domingo, 16 de maio de 2010

A VERDADE MAGOA QUASE SEMPRE...

Há por aí umas almas sensíveis que se queixam privadamente da virulência, da injustiça, e até da grosseria de Tomar a dianteira. São autocratas encapotados, que se fazem passar por democratas e amantes da liberdade, não por opção livre, mas apenas por falta de coragem. Não é certamente por mero acaso que, dos 34 seguidores deste blogue, apenas dois ou três dão a cara...
São exactamente da mesma estirpe daqueles que vão lançando blogues e/ou sites, que depois não conseguem manter com um mínimo de utilidade cívica, por falta de conteúdos actualizados. Ou não será pelo menos curioso (para não dizer outra coisa) que nesta terra de quase 40 mil eleitores, além de Tomar a dianteira, apenas os sites d'O Templário e da Rádio Hertz tenham movimento digno de registo? Trabalham? Têm mais que fazer? Falta de tempo? Desculpas reles e de mau pagador. Não era assim já antes de se lançarem na aventura da comunicação social? Então porque se lançaram? A tal presunção, não é? Farroncar é fácil; gerar ideias e pô-las por escrito é que custa!
Para todos, apesar de tudo fraternalmente e com amizade, transcrevcemos a usual crónica de Vasco Pulido Valente no PÚBLICO, com a devia vénia e os nossos agradecimentos. Lembrando que Pulido Valente não é injusto, nem grosseiro, nem labrego. Doutorou-se em História Moderna e Contemporânea na Universidade de Oxford. Só.

"VIVA PORTUGAL!"

"Não vale a pena falar sobre o caderno de encargos que Sarkozy e Merkel impuseram a Portugal. Nem da caricata submissão e das contradições do primeiro-ministro. Para efeitos práticos, José Sócrates não existe. Como logo viu o Inimigo Público, [suplemento humorístico do Público, publicado semanalmente], ainda não lhe disseram que já deixou de governar. Está em S. Bento como estaria uma planta, à espera do momento próprio de ser removido. É uma espécie de delegado regional da "Europa" ou, se preferirem, um moço de recados, com um emprego temporário e, ainda por cima, vexatório. No meio dos triunfos do Benfica e da visita do Papa e, à parte uma frase melancólica, ou um adjectivo de passagem, ninguém reparou que o país sofreu a maior humilhação nacional desde o último século. O que mostra aonde chegou o país, mas também o que sempre foi a "Europa".
Poderia ser de outra maneira? Não parece. Como contar com a mais vaga "solidariedade" ou sequer delicadeza do sr. Sarkozy ou da sra. Merkel, que não nos conhecem ou têm qualquer motivo para gostar de nós? Para quem nos paga (e de certa maneira somos todos pagos) não passamos de um povo inferior e semibárbaro, que gasta prodigamente o dinheiro que não ganhou e que depois vem de mão estendida pedir esmola. Os ricos não respeitam mendigos; de maneira geral correm com eles. Sobretudo, correm com os mendigos que não percebem, ou fingem que não percebem, o seu lugar no mundo e tentam aldrabar o próximo e viver a crédito. Para a Alemanha e para a França, os portugueses, como os gregos, merecem uma boa lição e muita cautela, não os leve a natureza, como de costume, para maus caminhos.
Custa engolir isto aos fim de vinte anos de retratos de família e da imunda cegarrega da "união". Só que nunca houve"união". As grandes potências da Europa -a Alemanha, a Inglaterra e a França- não desapareceram e continuaram a desprezar por convicção e hábitos os semicafres do Mediterrâneo e do Leste, que se dignam proteger e, de quando em quando, explorar. As tribos do Báltico, ao menos, sendo louras, permitem um certo sentimento da afinidade. O resto, não: essa tropa fandanga miserável, eternamente envolvida em querelas de má morte, preguiçosa e suja, não faz parte da Europa por mais do que um desgraçado acidente geográfico. Por isso, o Sarkozy e a sra. Merkel não hesitaram em chamar o irresponsável sr. Sócrates, pregar uma descompostura ao referido sr Sócrates e mandar o homem para casa com o rabo entre as pernas. E, para cúmulo, com razão. Viva Portugal!"

Onde está "o país" ponha-se "Tomar"; e onde está "Sócrates" ponha-se "a actual maioria autárquica". A tragédia fica completa.
Só é pena ninguém chamar os senhores autarcas, pregar-lhes uma descompostura, e mandá-los para casa cabisbaixos. Bem mereciam! E os tomarenses agradeciam! Pelo menos todos aqueles que têm dois dedos de testa e ainda não perderam o hábito de pensar de modo independente.

4 comentários:

Maria disse...

E a mentira magoa sempre. Prefiro uma verdade amarga, a uma doce mentira.
Maria

Anónimo disse...

A lucidez a que já nos habituou o autor...só que esta realidade é a que nos aterra em cima e as autarquias não podiam ser senão o espelho do chico espertismo das nossas eleites políticas. É a navegação à vista que o intelecto e a capacidade de reflectir exigem esforço e um acumular de conhecimento incompatível com as poses para a fotografia, a cultura da construção cívil e da ética republicana do gamanço público.

templario disse...

Desta vez o senhor levou tudo a eito: governos, José Sócrates, povo, autarcas, tomarenses e até mesmo os seguidores do seu excelente blogue. Como um dos seguidores, senti-me tocado... , umas vezes identifico-me, outros sou Cantoneiro, outras simplesmente anónimo; e sou bloguista falhado, não por falta de ideias, todos as temos, mas por ser um desgraçado... no domínio de um instrumento capital: a escrita da língua portuguesa. "Invejo" o seu estilo escorreito e direto da sua prosa. Mas o que quer, quase tudo o que aprendi foi cuscuvilhando aqui e ali, infelizmente não frequentei a "Mãe" universidade, quanto mais a de Oxford. Mas tenho-me farto de esferoar ao longo dos anos em muitos, muitos desses livros das "Mães" dos sabichões da nossa praça. E juro-lhe que tenho aprendido muito.

Na Alemanha e França, muitos doutores portugueses aprenderam, mas muitos deles trouxeram-nos o joio da seara em que colheram. Fazem-me lembrar os 50 bolseiros de D.João III, nas sacrossantas universidades de Paris e outras na Europa. Foram para lá estudar para travar cá dentro os novos ventos que sopravam, precisamente, dessa Europa. Não mudou muito nos tempos posteriores. Assoberbados de tanto saber, alguns caiem em tragédias existenciais e de identidade. Volta não volta, atiram-se ao povo que os parturiu. E às vezes dão mesmo a entender que é para defenderem "privilégios arcaicos"...; a intensidade da nossa democracia (ainda bem) estimula de mais o individualismo, especialmente este tipo de "homens democráticos" de muitos estudos e saberes, sem povo à sua dimensão.
Pessoalmente, aconselho-os, tal como ao Dr. VPValente, a irem pregar para outro território, mas duvido que lá alimentassem a sua soberba e mania de prestarem para qualquer coisa, num país que precisa de dirigentes políticos, empreendedores e intelectuais que amem verdadeiramente o povo a que pertencem e se identifiquem com os seus problemas e fragilidades, e delas não é o povo responsável. VPValente, com todo aquele desprezo pela qualidade do povo que o ajudou a alimentar, e de que faz parte, bem pode ir para a ........ que o pariu.

Como era de esperar, alguns comentaristas estão a descobrir que os doutores de Oxford e de outras "Mães" estão a dizer o que desgraçadamente lhes vai na mioleira, como se vivam num mundo à parte, e sejam o suprasumo da Pátria.

Era bom que ganhássemos estatura e deixássemos de ser manipulados.

Anónimo disse...

Boa tarde António Rebelo,

Embora desenquadrada do tema aqui sugerido, queria focar esta minha intervenção num acontecimento que teve lugar ontem, sábado, em Tomar.
Trata-se da subida (mais uma) do Sporting de Tomar à Primeira Divisão nacional de hóquei em patins. Trata-se do outro (para além do União de Tomar) clube emblemático da terra, que tem mantido a tradição do hóquei em patins intacta com altos e baixos ao longo da sua história.
Este momento de orgulho para toda a cidade e particularmente para os sócios e adeptos do clube assume uma importância acrescida, na medida em que ocorre numa fase muito difícil do clube muito por culpa da acção levada a cabo pelo anterior presidente da câmara municipal, que, como todos sabemos, levou a cabo uma verdadeira política de terra queimada contra os dois clubes maiores da cidade.
Por causa disso o Sporting de Tomar viu-se obrigado a deixar de utilizar o pavilhão junto ao rio para se mudar para o da escola Jacome Ratton. Este recinto, apesar de ter alguma qualidade, não reúne as condições necessárias para que o clube tenha algum proveito económico com as jornadas disputadas em casa, uma vez que as bancadas não acolhem mais de 350/400 pessoas, segundo me foi dito. Ora toda a gente sabe que clubes como o Sporting de Tomar, que vivem da carolice de dirigentes e sócios, precisam de receitas como de pão para a boca.
A magreza das receitas devem-na em exclusivo ao sr. António Paiva que renovou o pavilhão municipal para finalidades que ainda hoje ninguém entende, e ao mesmo tempo impôs normas de utilização que o clube não pôde seguir.
Apesar de todas as contrariedades o Sporting de Tomar ressurge na ribalta do hóquei nacional pelo que aqui deixo os meus parabéns a todo o grupo de trabalho responsável por este feliz desfecho.

Uma última nota: como não podia deixar de ser, os parasitas...perdão, os políticos da nossa urbe lá estiveram todos a marcar presença, eles que nunca lá puseram os pés durante a época, compareceram e estiveram postados para a fotografia. Nem o desporto escapa ao cinismo da política...ainda que da baixa política!!!