No próximo Domingo, contados os sufrágios para as autarquias, encerrar-se-á o ciclo eleitoral deste ano. Os eleitores menos atentos a estas coisas exlamarão, naquele português chão, que todos conhecemos, mas nem sempre assumimos, "Chiça que já não era sem tempo, qu'isto d'eleições é tudo a mesma aldrabice !" Estão redondamente enganados. Cada eleição é muito diferente das anteriores e das seguintes, tendo em conta todas as suas implicações. Isto mesmo já entendeu grande parte do eleitorado que, instintivamente, se adapta às circunstâncias. Assim, nas europeias, cientes de que se trata de votar nuns lotes partidários de candidatos que, quaisquer que sejam os resultados, irão integrar uma ínfima minoria de menos de 25, num parlamento com mais de 75o lugares, cujas funções aliás desconhecem, abstêm-se em massa. Maneira de dizer -Deixem-se de brincar com as pessoas.
Já nas legislativas, a realidade é algo diferente. Há também as famigeradas listas de lotes partidários, sobre cujos integrantes os eleitores pouco ou nada sabem, mas isso não os impediu de se adaptarem rapidamente. Ao fim de todos estes anos, já vão intuindo que a escolha dos deputados é apenas um pretexto oficial para referendar o governo em funções e designar o futuro primeiro-ministro. Por isso, são bem mais numerosos a ir às urnas que nas europeias. Apesar de não conhecerem as capacidades dos diversos candidatos, pensam que, para votar sim ou não, consoante as consignas partidárias, qualquer um serve.
Há igualmente os que aproveitam qualquer escrutínio para se vingarem, para protestar, para dizer não. São os suportes dos extremos do quadro partidário e existem, em maior ou menor número, em todos os países de democracia plena. Pouco a pouco, a maioria acaba por integrar-se. O melhor exemplo é o próprio Durão Barroso, ex-MRPP.
Vamos ter agora novamente as autárquicas, onde a música é outra. Trata-se, logo à cabeça, da votação em que a nossa influência pode ser mais determinante, mas igualmente daquela que mais depressa vai reflectir-se na nossa vida quotidiana. Não é certamente por acaso que em Tomar a crise é cada vez mais profunda, enquanto que nalguns concelhos vizinhos... Há como sempre as tais listas/lotes, partidárias ou independentes. Quem quiser votar no candidato A, B ou C, é obrigado a levar como contra-peso os respectivos companheiros de lista. Assim como quem vai ao talho comprar febras de porco e é forçado a pagar e trazer também toucinho, chispe, fígado e túbaros, porque fazem parte do lote.
Nada de grave ? Era bom era ! Mas a realidade é outra. Enquanto que, no caso dos deputados, o indigitado primeiro-ministro pode ou não escolher alguns deles para integrar o governo; nas autarquias, o infeliz vencedor é forçado a trabalhar com os seus companheiros de lote, quer isso lhe agrade ou não. E lá se vai a responsabilidade de cada um perante os eleitores. Têm é de ser leais ao partido. Se quiserem vir a integrar os próximos lotes !
Há os independentes ? Pois há. Mas aí trata-se de uma lógica individualista, em que o líder faz as vezes do colectivo partidário. Será melhor ? Falta demonstrar, pelo menos no caso de Tomar.
Já nas legislativas, a realidade é algo diferente. Há também as famigeradas listas de lotes partidários, sobre cujos integrantes os eleitores pouco ou nada sabem, mas isso não os impediu de se adaptarem rapidamente. Ao fim de todos estes anos, já vão intuindo que a escolha dos deputados é apenas um pretexto oficial para referendar o governo em funções e designar o futuro primeiro-ministro. Por isso, são bem mais numerosos a ir às urnas que nas europeias. Apesar de não conhecerem as capacidades dos diversos candidatos, pensam que, para votar sim ou não, consoante as consignas partidárias, qualquer um serve.
Há igualmente os que aproveitam qualquer escrutínio para se vingarem, para protestar, para dizer não. São os suportes dos extremos do quadro partidário e existem, em maior ou menor número, em todos os países de democracia plena. Pouco a pouco, a maioria acaba por integrar-se. O melhor exemplo é o próprio Durão Barroso, ex-MRPP.
Vamos ter agora novamente as autárquicas, onde a música é outra. Trata-se, logo à cabeça, da votação em que a nossa influência pode ser mais determinante, mas igualmente daquela que mais depressa vai reflectir-se na nossa vida quotidiana. Não é certamente por acaso que em Tomar a crise é cada vez mais profunda, enquanto que nalguns concelhos vizinhos... Há como sempre as tais listas/lotes, partidárias ou independentes. Quem quiser votar no candidato A, B ou C, é obrigado a levar como contra-peso os respectivos companheiros de lista. Assim como quem vai ao talho comprar febras de porco e é forçado a pagar e trazer também toucinho, chispe, fígado e túbaros, porque fazem parte do lote.
Nada de grave ? Era bom era ! Mas a realidade é outra. Enquanto que, no caso dos deputados, o indigitado primeiro-ministro pode ou não escolher alguns deles para integrar o governo; nas autarquias, o infeliz vencedor é forçado a trabalhar com os seus companheiros de lote, quer isso lhe agrade ou não. E lá se vai a responsabilidade de cada um perante os eleitores. Têm é de ser leais ao partido. Se quiserem vir a integrar os próximos lotes !
Há os independentes ? Pois há. Mas aí trata-se de uma lógica individualista, em que o líder faz as vezes do colectivo partidário. Será melhor ? Falta demonstrar, pelo menos no caso de Tomar.
Perante este quadro tão pessimista, valerá a pena ir às urnas no próximo Domingo ? Vale certamente e é até muito importante, para demonstrar que os eleitores cumprem o seu dever; os eleitos é que nem tanto. Depois, há que continuar a criticar com fundamento tudo aquilo que nos aflige. Caso contrário nunca mais nos veremos livres deste sistema eleitoral claramente ultrapassado nos tempos que correm. O ideal seriam listas individuais. O mais votado seria o presidente, o seguinte o primeiro vereador, e por aí adiante. Não haveria cá intromissões distritais nem nacionais, em matérias que manifestamente ignoram. Mas as coisas são o que são.
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