quarta-feira, 12 de maio de 2010

A QUALIDADE NÃO É ESTÁTICA MAS DINÂMICA

Devidamente concluído, no que à estrutura de madeira diz respeito, o açude do Mouchão já não envergonha quase ninguém. Foi pena aquela lástima em S, aquando do Congresso da Sopa. Agora faltam a rama de pinheiro, as ervas e arbustos, e a areia, que idealmente deveria ser antes recolhida do leito do rio, a montante da roda. Com sempre aconteceu, até há cerca de dez ou quinze anos. Aguardemos!

Embora já não seja uma nódoa, o açude também não é nenhuma obra-prima. Pelo contrário. Os açudeiros de antanho ficariam decerto algo incomodados ao olhar para aquelas escoras demasiado fora de esquadria, em relação ao alinhamento da estrutura, susceptíveis de originar algura rotura precoce. Oxalá tal não venha a ocorrer.
Digamos que foi o melhor que se conseguiu, no estado actual das coisas. Nesta época do meia bola e força e do para o que é, bacalhau basta. Devemos, por conseguinte, estar muito satisfeitos? Nem tanto assim.
Ocorre que, mesmo quando a roda já estiver a funcionar sem encrencas (se chegar a tanto), a maioria dos turistas não a poderá apreciar com calma. Nem fotografar. Tudo por falta de locais onde estacionar e/ou de sinalização suficiente.

Ideal seria que a actual maioria de circunstância percebesse que a qualidade, tal como a realidade envolvente, são coisas dinâmicas. Estão constantemente a evoluir. O que há alguns anos tinha muita qualidade ( o Mouchão, por exemplo), agora não passa de uma bosta. Assim sendo, tem de haver a preocupação de ir melhorando, tanto as pessoas como as coisas, de forma permanente.
Neste problema da antiga sala de visitas de Tomar, conviria acabar com a ridícula placa central, retirando candeeiros e árvores, proibindo o estacionamento de ligeiros e adaptando tudo para o aparcamento possível e gratuito de 40 autocarros. (Conforme já aqui foi escrito, mas será repetido as vezes que forem precisas.) Vantagens? Saltam à vista! Na melhor das hipóteses, partindo do princípio que os actuais 50 lugares para ligeiros eram ocupados por viaturas de visitantes, teríamos 50x4=200 pessoas. Com o estacionamento para autocarros serão, também na melhor das hipóteses, 40x55=2.200 pessoas. Alguma dúvida ainda?
Se não sabem semear, como querem colher alguma coisa?

Uma vez retirada a placa central e feita a fácil e barata adaptação para aparcamento de autocarros, tudo ficará resolvido e de grande qualidade? Nem pensar! Há que contactar, quanto antes, o dono do logradouro frente ao Mouchão, tendo em vista encontrar (de preferência por consenso) uma via para ali edificar um imóvel de habitação, tendo no r/c sanitários de nível europeu (em termos de qualidade, de quantidade, de limpeza e de disponibilidade), sinalização adequada e eficaz, posto de informação com pessoal previamente preparado em termos laborais, e loja de artigos para turistas, do tipo daquela que a ADIRN vem mantendo na Rua Infantaria 15.
Depois, será o tempo de restabelecer o sistema de rega de todo o Mouchão, com água da roda, que foi destruído aquando da lamentável requalificação, levada a cabo no tempo de António Paiva. Tratando-se de um exemplo não poluente, barato, renovável e multi-secular, poderá vir a constituir uma curiosidade, tanto para turistas como para alunos.
A seguir, regressará o desaparecido banco dos namorados, na extremidade sudoeste, a sacrificada barreira arbustiva que dava um ar aconchegado e íntimo ao Mouchão, o muro do ângulo nordeste, com as floreiras e as conversadeiras, aproveitando-se para fazer desaparecer o insólito lajedo e a horrível barraquinha, que serviu de jazigo a um tabuleiro, durante o recente Congresso da Sopa.
Será então altura de mandar rebaixar a medonha ponte metálica, de forma a eliminar as inestéticas rampas de acesso.
A qualidade não é assim tão inalcançável. Mas supõe tempo, paciência, bom gosto, mundo, leituras, empenhamento, gosto pelo serviço comunitário, perseverança, coragem e constante aperfeiçoamento. Pelo menos...

3 comentários:

Anónimo disse...

E tudo o Paiva estragou!

Malfadada a hora em que essa avantesma chegou ao poder!

Anónimo disse...

Boa tarde António Rebelo,

Não percebo porque é que a questão do estacionamento de autocarros levanta tanta celeuma! Então não acham que a Várzea Grande serve perfeitamente para o efeito? Está assim tão longe da zona histórica? Encontra-se fora dos limites da cidade?
Pelo menos por enquanto, e até que não se façam as obras de requalificação da Várzea (cujo horizonte não vislumbro) pode ser uma solução. E além disso há ainda o largo do mercado cujo acesso não é grande coisa para veículos de grandes dimensões, concordo, mas que uma pequena obra de alargamento poderia resolver. Ainda por cima é um espaço que está disponível aos fins de semana quando se realizam excursões. E esta segunda hipótese também não serve? Está assim tão distanciada do núcleo histórico para nem valer a pena pensar nela?
Em contrapartida vamos escavacar o estacionamento em frente aos jardins para lá pôr esses autocarros? Criar mais um muro, ainda que rolante? Então aquele espaço não é mais atractivo quando permite a visão ampla do espaço, tal como está? E não seria essa medida contrária à tendência geral que é retirar os veículos pesados dos centros históricos, à excepção das viaturas prioritárias, poupando as áreas à carga poluidora? E não é tendência actual promover a actividade pedonal nas zonas históricas?

Anónimo disse...

PARA O PRIMEIRO COMENTADOR

Anda por aí uma grande confusão! O Paiva não chegou ao poder como quem chega ao seu destino depois de uma viagem!
O Paiva foi lá posto pelos tomarenses...e por três vezes...e com maioria absoluta!!!