sábado, 31 de outubro de 2009

UM GRAVE EMBUSTE NA AUTARQUIA

António Rebelo
Recapitulemos rapidamente a "matéria dada". 1 - O PS assinou um acordo de partilha do poder autárquico com o PSD, contra o qual me manifestei, por entender, designadamente, que foi uma jogada "no escuro". Na verdade, os eleitos socialistas não sabiam nem sabem realmente qual é a situação financeira do município. 2 - Um estudo recente, editado pelo governo civil de Santarém, mostra que a população tomarense começou a debandar a partir de 2001 (Ver Guardanapos digitais 2, de 28/10). 3 - Um outro estudo, igualmente editado pelo GCS, inclui um quadro demonstrando que, a partir de 2002, o município tomarense aparentemente duplicou as receitas, vindo a atingir, entre 1997 e 2006, uma variação positiva de 236%, de longe a mais alta do distrito. 4 - Numa conversa recente, um dos autarcas garantiu-me que os sucessivos orçamentos eram fidedignos, que 90 % das despesas eram investimentos e que as dívidas correspondiam a um ano de receitas. 5 - Contra-argumentei que dívidas correspondentes a um ano de receitas poderão ser razoáveis, desde que as receitas não sejam empoladas, tal como os investimentos serão aceitáveis se fonte de retornos transaccionáveis, o que não é o caso, nem nas receitas nem nos investimentos.
Ignorava então, aquando da referida conversa, que houvera já uma auditoria oficial, cujos resultados o município acatou, conforme ofício 668/PR/CC, de 24 de Maio, cumprindo-se assim a obrigação de contraditório. Nestas condições, como cidadão eleitor, julgo ser meu dever denunciar, aqui e onde julgar conveniente, o que no meu entender configura um caso de grave embuste, cujos objectivos estratégicos continuam por determinar. Com efeito, os auditores imputam à edilidade tomarense o "Sistemático empolamento orçamental da receita de capital no quadriénio 2005/2008", com taxas de execução de receitas de 52% em 2005, 55% em 2006, 64% em 2007 e 61% em 2008. Isto significa que há, entre os actuais eleitos, quem tenha mentido deliberadamente e por omissão, bem como dado ordens a pelo menos um funcionário, sujeito ao dever de obediência, no sentido de incluir em documentos oficiais elementos que sabia serem falsos. Tudo com o objectivo táctico de induzir em erro as instâncias superiores e iludir os munícipes pagadores de taxas e impostos. Isto porque, sendo as referidas taxas uma resultante dos investimentos e estes função das receitas de capital, quanto mais vultuosas estas foram, mais o serão aquelas. Sucedeu, porém, o imprevisto -os auditores descobriram a artimanha. Porque se é humano enganar-se num ano em cerca de 50%, enganar-se quatro anos seguidos em mais de 35% em cada ano, só pode ser intencional. E quem assim procede deliberadamente, não tem dignidade para desempenhar funções autárquicas, seja ele quem for.
Dado que, conforme escrevem os auditores, "Não existem evidências no sentido de, ao longo de cada ano, a divisão financeira prestar ao executivo municipal informação detalhada (crédito bancário, leasing, dívida comercial, etc.) sobre o nível de endividamento da autarquia", a oposição e o actual presidente podem muito bem estar isentos de culpa. Mas o certo é que alguém prevaricou e reincidiu, tudo de forma grave. Com que intuito ? Dar cobertura ao passado ? Evitar modificações demasiado evidentes ?
Cabe agora à Assembleia Municipal, cujo presidente já recebeu cópia do relatório de auditoria, debater o assunto e apurar responsabilidades, se assim o entender. Ao executivo compete proceder no sentido de informar devidamente os cidadãos eleitores. Quanto ao PS local, cujos eleitos também já receberam cópia do relatório, só lhe resta uma decisão séria -denunciar o recente acordo, alegando que na altura desconheciam a verdadeira situação da autarquia, e requerer oficialmente uma auditoria mais ampla. Se assim não agirem, passarão a integrar o chamado grupo dos embusteiros, na qualidade de cúmplices. E a próxima consulta eleitoral é já ali adiante, dando de barato que o acordo possa durar até lá. Mas como a procissão ainda agora começou a saír da igreja...

TOMAR CIDADE DE TURISMO

Como bem sabem e apreciam aqueles que viajam, tanto cá dentro como por esse mundo além, cada lugar tem as suas atracções turísticas. Umas monumentais, outras apenas típicas, nenhum visitante quer deixar de as ver. Temos assim o Bairro Vermelho de Amsterdão, a Sereia de Compenhague, o Men ken piss de Bruxelas, o porco do mercado novo de Florença, a casa de Julieta em Verona, a Sebastiana, de Pablo Neruda, em Valparaíso. Ou, em pequenino e mais bizarro, a mais pequena rua de Paris (Rue do chat qui pêche), a rã no portal da universidade de Salamanca...e o frade nu com vento, no Convento; o cão e o gato na janela do capítulo, o perfil do Gualdim Pais e a calçada à tomarense, visível na fotografia, a não confundir com a calçada à portuguesa. Esta é muito mais recente. Data das recentes obras dos acessos à ponte do Flecheiro.

Uma vez que falamos de curiosidades pequeninas, aqui temos o mais estreito passeio de Tomar, na parte moderna da zona urbana da freguesia de S. João Baptista, à ilharga da linha de caminho de ferro, do lado nascente. Repare-se na já anteriormente salientada preocupação camarária com o património e, neste caso, igualmente com o ambiente. A verdura porta-se bem e recomenda-se...

tal como acontece logo mais abaixo. Assim, os moradores beneficiam do melhor de dois mundos. Têm gás canalizado e pagam a água e as taxas municipais das mais altos do país, mas têm a impressão de viver em plena natureza, com toda esta verdura mesmo em frente das janelas. E quem vier dizer que se trata de mais um caso de desmazelo, só pode ser alguém desprezível. Que nem merece sequer o nome de tomarense !



ESTOU PASMADO ! ! !


Estou mesmo pasmado ! Numa terra com duas rádios locais, dois jornais locais, dois jornais regionais, jornalistas profissionais, amadores e outros, partidos e grupos de oposição; numa terra onde fomos vários a clamar que havia necessidade de uma auditoria isenta à autarquia; numa terra, enfim, onde tudo acaba por se saber; decorreu uma auditoria financeira ao município de Tomar, por funcionários da Inspecção Geral de Finanças, entre Janeiro e Abril deste ano, E NINGUÉM PIOU !
Vejam lá e vejam bem ! Sabido como é que sem boa informação não há cidadãos civicamente empenhados, ninguém ousou quebrar o silêncio numa matéria tão importante. Porque terá sido ? Receio ? Desinteresse ? Compromissos assumidos ? Receio de perturbar os eleitores antes de duas consultas importantes ?
O certo é que só agora, passadas as eleições e celebrados os convénios tidos por convenientes, houve conhecimento do relatório final da referida auditoria, com data de 23 de Outubro. Há coisas que, mesmo acontecendo por mero acaso, aparecem só nas datas mais propícias.
Dirão os habituais cépticos, cínicos e hipócritas, que souberam do assunto desde o início, mas nada disseram, porque afinal os auditores não encontraram nada de anormal nas finanças autárquicas. Pois não ! Que ideia !
Entre os vários quesitos enviados à autarquia para o exercício do contraditório, por agora reproduzimos apenas este: "VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTAL EM SENTIDO SUBSTANCIAL." Acham pouco ? Os outros "gatos" detectados, que são mais de uma dúzia, já vêm a caminho. Estejam atentos aos próximos escritos.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O ACTUAL QUIPROQUÓ TOMARENSE

António Rebelo


Em recente e amena conversa com um velho amigo, agora também autarca e por isso sujeito à crítica de âmbito político, julgo ter detectado uma das causas da pelo menos aparente desconfiança dos eleitos em relação aos eleitores que deles discordam. Foi-me dito que os membros de executivo são honestos e que "as contas" de quando em vez trazidas ao conhecimento da oposição e da opinião pública mostram a realidade; não estão "maquilhadas".
Sucede que, por conhecer os autarcas que nos governam, desde há vários anos, nunca duvidei da sua honestidade nem da lisura das suas decisões. Pelo menos até agora. Estou até persuadido de que a esmagadora maioria dos eleitores concelhios terá uma opinião semelhante à minha. Em geral, nas terras pequenas como Tomar, tudo acaba por se saber, apesar de quase nunca ser dito publicamente, mas apenas dado a entender, não constando que a actual maioria camarária esteja a agir no sentido de se governar à margem das leis. O problema, a confusão, o quiproquó é totalmente diferente.
No que me diz respeito, quando decidi regressar à acção cívica e à escrita, fi-lo por considerar que como comunidade e com as melhores intenções temos trilhado e continuamos a trilhar maus caminhos. Maus e perigosos. Maus porque nos impedem de melhorar a nossa situação colectiva, ao retardarem as implementação das opções que no meu entender são indispensáveis. Perigosos porque corremos o risco de atingir um dia destes, mais cedo do que muitos pensam, o ponto sem retorno possível. A situação irremediável. O nosso fim colectivo, como comunidade livre.
Refiro-me, naturalmente, à economia local, como sempre a mãe de todos os problemas. Mesmo quando assim não parece. Os nossos autarcas, naturalmente limitados pelo seu "mundo", estão seguramente de boa fé ao garantirem que as finanças locais estão controladas, que é normal ter compromissos correspondentes a um ano de receitas, que 90 % dos milhões gastos o foram em investimentos, que os projectos já candidatados ao QREN são susceptíveis de contribuir para a resolução da nossa crise. Acontece, contudo, que os gestores da Fábrica da Fiação, de Porto de Cavaleiros, da Matrena, da Auto Mecânica Tomarense, da Auto Acessórios, da João Salvador ou da Platex, também estavam certamente convencidos da justeza, da coerência, da pertinência e da eficácia das suas opções tácticas e estratégicas (pelo menos os que sabiam raciocinar nesses termos), o que não impediu antes precipitou a falência das ditas empresas.
Lamento ter de ser desmancha-prazeres, (ou advogado do diabo, se preferirem), mas a gravidade do momento não me permite continuar a iludir a questão. Que é, em suma, esta -Os membros do executivo estarão honestamente convencidos daquilo que afirmam, tal como estavam os citados gestores, mas estão igualmente equivocados. Desde logo porque as finanças locais não estão controladas, nem lá perto. Estão em acelerada derrapagem e sem solução à vista. O que se compreende, se tivermos em conta que as despesas aumentam todos os dias, enquanto as receitas não param de caír. E o pior ainda está para vir. Em 2011.
Depois porque, em boa gestão, poderá ser aceitável, de modo transitório, ter compromissos para com terceiros correspondentes a um ano de receitas, mas de receitas tanto quanto possível certas e permanentes (o tal volume de negócios, no privado). O que não é o caso da nossa autarquia, que toma como referência as receitas brutas, incluindo as comparticipações comunitárias, que são sempre excepcionais e acabarão em 2013.
Em terceiro lugar, não duvido que 90 % das despesas se referem a investimentos. Falta, porém, determinar, para termos uma fotografia mais fiel, que tipo de investimentos. Com retorno garantido ? Que forma de retorno ? Geradores de valor acrescentado ? A que taxas ? Valor acrescentado transaccionável ?
Salvo melhor opinião, de todos os investimentos custeados até agora pela autarquia (com ou sem verbas de Bruxelas), apenas dois estão a gerar retornos transaccionáveis, sob a forma de taxas -a água e o saneamento (resíduos sólidos e esgotos). Tudo o resto poderá ter sido muito útil em termos eleitorais e de imagem; pode até ser extremamente prático e/ou agradável para a população; mas implica apenas mais custos e não gera receitas. É assim e não há volta a dar-lhe.
Finalmente, tudo indica neste momento que os projectos já aprovados no quadro do QREN irão apenas acarretar novos encargos permanentes, nunca gerando receitas susceptíveis de os cobrir, nem de perto nem de longe, pelo que contribuirão para agravar ainda mais o défice crónico da autarquia.
No quadro da tradicional inveja portuguesa, que infelizmente continua a empapar toda a nossa realidade social, quando se pretende argumentação para apoiar a criação de mais um museu, ou outra iniciativa de índole turística, avança-se imediatamente com o Fluviário de Mora e as suas duas lontras. Esquece-se deliberadamente que: 1 - O Fluviário foi em grande parte custeado pelo UE e não é só composto por duas lontras, mas por todo um conjunto bastante complexo, que exige recursos humanos especializados e permanentes e uma manutenção que não será nada barata; 2 - Está por demonstrar que a exploração daquela estrutura por uma empresa municipal seja rentável, ou sequer equilibrada; 3 -Fala-se em centenas de milhares de entradas anuais, mas omite-se que a maior parte são gratuitas, porque para grupos escolares e excursões da 3ª idade (no âmbito da união europeia todos os maiores de 65 anos têm entrada gratuita em qualquer edifício público de interesse turístico, em qualquer país dos 27); 4 - O Fluviário fica a alguns quilómetros de Mora, inserido num pequeno parque ambiental, pelo que a maior parte dos visitantes nem chegam sequer a ir à sede do concelho.
No caso tomarense, a menos que se efectue antes um amplo e participado debate, seguido de adequado estudo, os previstos museus da Levada, tal com o dos tabuleiros, ou os previstos parques de estacionamento, serão apenas mais fontes de despesas permanentes (água, electricidade, limpeza, manutenção, assistência técnica, meios humanos, aquisições, encargos das dívidas), conquanto possam vir a facultar mais alguns empregos. Está quanto a mim fora de causa que possam gerar receitas para uma exploração equilibrada, ou que contribuam para trazer à cidade os visitantes do Convento. Se até em Sintra há quem vá ao Palácio sem subir à Peninha, e vice-versa, como também há quem visite os dois, mas não julgue necessário ir à Regaleira, não se vislumbra o que poderá levar os nossos visitantes a agir diversamente.
Como bem sabem os dirigentes das grandes potências turísticas, França, Itália, Espanha, Grécia, no turismo em geral, o melhor mesmo é que amadores sejam unicamente os visitantes. Os outros convém que sejam profissionais e bons profissionais. Porque se ninguém aceitaria ser operado por um simples curioso, salvo num caso de excepcional necessidade, que poderá levar alguém a ser recebido/acompanhado/guiado/servido/esclarecido, por um funcionário que não pesca mesmo nada do assunto, por nunca lhe ter sido ensinado ?
De forma que, quanto a mim, o dilema tomarense é este -ou temos a coragem indispensável para arrepiar caminho enquanto é tempo, a audácia para abrir novos trilhos rumo ao futuro, e a habilidade para criar valor acrescentado transacionável, ou isto vai acabar mal para todos.

TOMAR CIDADE DE TURISMO

A fotografia acima documenta o notável esforço camarário para manter as estradas à volta do monumento ao Soldado Desconhecido de acordo com as normas da época. Reparem os leitores que até consegue dar a quem por ali passa a ideia de que a 1ª guerra mundial foi na véspera e naquele local. Pelo menos o alcatrão ainda mostra a série de crateras provocadas pelas granadas e outros estilhaços. Um apelo aos serviços de turismo, tanto aos municipais como à Entidade de Lisboa e Vale do Tejo -incluam já mais esta atracção nos roteiros do turismo cultural ! Não é todos os dias que se tem a oportunidade de apreciar " in situ" como eram as estradas portuguesas antes da 2ª guerra mundial. Ou como ficam depois de uma renhida batalha, com muitos rebentamentos. Ou após vários anos de desmazelo camarário !


A parte norte do convento de S. Francisco continua a degradar-se desde há anos e anos. Anteriormente quartel de Infantaria 15, o conjunto foi depois doado à Câmara, no tempo das vacas gordas. Era então presidente Amândio Murta, que logo resolveu "vender" toda a parte agora a degradar-se à irmandade de S. Francisco. Por 150 contos. E aqui aparecem dois problemas. Por um lado, ainda recentemente ali foi colocado um telhado novo, ao que tudo indica com dinheiros do orçamento de estado. A que título ? Por outro lado, temos procurado debalde (o que não significa que o assunto tenha metido água, mas apenas debalde = sem sucesso) obter junto da edilidade os livros de actas que incluam a referida doação e a citada venda. Porquê tanta dificuldade ?



Aqui temos mais um local aprazível e encantador (ia a escrever "charmant", por causa do "hotel de charme", mas fica a aguardar melhor oportunidade), frente ao Convento de S. Francisco, em plena zona urbana da cidade. Tudo ali é uma maravilha. Com destaque para a conservação e a limpeza. Deve ser por falta de pessoal de limpeza. Realmente, uma câmara de um concelho de 40 mil habitantes com apenas 500 funcionários (um funcionário para 80 habitantes), é sem sombra de dúvida uma verdadeira miséria. Além de obrigar a maior parte dos citados servidores da função pública municipal tomarense a múltiplas tarefas realmente extenuantes. Há que tomar providências. Quanto antes.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

ANÁLISE DA IMPRENSA LOCAL E REGIONAL

Acabadas as campanhas eleitorais e contados os votos, restava esta semana aos jornais noticiar as tomadas de posse. O que foi feito por todos eles. "PS e PSD juntos na Câmara de Tomar", escreve O TEMPLÁRIO, acrescentando "Vereadores socialistas a tempo inteiro". CIDADE DE TOMAR preferiu ficar-se pelo clássico e cauteloso "Tomada de posse do executivo da câmara e da assembleia municipal". Até parece, com tal fraseado, que se trata de dois executivos. Mas "vai tudo dar ao mesmo", não é verdade ? O mesmo semanário, que faz manchete com a "Estação Rodoviária do Tejo, em Tomar Encerrada ao domingo e sem número de telefone" (como se o referido equipamento fosse da Rodoviária do Tejo, quando na verdade é municipal), inclui igualmente uma página completa com "As nossas propostas e sugestões - Ao novo executivo da câmara". São nada mais nada menos que quinze temas diferentes.
Pela sua manifesta originalidade, tanto em termos de ideias como (e sobretudo) de redacção, reproduzimos, com a devida vénia, dois deles: "Centro Comercial -Mesmo os que não gostam de centros comerciais devem aceitar que, a realizar-se um referendo, presume-se que uma larga maioria de tomarenses votassem a favor da construção de um centro comercial. Turismo -O executivo devia definir uma estratégia com base no princípio simples "Tomar é a cidade do país que melhor recebe os visitantes". Depois, basta proceder como tal." Comentários suplementares ? Para quê ? Estamos perante a verdadeira arte portuguesa. Presume-se !
Uma última referência ao actual decano da imprensa local. Nos respigos da página 27, pode ler-se, a dado passo isto -"A Bíblia é um manuel de mais costumes..." Pois se calhar será, dizemos nós. Porém não foi bem isso que o Saramago disse. Presume-se...
"João Salvador: empresa fechou" é manchete do TEMPLÁRIO, que na página 2 dá relevo ao julgamento de um "Toxicodependente [que] assaltava casas e lojas". Escreveu o autor da notícia, designadamente, que "a família do arguido, mãe e padrasto, não quiseram prestar declarações, apesar de serem os principais lesados." Infelizmente veio a saber-se mais tarde, sendo agora já do domínio público, que o padrasto acabou por prestar declarações, da forma mais dramática a que um ser humano pode recorrer -suicidou-se por enforcamento. Aqui fica o nosso pensamento piedoso para com um bom cidadão, justo, inteligente, culto e discreto como poucos. Oxalá repouse em paz, apesar do seu acto desesperado.
O MIRANTE faz igualmente manchete com o encerramento da empresa João Salvador, publicando também na primeria página uma grande fotografia da nossa conterrânea Mónica Martins, a primeira mulher da marinha a pilotar helicópteros. Vale a pena ler, até para se ficar a saber que a agora tenente Mónica, primeiro concorreu para a Academia da Força Aérea, mas chumbou. Mais tarde concorreu para a Escola Naval e foi admitida. Agora convive sem problemas com os seus colegas da Força Aérea. Coisas...
Diz igualmente O MIRANTE que "Câmara de Tomar vai ser governada por bloco central". Na página 20, o citado semanário regional escreve que "Só o Algarve gasta mais que o Turismo de Lisboa e Vale do Tejo", acrescentando que "Nova região de turismo gasta mais de dois terços do dinheiro dado pelo Estado com pessoal e estrutura". Já no corpo da notícia consta que o presidente da referida entidade pública, o ex-autarca de Alpiarça Joaquim Rosa do Céu, arrecada mensalmente 3.734 euros + 778 euros para despesas de representação + um terço da sua reforma de 2.500 euros. "Já os dois vice-presidentes Manuel Faria (responsável pela delegação de Tomar) e Eufrásio Filipe (responsável pela delegação de Setúbal) ganham ao nível de um cargo de direcção superior de segundo grau -ou seja, 3.173 euros + 583 euros mensais para despesas de representação. Nada mau".
É o que se presume ser o mais importante na CS desta semana. Caso não seja, caberá aos leitores melhor decidir, de preferência começando por aquela frase que tão bons frutos nos tem dado e continuará a dar -"Eu não sou especialista de modo algum, mas acho que..."

TOMAR CIDADE DE TURISMO

Foto 1


Foto 2


Foto 3
Finalmente alguém se lembrou de limpar, ou mandar limpar, mesmo se de forma sumária, um caminho pedonal de acesso à Porta da Almedina, a primitiva porta de entrada em Tomar, quando a povoação se situava no interior das muralhas do castelo. (Foto 3) Tudo bem, portanto ? Nem tudo.
Provavelmente para mais facilmente transportarem os detritos vegetais resultantes da tal limpeza sumária, não estiveram com meias medidas -onde dantes havia apenas uma cancela estreita, demoliram parte do muro centenário e despejaram gravilha, de forma a constituir uma rampa para veículos. É no que dá por vezes a falta de adequado enquadramento dos trabalhadores.(Fotos 1 e 2). Esclarece-se que, pelo menos oficialmente, a autarquia nada tem a ver com a Mata dos Sete Montes, antiga Cerca conventual, a qual depende do ICN -Instituto de Conservação da Natureza.
Em 1974, havia na mata 16 trabalhadores permanentes. Actualmente há um permanente e um provisório. É por conseguinte natural que tudo aquilo esteja como está...


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

PSD/TOMAR: COMEÇOU A CONTENDA

E não baixam mesmo !!! Informações de boa fonte, chegadas a Tomar a dianteira, permitem-nos adiantar que já começou a "contagem de espingardas" entre os militantes e inscritos no PSD nabantino. Caiu muito mal entre várias camadas de militantes aquilo a que chamam "cedências ao PS". De tal forma que julgam indispensável substituir a actual estrutura dirigente por outra mais nova, mais corajosa, mais rigorosa e mais arejada. Nesse sentido, decidiram começar desde já os contactos tendo em vista a apresentação de uma lista candidata às eleições para dirigentes concelhios, previsas para Decembro. O principal agregador de tal projecto de candidatura poderá vir a ser a imediata denúncia e posterior revisão profunda do acordo acabado de celebrar com o PS, "à revelia de qualquer consulta aos militantes social-democratas".
Um outro grupo de militantes, ao que nos pareceu simpatizantes dos anarquistas, vai dizendo -"Estamos fartos do Partido Social a Diesel ! Queremos a Social-democracia ecológica e electrizante !"
Para começo, não está nada mal. Sobretudo quando se tem em linha de conta que ainda recentemente vários militantes conhecidos abandonaram o PSD antes das autárquicas. Se já nem o poder os une... Haja paciência para seguir o enredo e aguardar o inevitável desfecho. Seja ele qual for, que num partido sem real superestrutura ideológica tudo é possível, como ocorria nos antigos e desaparecido albergues espanhóis: cada cliente só lá encontrava o que consigo levava. Outros tempos. Em termos de hotelaria, que não no âmbito partidário.

GUARDANAPOS DIGITAIS - ÚLTIMO (por agora !)

Pareceu útil acrescentar mais algumas infografias, com o fim de melhor fundamentar e documentar as afirmações feitas anteriormente. Em vez de progredir na sua forçada jornada rumo ao futuro, Tomar regride. Encolhe um pouco mais em cada dia que passa. Os dois quadros acima não permitem dúvidas. Estamos no grupo dos concelhos que têm vindo a perder população proveniente das migrações internas. Pouco a pouco, vamos perdendo a nossa tradicional marca de terra de acolhimento para novos residentes. Em relação a 2001, estamos até na posição pouco invejável de concelho com o maior decréscimo percentual. Repare-se que até 2001 o saldo migratório ainda era largamente positivo, enquanto que em 2008, já negativo, só foi ultrapassado por Coruche e Abrantes, municípios cuja principal característica não é propriamente o dinamismo económico, por isso já em posição netgativa em 2001.
Além do problema dos novos residentes, este quadro documenta uma debandada da população de todas as categorias, naturalmente em busca de melhores condições de vida. Particularmente doloroso para os que gostam de Tomar é o facto de concelhos com muito menos recursos que o nosso, conseguirem ainda assim melhores (ou menos maus) resultados. É o caso de Chamusca, Sardoal, Ferreira do Zêzere, Golegã e Constância. Porque será ?

Um último quadro, ainda mais triste e angustiante. Somos os primeiros no distrito, em termos de debandada da população jovem, o que quer dizer apenas isto -não há concelho mais repelente que o nosso, na área da migração interna de jovens. Dado que qualquer comunidade com poucos jovens não tem futuro... cabe aos nossos "novos" autarcas delinear tácticas e estratégias tendentes a inverter este tão trágico estado de coisas.
Não basta, de certeza, vir com proclamações ocas, afirmando que doravante o turismo vai ser a grande aposta. Numa terra praticamente sem empreendedores, nessa ou noutras áreas, terá de ser o município a fazer tudo ou quase tudo, pelo menos no início. A começar por um projecto devidamente estruturado e com pernas para andar, agora e nos próximos anos, naturalmente elaborado em função da cidade e do concelho que somos. De pouco adiantará recorrer a gabinetes ou empresas "especializados" em fabricar relatórios com títulos mais ou menos pomposos, que na realidade são meras reproduções do mesmo original, ao qual foram mudadas apenas as designações geográficas. Outro tanto se poderá dizer de dois reputados especialistas a nível nacional, cujos múltiplos relatórios, lautamente pagos, nunca pariram qualquer criação que se visse. O que não é de admirar -ainda está por determinar em que escola é que realmente se especializaram em elaboração e implementação de projectos de desenvolvimento local, regional, ou nacional, de turismo. Por razões óbvias não se mencionam nomes, mas a ANMP e os municípios algarvios conhecem-nos bem.



GUARDANAPOS DIGITAIS - 2

COMO ESTAS COISAS SÃO !

Pouco habituado a uma informação isenta e rigorosa, algum do parco pessoal que ainda nos lê terá duvidado do que ontem aqui foi apresentado. Para obstar, tanto quanto possível, a que o mesmo suceda hoje, talvez seja melhor relembrar a triste experiência de Galileu. O eminente sábio teve sérios problemas com a inquisição, apenas porque afirmou, muito antes de tempo, que a Terra girava à volta do Sol. Coisa que hoje em dia toda a gente aceita. Pois foi obrigado a dizer o contrário daquilo que pensava, tendo-se vingado com o célebre "e no entanto gira !"

Dito isto, o que agora se vai tentar demonstrar é a relação entre a economia, a população, a megalomania pródiga de alguns autarcas e os fundos comunitários. A infografia acima é parte da ficha sobre Tomar do Instituto Nacional de Estatística - INE, e de uma previsão feita para o Governo Civil de Santarém. Ambas entidades oficiais, insuspeitas de parcialidade. Que vemos nós na ficha ? 1 - A população concelhia aumentou 2.251 habitantes, entre 1970 e 1981; 2 - Diminuiu cerca de 2.000 habitantes, entre 1981 e 1991; 3 - Estabilizou nos dez anos seguintes; 4 - Voltou a diminuir fortemente a partir de 2001, tendência que se vai acentuar fortemente até 2030. Podemos mesmo observar, do lado direito do quadro intermédio, que até 1981 Tomar estava na média do distrito (5.54/5.79), enquanto que para o período a partir de 2001 se prevê forte discrepância (-18,39 no concelho, -4,73 no distrito). Quer isto dizer, no nosso tosco entendimento, que desde 2001 algo começou a estar muito mal nesta velha casa do Gualdim. O que terá sido ?

Esta outra ilustração dá-nos a evolução das receitas dos municípios do distrito entre 1997 e Dezembro de 2006. Nela consta (sublinhada por nós) uma referência exclamativa para Tomar. O que significa que até os técnicos levaram as mãos à cabeça. Logo mais abaixo, na infografia, está a explicação para o espanto dos especialistas -no citado período, as receitas do município tomarense cresceram 236,84 %. De longe o maior crescimento do distrito e mais do dobro do da maior parte dos municípios. Terá sido perante isto que alguns alcunharam logo António Paiva "um dos melhores presidentes de câmara do país". A ignorância é quase sempre atrevida !
Logo abaixo da infografia, a explicação parcial para tanta aparente fartura: "Comprovando a inegável correlação que existe entre as receitas das Câmaras e a atribuição dos fundos comunitários, constata-se que foi exactamente nos picos anuais do financiamento dos QCA I e II, que as autarquias municipais viram crescer mais significativamente os seus meios."
Falta acrescentar e as suas dívidas, em simultâneo com preços, taxas diversas, e licenças a preços proibitivos para os respectivos munícipes.
Se dúvidas houvesse, aqui está a prova provada de que assim aconteceu e continua a acontecer. Impotentes perante um poder local manifestamente cego em relação à realidade social envolvente e obstinado na sua implícita megalomania pródiga. Cansados de financiar obras espampanantes mas manifestamente supérfluas ou não prioritárias, em todo o caso sem retornos transaccionáveis, os habitantes optam pelo mais simples -votam com os pés, em demanda de paragens mais clementes em termos económicos. Resultado: Ostentamos um honroso primeiro lugar distrital em termos de Saldo Populacional Natural. O que significa não só que somos cada vez menos, mas igualmente que somos cada vez mais velhos. E como a terceira idade não se reproduz, por razões óbvias, um dia deixará de haver tomarenses ou população permanente numa ex-cidade chamada Tomar. O Mundo será então melhor e com pessoas mais inteligentes ?



terça-feira, 27 de outubro de 2009

GUARDANAPOS DIGITAIS - 1

O PÚBLICO de hoje ocupa toda a sua página 24 com uma fotografia, a infografia acima e um texto assinado por Jorge Talixa sobre a previsível evolução negativa da população do distrito de Santarém. É o costume, na maior parte dos casos, em Portugal -duas ou três "pinceladas", uma foto em grande, um gráfico, e está feito. O jornalista julga ter cumprido a sua tarefa, o jornal julga ter cumprido a sua missão, e os leitores julgam ter sido informados. Procurando remediar, tanto quanto possível a situação, resolveu-se recorrer à mesma fonte -o Governo Civil de Santarém- tentando ir um pouco mais além.
Conforme se pode observar no gráfico, tem sido geral a diminuição da população residente, excepto nos concelhos de Benavente, Cartaxo, Entroncamento, Ourém e Barquinha. Se em relação aos dois primeiros o motivo de atracção é Lisboa e o novo aeroporto, no caso do Entroncamento e, sobretudo, da Barquinha, trata-se de casos evidentes de "arrabaldização" forçada. Incapazes de custear alojamentos dignos, próximos dos locais de trabalho, os trabalhadores por conta de outrem vão-se mudando para onde a habitação é mais barata e os transportes mais económicos, próximos e rápidos.
Já no caso de Ourém, a questão parece ser outra e ter muito a ver com Fátima e a proximidade das zonas industriais da coroa de Leiria.
De qualquer forma, ficar-se pelos movimentos populacionais é algo redutor quando não se tem em conta a mãe de todos os problemas humanos -a economia.

No caso do nossos distrito, fomos em busca de mais elementos e conseguimos encontrar. Na infografia acima, vemos que, já em 2006, no primeiro ano do mandato que agora terminou, no auge portanto da gestão de António Paiva, "um dos melhores presidentes de câmara do país", segundo Miguel Relvas, o município de Tomar estava muito bem situado entre os caloteiros da região. Ocupava o quinto lugar no campeonato das dívidas por liquidar a terceiros não financeiros, com 7 milhões 495 mil euros. É certo que sempre havia quatro piores. Porém, se por um lado, Santarém tem uma vez e meia a população de Tomar, e quase o dobro das freguesias (28 contra 16), por outro lado, não deixa de ser verdade que com o mal dos outros passamos nós muito bem, salvo em termos de solidariedade verbal.

No outro campeonato inter-autarquias -o dos empréstimos bancários- estávamos até em muito melhor posição, ocupando o terceiro lugar, com 21 milhões 890 mil euros, quase a par de Abrantes, com 22.192.ooo€ e de Santarém, com 23.791.000€. Fazendo as tais contas de merceeiro, tínhamos então, em Dezembro de 2006, os seguintes totais em dívida: Santarém 53 milhões e 71 mil euros; Abrantes 27 milhões, quatrocentos e oitenta e seis mil euros; Tomar 29 milhões, 385 mil euros. Os malandros dos autores das infografias ! Sempre a tentar prejudicar a terra nabantina ! Afinal, já em 2006, Tomar não era nada terceira na tabela das dívidas. Era segunda. E logo atrás da capital de distrito, que tem muito mais população ! Nada mau !
Vão-nos dizer que entretanto a situação melhorou, pois até já se pagaram as dívidas não bancárias. Nada mais falso ! A situação piorou e muito, porque pagar dívidas contraíndo novas dívidas à banca, aumenta consideravelmente os juros, e qualquer beócio o consegue fazer sem a menor dificuldade. Por conseguinte, tudo indica que, em 2009, cujos dados ainda não são do domínio público, mas não tardam, as coisas estão bem longe da tranquilidade.
No final daquele ano de 2006, já o chamado "serviço da dívida" consumia 3 milhões 526 mil euros anuais em Santarém e 2 milhões 472 mil euros anuais em Tomar. Ao conquistar a câmara scalabitana ao PS, Moita Flores viu-se logo a seguir na triste condição de ter de mendigar, junto da EDP, o pagamento antecipado das rendas dos próximos 25 anos. Foi a única forma engenhosa que encontraram para tentar saír do atoleiro, apesar de terem 63.630 residentes, contra apenas 41.951 em Tomar.
Quando a já popularmente designada "coligação das gamelas" encontrar ânimo para, (finalmente !) enfrentar a triste realidade económico-financeira da autarquia tomarense, vai ser o bom e o bonito. Ai vai vai ! E não podem esperar muito mais tempo, que o bicho autárquico tem um apetite fora do comum, pelo que, a partir de determinada altura, já nada haverá a fazer, a não ser solicitar a tutela governamental e os respectivos administradores, que são implacáveis. Para jardinistas já basta a Madeira !



O PROBLEMA DAS COLIGAÇÕES

Segundo noticia O TEMPLÁRIO, Paulo Fonseca, novo presidente socialista da câmara de Ourém, eleito com maioria absoluta, declarou que vai dedterminar uma auditoria às finanças do município. É assim mesmo !
Entretanto em Tomar, o novo vereador Luís Ferreira resolveu recomeçar a escrita no seu blogue Vamos por aqui, desta vez reproduzindo o que vai comunicando no Twitter. Boa ! É um excelente meio para os eleitores mais inseridos nestas coisas irem acompanhando a actividade diária de pelo menos um dos seus eleitos. Com a devida vénia, reproduzimos três das suas frases: "Melhorar a eficácia dos serviços, repondo a autoridade. Em análise às condições de governação de Tomar. Isto está bonito está !"
Vamos ter igualmente auditoria às finanças municipais ? Ou a coligação não permite devaneios esquerdistas ?

O DEVER DE INTERVIR E DE INCOMODAR



Há dois anos, obteve grande sucesso (nove edições em poucos meses) um pequeno livro de Medina Carreira e Ricardo Costa, intitulado O DEVER DA VERDADE (Medina Carreira e Ricardo Costa, O dever da verdade, Editora D. Quixote, Setembro 2007, 135 páginas, 13,95€). Logo na apresentação, Manuela Ferreira Leite (Exactamente ! A actual presidente do PSD) previne os leitores: "Não nos devemos deixar iludir pelo tom aparentemente desiludido que o Dr. Medina Carreira costuma utilizar nas suas exposições. De facto, o seu olhar atento e o permanente impulso para intervir, corporizados neste livro, mostram à evidência que continua a acreditar na possibilidade de um futuro melhor, sem o que há muito já teria desistido. ... ... O facto de não se dar por vencido é a melhor prova de que não se conforma com o que vê, porque acredita que é possível fazer melhor. Este livro é uma lição para os que, embora reconhecendo os erros cometidos, e as dificuldades que se prevêem, não querem desistir do futuro do país."
Segue-se uma centena de páginas, sob a forma de perguntas curtas e respostas longas, em estilo ligeiro e acutilante, nas quais se passa em revista a (tristérrima) situação do país.
Dois anos passados, Medina Carreira decidiu voltar à carga, desta vez questionado, e acompanhado na escrita, por Eduardo Dâmaso. (Medina Carreira e Eduardo Dâmaso, Portugal que futuro ?, Setembro 2009, Editorial Objectiva, 209 páginas, 13,95 €, na livraria do Modelo). O formato de perguntas e respostas continua o mesmo do livro anterior. O estilo, porém, já não é tão vivo. Notam-se aqui e além o cansaço, a descrença, a desilusão, o desencanto, perante problemas velhos e relhos. Alguns velhos de séculos. A educção, a justiça, a saúde, a segurança social, a corrupção e por aí adiante, tudo chagas a corroerem a nossa frágil democracia que, por nos ter sido oferecida de bandeja, não é activamente defendida por ninguém. É assim como os dinheiros do estado -todos julgam ter direito a ela, sem necessidade de qualquer contrapartida. Só porque nasceram aqui. Por isso convirá meditar, antes e/ou depois de ter lido (ou decidido não ler) o livro, no aviso sibilino que vem na contracapa: "Para Medina Carreira a "economia" portuguesa é o primeiro, o mais grave e o mais difícil de todos os nossos problemas actuais. A democracia de 1976 poderá soçobrar se os responsáveis políticos não souberem enfrentar e vencer, em tempo útil, a doença que mina profundamente a nossa economia."
Numa terra praticamente com a corda ao pescoço, tanto na economia como no resto, que bom seria se, pelo menos, os eleitos urbanos cá da Nabância tivessem a pachorra e a capacidade necessárias para ler e entender estes dois livros. E agir em consequência, claro ! Reconhecer a ignorância e aceitar ouvir os outros, é o primeiro passo para ir aprendendo qualquer coisinha...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

UMA CERIMÓNIA FORMATADA À ANTIGA


Perante uma assistência de cerca de cem munícipes, tomaram posse esta tarde, no salão nobre dos Paços do Concelho, os candidatos eleitos para o executivo e para a Assembleia Municipal. Logo a seguir, teve lugar a eleição da mesa do parlamento local. Apresentaram-se duas listas, uma PSD/PS, com Miguel Relvas (presidente), Fernando de Jesus e José Pereira; outra dos IpT, com Jorge Neves em primeiro lugar. A lista de Miguel Relvas obteve 25 votos, contra 8 para a de Jorge Neves, e 3 votos brancos. Seguiram-se as intervenções de Corvêlo de Sousa e de Miguel Relvas.
Toda a cerimónia foi de uma monotonia e de um convencionalismo como já não se usam em lado nenhum. Não houve um rasgo de imaginação, nem sequer nos dois discursos, totalmente previsíveis, com as tradicionais generosas generalidades, desta vez, ao que nos pareceu, demasiado genéricas. O formato escolhido, ou apenas consentido, revelou-se manifestamente pífio. Em pleno século XXI, na Europa ocidental, e tendo em linha de conta os costumes e as várias leis sobre a protecção de dados pessoais, bem como o respeito pela vida privada, a longa série nome, idade, profissão, morada, número do documento de identificação, de cada eleito, arrastou- nos para a primeira metade do século XX e para os regimes policiais. Haverá certamente quem disso se não tenha dado conta, por estar sempre conformado com as normas do rebanho. Mas é uma coisa ridícula tornar públicos elementos de índole privada, que podem até vir a tornar-se perigosos, sem contudo adiantarem o que quer que seja para a regularidade do acto. Sobretudo numa terra pequena como a nossa, onde todos se conhecem. A haver uma hipotética tentativa de troca de identidade, logo se daria por isso.
Se alguma vez ingleses, americanos ou australianos tentassem copiar este triste formato, estavam bem arranjados - em nenhum destes países existe bilhete de identidade, ou coisa parecida. A não ser o passaporte, por razões óbvias. Mais uma prova de que por estas bandas adoramos a política manuelina e as minhoquices só para mobilar. É o tal problema luso -enquanto os ingleses e outros anglo-saxónicos não se cansam de proclamar que "time is money", nós por cá gostamos mais de dizer que "o tempo dá-o Deus Nosso Senhor de borla. E paga-o o Estado."
Com semelhante mentalidade, havemos de ir longe, havemos !!!

O MONTE FUJI E O MONTE DE FUGIR

Os japoneses têm o Monte Fuji, que é para eles um local sagrado. Nós temos um Monte de Fugir, que é um local maldito. Fica na Rua Aurora de Macedo, em plena cidade antiga, com vista para o castelo e tudo. Já aqui se falou dele, do cheiro pestilento que exala e das moscas de todos os tipos, que de lá vêm e impedem a abertura das janelas. CIDADE DE TOMAR também já noticiou a anomalia, facto que os moradores agradecem.
Agora resolvemos ir lá fotografar à socapa, enquanto a fotografia digital (apesar dos constantes e consideráveis avanços da técnica) ainda não tem cheiro. Pode ser que um dia destes a autarquia resolva candidatar tal monte a Património Mundial, e assim já temos uma fotografia para o dossier de candidatura. Afinal deve ser a maior aglomeração do país de excrementos de gato. Aqui fica o alvitre. Ou então tratem de mandar limpar e desinfectar aquilo quanto antes. Em prol da saúde pública. Ou querem tentar acabar com os eleitores que geralmente votam mal ? Olhem que já nestas recentes autárquicas, um conhecido tomarense, igualmente fino analista dos hábitos da urbe, nos garantiu ter o PSD perdido a maioria absoluta por causa do PVCP, que resolveu votar noutro candidato, quando até agora sempre tinha votado social-democrata. Perante a nossa incompreensão, acrescentou que PVCP é = a "Partido das Viúvas do Café Paraíso". Aqui fica a informação, para futuros escrutínios eleitorais.

domingo, 25 de outubro de 2009

SOCIALISTAS REFÉNS DO PSD LOCAL

Um dos nossos leitores, certamente como muitos outros cidadãos, manifestou a sua estranheza perante a oposição ao recente acordo PSD/PS. No que me diz respeito, essa oposição radica no simples facto de se tratar, sem sombra de dúvida, de um acordo desigual e com objectivos estranhos aos interesses do concelho. Como é bem sabido dos profissionais do direito, são anuláveis e puníveis os chamados "contratos leoninos". Para os mais leigos na matéria, contratos em que uma das partes tem (quase) todas as vantagens, e a outra (quase) todos os inconvenientes. Pois no meu entendimento, que persistirá até que alguém me apresente razões plausíveis para mudar de opinião, além de inteiramente desnecessário para o PS e para os interesses concelhios, o citado convénio político retira de facto aos dois eleitos socialistas no executivo nabantino qualquer veleidade de autonomia. Com efeito, tanto José Vitorino como Luís Ferreira, ao receberem pelouros a tempo inteiro, comprometem-se a viabilizar com o seu voto a política proposta pelo PSD, representado por Miguel Relvas, Corvêlo de Sousa, Rosário Simões e António Paiva. Caso contrário, ficam sem o tempo inteiro e lá se lhes vai o ganha-pão !
Ainda por cima, sendo o acordo subscrito, pelo menos na versão tornada pública, totalmente omisso em matéria de metas a atingir, os estrategas (?) sociais-democratas podem ir impondo aos parceiros aquilo que muito bem entenderem. Ora se isto não é um acordo leonino, então é o quê ? Uma coisa sem importância, só para calar o pagode ?
Na verdade, tudo indica que vamos ter, durante os próximos quatro anos, salvo imprevista catástrofe sempre possível, os dois vereadores do PS atados de pés e mãos, e portanto reféns do PSD. Luís Ferreira bem poderá usar de toda a sua reconhecida capacidade argumentativa que de nada lhe valerá na prática. Fará parte do elo mais fraco, naquelas uniões em que um dos membros assegura as necessidades do outro. E quando assim acontece...
A ganância e o deslumbramento provocam por vezes estes acidentes de percurso, dos quais geralmente nunca se sai incólume. Não basta ser esperto. É preciso saber que o esperto não passa de um inteligente de curto raio de acção, tal como é igualmente necessário contar sempre com a esperteza dos outros. Quando faltam as cautelas mais elementares, há sempre sérios riscos de que quem vai em busca de lã acabe tosquiado.

AS DECLARAÇÕES E OS FACTOS

Do recente acordo local PSD/PS consta, a dado passo, este trecho: "Esta partilha de responsabilidades, frontal e anti-dogmática, inicia uma nova página na gestão do município nabantino, levando ambos os partidos a uma contínua discussão e harmonização dos seus programas, atenuando divergências, tendo em conta prioridades ... ...na prossecução dos interesses colectivos."
Anti-dogmático, talvez; frontal o acordo não foi. Na realidade foi negociado, logo a seguir ao acto eleitoral, por Miguel Relvas e Luís Ferreira, caudilhos cada um do seu partido. A provar que assim foi, Luís Ferreira publicou no seu blogue, logo a 15 de Outubro, que ia iniciar mais um ciclo, durante o qual imperaria a "Lei do silêncio". Na altura tal mensagem pareceu algo enigmática. Agora é límpida como água de rocha. Se ainda não havia acordo, como é que ele já sabia que ia entrar num novo ciclo, durante o qual se remeteria ao silêncio ?Nestas condições, as actuações de Luís Vicente e de Hugo Cristóvão não passaram de meras fantochadas, tendo como objectivo principal tentar ludibriar o eleitorado. É triste, mas é assim.
Há mesmo, no excerto acima, a confirmação implícita de uma mera "operação gamelas". Na verdade, se é questão de "uma contínua discussão e harmonização dos seus programas, atenuando divergências, tendo em conta prioridades", qual é realmente a utilidade do acordo subscrito ? Nada abstava, antes tudo apontava para isso mesmo -o debate caso a caso, a negociação permanente e o voto subsequente, sem necessidade de qualquer compromisso prévio. Tanto mais que Pedro Marques, por parte dos IpT, já garantira anteriormente estar fora de causa o derrube do executivo, salvo em caso de situação realmente caótica. Assim sendo, a coligação PSD/PS representa apenas uma garantia para o PSD de que pode continuar a contar com uma maioria no excutivo e na assembleia municipal, ambos dirigidos de facto por Miguel Relvas e António Paiva. Vamos ter, portanto, a continuação da agora cada vez mais evidente caminhada tomarense rumo ao abismo. Para o PS, as vantagens são igualmente de índole exclusivamente pessoal. José Vitorino e Luís Ferreira instalam-se à mesa do orçamento municipal, o mesmo acontecendo, a nível bem mais modesto, com Zeca Pereira (em representação da velha guarda ?) e mais dois ainda não revelados. Além do que poderá vir a seguir...
Puro entre os puros, ingénuo quanto baste, Hugo Cristóvão optou por ficar de fora, tendo até já desabafado, em privado, que começa a estar cansado. A ver vamos se vai para director do Centro de Formação Profissional, do Centro de Emprego, ou se continua pacatamente no ensino.
Pelas bandas dos IpT, Pedro Marques, ouvido por Tomar a dianteira, lá foi ironizando com os interesses pessoais -"Diziam que defendíamos interesses pessoais, e afinal..." Confirmou ter sido contactado por Corvelo de Sousa, (mas com ar de mero pró-forma), a quem declarou não estar interessado em coligações ou outro tipo de compromissos, por entender que "quem ganha deve governar e quem perde deve ser oposição". Esclareceu também que os IpT não iriam de modo algum para dentro do poço, junto com o PSD. Para o futuro tenciona manter o movimento activo, tendo em vista os próximos actos eleitorais, "com ou sem Pedro Marques".
E teremos amanhã, a partir das 17 horas, nos Paços do Concelho, a cerimónia de investidura dos recém-eleitos. Lá estaremos, que uma boa comédia nunca se deve perder, sobretudo quando os actores julgam estar a representar uma epopeia.

sábado, 24 de outubro de 2009

UM SENHOR INCÓMODO

UM SENHOR INCÓMODO é o título de uma longa entrevista de Medina Carreira, hoje publicada na Revista Única do EXPRESSO. Agora com 78 anos, o ministro das finanças de Mário Soares, no 1º governo constitucional, já não tem necessidade de praticar a autocensura, uma arte em que os portugueses são exímios. Por nos parecer de grande interesse, tendo em conta a presente situação nacional e tomarense, transcrevemos a seguir as passagens por nós consideradas mais significativas. Omitimos as perguntas, sempre que supérfluas para o cabal entendimento das respostas.

"Move-me o facto de ser cidadão de um país pobre, pouco educado, sem a percepção disso, e que não sai da cepa torta. Por ser assim, escolhe dirigentes que não são os mais aconselháveis para o ajudar a saír do lodo em que está metido."
"Têm medo de si ? Não é de mim, é dos números. Mexer em números, com rigor, dá trabalho. Os políticos e a gente que se serve disto usam o país como uma mangedoura."
"Revoltado estou agora com o que se passa. As nossas escolas são fábricas de analfabetos. No meu tempo, os alunos com a 4ª classe davam menos erros do que alguns ministros agora. A escola, hoje, é mais uma das falsificações do regime. O ensino é uma farsa para apresentar estatísticas. ... ... Os professores têm de ser avaliados para se saber se sabem do que ensinam. Salazar liquidou duas gerações e a democracia está a liquidar quatro. ... ... Os analfabetos que dirigiram a Educação depois da revolução é que foram os culpados."
"Ainda é amigo de Mário Soares ? Trabalhei muito com ele. Para Mário Soares, uma pessoa que sabe fazer contas de somar, é esquisito. Gosto muito dele. É um homem a quem Portugal deve muito, sobretudo naquele período agitado dos anos 70. ...É um homem notável. E, como todos os homens notáveis, tem alguns defeitos notáveis. ...É um homem que despreza as realidades económicas. Um defeito enorme para um político dos nossos tempos. Acha que os números são coisas para merceeiros."
"O socialismo e a social-democracia são hoje fraudes completas. O Louçã é um social-democrata armado em revolucionário, o Jerónimo disfarça um pouco, Sócrates, Ferreira Leite e Paulo Portas são todos sociais-democratas. Mas, simplesmente, não há social-democracia sem dinheiro." ...
"Nunca me assumi como treinador, nem sequer de bancada. Aquilo que quero é tentar levar as pessoas a perceber os caminhos que trilham, fazer um pouco de pedagogia. Fazê-las entender que estão a ser burladas. O país não pode continuar a ser dirigido por trafulhas."
"...Precisávamos em Belém de meio Cavaco e meio Soares. Uma mistura dos dois bichos. ... ...A ponderação, o rigor, o conhecimento dos problemas de economia e finanças de Cavaco. E o golpe de asa, a capacidade de intervir com oportunidade, de Soares. Era o Presidente ideal. ...Não ! Manuel Alegre não serve para Presidente da República. Se o país quer acelerar o seu trambolhão, então é pôr o Alegre em Belém e o Louçã em S. Bento. Em seis meses, o país encontrava-se com a sua verdade."... ...
"...O que me entristece é ter-se tranformado o 25 de Abril nesta piolheira política."
"O que saiu das eleições de 27 de Setembro não permite fazer um governo capaz. A situação financeira é muito complexa, o desemprego é enorme e o endividamento é extremo. Perante este cenário, qualquer pessoa com juízo não está para ser ministro. É de presumir que se escolha gente que ainda não viu em que situação o país está."
"Não temos dinheiro para sermos benfeitores à custa do dinheiro alheio. Isto vai acabar entre 2015 e 2020. Desde 2000 que a economia estagnou. As despesas sociais cresceram três vezes mais que a economia. Se não invertermos esta tendência, isto acaba mal." ... ...
"A escola inclusiva é uma vigarice. Põem lá a tropa toda. Como todos somos diferentes, há uns que querem estudar e outros não. Há uns que são capazes e outros não. Quem não aprende não faz sentido lá estar. ... ...A falha de Salazar não foi na qualidade, foi na quantidade. Agora a falha é na qualidade. ...Não é mantê-los lá a dar coices que se nivelam. ... Isto de todos serem iguais é uma trafulhice." ...
O que pensa do novo treinador, Jorge de Jesus ? Se é verdade o que vocês jornalistas andam a dizer, parece que ele é um homem que põe aquela tropa a trabalhar. E eu aprecio sempre quem põe o pessoal a trabalhar."
"Detesto fantochadas. ...Quando aparece o Sócrates na televisão eu mudo de canal. Para espectáculo, vou ao circo."
"A ladroagem em Portugal atinge hoje uma dimensão que não tinha há vinte anos."

Depois não venham lastimar-se, alegando que ninguém se deu ao trabalho de vos avisar...

EUFORIA NAS HOSTES DO PSD E DO PS

Reina a euforia nas hostes sociais-democráticas e socialistas nabantinas. Uns porque, no fim de contas, a aliança foi menos difícil e dolorosa do que aquilo que temiam. Outros, porque não só conseguiram, (finalmente !), ultrapassar Pedro Marques, como até obtiveram o que Sócrates não conseguiu a nível nacional. E no entanto... No nosso modesto entendimento, ambas as formações deviam ter meditado pausadamente em dois ditos populares. Um afirma que "Quando a esmola é grande, o santo desconfia", o que não parece ter sucedido. Segundo o outro, "Os ciganos nunca gostaram de ver bons princípios aos filhos." No caso dos socialistas, a situação é ainda mais enigmática, visto que vozes usualmente discordantes no seio da comissão política, desta vez até concordaram logo com o compromisso agora assinado. Porque terá sido ?
De qualquer modo, está feito, está feito. Aliás já estava feito há uma semana. E só ontem foi comemorado com pompa e circunstância em local selecto. Resta aguardar, para constatar na prática quotidiana se havia ou não motivos para a euforia, a pompa, a circunstância e o local selecto. O que é bem capaz de ocorrer muito antes do esperado pelas duas formações.
Entretanto, contrariando em parte aquilo que aqui foi escrito ontem à noite, parece que será Zeca Pereira e não Hugo Cristóvão, a ocupar o lugar da mesa da assembleia municipal previsto para o PS, nos termos do acordo firmado. Da mesma forma, ambos os eleitos socialistas no execuivo terão lugares a tempo inteiro, (devidamente remunerados e a contar para as respectivas aposentações, como é óbvio). Segundo se conseguiu apurar, Vitorino deverá ficar com o urbanismo, o turismo, os parques e jardins e o acompanhamento da revisão do PDM, enquanto Luís Ferreira se ocupará dos bombeiros, da defesa civil, da saúde e dos cemitérios. Tudo isto salvo modificações de última hora, pois Corvêlo de Sousa ainda não firmou, nem poderia ter firmado, as indispensáveis nomeações e delegações de competências.
Uma nota final de alerta aos interessados, para aquilo que poderá muito bem ser o primeiro sinal da tempestade já a aproximar-se. O nosso colega NABANTIA, habitualmente mais macio e algo condescendente em relação aos socialistas locais, acaba de publicar, sob o título "Negócio Fechado", uma crítica violenta a ambos os partidos signatários do acordo. E ainda a procissão nem sequer começou a sair da igreja...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

PSD/PS: ACORDO DE MANCEBIA POLÍTICA

Em conformidade com o aqui noticiado anteriormente, (ler "PS e PSD dialogantes, mas..." e "Relvas:reeleição garantida", de 21 do corrente) Luís Vicente e Hugo Cristóvão, presidentes respectivamente do PSD e do PS, anunciaram e assinaram, hoje ao final da tarde, no Hotel dos Templários, um acordo de mútua colaboração política, tendo em vista a estabilidade do poder autárquico durante os próximos quatro anos. Assistiram ao acto solene, além da comunicação social, todos os nele envolvidos como eleitos (executivo e assembleia), bem como a deputada Anabela Freitas, substituta de Jorge Lacão, entretanto indigitado ministro das relações com o parlamento. As duas intervenções de ocasião pouco ou nada trouxeram de novo, como era expectável. Respondendo depois às perguntas dos jornalistas, foi dito que caberá ao presidente eleito, após tomar posse na próxima segunda-feira, a partir das 17 horas, nos Paços do Concelho, indicar quais ou pelouros e outras funções que irão desempenhar os novos eleitos de ambos os partidos. Apenas Hugo Cristóvão foi um pouco mais além, admitindo que a reeleição de Miguel Relvas está assegurada, confirmando assim o que aqui foi escrito em 21 do corrente (ver mais acima).
Apesar do natural mutismo dos líderes partidários, Tomar a dianteira pode avançar que, na futura mesa da assembleia municipal, haverá um eleito do PS, muito provavelmente Hugo Cristóvão. José Vitorino terá a seu cargo a presidência dos SMAS e, eventualmente, o pelouro do turismo, que já foi seu durante o mandato de Jerónimo Graça. Luís Ferreira, por seu turno, deverá ficar como vereador a tempo inteiro, com os bombeiros, protecção civil, cemitérios e saúde.
Assinale-se igualmente que, apesar de Hugo Cristóvão ter falado de "posição inovadora", referindo-se ao protocolo acabado de firmar, tal não parece ser o caso. Luís Bonet sempre colaborou com a maioria autártica enquanto foi vereador, outro tanto tendo feito Maria Augusta Dias Costa, na presidência de Jerónimo Graça.
Terá portanto início na próxima segunda-feira a primeira fase da lua de mel PSD/PS. Logo veremos quanto tempo vai durar. Certo é que a anunciada política de negociação e entendimento não vai ser nada fácil. Não só devido à ultra-complicada situação da autarquia, designadamente em termos de finanças e de gestão rigorosa das instalações, das máquinas e veículos de transporte e dos recursos humanos, mas também porque os sociais-democratas apenas parecem ter, como programa a implementar, uma série de obras. Umas de duvidosa utilidade, outras de nula oportunidade. Todas por assim dizer francamente irrealistas na actual conjuntura económica. Que solução negociada, por exemplo, para o mercado municipal, o fórum, a ligação pela mata, o parque de estacionamento de 33 lugares a meio da encosta do castelo, os vários museus previstos para a Levada, e a fase seguinte do Polis XXI ? O futuro a nível local, além de negro, promete vir a ser bastante animado. Animador é que não. Mas oxalá estejamos a ser demasiado pessimistas...

UTILIDADES E FUTILIDADES EM TOMAR

Um modesto cidadão, pontual pagador de impostos e de taxas, bem deseja escrever algo de optimista, de positivo, de bem feito. Infelizmente, a realidade envolvente é o que é. Já aqui foi escrito que a Feira das Passas resulta muito bem na sua localização ancestral, pelo que agora se endereçam os parabéns a quem teve a ideia e aos que a adoptaram na prática. Dito isto, não parece que a iniciativa dos espectáculos no local (pelo menos nos moldes actuais) seja a mais feliz. Mesmo com bom tempo, uma noite destas a assistência era a que se vê na fotografia. E tem sido quase sempre assim.
Houve tempo em que qualquer espectáculo gratuito atraía muitos espectadores, porque não havia a televisão em canal aberto, na parabólica, ou codificada. Hoje em dia, ou se apresentam ao vivo artistas de inegável nomeada, ou os potenciais espectadores preferem virar-se para outros focos de interesse. Nestas condições, continuar a proporcionar exibições medianas para meia dúzia de cidadãos é um claro desperdício do dinheiro dos contribuintes. Que seria muito mais útil, por exemplo, na constituição de uma unidade de salubridade urbana, composta por um operador, uma scooter, um compressor, água e um desinfectante, encarregada de ir limpando todos os dias os excrementos de toda a espécie que ornamentam as ruas nabantinas. Nem sequer seria uma novidade europeia. Além-fronteiras já existe um pouco por todo o lado. Aqui em Portugal é que continua a não haver verbas disponíveis. "Cabimentação orçamental", em autarquês. Pudera ! Gastam-nas em actividades artísticas de duvidosa qualidade...

Outro aspecto desolador da política local é o evidente esbanjamento de recursos em coisas totalmente fúteis. Aqui há uns tempos, um digno presidente de junta do PSD resolveu levar as crianças de uma escola almoçar ao MacDonalds. À custa dos contribuintes, bem entendido. E estava tão convencido da bondade da sua acção, que até chamou um jornalista fotógrafo, para noticiar a proeza, com fotografia e tudo. Numa altura em que pais conscientes e professores competentes procuram inculcar nas nossas crianças e adolescentes hábitos de alimentação saudável, tal atentado ao bom-senso não mereceu a devida reprovação. Entendeu-se que era um problema de exiguidade cultural. Mas mais tarde lá vamos nós, os contribuintes, ter de pagar, através da SS, as consultas médicas dos obesos, diabéticos, hipertensos, etc., bem como as intervenções cirúrgicas e as bandas gástricas.
Pois a nossa Câmara parece trabalhar na mesma onda. A União Europeia não se cansa de recomendar o uso de lâmpadas de baixo consumo. Até já proibiu a venda de lâmpadas incandescentes, dado o seu fraco rendimento em relação ao consumo. Implementou igualmente a designação "lumen" como referência para capacidade efectiva de iluminação, em vez do usual "watt", que é uma unidade de potência eléctrica e não de luminescência. Alheia a tudo isto, a autarquia nabantina decidiu continuar a dar uso às centenas e centenas de metros de gambiarra, comprados para abrilhantar a Festa dos Tabuleiros. Num país pobre, com elevado défice orçamental e costumeiro importador de energia eléctrica, uma autarquia de um concelho em manifesta decadência, para mais atascada em dívidas, resolve mandar instalar centenas e centenas de lâmpadas incandescentes, acesas toda a noite. Com que fim ? Desobedecer deliberadamente à norma europeia, que proíbe tais lâmpadas ? Fazer pouco dos pobres ? Mostrar que a normal iluminação urbana (os BIPs) não é suficiente ?

E que tal apagar este lamentável sinal de novo-riquismo bacoco, usando as verbas poupadas para remunerar adequadamente uma outra unidade de salubridade urbana, encarregada da quotidiana manutenção e regular vigilância dos (por enquanto raros) sanitários públicos ? Não seria mais útil ? Um pouco por todo o lado, o tempo do blábláblá está a chegar ao fim. Doravante, a qualquer momento e quando menos se esperar, os eleitores são muito bem capazes de começar a gritar que afinal os autarcas vão nus. De ideias e de capacidades. Depois queixem-se !



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

REVISTA DA IMPRENSA LOCAL E REGIONAL


Colaboração PAPELARIA CLIPNETO


Ultrapassadas as três pugnas eleitorais, ressalta mais uma vez a evidência de que, por estas bandas, a política continua a ser considerada uma actividade apenas tolerada, que deve ser escondida na arrecadação dos fundos logo que possível. 35 anos após o 25 de Abril ! Esta semana, só O TEMPLÁRIO ainda aborda o assunto, na primeira página, com uma fotografia dos Paços do Concelho. "PSD TOMAR procura "parceiro". PSD e PS estão a "namorar" com vista a um possível "casamento" autárquico", titula o semanário com redacção Além da Ponte. No interior, pouco mais adianta ao que já aqui foi anteriormente noticiado e comentado. Cabe portanto acrescentar apenas que "casamento" é bem capaz de ser um termo demasiado forte. Digamos que, se vierem realmente a juntar os trapinhos por uns tempos, já não será nada mau para ambos. Para o concelho, vamos a ver. Outros títulos de primeira página no mesmo jornal "Grávida aos 13 anos", "Assalto com sequestro em Alviobeira", "Idoso morre a apanhar azeitona", "Quinta do Bill em Macau" e "Tiroteio no Flecheiro".
Na página 9 do citado semanário há uma notícia sobre a última reunião do executivo com a sua composição resultante das eleições de 2005. Dado que os outros dois periódicos também noticiam esse evento, vamos aproveitar para comparar os respectivos modos de trabalhar. Escreve O TEMPLÁRIO que "Demorou apenas 45 minutos a última reunião da Câmara Municipal antes da tomada de posse do executivo recém-eleito." O MIRANTE, por seu turno, na página 47 - Cavaleiro Andante (Humor) é mais acelerativo: "Supersónica -A última reunião de câmara do actual executivo municipal de Tomar teve a particularidade de ser supersónica. Bastaram 38 minutos para despachar os 20 pontos agendados para a ordem de trabalhos, todos eles aprovados por unanimidade." Extremamente cauteloso, como vem sendo hábito, o decano CIDADE DE TOMAR ficou-se por um primeiro parágrafo muito consensual: "Decorreu, na passada terça-feira à tarde, a última e mais rápida reunião do executivo, no Salão Nobre dos Paços do Concelho." Nada de inovações, para não criar atritos. Mais títulos do mesmo jornal: "Associação de Cuidados Paliativos recebe camião com equipamentos ortopédicos" e "Foi assim que o presidente Acácio perdeu o norte", assumem moradores."
Outra notícia curiosa, veiculada pelo semanário da Praça da República, é uma opinião ao alto da página 12, cujo título é aliciante e está mesmo a pedir adequado procedimento quanto antes: "Máquinas da câmara em obras particulares". Trata-se de uma denúncia de um morador das Cabeças. E depois, quando aqui no blogue se escreve que há na autarquia sectores em total autogestão, no mau sentido do termo, é porque somos sempre do bota-abaixo, má-língua, e não senhor, qual autogestão qual carapuça, está tudo devidamente controlado. Afinal, vai-se a ver...
Na página 26, o habitual colaborador Joaquim Francisco, opina que a Feira das Passas está mal na Praça da República "local que fica quase a um quilómetro de distância do local primordialmente utilizado..." Expostos os seus pontos de vista, o respeitável cidadão termina com uma nota, que julgamos valer a pena reproduzir: "Já li alguns comentários de quem gosta da Feira das Passas naquele local (a Praça da República, acrescentamos nós, para não haver dúvidas). Mas, não se iludam, a realidade é bem diferente e o tempo o dirá." Como se pode constatar, já não se trata só do clássico castrista "Condenem-me ! Pouco importa ! A história absolver-me-á !" Agora é questão de vir a ter razão já ali adiante. Ficamos a aguardar.
Triste sinal dos tempos, lê-se na última página de CIDADE DE TOMAR que se realizou em Tomar uma sessão sobre incentivos a investimentos por parte de Bruxelas, na qual "Foi lamentada a falta de um maior número de participantes, eventualmente por falta de informação..." Mais grave ainda, o gestor executivo do QREN CENTRO, António Paiva, aparece numa fotografia do referido acto, isolado em plena plateia da Biblioteca Municipal. Se calhar os potenciais investidores já terão chegado à conclusão que, com cada vez mais alcavalas de toda a espécie, o melhor é prescindir de tal tipo de esmolas. Ou então já sabem que o ex-presidente Frazão, do PSD Ourém, mandou fazer uns Paços do Concelho novos e sumptuosos, naturalmente com dinheiros europeus, mas agora que estão finalmente prontos, o eleitorado mandou-o ir dar uma volta ao bilhar grande, votando maioritariamente no socialista Paulo Fonseca. Por isso, com ajudas dessas...
Terminamos esta semana com uma notícia da primeira página do semanário O MIRANTE: "Região de turismo gasta muito mais em pessoal que em promoção - Quase três milhões de euros para pessoal e instalações absorvem grande parte do orçamento". Mesmo assim, Tomar a dianteira sabe que a delegação de Tomar da entidade referida na notícia, tinha até agora cinco funcionários (com pouco que fazer, foi-nos referido), mas entretanto contratou pelo menos mais três, ignorando-se ainda com que estatuto. Haja dinheiro !

ABUNDÂNCIA NO NABÂNTIA

Abundância no nosso conceituado e anónimo colega Nabantia. Oito postes, oito!, de uma só vez, é obra ! Nem nós, aqui no Tomar a dianteira, lá conseguimos chegar. Questão de idade, provavelmente.

Usando uma linguagem a um tempo acerada e acelerada, Nabântia analisa com muita pertinência, parece-nos, o resultado eleitoral de cada uma das listas concorrentes ao município tomarense. Genericamente, estamos de acordo com todas elas, excepto com a referente ao PS, se calhar por questões que têm mais a ver com o coração que com a razão. E daí, vá-se lá saber ! Em todo o caso, isso é certo, nada de pessoal ou de espírito de retaliação. Antes o desejo franco de contribuir para evitar futuros naufrágios do mesmo tipo.
O problema fundamental com a lista socialista foi o mesmo que com todas as outras dotadas de real base eleitoral -a manifesta inadequação às circunstâncias difíceis em que estamos mergulhados, quer assim queiramos ou não. Como é geralmente sabido, em tudo na vida e sobretudo na política, o que conta não é só o homem, o candidato, mas ele e a sua circunstância. Quando não há adequação entre os dois, o eleitorado nota instintivamente a incoerência e tende a afastar-se com pezinhos de lã. Numa analogia imagética, para facilitar. Todos estamos habituados à normalidade, a uma determinada normalidade. Em relação a tudo o que nos rodeia. Assim, se em plena canícula nos surge alguém envergando um pesado sobretudo, estranhamos logo e apodamos o original de pelo menos extravagante. Na mesma linha, quando nos dias frios de inverno topamos com respeitáveis cidadãos usando camisas de manga curta, murmuramos imediatamente, para com os nossos botões -estes turistas nórdicos...
Foi um pouco essa anormalidade que ocorreu nas margens do Nabão. O eleitorado, preocupado com o manifesto declínio da sua adorada terra, teve o reflexo usual em tais circunstâncias -prudência e poupança e conservadorismo. Pareceu-lhe algo despropositado as diferentes candidaturas proporem obras e mais obras, realizações mais realizações, sem todavia nunca referirem onde iriam buscar os recursos para as edificarem e, sobretudo, para as manterem em funcionamento. Baralhado, absteve-se ou votou nos do costume. Porque assim como assim, antes os já conhecidos. Os que estão são o que são. Os outros, Deus sabe !
No caso preciso do PS, pode dizer-se que José Vitorino foi humilde, trabalhador e abnegado durante meses, o que de pouco ou nada lhe valeu. O essencial era ter percebido, na devida altura, que as circunstâncias não estariam com ele nos momentos cruciais. E isso ele não intuiu, apesar de lhe ter sido dito e repetido a tempo e a horas. Conseguiu apenas mais 600 votos que Carlos Silva em 2005, o que é manifestamente parco, quando se tem em linha de conta que o agora ex-vereador foi adversário de António Paiva e José Vitorino de Corvêlo de Sousa. Isto para já não abordar a questão sempre delicada do estatuto pessoal de cada um dos derrotados socialistas. E depois persiste sem explicação aquela diferença para menos de 260 votos em relação à Assembleia Municipal, que deve ter qualquer significado.
Em resumo e para não alongar demasiado, o tempo e a circunstância, tanto de Vitorino como dos outros candidatos, salvo quiçá uma ou outra excepção, já foram. Agora restar-lhes-á, em futuras consultas eleitorais, dar a vez aos seguintes. Regra geral, o povo detesta reposições com o mesmo actor e o mesmo cenário. Até Mário Soares, um dos pais do regime em que estamos, já passou por essa amarga experiência.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

PSD E PS DIALOGANTES, MAS...

Conforme já foi amplamente noticiado, tomam posse na próxima segunda-feira os eleitos para o novo mandato do executivo autárquico, bem como os membros do parlamento local. Tal como em relação à Assembleia Municipal (ver escrito anterior), tudo parece bem encaminhado para um entendimento entre o PSD e o PS, no sentido de garantir estabilidade para os próximos quatro anos. Em declarações à Rádio Hertz, o presidente da Comissão Política do PS nabantino, Hugo Cristóvão, manifestou disposição para conversar com os sociais-democratas e avançou até alguns parâmetros. Falou em implementar algumas das ideias socialistas, de partilha de poder e, concomitantemente, da divisão de lugares. Instado a mencionar as eventuais preferências em termos de lugares, referiu ser extemporâneo abordar tal assunto. Acrescentou que cabe ao PSD tomar a iniciativa do diálogo, uma vez que ganhou as recentes eleições.
Eleitores socialistas, contactados por este blogue, começaram por estranhar o presente silêncio de José Vitorino, sem qualquer explicação plausível, bem como de Luís Ferreira, por motivo de alegada doença. Sobre a projectada coligação com a maioria, apareceram várias posições, nem sempre convergentes. Alguns acham que contribuir para a estabilidade do futuro excutivo, uma vez obtidas as necessárias garantias e contrapartidas, é a única posição consequente. "Cada comboio só passa uma vez em cada estação e quem o perde pode ficar em terra demasido tempo." Outros consideram ser um erro tremendo ir meter-se na boca do lobo, sem procurar conhecer previamente a situação real do município, designadamente na área financeira. Um terceiro grupo acha que é um erro crasso, porque quer as coisas corram bem, quer corram mal, o PS ficará queimado para as próximas autárquicas. Se correrem mal, porque será acusado como um os coveiros do concelho; se correrem bem, porque se vendeu por algumas gamelas das mais pequenas, após uma campanha encarniçada contra determinado estado de coisas. Finalmente, também há quem ache ser uma excelente decisão, uma vez que o futuro é demasiado negro para as coisas virem a correr bem, o que irá obrigar uns e outros "a mudarem de cavalos para a próxima corrida, que pode muito bem ser antes de 2013."
Seria mais cómodo ficar por aqui, sem explicitar a nossa posição. Com o fim de evitar críticas justificadas, ela aqui vai. A nosso ver, a atitude mais coerente, conveniente e responsável seria adoptar a nível local exactamente o mesmo comportamento de toda a oposição a nível nacional. Nada de diálogos prévios, de coligações, partilhas ou outras variantes. Apenas discussão das propostas caso a caso, votando ora a favor, ora contra, consoante as circunstâncias. Retirar o tapete à maioria, logo que considerado conveniente em termos tácticos e estratégicos. Isto porque, em geral, ocorre com as coligações e/ou outros acordos políticos, algo muito parecido com os namoros, casamentos e/ou uniões de facto. De início, no namoro e na lua de mel, é tudo maravilhoso. Segue-se geralmente o inferno do divórcio ou da separação, que são cada vez mais numerosos e mais prematuros. Essa é que é essa !

RELVAS: REELEIÇÃO GARANTIDA

Salvo reviravolta de última hora, (coisa sempre provável em política), Miguel Relvas será reeleito presidente da Assembleia Municipal na próxima segunda-feira...se entretanto o PSD chegar a acordo com o PS, que pretende pelo menos um lugar na mesa. Tomar a dianteira sabe que os socialistas estão abertos ao diálogo, o qual inclui naturalmente o parlamento local. Além disso, Jorge Neves não consegue reunir um consenso mínimo, designadamente porque continua inscrito no PSD, apesar de se ter candidatado contra o partido. Quanto ao PS, para lá da citada abertura ao diálogo, Hugo Cristóvão não tem tempo nem apetência pelo lugar de presidente. Nestas condições...Miguel Relvas já pode ir dormindo mais descansado que a eleição, pelo menos para já, está praticamente garantida, por falta de adversários à altura.
Aproveitamos para lhe endereçar os nossos antecipados parabéns, incitando-o a que desta vez não maltrate a oposição minoritária, tentando e conseguindo reduzi-la ao silêncio. O mesmo se diga, aliás, do período reservado às intervenções dos cidadãos, que deve ser logo na abertura dos trabalhos, e não no final. Isto porque ainda há eleitores nabantinos, interessados pelas coisas da sua terra, que mantêm os hábitos saudáveis de trabalhar, deitar cedo e cedo erguer.