sexta-feira, 2 de outubro de 2009

RECADOS COM DESTINATÁRIOS CERTOS

1 -E agora ?! Em dois textos recentes ("Análise da imprensa...", de ontem e "Dois esclarecimentos", de 29/09) procurámos subir mais uns degraus na permanente busca da melhor maneira de honrarmos a nossa cidadania, servindo a comunidade na modesta medida das nossas fracas possibilidades. Apresentámos duas hipóteses de trabalho, convergentes no sentido de nos fornecerem instrumentos de trabalho, susceptíveis de contribuirem de modo eficaz para a ultrapassagem da nossa já tradicional crise, tão rapidamente quanto possível. Num caso, advoga-se a eventual organização de um concurso internacional de ideias, dotado com recompensas generosas e tendo por tema único "Um projecto para Tomar". No outro, propõe-se a apresentação seguida (ou não) de debate, no ou nos locais próprios, de um projecto tomarense que já existe no papel desde o ano passado, mas que apesar de publicitado neste espaço, e não só, há quase um ano, ainda não encontrou, pelo menos aparentemente, qualquer receptividade. Todos surdos e cegos, os tomarenses, particularmente os políticos no activo?
Aqui fica mais um recado: Perante propostas concretas, há sempre três posições principais possíveis -a favor, contra, fingida indiferença. Qualquer delas comporta riscos, como tudo na vida. A mais perigosa, porém, é a última, a da fingida ignorância da realidade. Regra geral, quem sai de casa sem primeiro olhar, ou fingindo que não olhou, para o céu cinzento carregado, acaba por apanhar cá cada molha...Cuidado portanto com as pneumonias, sobretudo nesta época de gripe porcina.
Já amanhã, por exemplo, vai ter lugar um debate com todos os candidatos, levado a cabo pela Rádio Hertz, na biblioteca municipal, a partir das 15 horas e aberto ao público. Têm a certeza, senhores cabeças de lista e respectivos mentores eventuais, de que não vão surgir perguntas inconvenientes ? No vosso lugar não estaríamos assim tão seguros, que a situação local mostra-se cada vez mais escorregadia.
2 - Por falar em cabeças de lista e respectivos mentores eventuais... Neste país, e de forma mais acentuada nesta terra, paira quase sempre uma atmosfera de permanente paranoia. Como se sabe, ou devia saber-se, esta maleita é geralmente designada, em linguagem popular, por mania da perseguição. Pois é exactamente esse um dos principais sintomas dos políticos que nos representam, ou se candidatam a tal função. Perante qualquer crítica, ainda que civicamente correcta e devidamente fundamentada, em vez de procurarem perceber o que pretende o seu autor, respondendo-lhe rapidamente e de forma adequada, não senhor! Proclamam logo que se trata de vingança, rancor, dor de cotovelo, malapata, mania do bota-abaixo, ódio de estimação, cabotinismo, etc. etc. etc. E até responsáveis de instituições sustentadas com fundos públicos, mas não essencialmente políticas, sofrem da mesma "pancada".
Ainda recentemente, numa cerimónia ocorrida em instituição local, cujo declínio é por demais evidente, o seu responsável máximo disse que "É um programa que dá a conhecer a ligação do cientista à comunidade e prova que este é uma pessoa perfeitamente normal. ... dada a sua elevada capacidade de raciocínio, o cientista é um indivíduo que é tão útil à socieddade como, por exemplo, um médico ou um engenheiro."
A nossa pergunta é esta - Acham os leitores que criticar, em termos cordatos e educados, um responsável académico capaz de dizer coisas assim, caberá nalguma das categorias acima. Ou tratar-se-á unicamente de salutar higiene cívica ?

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