sexta-feira, 9 de outubro de 2009

OS VENCEDORES E OS VENCIDOS

Dentro de menos de 24 horas, "les jeux sont faits; rien ne va plus!". Que é como quem diz, em português popular -A partir da meia-noite, chapéu! Quem não ganhou ganhasse! Sim, que nisto da política, as eleições já estão ganhas ou perdidas, consoante os casos, muito antes de os primeiros boletins entrarem nas urnas. Por isso se arrisca aqui uma apreciação/previsão do que aí vem.
As sete forças concorrentes no concelho de Tomar podem e devem, para maior facilidade de análise, ser divididas em dois grupos. Num os vencedores, quaisquer que venham a ser os resultados finais. No outro os vencidos da última oportunidade. No grupo dos vencedores por assim dizer antecipados, temos o Bloco de Esquerda, o Tomar em primeiro lugar e o CDS-PP.
O BE já ganhou, pois a sua candidatura visa apenas alargar a sua influência, lançar propostas fracturantes, contestar, "unir forças", conforme consta dos seus próprios cartazes. Quanto ao resto, as ideias básicas dos bloquistas são as do postMaio68, que já nem sequer estavam na moda em 89, aquando da queda do Muro de Berlim. Em França, o carteiro Besansonot e a senhora Laguilier, os dois trotsquistas de serviço, valeram em conjunto nas últimas legislativas menos de 8%. Escreve-se isto apenas para dar uma ideia do brilhante futuro que entre nós espera o BE. Mas manda a verdade acrecentar que, igualmente em França, o PC, que já valeu 25% nos idos anos 60/70 do século passado, obteve 2,3% nas últimas legislativas. O pior que poderia acontecer aos bloquistas tomarenses, seria ganharem a câmara, para a qual visivelmente não têm qualquer projecto adapatado às circunstâncias. Se isso inesperadamente ocorresse, seria uma confusão pegada, como vem acontecendo em Salvaterra, a única autarquia do Bloco.
O movimento Tomar em primeiro lugar acertou em cheio no diagnóstico inicial, mas depois não desenvolveu devidamente os seus temas de campanha. Como, apesar disso, tem um excelente candidato, também já ganhou, mesmo que não consiga eleger ninguém. As sementes que lançou, sobretudo a necessária e urgente reforma da autarquia, a mudança de atitude dos autarcas e dos funcionários, a redução das taxas e da burocracia, bem como a condenação conjunta do trabalho da maioria e da oposição, durante o mandato que agora termina, vão certamente germinar e obrigar os novos eleitos a agirem em consequência.
Ivo Santos, já aqui foi dito, soube inovar e mostrar uma nova atitude, mas arrancou tarde e saiu tarde do PSD. Mesmo assim, quer consiga ou não obter um ou mais lugares na vereação, também já venceu. Marcou a diferença, ganhou notoriedade e abriu amplas perspectivas para o futuro. Se tiver calma para aguardar e saber dançar de acordo com a música ambiente.
A situação das outras forças aparece como muito menos confortável. CDU, IpT, PS e PSD, nalguns casos sem sequer disso se darem conta, jogam aqui a sua última cartada, pelo menos com os actuais líderes dirigentes e/ou cabeças de lista. No caso da CDU, porque Bruno Graça decidiu usar de todo o seu prestígio como dirigente associativo com obra feita, e como ex-dirigente político, para colocar a fasquia o mais alto possível. Para ele ganhar é vencer as eleições, conforme declarou à comunicação social. Em tais condições, agora ou ganha, ou restar-lhe-á desempenhar as funções para que eventualmente for eleito e depois arrumar as botas. Esta foi a sua última jogada com algumas hipóteses. Depois, será como nos casinos -"Rien ne va plus!"
Outro tanto acontece com as forças políticas mais susceptíveis de virem a vencer o escrutínio. Tudo indica que uma das três virá a presidir aos destinos do concelho no próximo mandato. Que muito dificilmente irá até ao fim sem sobressaltos, pois salta aos olhos dos mais atentos que nenhuma delas tem quaisquer planos susceptíveis de solucionar, ou sequer de atalhar, a crise que se vai agravando de dia para dia. Estão para a política local um pouco como aquele médico que persistia em receitar medicação para os brônquios e os pulmões, quando o paciente sofria era do fígado. Para Corvêlo de Sousa, Miguel Relvas, Pedro Marques, José Vitorino e Luís Ferreira, esta é a última cartada. Ou vencem ou saem da mesa de jogo, que há muita gente a aguardar um lugar livre. E o casino nabantino anseia por mudanças...desde que tudo fique na mesma.

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