Em declarações à Rádio Hertz, Corvêlo de Sousa confessou-se preocupado e curioso em relação ao futuro da maioria relativa que lidera. Entende-se. Em condições normais, tratar-se-ia agora de negociar com a oposição uma política ou uma hipótese de solução global (para não lhe chamar projecto) para a crise que nos atormenta. Infelizmente para todos os tomarenses, mesmo aquela maioria que não votou, ou não votou PSD, não há qualquer política, nem sombras de qualquer plano de salvação local. Nem da parte do PSD, nem por banda das oposições. Nesta circunstância, negociar o quê ? Corvêlo de Sousa já mostrou a cor -o caso a caso. Para já a aprovação do orçamento. Depois logo se verá.
Acontece que um orçamento só faz sentido como suporte material de uma determinada política, sendo esta o somatório de várias acções sectoriais. No caso tomarense, quais são essas acções ? De que maneira irão contribuir para pelo menos iniciar a ultrapassagem da já crónica crise local ? Nem a tal maioria relativa, nem as oposições fazem qualquer ideia. Tudo indica portanto que estamos já, mesmo antes do início do novo mandato, na situação típica de muitos clubes de futebol portugueses. Começam com o objectivo de vencer o campeonato, depressa deslizam para "a melhor classificação possível" e acabam a lutar para não descerem de escalão. Iremos ter, lá mais para diante, o PSD local a batalhar exclusivamente para se manter no poder ?
A pequenita maioria de Corvêlo de Sousa, que terá forçosamente de se habituar a voar muito baixinho, como o crocodilo da anedota, tem para mercadejar com as duas oposições representadas no executivo um ou dois lugares de vereador a tempo inteiro, a presidência da Assembleia Municipal e o conselho de administração dos SMAS. A ver vamos quais vão ser as reacções dos visados. Oxalá não nos venham a presentear com a já muito batida frase "decidimos de acordo com os interesses da população." Porque a situação parece-me extremamente clara -ou arranjam uma solução global que a todos congregue, ou decidem continuar com a habitual medecina paliativa, que como é sabido atenua os sintomas dolorosos e outros, mas não cura a doença, que se vai agravando até à viagem final...
Nos anos 60/70 do século passado, o general Costa e Silva, um dos chefes da ditadura militar brasileira, que ocupou a presidência da república do país irmão, disse num célebre discurso que "Antes do governo militar, o Brasil estava a um passo do abismo. Agora com os militares, o Brasil vai dar um grande passo em frente." Neste momento, tudo indica que Tomar está também a um passo do abismo. Oxalá o próximo executivo não nos prometa igualmente um grande passo em frente...
2 comentários:
...Em condições normais, tratar-se-ia agora de negociar com a oposição uma política ou uma hipótese de solução...
Parece-me que começa a pegar moda, ultimamente fala-se muito a citação anterior, estas maiorias relativas são danadas, pois é!
Um passo em frente ou um salto em frente?
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