Nunca fomos grandes entusiastas do futebol, mas também nunca perdemos um bom jogo. Como o de ontem em Madrid. No final, além do orgulho que certamente todos sentimos por um treinador português, latino, do sul, com um clube italiano e portanto nas mesmas condições, ter levado a melhor sobre um treinador do norte, com um clube do norte, ainda por cima seu antigo mestre, deve levar-nos a meditar sobre a utilidade de jamais perder a esperança. E procurar fazer sempre as escolhas mais acertadas, mais racionais, mesmo que mais arriscadas. Porque Mourinho não joga. Não está dentro das quatro linhas. Mas tem ideias que resultam e os seus jogadores obedecem-lhe sem discutir, porque sabem isso muito bem.
O mesmo devia suceder na política, sobretudo e para começar, na política local. Há anos que defendemos que se acabe com a triste prática de ir votar e depois logo se vê. Está à vista o lamentável resultado desse comportamento. E, no entanto, bastava pensar um bocadinho. Nunca se viu nem se verá uma figueira a dar laranjas, e vice versa. Nestas condições, para quê votar em figueiras quando se pretendem colher laranjas? Ou roseiras à espera de colher figos?
Da mesma forma, é muito cómodo limitar-se a aguardar que resolvam o nossos problemas, mas a experiência demonstra que isso raramente acontece. E quando ocorre implica o pagamento de facturas, como as que agora nos estão a ser apresentadas. O sebastianismo é um sentimento de uma outra época, tal como o seguidismo cego, à espera de que melhores dias virão.
Tomar tem futuro porque tem imensos recursos. Oxalá os tomarenses todos, os de nascimento e os de adopção, acordem finalmente e decidam, enfim, tomar parte activa nos assuntos que a todos dizem respeito. Sem sobranceria, mas também sem complexos de inferioridade. Quem nunca andou na Universidade, se é realmente inteligente, tem a Universidade da Vida, que na verdade é a que mais ensina. A quem queira e saiba aprender, claro está.
A próxima grande oportunidade é a Festa dos Tabuleiros. Se a desperdiçarem outra vez, como sempre tem acontecido até agora, então é caso para fazer como Cristo, quando o miserável à borda da estrada lhe disse que era português -largou-se a chorar e continuou o seu caminho.
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