Muitos cidadãos portugueses tendem a viver na ilusão de que lá fora é que é bom. Não há fome, nem miséria, nem desemprego, nem gente a viver na rua, nem baixos salários. Pois estão enganados ! Conheço muitos países e tenho visto pior que em Portugal, melhor confesso que ainda não encontrei. Um exemplo: Em Estocolmo, capital da Suécia, o país com mais alto nível de vida e socialmente o mais avançado da União Europeia, há cerca de 3600 pessoas a viver na rua. Mesmo com um inverno muitíssimo mais rigoroso.
Quanto aos salários, como é de toda a lógica, são bem mais altos, para um nível de vida e de preços igualmente superior ao nosso. Ainda assim, nada de sonhos. Em França, um dos países mais desenvolvidos, uma publicação do "Centro de estudos sobre as qualificações - CEREQ" intitulada "Do ensino superior para o emprego: vias rápidas e atalhos", permite ter uma ideia geral da situação dos estudantes que entram no mercado do trabalho, uma vez obtidos os diplomas. (Ver ilustração) Permite igualmente concluir que, afinal, os estudantes de letras conseguem encontrar colocação tão ou mais rapidamente que os das outras opções. Em França. Em Portugal pode muito bem ser mais difícil. Os salários é que...
Vamos então interpretar o quadro da ilustração superior: "Os de letras resistem bem face ao desemprego. Taxa de emprego três anos após a conclusão dos estudos, em percentagem. Letras, Matemática e Ciências Exactas, Todas as disciplinas. Primeiras três colunas: licenciatura; três colunas a seguir:Mestrado em Investigação e Diplomas de Estudos Aprofundados em Direito, Ciências Económicas, e similares; últimas três colunas: Mestrado profissionalizante e Diplomas de de Estudos em Ciências Sociais".
Em baixo, 1º e 2ª linhas "Taxa de executivos após três anos de actividade, em %". Duas linhas seguintes, "salário mediano em €" (Não confundir salário médio com salário mediano. O primeiro resulta da soma de todos os salários da categoria, após divisão por igual número. O outro é o salário situado a meio da tabela respectiva. Os números apresentados são assaz elucidativos para dispensarem mais comentários. Há pessoas que nem sabem o bem que têm, senão depois de o terem perdido...
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