segunda-feira, 26 de outubro de 2009

UMA CERIMÓNIA FORMATADA À ANTIGA


Perante uma assistência de cerca de cem munícipes, tomaram posse esta tarde, no salão nobre dos Paços do Concelho, os candidatos eleitos para o executivo e para a Assembleia Municipal. Logo a seguir, teve lugar a eleição da mesa do parlamento local. Apresentaram-se duas listas, uma PSD/PS, com Miguel Relvas (presidente), Fernando de Jesus e José Pereira; outra dos IpT, com Jorge Neves em primeiro lugar. A lista de Miguel Relvas obteve 25 votos, contra 8 para a de Jorge Neves, e 3 votos brancos. Seguiram-se as intervenções de Corvêlo de Sousa e de Miguel Relvas.
Toda a cerimónia foi de uma monotonia e de um convencionalismo como já não se usam em lado nenhum. Não houve um rasgo de imaginação, nem sequer nos dois discursos, totalmente previsíveis, com as tradicionais generosas generalidades, desta vez, ao que nos pareceu, demasiado genéricas. O formato escolhido, ou apenas consentido, revelou-se manifestamente pífio. Em pleno século XXI, na Europa ocidental, e tendo em linha de conta os costumes e as várias leis sobre a protecção de dados pessoais, bem como o respeito pela vida privada, a longa série nome, idade, profissão, morada, número do documento de identificação, de cada eleito, arrastou- nos para a primeira metade do século XX e para os regimes policiais. Haverá certamente quem disso se não tenha dado conta, por estar sempre conformado com as normas do rebanho. Mas é uma coisa ridícula tornar públicos elementos de índole privada, que podem até vir a tornar-se perigosos, sem contudo adiantarem o que quer que seja para a regularidade do acto. Sobretudo numa terra pequena como a nossa, onde todos se conhecem. A haver uma hipotética tentativa de troca de identidade, logo se daria por isso.
Se alguma vez ingleses, americanos ou australianos tentassem copiar este triste formato, estavam bem arranjados - em nenhum destes países existe bilhete de identidade, ou coisa parecida. A não ser o passaporte, por razões óbvias. Mais uma prova de que por estas bandas adoramos a política manuelina e as minhoquices só para mobilar. É o tal problema luso -enquanto os ingleses e outros anglo-saxónicos não se cansam de proclamar que "time is money", nós por cá gostamos mais de dizer que "o tempo dá-o Deus Nosso Senhor de borla. E paga-o o Estado."
Com semelhante mentalidade, havemos de ir longe, havemos !!!

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