frontalidade, Fernando Ulrich, presidente do BPI, afirmou... ...que neste momento o país não se consegue financiar. A aflição por que a República passou há dias, com os bancos portugueses a receberem um convite irrecusável para tomarem cerca de mil milhões de euros de dívida pública portuguesa, é a prova disso mesmo. Não estamos apenas perante um problema de preço, mas também de acesso a fundos. Por isso, não se vê como é que Portugal conseguirá mais 45 mil milhões de euros, de que necessita até 2013, se mantiver alguns dos projectos do Estado, autarquias e empresas públicas, que continuam em cima da mesa. Mas Fernando Ulrich não disse apenas palavras fortes. Actuou de forma consequente em seguida. E assim o BPI abandonou o consórcio que integrava, destinado a financiar o troço de alta velocidade e o Poceirão e Caia -porque, como acrescentou, o principal dever dos bancos não é conceder crédito mas garantir os depósitos dos clientes.
Os últimos dias mostram que Ulrich tem toda a razão. Em primeiro lugar, o governo já vai no PEC 2, porque nem o PEC 1 nem o Orçamento do Estado chegaram para acalmar os mercados. Em segundo, as novas medidas de austeridade provaram a verdadeira desorientação que grassa no Executivo, com ministros e secretários de Estado a contradizerem-se uns aos outros e o primeiro-ministro a ser apanhado também na confusão. E em terceiro, sublinhe-se que apenas uma certeza existe -a de que este aumento de impostos vai durar até 2013.
Por isso, este pacote de austeridade é lamentável por duas razões. A primeira está dita e redita: o esforço de consolidação por via do aumento das receitas é estrutural; por via do corte nas despesaas é conjuntural, transitório e incerto. E a segunda razão é que não há uma ponta de imaginação, não há nenhum golpe de asa nestas medidas. Como diria um conhecido comentador desportivo, para resolver a aflição, o Governo chutou com o pé que tinha mais à mão.
Podia ter feito outra coisa? Podia. Podia, por exemplo, ter lido a muito estimulante proposta de Ricardo Reis, professor de economia na Universidade Colúmbia, em Nova Iorque. E essa proposta passa por descer a Taxa Social Única de 23,75% para 17% e subir o IVA do regime geral de 20% para 25%, com aumentos semelhantes nos regimes especiais do IVA, no IMT e num imposto sobre rendas. Is corresponde, segundo Ricardo Reis, a uma desvalorização da moeda por via fiscal, relançando a competitividade das empresas, sem colocar todo o fardo do ajustamento sobre os trabalhadores.
Ricardo Reis fala ainda numa opção mais radical: acabar completamente com os 23,75% da Taxa Social Única e com o IMT e fazer com que o IVA incida sobre todos os bens, sem excepções, incluindo a habitação, à mesma taxa de 20%. A medida traria uma enorme transparência e simplicidade ao sistema fiscal, algo de que estamos profundamente carenciados e que é aliás o caldo de pedra ideal para determinados grupos capturarem em seu proveito parte substancial dos benefícios do Orçamento de Estado. Não há ninguém que queira agarrar nesta proposta?"


Se depois de ler isto, algum autarca, ou algum eleitor concelhio, ainda continua a pensar que é melhor ir aguardando com calma, porque vêm aí melhores tempos, ou que a desorientação reina unicamente no seio do Governo, deve correr com urgência para o oftalmologista mais próximo, queixando-se de cegueira e de daltonismo.

AS COISAS SÃO O QUE SÃO...E VALEM O QUE VALEM

A comunicação social local deu grande destaque à recente visita da ministra da cultura, que se deslocou a Tomar para presidir à entrega dos prémios do Concurso Lopes Graça. De tal forma que os leitores terão ficado com uma impressão das coisas não totalmente coincidente com a realidade. Esta entrada do blogue Algures aqui, de Hugo Cristóvão, que reproduzimos com a devida vénia e os nossos agradecimentos, relativiza a citada visita, designadamente as suas razões profundas, contribuindo para a reposição da verdade verdadeira.
Por outro lado, basta reparar na fotografia para constatar que realmente, nesta terra, a cultura, mesmo quando representada pela ministra da pasta, arrasta multidões. Se ainda estivese entre nós, o saudoso Vítor Cunha Rego lá teria de repetir, uma vez mais, que "As coisas são o que são...e valem o que valem".

DESGRAÇA APÓS DESGRAÇA, LAMENTO APÓS LAMENTO

As obras do paredão-mijatório, junto à moagem estão paradas há mais de oito dias. Para pensarem melhor? Por falta de dinheiro? Enquanto se aguardam esclarecimentos sobre a utilidade daquilo? Se calhar nem os próprios autarcas sabem bem porquê. A prova é que os eleitos do PS vão dizendo, privadamente, que aquilo é ideia do Paiva e que nem sequer sabem onde irá a Câmara arranjar dinheiro para pagar.
Entretanto, na Mata, a tal empreitada que fazia tanta falta como a fome, lá vai andando. A velocidade de caracol, mas anda. Até já começaram a edificar os novos sanitários, como se pode ver nesta foto.

Pelo aspecto actual, apareceu-nos uma dúvida pertinente -Com tanto ferro e betão, serão mesmo casas de banho ? Ou bunkers para um eventual guerra de caca?

Outro aspecto curioso é a localização escolhida. No final dos anos 4o do século passado, quando demoliram o casario, para dar lugar ao actual largo, deixaram do lado direito a abertura correspondente à multicentenária via de acesso da baixa à almedina (ver igualmente fotografia seguinte).

Posteriormente foi vedada com o muro mais baixo, na expectativa de que um dia tal caminho tradicional viesse a ser reabilitado. Azar dos azares, acaba entaipado por umas instalações sanitárias absconsas, com as trombas à vista. É no que dá confiar projectos e administração local a forasteiros e/ou indígenas ignorantes, que não sabem o que está para trás. Cuidam que tudo começou quando eles nasceram. É mais um exemplo flagrante do nacional-umbiguismo.

E nem valerá a pena desculparem-se com a falta de espaço, ou de local mais adequado. Se, por exemplo, ficassem do lado oposto, onde está o contentor, quais seriam os inconvenientes? É só porque ficaria muito mais barato, uma vez que dispensava toda aquela estrutura em betão armado? Ou terá sido para não roubar os habituais lugares de estacionamento para os carros do guarda e amigos?
Já é consensual que nenhuma das formações políticas com representação no actual executivo tinha ou tem qualquer projecto para Tomar. Idem, idem, no que concerne à vontade de elaborar tal documento orientador. Mais grave ainda, os casos do mercado, do campismo, do açude e das taxas, demonstram que a actual maioria circunstancial nem sequer consegue gerir de forma aceitável os assuntos correntes.
Têm por conseguinte razão, aqueles eleitores que dizem que a autarquia actual só serve como ganha-pão para os eleitos e para os funcionários, pelo que ficaria muito mais barato mandá-los quase todos para casa, mesmo com os respectivos vencimentos por inteiro. Poupavam-se telemóveis, ajudas de custo, despesas de representação, secretárias/os, assessores, outros assistentes, automóveis, papel, outros consumíveis. Ganhava-se muito tempo, que é dinheiro, dizem os ingleses. E evitavam-se aborrecimentos e as costumeiras asneiras, que custam e virão a custar balúrdios aos contribuintes.
Pode ser que um dia, um primeiro-ministro mais corajoso, consiga implementar uma lei estabelecendo que nomeados para o governo, ou eleitos para qualquer lugar, passarão a ganhar exactamente o mesmo que auferiam antes... Acabavam-se os oportunismos saloios que era um instante!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A SÍNDROME DA DEPENDÊNCIA

Com o evidente agravar da crise, que aparentemente até agora ninguém sabe como solucionar, os melhores vão pouco a pouco perdendo o indispensável sangue-frio, o que redunda em tomadas de posição insólitas e inadequadas. A última conhecida e de impacto é a do respeitado empresário Belmiro de Azevedo, dizendo a alunos de uma escola superior de gestão que, em determinadas circunstâncias, roubar é legítimo e não há outra solução.
No outro extremo da sociedade, o dos menos artilhados intelectualmente, a tendência é para associar, de forma inconsciente, impotência e megalomania. Incapazes de engendrar soluções para os seus problemas, respeitáveis cidadãos apontam soluções para os problemas nacionais, quando não mundiais.
Entre estes dois limites, têm passado despercebidas duas questões capitais -as dependências e algumas práticas aberrantes. Aquela, é o que podemos designar por síndrome da toxicodependência, nas suas duas vertentes, os estragos que já causou e os que virá a causar, caso não seja definitivamente eliminada. É assim com as drogas duras, com o álcool, com o tabaco, com o jogo, com o sexo... e com o recurso ao crédito. A outra é ainda mais peculiar. Enquanto a administração pública, ignorando com soberba a máxima segundo a qual "demasiado imposto mata o imposto", insiste em castigar os que conseguem auferir maiores proventos, a banca no seu conjunto faz exactamente o oposto. Quanto menores são as possibilidades de quem pede o empréstimo, maior é a "taxa de esforço" pedida, para usar um termo da gíria técnica.
Em ambos os casos, ressalta aquele velho dito "os hábitos têm a vida dura", que origina quase sempre uma rígida oposição a qualquer mudança. Temos assim que o fisco experimenta cada vez mais dificuldade em cobrar impostos, pois os mais causticados, aqueles que conseguem maiores rendimentos, cansaram-se de pagar de forma exagerada para os que pouco ou nada fazem, insistindo em viver à sombra do orçamento, e recorrem cada vez mais à engenharia contabilística. A conhecida "contabilidade criativa". O que se compreende perfeitamente, uma vez que, mesmo com taxas planas de imposto (iguais para todos os contribuintes), os de maiores proventos sempre pagariam mais. Assim, com as diversas isenções e as taxas progressivas, há uns que nada pagam, enquanto outros pagam de forma excessiva o que para os primeiros é gratuito. E chamam a isto justiça social.
Inversamente, no caso da banca e do crédito, passou-se em poucos anos das dificuldades e das letras para as amplas facilidades de financiamento. De tudo e mais alguma coisa. Até para tornar os seios mais vistosos. Ou apetitosos, depende dos pontos de vista. Tudo acompanhado da tal curiosa prática bancária que pode ser resumida na frase sempre implícita "Quanto menos podes pagar, mais vais pagar". Noutros termos, a solvabilidade do cliente é sempre inversamente proporcional às alcavalas que lhe impõem. E depois admiram-se que aumente exponencialmente o "crédito mal parado", quando foram os próprios bancos que o deixaram logo no início "mal arrumado".
De tudo isto, em síntese, podemos dizer que quem realmente deseje ultrapassar a crise, terá de mudar de hábitos e quanto antes. Assim, o Estado terá de encarar seriamente o princípio das taxas planas, a banca faria bem em agir de igual modo, os particulares devem deixar de vez a ideia de que é possível viver a crédito, as autarquias terão, mais tarde ou mais cedo, de recorrer ao crédito só para despesas de investimento, que sejam mesmo de investimento. Que possibilitem retornos capazes de remunerar e amortizar os empréstimos e de assegurar as respectivas manutenções, que são sempre indispensáveis.
Em qualquer caso, urge aceitar pacificamente que o grande problema actual não é propriamente a crise. São os maus hábitos que a originaram. E como os mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos, enquanto não mudarmos de comportamento...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA

Apenas um bom trabalho, na página 6, no qual Elsa Ribeiro Gonçalves aborda o caso do turista/campista/marginal, que por aí vemos há meses, é de interesse para Tomar, nesta edição d'O MIRANTE. E de interesse relativo, dado que em termos de situação política, económica ou social, nem adianta nem atrasa. É a chamada peça Ómega.
Curiosa é a reacção do irónico e habitual cronista Manuel Serra d'Aire, no mesmo semanário. Diz ele, a concluir a sua carta hebdomadária: "E termino com outro português exemplar. Chama-se Moreira, tem rastas loiras e vive numa rua de Tomar. Trabalhar não é com ele, alimenta-se de leite e bananas, é simpático e não pede esmola, embora haja pessoas que insistam em dar-lhe moedas cada vez que ele estende a mão para ver se está a chover. Apesar de jovem já tem uma reforma de 200 euros e não quer mais. O Governo bem pode colocá-lo no cartaz de anúncio do PEC. Eu sugiro desde já o slogan. "Se ele consegue e é feliz porque não havemos todos de conseguir -Ajude-nos a equilibrar as finanças públicas!!"
Os nossos leitores farão o seu juízo, que ele há gostos para tudo, e ainda bem. Até para assinalar em manchete que em Fátima, "é normal encontrarem-se preservativos no chão ou nos caixotes de lixo." Perguntamos nós, sem maldade -Usados ou por usar? Com ou sem furinho?

Outro tema por esclarecer é a manchete de CIDADE DE TOMAR. Tomar em festa? Ou Sporting de Tomar em festa? A parte e o todo são uma e a mesma coisa? Quaisquer que sejam as respostas, e com o devido respeito pelos valorosos atletas do hóquei patinado tomarense, seja-nos permitido observar que aquele jogador de costas para o fotógrafo, com o traseiro a anunciar "SERVIÇOS 24 HORAS", não nos parece nada católico. E ainda menos ortodoxo.
Igualmente no decano da imprensa tomarense, destaque para a peça "Câmara de Tomar perde mais de 300 mil", que ocupa toda a página 3 e cita com abundância Tomar a dianteira, o que naturalmente agradecemos.
Segue-se, na página 7, mais um da já longa série de projectos inovadores para Tomar. Desta vez trata-se da Judiaria. A ver vamos, como dizia o cego, que nunca chegou a ver nada.
Contrariando a nossa usual orientação, recomendamos vivamente, sobretudo aos adeptos do União de Tomar, a leitura cuidada da entrevista de António Rosa Dias, presidente do Sporting de Tomar, no suplemento "Centro Desportivo". Naturalmente por tudo aquilo que diz, mas também e sobretudo pelo que deixa perceber, designadamente em termos comportamentais e de reacção à crise. Confessamos que após duas leituras, ainda não conseguinos resposta capaz e segura para uma dúvida angustiante -Afinal, aquando do naufrágio do Titanic, a orquestra de bordo continuou a tocar porque o comandante assim o determinou? Ou porque os músicos se limitaram a fazer o mesmo que nos dias anteriores ao trágico desastre?
Pode parecer que não, mas faz toda a diferença. E então quando se junta o postulado do Lavoisier, segundo o qual "as mesmas causas, nas mesmas circunstâncias exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos", às palavras de Rosa Dias e às de Sócrates, é de arrepiar! Ai é é!

N'O TEMPLÁRIO desta semana, três factos nos parecem substantivos e portadores de futuro. O primeiro é o chamado estilo jornalístico tomarense. Repare-se na manchete. Noutro jornal, com um livro de estilo mais singelo, aquele título seria "BRONCA EM TOMAR -Por desleixo autarquia não pode cobrar taxas". Devido ao estilo tomarense, têm os leitores direito a uma bronca pequenita e entre aspas (maneira educada de pedir desculpa pela ousadia). Quanto à causa principal e única da situação -o manifesto desleixo- guarda o semanário o prudente silêncio, que o dia de amanhã ainda ninguém o viu...e a autarquia é um bom cliente publicitário.
O segundo facto é a própria notícia em si., apesar do estilo em que está redigida, pois não é muito habitual que o semanário de Além da Ponte enverede pela vertente noticiosa da política local. Felizmente para os tomarenses -pensamos nós- esta semana até há editorial, subscrito por José Gaio. E esse é o principal dos três factos supracitados. Numa escrita directa e por isso mesmo contundente, o director templário defende corajosamente a recuperação do mercado, que é o ganha-pão de muita gente, e questiona so políticos locais de todos os quadrantes. Que falam, falam, falam, mas quanto a obras, nicles batatoides. Força José Gaio! Audaces fortuna juvat, que é como quem diz "A sorte protege os audazes". É pelo menos o que se diz...