Estas fotografias documentam detalhes do estado a que os nossos autarcas deixaram chegar a multicentenária Roda do Mouchão, conhecida imagem típica de Tomar. Dentro daquele conhecido estilo, herdado da primeira metade do século passado. Quando se considerava que um bom remendo valia mais que obra nova.
Entretanto os tempos mudaram. Aderimos à Europa, vieram os fundos de Bruxelas e adquirimos hábitos de novo riquismo. Agora o melhor é deitar abaixo e fazer novo. Os estádios do Euro 2004, pagos a peso de ouro e na maior parte às moscas desde então, aí estão para exemplificar. Mas em Tomar também seguimos essa moda. Mouchão, Várzea Pequena, ex-Estádio, pavilhões, parque de estacionamento substerrâneo que mete água, paredão da ponte do Flecheiro, tem sido um fartote.
Por motivos até hoje nunca explicados, ao rebanho de eleitores e pagadores de impostos, os senhores autarcas que nos vão procurando governar, com resultados bastante desiguais, vão falando no indispensável desenvolvimento do turismo, continuando embora a pouco ou nada fazer nesse sentido. A roda do Mouchão, que todos os anos é posta a funcionar unicamente para que os turistas a possam admirar, uma vez que o tradicional sistema de rega que nela tinha origem foi deliberadamente destruído, (vá-se lá saber porquê), está visivelmente a desfazer-se. Nunca teve a sorte de olharem para ela com vontade de a repararem condignamente. O resultado não é nada bom. Agora parece demasiado tarde para continuar com remendos e outras reparações de circunstância. Há que ter a coragem de encomendar uma roda totalmente nova, naturalmente a quem ainda as saiba fazer. Esta ainda aguenta mais um ano, ou dois, ou três ? É possível. Mas convirá também ter em conta que já este ano esteve parada por várias vezes, devido a problemas de diversa ordem. E há um outro problema. Actualmente é possível encontrar quem saiba fazer rodas. O prof. Manuel Ferreira, da EB 2/3 Gualdim Pais, por exemplo. Têm a certeza que dentro de alguns anos ainda continuará a haver profissionais competentes nessa área ? Ou teremos de os mandar vir da Síria, mais precisamente de Hama, onde funcionam várias rodas semelhantes à nossa ?
Uma coisa é certa, a actual está visivelmente a dar as últimas. E depois há o açude, que em conformidade com a tradição já devia ter sido desmontado antes da Feira de Santa Iria, a demonstrar que a administração autárquica nem sempre consegue acompanhar o barco...
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