quarta-feira, 28 de outubro de 2009

GUARDANAPOS DIGITAIS - 2

COMO ESTAS COISAS SÃO !

Pouco habituado a uma informação isenta e rigorosa, algum do parco pessoal que ainda nos lê terá duvidado do que ontem aqui foi apresentado. Para obstar, tanto quanto possível, a que o mesmo suceda hoje, talvez seja melhor relembrar a triste experiência de Galileu. O eminente sábio teve sérios problemas com a inquisição, apenas porque afirmou, muito antes de tempo, que a Terra girava à volta do Sol. Coisa que hoje em dia toda a gente aceita. Pois foi obrigado a dizer o contrário daquilo que pensava, tendo-se vingado com o célebre "e no entanto gira !"

Dito isto, o que agora se vai tentar demonstrar é a relação entre a economia, a população, a megalomania pródiga de alguns autarcas e os fundos comunitários. A infografia acima é parte da ficha sobre Tomar do Instituto Nacional de Estatística - INE, e de uma previsão feita para o Governo Civil de Santarém. Ambas entidades oficiais, insuspeitas de parcialidade. Que vemos nós na ficha ? 1 - A população concelhia aumentou 2.251 habitantes, entre 1970 e 1981; 2 - Diminuiu cerca de 2.000 habitantes, entre 1981 e 1991; 3 - Estabilizou nos dez anos seguintes; 4 - Voltou a diminuir fortemente a partir de 2001, tendência que se vai acentuar fortemente até 2030. Podemos mesmo observar, do lado direito do quadro intermédio, que até 1981 Tomar estava na média do distrito (5.54/5.79), enquanto que para o período a partir de 2001 se prevê forte discrepância (-18,39 no concelho, -4,73 no distrito). Quer isto dizer, no nosso tosco entendimento, que desde 2001 algo começou a estar muito mal nesta velha casa do Gualdim. O que terá sido ?

Esta outra ilustração dá-nos a evolução das receitas dos municípios do distrito entre 1997 e Dezembro de 2006. Nela consta (sublinhada por nós) uma referência exclamativa para Tomar. O que significa que até os técnicos levaram as mãos à cabeça. Logo mais abaixo, na infografia, está a explicação para o espanto dos especialistas -no citado período, as receitas do município tomarense cresceram 236,84 %. De longe o maior crescimento do distrito e mais do dobro do da maior parte dos municípios. Terá sido perante isto que alguns alcunharam logo António Paiva "um dos melhores presidentes de câmara do país". A ignorância é quase sempre atrevida !
Logo abaixo da infografia, a explicação parcial para tanta aparente fartura: "Comprovando a inegável correlação que existe entre as receitas das Câmaras e a atribuição dos fundos comunitários, constata-se que foi exactamente nos picos anuais do financiamento dos QCA I e II, que as autarquias municipais viram crescer mais significativamente os seus meios."
Falta acrescentar e as suas dívidas, em simultâneo com preços, taxas diversas, e licenças a preços proibitivos para os respectivos munícipes.
Se dúvidas houvesse, aqui está a prova provada de que assim aconteceu e continua a acontecer. Impotentes perante um poder local manifestamente cego em relação à realidade social envolvente e obstinado na sua implícita megalomania pródiga. Cansados de financiar obras espampanantes mas manifestamente supérfluas ou não prioritárias, em todo o caso sem retornos transaccionáveis, os habitantes optam pelo mais simples -votam com os pés, em demanda de paragens mais clementes em termos económicos. Resultado: Ostentamos um honroso primeiro lugar distrital em termos de Saldo Populacional Natural. O que significa não só que somos cada vez menos, mas igualmente que somos cada vez mais velhos. E como a terceira idade não se reproduz, por razões óbvias, um dia deixará de haver tomarenses ou população permanente numa ex-cidade chamada Tomar. O Mundo será então melhor e com pessoas mais inteligentes ?



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