Um modesto cidadão, pontual pagador de impostos e de taxas, bem deseja escrever algo de optimista, de positivo, de bem feito. Infelizmente, a realidade envolvente é o que é. Já aqui foi escrito que a Feira das Passas resulta muito bem na sua localização ancestral, pelo que agora se endereçam os parabéns a quem teve a ideia e aos que a adoptaram na prática. Dito isto, não parece que a iniciativa dos espectáculos no local (pelo menos nos moldes actuais) seja a mais feliz. Mesmo com bom tempo, uma noite destas a assistência era a que se vê na fotografia. E tem sido quase sempre assim.
Houve tempo em que qualquer espectáculo gratuito atraía muitos espectadores, porque não havia a televisão em canal aberto, na parabólica, ou codificada. Hoje em dia, ou se apresentam ao vivo artistas de inegável nomeada, ou os potenciais espectadores preferem virar-se para outros focos de interesse. Nestas condições, continuar a proporcionar exibições medianas para meia dúzia de cidadãos é um claro desperdício do dinheiro dos contribuintes. Que seria muito mais útil, por exemplo, na constituição de uma unidade de salubridade urbana, composta por um operador, uma scooter, um compressor, água e um desinfectante, encarregada de ir limpando todos os dias os excrementos de toda a espécie que ornamentam as ruas nabantinas. Nem sequer seria uma novidade europeia. Além-fronteiras já existe um pouco por todo o lado. Aqui em Portugal é que continua a não haver verbas disponíveis. "Cabimentação orçamental", em autarquês. Pudera ! Gastam-nas em actividades artísticas de duvidosa qualidade...
Outro aspecto desolador da política local é o evidente esbanjamento de recursos em coisas totalmente fúteis. Aqui há uns tempos, um digno presidente de junta do PSD resolveu levar as crianças de uma escola almoçar ao MacDonalds. À custa dos contribuintes, bem entendido. E estava tão convencido da bondade da sua acção, que até chamou um jornalista fotógrafo, para noticiar a proeza, com fotografia e tudo. Numa altura em que pais conscientes e professores competentes procuram inculcar nas nossas crianças e adolescentes hábitos de alimentação saudável, tal atentado ao bom-senso não mereceu a devida reprovação. Entendeu-se que era um problema de exiguidade cultural. Mas mais tarde lá vamos nós, os contribuintes, ter de pagar, através da SS, as consultas médicas dos obesos, diabéticos, hipertensos, etc., bem como as intervenções cirúrgicas e as bandas gástricas.
Pois a nossa Câmara parece trabalhar na mesma onda. A União Europeia não se cansa de recomendar o uso de lâmpadas de baixo consumo. Até já proibiu a venda de lâmpadas incandescentes, dado o seu fraco rendimento em relação ao consumo. Implementou igualmente a designação "lumen" como referência para capacidade efectiva de iluminação, em vez do usual "watt", que é uma unidade de potência eléctrica e não de luminescência. Alheia a tudo isto, a autarquia nabantina decidiu continuar a dar uso às centenas e centenas de metros de gambiarra, comprados para abrilhantar a Festa dos Tabuleiros. Num país pobre, com elevado défice orçamental e costumeiro importador de energia eléctrica, uma autarquia de um concelho em manifesta decadência, para mais atascada em dívidas, resolve mandar instalar centenas e centenas de lâmpadas incandescentes, acesas toda a noite. Com que fim ? Desobedecer deliberadamente à norma europeia, que proíbe tais lâmpadas ? Fazer pouco dos pobres ? Mostrar que a normal iluminação urbana (os BIPs) não é suficiente ?
Pois a nossa Câmara parece trabalhar na mesma onda. A União Europeia não se cansa de recomendar o uso de lâmpadas de baixo consumo. Até já proibiu a venda de lâmpadas incandescentes, dado o seu fraco rendimento em relação ao consumo. Implementou igualmente a designação "lumen" como referência para capacidade efectiva de iluminação, em vez do usual "watt", que é uma unidade de potência eléctrica e não de luminescência. Alheia a tudo isto, a autarquia nabantina decidiu continuar a dar uso às centenas e centenas de metros de gambiarra, comprados para abrilhantar a Festa dos Tabuleiros. Num país pobre, com elevado défice orçamental e costumeiro importador de energia eléctrica, uma autarquia de um concelho em manifesta decadência, para mais atascada em dívidas, resolve mandar instalar centenas e centenas de lâmpadas incandescentes, acesas toda a noite. Com que fim ? Desobedecer deliberadamente à norma europeia, que proíbe tais lâmpadas ? Fazer pouco dos pobres ? Mostrar que a normal iluminação urbana (os BIPs) não é suficiente ?
E que tal apagar este lamentável sinal de novo-riquismo bacoco, usando as verbas poupadas para remunerar adequadamente uma outra unidade de salubridade urbana, encarregada da quotidiana manutenção e regular vigilância dos (por enquanto raros) sanitários públicos ? Não seria mais útil ? Um pouco por todo o lado, o tempo do blábláblá está a chegar ao fim. Doravante, a qualquer momento e quando menos se esperar, os eleitores são muito bem capazes de começar a gritar que afinal os autarcas vão nus. De ideias e de capacidades. Depois queixem-se !
1 comentário:
O pior de tudo nem é o esbanjamento da electricidade, mas sim o facto, triste, de as ruas estarem as moscas... Se houvesse esbanjamento mas as ruas estivessem cheias de gente acho que até valia a pena...
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