segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Leitura para a noite de Ano Novo


"Um quarto da população europeia ameaçada pela pobreza"

"Para evocar a situação dos países mais atingidos pela crise da zona euro, ninguém ousa ainda utilizar o termo tão angustiante de "depressão", usado durante a crise dos anos 30. Contudo, a situação de milhares de gregos, espanhóis, irlandeses, portugueses ou italianos apresenta contornos cada vez mais dramáticos. A recessão nalguns casos interminável (cinco anos na Grécia), acumulada com o desemprego de massa (mais de 25% na Grécia e em Espanha, acima de 15% em Portugal), a par com as medidas de austeridade que reduzem o formato do Estado-providência, provocaram o aparecimento de novas formas de pobreza.
A que é perceptível nas pequenas privações mas também, com frequência, nos verdadeiros sacrifícios. Os espanhóis reduziram os seus orçamentos de Natal. Muitos renunciaram já, em números récordes, ao uso de telemóveis: um total de 486 mil assinaturas foram interrompidas e o total de assinantes baixou 3,8% nos últimos 12 meses, segundo a Reuters.
Com um desemprego que atinge mais de metade dos activos de menos de 25 anos, os jovens espanhóis solicitam cada vez mais a ajuda paterna para conseguirem sobreviver. Quanto aos mais velhos, recorrem cada vez mais às associações caritativas, praticamente já sem mais recursos. No passado dia 14, o jornal EL PAÍS destacava um relatório publicado pela associação Intermon Oxfam ("Crise, desigualdade e pobreza"), alertando para o risco de pauperização cada vez maior do país. Segundo o estudo citado, até 2022 40% dos espanhóis -dois em cada cinco- estarão em situação de exclusão social. "Um nível tão elevado que serão necessárias duas décadas para que o país reencontre o nível de bem-estar anterior à crise", informava o jornal.
Entretanto, o consumo de produtos alimentares de baixo custo provocou um aumento da obesidade, enquanto que no vizinho Portugal 10.385 alunos de 253 do ensino público sofrem de carências alimentares, alarmava-se o Jornal de Angola, um quotidiano lido em Luanda, a capital da ex-colónia portuguesa, para onde emigram cada vez mais portugueses fugindo à crise.
Na Grécia, segundo um documento do Eurostat, publicado a 3 de Dezembro, quase um terço dos gregos (31%) estão em "situação de privação material severa", ameaçados pela pobreza e pela exclusão. O que significa viver com um rendimento inferior ao patamar de pobreza, fixado em 60% do rendimento mediano nacional, e/ou incapazes de pagar as facturas da vida corrente, como por exemplo o aquecimento.
Com a redução das despesas de saúde, uma percentagem crescente da população grega deixou de ter de facto assistência médica. Ao mesmo tempo que as falências e o desemprego atiram alguns para a depressão e a miséria. Desde há dois anos, os médicos de Tessalónica constatam o aparecimento de novas patologias ligadas à má alimentação das crianças. Enquanto em todo o país reaparecem doenças já esquecidas, como o paludismo ou a tuberculose (Le Monde de 27 de Novembro).
Igualmente na Grécia, a chegada do frio originou numerosos roubos de lenha, incluindo na mata protegida do Monte Olimpo. Para o Eurostat, o perigo é mais evidente nos países do sul da Europa, mas afecta igualmente o conjunto do Velho Continente. Em 2011, cerca de 120 milhões de pessoas encontravam-se em situação de privação, ou ameaçadas pela pobreza e a exclusão social, o que corresponde a 24,2% da população dos 27 países da União Europeia, contra 23,4% em 2010 e 23,5% em 2008.
A França, até agora relativamente poupada por esse flagelo (19% em risco de pobreza, de exclusão social, ou em situação de privação), é cada vez mais um país cuja população tem medo. No passado dia 7, o jornal Les Echos publicou os resultados edificantes de uma sondagem realizada pela CSA: quase um francês em cada dois (48%) considera-se "pobre" ou "a caminho da pobreza".

Claire Gatinois, Le Monde, 29/12/2012, página 11

Felizmente em Tomar, graças ao trabalho esforçado e profícuo dos políticos (em particular dos eleitos), ao empenhamento da população e à tradicional, atempada e eficaz solidariedade nabantina, não temos esse tipo de problemas.
Ninguém passa fome, toda a gente está bem alojada, não há desemprego nem encerramento de empresas, a população não dá à sola, não existe nenhum acampamento cigano com condições deploráveis e os sem abrigo dispõem de um albergue nocturno muito confortável.
Nem se percebe porque se sentem os tomarenses tão infelizes. Mau feitio, é o que é!

Um bom ano novo para todos, apesar de tudo!


domingo, 30 de dezembro de 2012

Relance pela Europa em crise

"Espanha hesita"

"Espanha é a primeira fonte de incertezas e de stress evocada pela maior parte dos economistas. Consideram que o país, atolado na recessão e no desemprego de massa, vai ter muitas dificuldades para ultrapassar a crise, sem solicitar o resgate europeu.
São raros os analistas que consideram que a Espanha possa atingir os objectivos de redução do défice. Temem também surpresas desagradáveis oriundas das regiões autónomas espanholas, responsáveis pela derrapagem orçamental de 2011.
Há já vários meses que Mariano Rajoy (Partido Popular, direita) dá a ideia de estar a tentar retardar ao máximo o pedido de resgate, como forma de preservar a sua integridade e evitar a imposição de novas reformas por Bruxelas.
"A Espanha corre o risco de aguardar demasiado", previne Gilles Moëc, do Deutsch Bank. Logo em Janeiro, Madrid tem de reembolsar 21 mil milhões de euros de juros e de capital que atinge a maturidade. Para o fazer, o governo Rajoy vai solicitar os mercados, indica a mesma fonte, que acrescenta: "Caso os investidores duvidem da solidez financeira de Espanha, a dita operação pode correr mal." Nesse caso, "as negociações do resgate europeu podem muito bem fazer-se tipo carga de cavalaria."

"A ameaça Berlusconi em Itália"

"Para Roberto Benigni, autor farsante do filme "A vida é bela", o fim do mundo prognosticado para 21 de Dezembro foi um pequeno detalhe, comparado com a ameaça do regresso à política de Sílvio Berlusconi. "Tenham dó!" implorou o actor na televisão italiana há alguns dias.
Os investidores e os dirigentes europeus não se afastam muito do mesmo raciocínio. Se o fim do mundo não aconteceu, a candidatura do "Cavaliere", ou até a sua vitória nas eleições legislativas de 24 e 25 de Fevereiro, é uma hipótese assustadora. Berlusconi usa um discurso anti-euro e anti-Alemanha, susceptível de comprometer as reformas iniciadas pelo actual presidente do Conselho, Mário Monti.
Mesmo se a vitória de Berlusconi, pouco estimado pela comunidade internacional, parece improvável, o resultado que alcançar pode vir a perturbar o bom funcionamento do próximo governo. E complicar assim a retoma italiana."

"A França sob vigilância"

"A França não será com toda a certeza a "bomba-relógio" anunciada pelo semanário britânico "The Economist", em Novembro. Mas o país, até agora poupado pela crise e estranhamente apreciado pelos mercados - os juros dos empréstimos de Estado são historicamente baixos, apesar de um défice elevado e de uma dívida igualmente importante- vai ter de demonstrar a sua solidez económica e financeira. Paris tem de continuar com as reformas já iniciadas (pacto de competitividade) para evitar que a possível derrapagem das contas públicas -segundo o FMI, o défice de 3% em 2013 não vai ser cumprido- possa suscitar a ira de Bruxelas e o nervosismo dos mercados.
Agilizar o mercado laboral faz parte dos processos que, de acordo com alguns economistas, vão facilitar o futuro crescimento económico. As negociações em curso entre o patronato e os sindicatos vão ser observadas à lupa. "Até agora, a França beneficiou da dúvida. Mas já perdeu o direito de errar novamente", afirma M. Moëc."

"Os desafios de Portugal e Irlanda"

"A Irlanda e Portugal estão ambos sob assistência da troika, prevendo-se que possam voltar aos mercados no final de 2013, para poderem financiar sem ajuda europeia os seus défices públicos respectivos e recuperar a sua independência. Mas se Dublin parece bem encaminhada, Lisboa suscita mais dúvidas. A disciplinada e pontual implementação das medidas de austeridade e das reformas impostas, nem sempre produziu os resultados esperados. A dívida continua pletórica e a recessão prolonga-se.
Portugal poderá por conseguinte vir a recorrer ao apoio do BCE e do Mecanismo Europeu de Estabilidade, para tornar mais seguro o seu regresso ao mercado. A menos que a Europa e o FMI lhe concedam entretanto mais tempo para atingir os objectivos previstos."

"O risco social grego e o espinho cipriota"

"Em 2013 a Grécia já não será "o" problema da zona euro. O novo auxílio financeiro, concedido pelos europeus neste final de 2012, forneceu um pouco de oxigénio ao país. Mas, há mesmo assim um mas. Uma longa lista de reformas e de cortes orçamentais terá de ser implementada em 2013. Acontece que, após cinco anos seguidos de recessão, a população grega, saturada, pode "explodir". E derrubar o governo, abrindo assim caminho à ascensão dos partidos extremistas.
Se não for a Grécia, é o seu vizinho cipriota que poderá vir a preocupar seriamente os dirigentes europeus. Arruinado, o pequeno país já não pode obter empréstimos nos mercados desde meados de 2011.
Após um empréstimo da Rússia, aguarda-se um ajuda europeia e do FMI. Mas a negociações sobre as condições deste apoio parecem delicadas com o governo cipriota comunista. Espera-se que possam estar concluídas até à reunião do Eurogrupo, programada para 21 de Janeiro.

Claire Gatinois, Le Monde, 29/12/2012, página 11

Comentário de Tomar a dianteira

Então não querem lá ver que os camaradas do PC de Chipre também não rejeitam o "Pacto de Agressão", mesmo com um empréstimo de Moscovo!!! Ingratos!!!

sábado, 29 de dezembro de 2012

Mazelas tomarenses




As duas fotos acima mostram o principal monumento tomarense, o conjunto Castelo/Convento, Património da Humanidade desde 1983. Foram tiradas exactamente do mesmo sítio, uma à tarde, outra de noite. A pergunta é esta: Valerá a pena gastar uma pipa de massa numa nova rede de iluminação e no subsequente consumo, para dar do monumento um aspecto tão triste? Quem o veja apenas à noite, ficará certamente com pouca ou nenhuma vontade de o visitar. Desde 1983, ainda não houve tempo para estudar, projectar e instalar uma iluminação capaz, que não apouque a nossa jóia da coroa?


 Quando li o aviso supra, nem queria acreditar. Depois dos caracóis cagões, temos agora uma "operação urbanística" que consiste na "construção de um muro de vedação". A actual maioria relativa anda a gozar com quem? Alguma vez a construção de muros de vedação em terrenos fora do perímetro urbano foi considerada "operação urbanística" sujeita a projecto? Onde e quando? É uma vergonha quando eleitos e funcionários superiores aproveitam a complexidade da legislação para complicar a vida aos munícipes. E depois queixam-se que a população dá à sola. Com gente assim...


Pouco a pouco, os portugueses lá vão assimilando que para ter êxito é preciso garantir qualidade. Neste caso na área do turismo. "Guia Oficial a Bordo - Interpretação qualificada da cultura". Infelizmente por estas bandas, qualidade é coisa assaz rara. Que o digam por exemplo os infelizes visitantes do Convento de Cristo. Pagam 6 euros cada à entrada, sem direito a visita guiada. A maior parte acaba por ficar a conhecer apenas o que calha. Uma tristeza.

Turismo, esse obscuro objecto do desejo

Ainda não votou?!?! >>>

Em geral resultado da inseminação dos que cá ficaram, todos tendemos a disfarçar esse dado, proclamando-nos a torto e a direito descendentes dos navegadores de quinhentos. Compreende-se. Foi a única época mais ou menos áurea resultante dos nossos próprios esforços. Infelizmente para os que nasceram depois, a maior parte desses aventureiros, que foram deste lado do Mundo os primeiros turistas de longo raio de acção, nunca mais voltou. Alguns porque resolveram recomeçar a vida em paragens mais acolhedoras; muitos porque as tempestades lhes interromperam os sonhos.
Mais de cinco séculos volvidos, a aventura lusa continua e os mitos pouco mudaram entretanto. Quase quatro décadas após o golpe redentor dos militares de Abril, cansados das guerras africanas, não há autarca ou candidato a sê-lo que resista à indicação do turismo como motor do desenvolvimento local. Apesar de não saber muito bem do que está a falar. Em Tomar então -cuido que devido ao Convento, ligado aos descobrimentos e aos 150 mil turistas anuais que o visitam- a coisa chega chega a ter contornos cómicos. É o caso do actual executivo, fiel executante de projectos anteriores. Na ânsia de protagonismo e de desenvolvimento do turismo, vá de mandar construir e alargar parques de estacionamento lá em cima, junto ao Castelo, enquanto os comerciantes citadinos se vão queixando de que os turistas visitam o Convento, mas não descem à cidade. Um diálogo de surdos, portanto. Entre descendentes dos que cá ficaram, mas se proclamam sucessores dos navegadores de antanho. Imbróglios nabantinos...
Como se isso não bastasse, agora que prematuramente já começou a campanha eleitoral para as autárquicas de Outubro próximo, cada candidato entrevistado pela comunicação social local lá vai garantindo que o nosso desenvolvimento futuro será pelo turismo. Que turismo? A explorar por quem? Com que estruturas e outros recursos? Quais os objectivos? Tudo questões incómodas, que por enquanto não interessam nada. Os candidatos e os candidatos a candidatos apenas vão acrescentando que além do turismo terá de haver também alguma indústria, pelo que é necessário atrair investidores. O que implica a criação de um gabinete especializado nessa área. O qual, a ser alguma vez criado, virá a constituir um excelente armazém de boys e outros apaniguados. Mais um.  
E assim continuamos a nossa marcha rumo ao abismo, na maior das tranquilidades, que alguém nos há-de vir salvar, como sempre tem acontecido. Só enquanto não conseguirmos desenvolver o turismo, bem entendido.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Gente que não se enxerga

Ainda pode votar >>>

"Tenho pena Rebelo que não queiras fazer parte de uma lista com pessoas capazes de tirar Tomar de onde está, desculpa-me a expressão, mas não é mal nenhum fazer parte de uma lista em que podias figurar como número dois ao lado da Drª, isso demonstraria um acto de humildade que é o que estes que estão no poleiro não têm." Acabo de reproduzir parte de um comentário de hoje, o qual pode ser lido na íntegra no post "Há sempre uma primeira vez".
Decidi fazer esta citação por me parecer tratar-se de um belo exemplo do clima de fantasia política em que se vive aqui pelas margens nabantinas. Desde logo porque continuar a abrigar-se no anonimato, como é o caso, quase quarenta anos após o 25 de Abril, roça o ridículo e denuncia um estilo conspirativo impróprio de um democrata. Depois, porque se trata de um mero processo de intenções. Assim, eu nunca disse ou escrevi que não queria fazer parte de qualquer lista. Limitei-me a esclarecer que apenas me candidatarei se o puder fazer como cabeça de lista.
Ainda na mesma linha, que fundamentos tem quem redigiu o comentário para afirmar tratar-se de "uma lista com pessoas capazes de tirar Tomar de onde está"? Quem são essas pessoas? Foram escolhidas por quem? Farão parte de que lista? É fácil lançar atoardas, que infelizmente só podem prejudicar os políticos locais. Difícil é sustentar tais afirmações, que além do mais denotam evidente alheamento da nova e mutante realidade local.
Bem gostaria de acreditar que das próximas eleições sairá um executivo capaz de nos recolocar na senda do progresso e do renascimento local. Infelizmente, olho à minha volta em vão. Cegueira minha? Quiçá. Mas então esclareçam-me, convençam-me que estou equivocado.
Pela minha parte, já fiz o que estava ao meu alcance: anunciei a minha disponibilidade. Nas minhas condições, como o Mário Monti em Itália, e só nessas. Já não estou em idade de brincar à política, não procuro benesses nem preciso de fazer carreira. Os dirigentes políticos locais têm outras opções? Não me surpreende. Afinal, desde as primeiras eleições livres, já lá vão mais de três décadas, quantas vezes é que acertaram? Que obras realmente úteis têm para apresentar? Feitas em que mandados?
Façam um favor a todos os tomarenses que dão a cara e sofrem pela sua amada terra -olhem-se bem ao espelho antes de escrever ou dizer certas coisas. Não agravem ainda mais a nossa crise, que é também provocada por nítida carência de recursos humanos realmente qualificados. Como escreveu a dada altura o multimilionário americano Warren Buffet, "é quando a maré baixa que se vê quem andava a tomar banho nu". Em Tomar estamos na maré mais baixa desde 74.

Os tosquiadores tosquiados

Vote enquanto é tempo >>>


Cidadão português a ser libertado pelo governo, logo após ter liquidado todos os impostos.


Finalmente, pressionado pelo agravamento da situação, o governo resolveu legislar no sentido de obrigar ao resgate todas as autarquias que ultrapassem determinados parâmetros de endividamento, previamente determinados. Para satisfazer esses pedidos de resgate é criado um fundo misto autarquias + governo, contribuindo aquelas obrigatoriamente com uma percentagem do IMI antes fixada, a qual será remunerada como qualquer outra aplicação de capital.
Resumidamente, foi isto que a comunicação social noticiou. Acrescentando que os autarcas em boa situação financeira protestaram imediatamente, contra o que consideram ser uma injustiça. Segundo argumentaram, vão pagar os justos pelos pecadores, num futuro quadro legal que beneficia os infractores. Linguagem futebolística à parte, os senhores autarcas reclamantes demonstram ter, ou fingir que têm, a memória curta. Infelizmente e como já vem sendo costume.
Enquanto se tratou de ir tosquiando pela calada as ovelhas e carneiros da Europa do norte, sem culpa alguma dos desmandos dos rebanhos meridionais, ia tudo bem. Até houve indignação quando alguns responsáveis alemães, holandeses e finlandeses, cansados de desembolsar milhões praticamente em vão e acossados pelos respectivos eleitorados, gritaram algo semelhante ao nosso conhecido e tradicional "Alto e pára o baile, que apalparam os peitos à minha filha!!!" Que eram isto e mais aquilo; que se nós não comprássemos aquilo que exportam estavam desgraçados; que sendo assim, então para que servia a solidariedade europeia...
Agora que tocou a unir e a contribuir, a favor de alguns compatriotas mais perdulários, qual solidariedade, qual carapuça! Toca a sacudir a água do capote. Cada qual que se desenrasque. Quem se endividou em excesso que pague.
Por estas e por outras semelhantes, cada vez estou mais convencido que somos um ganda povo. Solidário até à medula. Mas quando de trata de euros...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Análise sucinta da imprensa local


Se ainda o não fez, VOTE >>>





Continuamos em plena "trégua dos pasteleiros", de forma que escasseiam os acontecimentos políticos e/ou societais nos periódicos locais. N'O Templário, José Gaio anuncia a sua saída, dizendo adeus aos colaboradores, anunciantes e leitores. Reitera que sai sobretudo por motivos de ordem estritamente privada, embora vá falando de renovação desejável. 
Não pretendendo fazer futurologia, auguro dias muito complicados para os sucessores do até agora director. Por um lado, porque a tragédia tomarense se agrava de dia para dia, com o seu triste cortejo de dramas de toda a ordem, o que leva os potenciais anunciantes a retrair-se cada vez mais. E sem eles...
Por outro lado, tanto quanto sei, os novos motores d'O Templário tenderão a imprimir-lhe subtilmente um estilo mais militante, ao arrepio do que o actual estado das coisas aconselha. Oxalá não venham a arrepender-se demasiado tarde...
O outro tema forte desta semana é a entrevista de Anabela Freitas ao Cidade de Tomar. Mais por falta de outros assuntos palpitantes do que propriamente por aquilo que encerra. Digamos, procurando não ferir susceptibilidades, que a candidata socialista "vende bem o seu peixe", pecando no entanto por insistir demasiado em ideias gerais. Sucede que especialistas de ideias gerais somos praticamente todos nós. Os problemas só surgem quando há que passar aos projectos precisos, estruturados, quantificados, calendarizados, articulados e explicados.
 Nas duas páginas de texto, para além do já antes conhecido, apenas consegui lobrigar uma novidade: o PS - Tomar vai continuar a desenvolver contactos até ao final de Janeiro, tendo em vista eventuais coligações ou outras formas de colaboração. Só depois abrirá mais o jogo, apresentando os outros membros da lista, bem como o programa eleitoral a submeter ao voto dos cidadãos.
No estado actual das coisas e tendo em conta o que por aí se vai ouvindo, Anabela Freitas vai ter pela frente uma tarefa bem ingrata. Para além das desvantagens já aqui antes elencadas (tomarense, mulher, socialista, inteligente, jovem...) os meios locais apontam dois outros óbices. O primeiro resulta do facto de a candidata não ter qualquer experiência profissional no sector privado, numa altura em que a função pública está pelas ruas da amargura e com tendência para piorar muito. O outro parece-me ainda mais bicudo: Tradicionalmente o socialismo é um regime de redistribuição da riqueza nacional, como forma de atenuar as desigualdades sociais. Sucede que desde a saída do socialista Sócrates e até nova ordem, só há sacrifícios para distribuir. O que significa que os tempos não estão para medidas socializantes, como de resto é cada vez mais evidente em França, onde o presidente Hollande, esperança de toda a esquerda europeia, navega à vista, sendo já o presidente mais impopular dos últimos cinquenta anos. Mau prenúncio para Anabela Freitas e para os seus apoiantes, praticamente forçados a mudar a espingarda de ombro quanto antes, sob pena de...

E nas margens do Nabão?

Vote, vai ver que não dói nada! >>>

"Fraudes e autoridades"

"Em Portugal é difícil desmontar um argumento fraudulento utilizado por qualquer figura de autoridade."

"Conheci pessoalmente Artur Baptista da Silva no passado dia 17 de Novembro, em que ambos fomos convidados para intervir numa palestra, subordinada ao tema "Há alternativas ao Euro?", promovida pelo Movimento Internacional Lusófono. Aquele orador apresentava-se como coordenador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A sua intervenção estava pejada de números, metade dos quais estavam errados.
Soube-se há poucos dias que Baptista da Silva, que recebeu uma extraordinária atenção por parte da comunicação social e de outras instituições, não ocupava nenhum dos cargos de que se dizia titular, além de terem sido desenterrados esqueletos do seu passado, da mais diversa índole e gravidade.
Imediatamente foi apodado de "fraude". Mas há aqui duas questões, completamente distintas, que convém analisar. Por um lado, há a fraude óbvia de se fazer passar por algo que não era; por outro, há a fraude do conteúdo das suas afirmações. Em relação à primeira fraude, ela é clara e não merece grande discussão. O segundo aspecto é que merece uma reflexão maior. Imaginemos que esse suposto funcionário da ONU ocupava mesmo o cargo que dizia exercer. Teria algum jornalista contestado os seus erros factuais e os seus "raciocínios"?
Quantas figuras temos nós em Portugal, com cargos muito elevados, que dizem torrentes de disparates que não são sequer verificados pelos jornalistas? Quantas vezes há uma enorme dificuldade de separar o trigo do joio no espaço público? Recordemos três exemplos.
O primeiro e o paradigma máximo é o antigo primeiro-ministro José Sócrates. Ao pé dele Artur Baptista da Silva não passa de um principiante. Não tanto em termos de currículo publicado, em que também havia umas névoas, mas sobretudo pela sua extraordinária capacidade de faltar à verdade e de fazer malabarismos com meias verdades.
O segundo exemplo ocorreu em 2009, ainda antes das eleições legislativas, quando tivemos um duelo público relativo a obras públicas. Foi publicado um primeiro manifesto, de respeitados economistas e ex-ministros das Finanças, a pedir uma reavaliação das obras públicas. Portugal apresentava então não só uma das mais altas taxas de investimento público, como um dos mais baixos crescimentos de produtividade, uma combinação que deveria alarmar qualquer um. (Relembre-se que o crescimento da produtividade é uma condição essencial para o desenvolvimento económico e um requisito imprescindível de crescimento sustentável dos salários reais.)
Houve duas prontas respostas. A primeira também dominada por professores universitários, mas envolvendo ligações à esquerda radical, que nunca pertenceu ao governo nem parece empenhada em fazê-lo, tal o irrealismo das suas propostas. O outro documento pode ser descrito como o "manifesto dos interesses", assinado sobretudo por gestores públicos com fortes ligações ao sector da construção e das obras públicas.
Rapidamente se gerou a maior confusão pública, em que tudo passou a ser equivalente a tudo, tendo sido impossível fazer uma avaliação isenta dos próprios manifestos.
Um outro exemplo é mais recente e diz respeito à extraordinária tese que circula por aí, com imensa audiência, que diz que "a dívida não existe". Mas isso não é afinal uma fraude ao nível de Baptista da Silva? Em Portugal, demasiadas vezes, o princípio da autoridade ganha ao princípio da razão. Lembra-se de como as críticas racionais aos erros de política económica do anterior governo eram descritas como "bota-abaixismo"? O mais terrível foi isso; não  a ausência de críticas, mas o menosprezo com que estas foram tratadas.
Este país tem assim dois problemas graves. Em primeiro lugar, dá primazia aos argumentos de autoridade, em detrimento dos argumentos de razão. Em segundo lugar, escolhe líderes maus. Se a prevalência da palavra do chefe sobre a razão já é mau, quando o chefe é medíocre e/ou desonesto, isso é péssimo."

Pedro Braz Teixeira, jornal i, 26/12/2012, página 13

Pedro Braz Teixeira é Director Executivo do "Nova Finance Center - Nova School of Business and Economics" - Universidade Nova de Lisboa


E nas margens do Nabão? Quem é que está a pensar em Pedro Marques, António Paiva, Corvêlo de Sousa, Carlos Carrão, e Companhia? Invejosos! Ressabiados! Línguas venenosas! É tudo gente de primeira água, seus asnos!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Há sempre uma primeira vez

Faça favor de votar >>>


Foto Rádio Hertz

"Se nada de muito substancial for conseguido no próximo ano, quando chegarmos ao balanço do mandato, nenhum de nós terá qualquer motivo para sorrir e estar satisfeito com o seu trabalho. Não que não tenha havido esforço de toda a gente envolvida neste executivo; só que este esforço é muitas vezes inglório, quando não é corporizado em decisões e em obras que melhorem a vida das populações. Foi para melhorar a vida das populações que fomos eleitos." São declarações muito corajosas e frontais da vereadora Graça Costa (IpT), citada pela Rádio Hertz.
Que me recorde, é a primeira vez que um autarca eleito e em funções, neste caso uma autarca, admite publicamente e por antecipação o falhanço colectivo do órgão a que pertence. Trata-se, por conseguinte, de algo muito positivo, que constitui por assim dizer uma réstea de esperança no nosso devir enquanto comunidade organizada. Com efeito, sempre até agora os senhores autarcas repetiram até à náusea que fizeram maravilhas, que melhor era impossível e que são os maiores na sua categoria respectiva. Apesar de, a exemplo do que acontece com o actual mandato, nenhum dos intervenientes dispor de qualquer projecto credível. Quanto a recursos para implementar seja o que for, doravante o melhor será manter uma prudente reserva. É por isso auspicioso que finalmente alguém admita o óbvio, com coragem e realismo, única forma de procurar eficazmente trilhar novos caminhos. Há sempre uma primeira vez.
Parece-me natural que Graça Costa tenha sentido necessidade de manifestar a sua frustração, uma vez que considera ter sido eleita "para melhorar a vida das populações". A verdade porém é que nesta terra se esbanjaram até agora sem tino cerca de 20 milhões de euros, em obras de muito duvidosa utilidade e prioridade, à excepção do saneamento básico. Pois mesmo assim, a população não beneficiou, bem ao contrário. Apenas passou a pagar mais uma taxa de saneamento e outra de tratamento de esgotos, por um serviço que antes lhe não era directamente facturado.
Algo de "muito substancial" durante o próximo ano? Só se for a demissão em bloco do executivo, como forma de reconhecer o óbvio fracasso e de assim estancar a sucessão de asneiras de toda a ordem. A não ser isso, esperam o quê? Com que planos? E há verbas disponíveis?
É voz corrente em todas as bolsas de valores que "as árvores nunca crescem até ao céu". Da mesma forma, na política e na economia, o tempo do crescimento continuo acabou. Agora vamos todos ter de aprender a gerir a penúria. Cada vez mais acentuada.
Em Outubro próximo haverá eleições autárquicas. Pela primeira vez, os candidatos que ousem dizer a verdade aos eleitores, apenas poderão prometer-lhes que tudo farão no sentido de travar o mais possível a degradação inevitável das condições de vida de cada um. Não há escapatória possível. Infelizmente.

Um retrato nada lisongeiro

Já votou? >>>

Eis como nos vê o Correio da Manhã de hoje. O resto, o desemprego, a desertificação, o desmazelo, a falta de limpeza, a ineficácia dos eleitos, isso já nós conhecemos.

Correio da Manhã, 26/12/2012, página 21

Autarquia, leis, património e caracóis



O texto anterior, sobre a classificação do Açude de Pedra como "de interesse público" parece ter surpreendido alguns leitores. Um deles até se manifestou espantado por eu ter mudado de opinião em relação aos anos 70 do século passado. Como se uma pessoa fosse de pedra.
Urge portanto esclarecer a coisa. Em tempos, uma habilidosa publicidade para certa marca célebre de relógios dizia que "O tempo é o que dele fazemos." Parafraseando, entre os anos 70 do século passado e a actualidade cheguei à conclusão que, infelizmente para todos nós, em Portugal "As leis são o que delas fazemos". No limite, algumas chegam mesmo a servir para tudo, menos para aquilo que determinou a sua entrada em vigor.
Aqui em Tomar, por exemplo, abundam os casos legislativos que em vez de protegerem o património ou os cidadãos, apenas prejudicam aquele e causticam estes. Só quem nunca teve nada de seu, nem teve de recorrer aos serviços de obras e urbanismo do município é que ainda ignora a árdua via sacra administrativa a que nenhum utente escapa. Geralmente com uma pequena componente legal e muito abuso de poder à mistura, tendo em vista objectivos muito afastados do espírito e da letra da Lei.
Na floresta de Leis, decretos-lei, decretos, portarias, regulamentos, despachos, PDM e posturas municipais, os que têm mundo põem-se a sonhar com os ingleses, povo feliz sem Constituição nem bilhete de identidade, nem cartão de eleitor, nem cartão de contribuinte, nem floresta legislativa a dar para tudo e para mais alguma coisa.
Exagero? Olhe que não! Ainda não há muito tempo, noticiaram os jornais locais, o Município de Tomar, através do seu executivo, indeferiu o requerimento de um munícipe que pretendia instalar e explorar, num terreno seu, uma lecicultura = criação de caracóis para consumo humano. Fundamento legal de tão insólita decisão: a legislação em vigor (PDM? RAN? Condicionamento Industrial?) impede a instalação de pecuárias a menos de 500 metros de casas de habitação. Ora, como as criações de caracóis são consideradas pecuárias, por serem poluentes, a câmara indeferiu. E o assunto morreu, como quase sempre ocorre nesta terra, cujos habitantes são regra geral conformistas até à medula, pelo que acham tudo muito natural. Até as maiores barbaridades administrativas.
Ao ler a notícia em causa ri-me para dentro, dada a comicidade da analogia caracóis = pecuária = bois, vacas e etc. Mas continuei a matutar, acabando por resolver um daqueles enigmas vocabulares que me atazanava o espírito: Sabendo-se que em francês caracol = escargot, porque razão em provençal, outrora língua do sul da França e actualmente variante dialectal do francês, caracol = cagouille? Não sendo esse o seu objectivo, mas tendo em conta que as leis e outras decisões são o que delas fazemos, a deliberação camarária acabou por responder à minha dúvida: caracóis = escargots = cagouilles = cagões. E merda já por cá temos até demais. Foi portanto feliz a decisão camarária em questão. Ou não?

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Mais uma triste notícia

Escolha aqui >>>

Foto O Templário

Segundo O Templário online, a Direcção-Geral do Património Cultural decidiu classificar o Açude da Fábrica, também conhecido como Açude de Pedra, "de interesse público". Ignoro o encaminhamento que terá conduzido a tal desfecho, que considero mais uma má notícia para Tomar. E uma iniciativa nefasta para a futura recuperação da nossa terra. Além de ser muito estranho que o velho Açude de Pedra só agora, mais de 40 anos após o encerramento da Fábrica de Fiação e numa altura em que as  suas instalações já foram saqueadas, venha a ser considerado de interesse público, parece-me óbvio que se trata de mais uma armadilha anti-Tomar.
Como bem sabem todos os proprietários e todos os investidores, foi sobretudo a partir do momento em que o centro histórico nabantino foi classificado, que se acelerou a sua desertificação e subsequente ruína. Porque terá sido?
A nossa Constituição garante o direito de propriedade, no seu artigo 62º. Contudo, tal direito apenas obriga a pagar o IMI e o IRS sobre as rendas. Quanto ao resto, praticamente nada se pode fazer sem a prévia autorização da burocracia autárquica. Que em Tomar é de altíssimo gabarito. Abundam os casos em que os pobres requerentes aguardam durante anos que suas altezas tenham a grandeza de alma (?) de despachar os processos. 
Assim sendo, está-se mesmo a ver para que irá servir a nova classificação do Açude de Pedra, outrora praia fluvial das camadas populares tomarenses, que ainda não tinham afigurações, não armavam ao pingarelho nem iam para o Algarve a crédito. Vai ser usado apenas para sacanear algum incauto que se arrisque a pretender empreender algo naquela zona. Só pode.
Há burócratas tão tapados que ainda nem sequer perceberam uma evidência elementar: Mesmo as galinhas dos ovos de oiro precisam de alimentação, água e alojamento para continuarem a pôr. Quando por excesso de cobiça lhes confiscam ovos. alimentação e água, põem-se ao fresco. Vão-se em  demanda de paragens mais clementes. Exactamente o que já fizeram há muito os investidores mais evoluídos. Entenderam finalmente?!?!?
Na política como na economia, nada sucede por mero acaso. E não é com vinagre que se apanham moscas.

É a crise, é a crise

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Sabemos que a crise é sobretudo europeia, mas o Japão também não está nada bem e os Estados Unidos interrogam-se. Enquanto nesta margem do Atlântico, vá-se lá compreender porquê, se continua a negar que o nosso caso  seja idêntico ao da Grécia -excesso crónico de despesa pública- por essa Europa fora as camadas pensantes procuram indagar das causas do seu e nosso infortúnio.
O Le Monde solicitou a uma série de personalidades mundiais que explicassem sucintamente a ideia que têm da França actual. Segue-se a posição de Steven Laurence Kaplan, professor de história europeia na Universidade de Cornell (Nova Yorque).

"Vocês estão agarrados a um modelo que já não funciona"

"O que penso da França em síntese? Resposta inevitavelmente esquemática. Começo pelas boas notícias, que agradam aos americanos a viver em França. Globalmente os franceses não são favoráveis ao porte de armas e por isso não têm de enfrentar sucessivos e horríveis massacres. Também não têm de negociar constantemente com Deus, omnipresente nos estádios, nas televisões, nas reuniões públicas ou nos parlamentos. Beneficiam de um largo consenso sobre a protecção social, ancorado no visão da solidariedade e da dignidade do homem, totalmente ausente no meu país. Mesmo sabendo que doravante o Estado não pode fazer tudo, não insistem em rebaixá-lo sistematicamente. Mesmo sem laivos de Robespierre, continuam a acreditar na política. O meu presidente -mais centrista não pode haver- é com frequência acusado de socialista, termo injurioso por estes lados, como sabem. É um risco que o vosso presidente não corre; quando muito será acusado por alguns de social-democrata.
Enfim, no horizonte, se tiverem realmente ânimo para tanto, perfila-se já a perspectiva de uma Europa forte, plenamente integrada, fiscalmente harmonizada (Depardieu e outros que se ponham a pau), um verdadeiro país do mel.
Agora as más notícias. Vocês estão desesperadamente agarrados a um modelo que já não funciona, tanto nas escolas como nos hospitais ou nos arrabaldes. Na escola primária, a aprendizagem da leitura funciona mal; na Universidade têm de repensar totalmente o primeiro ciclo, para não perderem os estudantes; ao nível da investigação avançada têm de abandonar essa obsessão nefasta da tabela de Xangai. Há também grandes dificuldades para assumir a heterogeneidade, nomeadamente cultural e religiosa. O excessivo culto republicano impede a aceleração da formação de burguesias magrebinas e negras. Falsa boa ideia, as 35 horas foram uma catástrofe jacobina que continua a onerar pesadamente a economia. Havia necessidade de um presidente "normal", após a "histerização" do mandato anterior, mas o presidente Hollande parece dirigir o país como geria o PS: com hesitações, prudência excessiva e a ideia fixa da síntese.
A oposição, necessária no jogo democrático, esfarrapa-se publicamente, enquanto que o fiasco de Florange evidencia em simultâneo as divergências no seio do governo e a desindustrialização, drama  socio-económico e perigo estratégico.
... ... ...
Não há em França praticamente crescimento económico e o desemprego é assustador (sobretudo entre os jovens), o que vai obrigar a renunciar a políticas francamente keynesianas, como forma de reduzir o défice público abissal. O que vai ser penoso, pois manifestamente os franceses não estão prontos para as grandes reformas, que de resto os políticos não ousam promulgar.
Seria pouco elegante mencionar a compra do Paris Saint Germain - PSG, por um emir do Qatar, ou do "Château de Gevrey-Chambertin", por um chinês. Não admira por isso que, de acordo com as sondagens, os franceses sejam campeões do mundo de pessimismo. O que se calhar explica os sucessivos récordes de consumo de anxiolíticos, neurolépticos e hipnóticos.
Mesmo não acreditando já nas alvoradas radiosas, o herdeiro das luzes que continua no âmago de cada francês também não o levará tão cedo a cantar o "No futur", dos Sex Pistols."

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Crónica natalícia

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Mesmo a propósito

Esta notícia do JN vem mesmo a propósito. Isto porque estamos em véspera de Natal, que o mesmo é dizer de mais uma comemoração do nascimento de Jesus em Belém. Tal como Ele, cada um de nós tem a sua terra natal, o seu berço, a sua terra-mãe. Mas nem todos aceitam a sua sorte. Alguns preferem eleger a sua origem natalícia, adoptando como sua uma determinada urbe, mais pequena ou mais importante.
No que concerne a Tomar, de acordo com os nabantinistas Alfredo Maia Pereira e Fernando Araújo Ferreira, quem aqui nascia podia depois vir a ser, consoante a sua idiossincrasia, tomarense, tomarensista, tomarista ou tomarudo. Geralmente, os metecos, cidadãos nascidos alhures que escolhiam Tomar para viver, passavam a ser tomarensistas, se adoptados pelos tomarenses grados, ao tempo a clientela do Café Paraíso.
O tempo foi passando, o Mundo foi mudando, o Zé Bumba e o Papa-Figo já não estão entre nós. É pena. Porque entretanto o conhecido intelectual José Augusto França se proclamou recentemente "tomarense esdrúxulo", designação original ainda por integrar na taxonomia nabantina. Como se tal não bastasse, surge agora o cidadão Brasilino -licenciado pela Universidade de Aveiro aos 81 anos- com uma nova categoria gentílica: "natural de Tomar, mas aveirense" (cf. texto da ilustração supra).
Com tais novidades taxonómicas e pelo caminho que as coisas levam, tanto no país como nesta minha amada terra, espero não vir a ser obrigado um dia destes -quando isto se afundar- a declarar-me tomarense de origem, mas parisiense...

sábado, 22 de dezembro de 2012

Mazelas tomarenses

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 Mais uma visita ao território da antiga paróquia de Santa Maria do Castelo e mais uma mágoa. Tanto dinheiro deitado à rua! A cafetaria está pronta. Os sanitários ficam por baixo. Um dos potenciais concorrentes à concessão já se queixou: "Assim não interessa nem ao menino Jesus! As pessoas podem ir às casa de banho pelo lado de fora e sem fazer despesa!" 
Fosse isso o pior, pensei eu, pois o remedeio é fácil. O mais grave  é que o edifício não tem capacidade suficiente para acolher grupos de 55 pessoas, a lotação normal dos autocarros de turismo. E quando chegarem dois ou mais quase ao mesmo tempo, está-se mesmo a ver que vai ser o bom e o bonito!
É no que dá confiarem tais projectos a gente que de turismo percebe tanto com eu de física nuclear.



As obras da Envolvente ao Convento, que tudo indica terminarem só lá mais para o Verão, incluem uma nova rede de iluminação do Castelo dos Templários. Já quase terminada e em funcionamento, padece do mesmo defeito da anterior. Transforma o maior monumento multi-épocas do país numa espécie de cenário de cartão. É outra vez o mesmo problema: Quem fez o projecto não conhece minimamente aquele Património da Humanidade, nem se deu ao trabalho de uma visita prévia. O resultado está à vista. Ou antes, não está à vista senão de dia. Esta perspectiva, por exemplo, de noite desaparece. Conclusão: Quem veja o castelo iluminado, fica sem vontade nenhuma de o visitar, por julgar que não há nada que valha a pena no interior das muralhas.


Quando se fala em falta de limpeza, desmazelo, abandalhamento, os senhores eleitos tendem a disfarçadamente assobiar para o lado. Os tempos são de vacas pele e osso, a mão de obra é caríssima e a câmara está na penúria. Pois aqui fica mais este testemunho da Calçada de S. Tiago, recentemente requalificada e principal acesso pedonal ao Convento de Cristo. Se não houver outra solução, ao menos que o município compre uma duas ovelhas e uma ou duas cabras, que logo tratarão do problema. Se houver quem as leve até ao local, tarefa difícil porque é a subir... 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Casinhas nos telhados

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Muitos portugueses já ouviram falar de Champigny e do seu bairro da lata, no qual viveram dezenas de milhares de compatriotas nossos nos anos 60/70 do século passado. Cinquenta anos depois, muita coisa mudou, como relata esta reportagem do Le Monde:

Arquitectura
"Em Champigny-sur-Marne, o urbanista Edouard François assinou um singular e extraordinário programa de realojamento social, cuja arquitectura atravessa as épocas."

"Em Champigny-sur-Marne (Val de Marne), as sete casinhas nos telhados deverão receber os primeiros habitantes na próxima Primavera."

"Em Champigny-sur-Marne, na cintura sudeste de Paris, todos conhecem já "as casinhas empoleiradas nos telhados dos prédios". Basta perguntar. Como o antigo imóvel de betão tinha de ser destruído para dar lugar a uma creche, este programa de realojamento social assinado por por Edouard François deu muito que falar na zona. "Parece que andou um cachopo a empilhar Legos e que depois o pai resolveu fazer o mesmo", declarou uma vizinha a um jornal. Pelo contrário, outros moradores mais circunspectos reconhecem que o projecto tem permitido que o bairro dos Mordacs ganhe fama, o que lhes agrada.
O arquitecto, urbanista e designer, escolhido pela sociedade Paris-Habitat, fala de "colagem" e até de "caos urbano". Segundo nos disse, há que imaginar um imenso tsunami, capaz de encavalitar uma "barra" dos anos 1970, estilo Movimento modernista, em cima de uma fiada de prédios arrabaldinos e, finalmente, colocar em equilíbrio no topo um cacho de pavilhões típicos dos anos 1980, com persianas em madeira envernizada e ferragens algo barrocas. Previsto para uma centena de famílias, o programa é uma espécie de resumo histórico das três idades do habitat do século XX. "Foi preciso reconciliar modelos urbanos que em geral não se falam", resume o arquitecto.
Edouard François não foi buscar esses modelos longe dali. Num contexto de arrabalde "nem bonito nem feio e eventualmente sem interesse,o problema de "fazer centro" de modo feliz e positivo exigia portanto uma resposta radical", acrescentou. A proposta, cujo resultado faz rir -o que é muito bom tratando-se de um conjunto arquitectónico habitado- não se resume no entanto a um mero exercício de estilo gratuito. Trata-se, segundo o autor, de estilização. Se o conjunto é composto por uma "barra estilo barra" e "pavilhões estilo pavilhões", a série de construções ao nível da rua foi tratada de modo diferente.
Para "conseguir fazer centro da cidade, há que qualificar os primeiros níveis com matéria", solicitando os peões a cada dez metros e multiplicar as entradas. A partir do passeio são nada menos de seis, algumas prolongadas por escadas que permitem aceder aos andares superiores. Exactamente o oposto do programa da ZAC Rive Gauche, em Paris, na qual por causa do tamanho dos estabelecimentos e da parte administrativa, o movimento urbano tarda em acontecer.
Apesar da sua complexidade, o projecto de Champigny não originou quaisquer problemas de construção. Todos os elementos do conjunto são em betão. O que difere é o tratamento das superfícies exteriores (cinzento para a barra, bege para os pavilhões, revestimento de telhas e/ou zinco para os prédios arrabaldinos) que permite criar a ilusão de um conjunto de construções compósitas.
Apesar de tudo, esta extravagância arquitectónica não ficou mais cara ao dono da obra. Todo o projecto recorreu a acabamentos em conformidade com os custos dos alojamentos sociais. Nada de supérfluo, por conseguinte, mas cada alojamento responde às exigências actuais de conforto e de economia energética. O aquecimento de todo o conjunto é assegurado por meios geotérmicos.
Os alojamentos, todos a atravessar, dispõem nas traseiras de espaços exteriores..."

Jean-Jacques Larrochelle, Le Monde, 19/12/2012, página 29


Sondagem Final

Vote na sondagem final >>>


1 - O tira-teimas global

Nas sondagens anteriores os leitores escolheram só entre os possíveis candidatos de determinada formação política. Agora, efectuada essa primeira selecção, chegou a hora do confronto eleitoral final. Escolha na lista ao lado aquele dos dez presidenciáveis que julga merecer a sua preferência. O seu voto é muito importante para todos os responsáveis políticos locais. Para uns porque lhes poderá facilitar a escolha de um cabeça de lista em função da preferência dos eleitores, entre os quais você. Para outros, porque nunca é tarde para emendar erros, ou para escolher outro cavalo antes da corrida decisiva.

2 - O prometido é devido

Desta vez resolvi incluir o meu nome na lista dos votáveis. Fi-lo por dois motivos: A - Porque em tempos anunciei que tinha um plano para Tomar, mas que só avançaria se os tomarenses precisassem de mim. Acrescentei que a seu tempo poderiam manifestar livremente a sua opinião a meu respeito. Chegou essa oportunidade. B - Vários leitores, quase todos sob anonimato ou pseudónimo, não se coibiram de me acusar de cobardia, por nunca me submeter a votos. Aqui está a resposta.

Sondagens de Tomar a dianteira

Sucesso dos Independentes por Tomar


As cifras finais aí estão, que não permitem interpretações equívocas. Esta terceira sondagem monopartidária alcançou um assinalável êxito, com 733 votos, graças à extraordinária capacidade de mobilização revelada pelos partidários da formação política liderada por Pedro Marques. Recorde-se que o PS apenas conseguiu 217 votos e o PSD 623. Outro dado significativo é o baixo número de votantes indecisos, com "Outros"  a ficar-se pelos 86 sufrágios = 11%, contra respectivamente 35% para os socialistas e 29% para os social-democratas.
Outro aspecto a destacar é a elevada percentagem alcançada por Pedro Marques ( 345 votos = 47%), o que se pode explicar pelo facto de se tratar de uma formação exclusivamente local e liderada pelo seu fundador. Constitui mesmo assim um excelente indicador da popularidade do ex-presidente de câmara, em termos de "ser conhecido no concelho". Deve-se no entanto ter em conta que ser conhecido pode não ser tudo nem sequer o principal. Tudo depende dos motivos que estão na base desse conhecimento. Basta atentar no inesperado resultado de José Soares (150 votos = 20%), um dissidente dos IpT, cujas relações com Pedro Marques já conheceram melhores dias, pelo que a referida votação pode também representar um velado protesto anti-Pedro Marques.
Com metade dos votos de José Soares, Graça Costa conseguiu ainda assim um resultado que não deslustra, antes pelo contrário. Sobretudo quando se tem em conta que grandes nomes da política local, como Rosa Dias, João Simões e José Vasconcelos se ficaram por magras duas dezenas de votos.
Uma nota final sobre a fiabilidade destas sondagens. Trata-se, como já aqui foi referido anteriormente, de auscultações ao leitorado de Tomar a dianteira, uma parte importante do qual é composta por cidadãos que vivem e votam noutros concelhos e até noutros países. Convém ter sempre presente este dado. Da mesma forma, sendo certo que cada utilizador apenas pode votar uma vez com o mesmo DNS, nada impede as campanhas a favor deste ou daquele candidato, desta ou daquela formação. A audiência diária normal de Tomar a dianteira  tem sido de 450/500 visitantes, mas durante esta sondagem variou entre um máximo de 881, no dia 11 e 680 ontem, com bastantes frequentadores de fora do concelho.
Esta terceira sondagem monocolor é a última com tais características. A próxima será global e terá por título O tira-teimas final. Até lá!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Análise sucinta da imprensa local

Até às nove horas ainda pode votar >>>




Apenas um peça a merecer análise mais detalhada, na imprensa local de hoje. Trata-se da entrevista a Ivo Santos, professor e empresário, ex-vereador e ex-PSD, antes anunciado cabeça de lista do CDS à câmara de Tomar. A frase escolhida pelo Cidade de Tomar para manchete, "Tomar só pode ter futuro se houver um acordo entre as forças que suportam o governo", é muito oportuna, soa bem, mas carece de demonstração, pois é evidente que pelo menos os socialistas e os pedromarquistas não concordarão decerto.
Bem mais interessante e hábil, politicamente falando, é este inesperado jogo de cintura do ex-vereador social-democrata: "Avançarei como candidato pelo CDS, se o PSD inviabilizar uma coligação, ou apresentar candidatos com os quais não nos identificamos. Neste caso, o CDS apresentará uma candidatura aberta, que aceitará militantes e simpatizantes também do PSD... ...Muitos militantes do PSD estão disponíveis, já manifestaram a sua intenção no sentido de darem o seu contributo, para que os valores de Tomar sejam fiel de balança no município."
Bem jogado, sim senhor! Em termos simples: O PS já tinha um competidor voraz chamado IpT, o PSD acaba de conseguir algo equivalente, caso não se saiba portar à altura. "Quem com ferros mata, com ferros morre." 
A dez meses das autárquicas, os eleitores nabantinos assistem assim ao aparecimento de um muito curioso contexto. Cada uma das três formações do executivo poderá vencer, caso consiga coligar-se, hipótese mais plausível no que concerne ao PSD, precisamente aquele que menos possibilidades tem de vencer, tendo em conta o seu passivo acumulado. Considerando que por banda do par PS/IpT, as hipóteses de união são praticamente nulas, uma vez que ambos os líderes exigem a primazia, tudo depende dos social-democratas. Conforme já escrevi anteriormente, com ou sem coligação, o PSD pode vir a vencer, se antes souber navegar em função do real estado do mar. Com um candidato independente, equidistante das capelinhas, apaziguador, susceptível de conseguir votos à esquerda e com um projecto denso mas adequado, nada está perdido de antemão. Agora se insistirem em gente filiada e/ou comprometida com a miséria a que isto já chegou, adeus minhas encomendas. Teremos de vir a aturar outra vez Pedro Marques. Agora numa conjuntura mais de fugir do que de aproveitar, como a seu tempo se verá. Fica aqui o registo, para que depois ninguém possa dizer que não foi prevenido em tempo útil...

Adenda
Haja alguém com coragem e estatuto para explicar ao pessoal d'O MIRANTE que no nosso país já não existem chefes de família desde os anos 80 do século passado. Apenas casais com iguais direitos. Mesmo nos redutos do marialvismo serôdio, tipo Fajarda.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O que falta fazer

Apenas mais algumas horas para votar >>>

Do que por aí vou ouvindo, cheguei à conclusão que os nossos políticos locais continuam sem ter consciência plena da situação política futura, particularmente na segunda metade de 2013. Uma vez que à esquerda do PSD todos têm a certeza de ir no sentido da História, pelo que estão cheios de razão seja qual for o assunto, o que segue destina-se aos social-democratas e afins, que queiram ter a humildade de ler e pensar um bocadinho.
Além da previsível e muito forte erosão eleitoral provocada pela crise nacional e internacional, teremos em Tomar as sequelas da desgraçada política autárquica dos últimos quinze anos, cujos efeitos nefastos estão agora à vista de todos. Nestas condições, nem a actual maioria relativa, nem as formações oposicionistas presentes no executivo têm qualquer interesse em assumir o passado. Pelo contrário. Se e quanto mais o fizeram, mais votos perderão, por motivos óbvios. 
Sob um outro ângulo, uma vez que nas últimas autárquicas PS e IpT obtiveram praticamente o mesmo número de votos, a haver um enorme derrocada eleitoral do PSD, como a priori se prevê, a que se junta a evidente fractura dos socialistas, com Vitorino e Ferreira desavindos, quem poderá proclamar vitória? Os IpT, pois claro! A não ser que o PSD consiga terminar atempadamente e com êxito os seus "Trabalhos de Hércules". Quais são eles?
O primeiro e o principal é designar um candidato consensual, equidistante das duas actuais capelinhas em compita, estranho ao que está para trás e com gabarito susceptível de convencer o eleitorado tomarense, maioritariamente da terceira idade, logo desconfiado em relação aos jovens da era do facilitismo. Esta designação do cabeça de lista pressupõe a resolução prévia de duas outras tarefas. Uma é a de conseguir um "poiso" digno para o presidente Carrão. Outra é obter que Miguel Relvas aceite encabeçar uma última vez a lista laranja para a Assembleia Municipal, a meu ver a única maneira de não vir a abandonar Tomar magoado com os tomarenses, porque com o sentimento de haver sido escorraçado. O que seria péssimo para o devir desta terra. 
Feito tudo isto, que já não é nada pouco, restará então debater e redigir um programa substantivo e em conformidade com os novos tempos de vacas pele e osso. Conseguirão? Cá contamos estar para ver e comentar.

Mais uma sacanice

Resta um dia para votar >>>




Diz o povo que "Quem não tem padrinhos, morre pobre". Pudera! Vivemos no país da sacanice. Mais refinada ou mais tosca, há de tudo e para todos os gostos. Nem os ministros escapam, como se tem visto. Noutras terras e noutros países, as diversas instâncias de poder estão para servir os cidadãos. Em Portugal nem tanto. Regra geral, considera-se que os cidadãos é que devem servir o poder. Segue-se mais um exemplo, daqueles que dão vontade de bater com a cabeça nas paredes, para não dizer outra coisa.
Um conterrâneo, daqueles nados e criados no núcleo histórico e que amam realmente esta terra, resolveu mandar reabilitar um velho prédio, de traça modesta e comum, ali na Rua do Pé da Costa de Cima (ver fotos). Cumprindo a tradição, passou as passas do Algarve para conseguir as sucessivas autorizações e licenças, que a burocracia nabantina é do melhor e do mais complexo que existe neste país à beira-mar plantado.
A dada altura, após meses e meses a aguardar, foi autorizado a demolir o miolo, devendo manter as fachadas do prédio. Assim se fez. O resultado foi que as paredes exteriores, de blocos de terra compactada (adobes), não resistiram ao tempo e acabaram por ruir (ver foto). Entretanto, munido da respectiva licença, o proprietário, residente nos Açores, encarregou uma empresa tomarense de fazer a obra. Choveram dificuldades, por causa da ocupação da via pública, e mais isto e mais aquilo. O costume...
Agora, com os toscos praticamente concluídos, o dono da obra foi mais uma vez forçado a deslocar-se ao continente ...porque o IGESPAR resolveu processá-lo judicialmente, pretextando que mandou demolir as fachadas ilegalmente. É falso, como já vimos, mas que importa? Está-se mesmo a ver que apenas se procura sacanear mais um honrado cidadão, de modo a virá-lo contra a autarquia, contra o governo e contra qualquer forma de autoridade. Porque a triste realidade é esta: Agora que o prédio está estruturalmente pronto, respeitando a traça anterior, que pretendem as toupeiras do IGESPAR? Que se ressuscite a anterior construção? Se é o caso, o melhor será ir rezar a Fátima, em vez de se entreterem a tentar arranhar "as alegrias" dos cidadãos. Valeu?

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Esclarecendo

Vote!>>>

Queixam-se alguns alguns leitores, via email, de não perceberem quais os inconvenientes das candidaturas de Anabela Freitas e Carlos Carrão. Outrossim dos perigos de uma eventual vitória de Pedro Marques. Se bem percebo, trata-se dissimuladamente de tentar deitar gasolina no fraco fogo da luta política local. Seja como for, segue o esclarecimento possível.
Como ponto prévio, é indispensável esclarecer que por estas bandas não estão de forma alguma em causa os cidadãos Anabela Freitas, Carlos Carrão ou Pedro Marques, enquanto tais e com iguais direitos aos de todos nós. Aqui debatem-se, criticam-se ou apoiam-se políticas, evitando tanto quanto possível fulanizar as questões. Dito isto, tal como cada um de nós, Anabela Freitas é, quer queira quer não, ela própria e a sua circunstância, isto é, o contexto em que age. Donde resulta que os seus inquestionáveis predicados (tomarense, mulher, jovem, desempoeirada, inteligente, diplomada, política, socialista e companheira de Luís Ferreita) são para muitos dos seus concidadãos outros tantos defeitos. Mesmo se, por razões óbvias, o não admitem publicamente. Contudo, na altura de fazer a cruzinha no boletim de voto, nunca falham. Quantas mulheres já lideraram na política nabantina? Qual a experiência do PS nessa área?
Da mesma forma, o cidadão Carlos Carrão representa nesta altura muito, ia a escrever a quase totalidade, daquilo que os tomarenses reprovam. Numa curta frase, os 18 milhões de euros gastos em vão. É em simultâneo a personificação da continuidade política dos desastres anteriores, nomeadamente nas obras da Levada e nas da Envolvente ao Convento. Para mais, o seu alardeado apego ao poder e a sua ânsia de continuar, cheiram a esturro a muitos conterrâneos.
Porque assim é, caso o PSD nabantino queira mesmo evitar uma pesada derrota em Outubro próximo, terá de providenciar no sentido de evidenciar uma clara ruptura entre o que está para trás e os novos candidatos. Carlos Carrão não é portanto de modo algum o candidato ideal, nem pouco mais ou menos. Será antes, nesta altura, um embaraçoso trambolho político.
Sobre os perigos de uma eventual vitória de Pedro Marques, esclareça-se desde já que tal interpretação é do leitor interpelante. Tomar a dianteira nunca sustentou que haja algum perigo na vitória de seja quem for. Desde que as eleições sejam limpas, e sempre o foram até ao presente, todos os vencedores são legítimos e devem ser saudados como tal. Já quanto às políticas, cá estaremos para as avaliar. Mas perigo não há. Apenas riscos de más opções. Inconvenientes da democracia.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Linda festa de Natal no Lar de S. José

Já votou? >>>

Tudo é político, mas a vida não é só política. Sábado passado houve festa linda e comovente no Lar de S. José, para os séniores, os juniores e os infantis. Este vosso criado lá foi, fazendo companhia à descendência, como adiante se verá.
Gostei do que vi e do que ouvi. Apenas desgostei da temperatura demasiado elevada no salão. Certamente consequência da junção do aquecimento central com o calor humano reinante. Ainda assim valeu a pena. Aqui fica uma pequena reportagem fotográfica. Parabéns aos dirigentes e ao pessoal do Lar de S. José! Feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos!


 Um aspecto do amplo salão de festas, que estava cheio.

Uma conhecida glória tomarense dos matraquilhos no União de Tomar, na sede da Rua dos Moinhos. O amigo Gaspar, Schiafino para os íntimos.

O conjunto de música popular do Lar de S. José, na altura em que usava da palavra um dos seus dirigentes benévolos.

 Outra vista geral do salão, em sentido oposto ao da anterior.

 O António, neto deste vosso escriba.

 Outras crianças das creches da instituição, com as dedicadas educadoras.

Vejam bem o que faz o Natal cristão! O Rebelo, que para alguns é o diabo, transitoriamente avô do  Menino Jesus.





                         
 Neto observador e avô babado.

O pessoal da casa, muito animado na despedida musical, cantada em coro.

Finalmente a vingança de Pedro Marques?

Restam 3 dias. Vote! >>>

Numa entrevista de quase hora e meia à Rádio Hertz, a qual pode ser ouvida aqui, Pedro Marques mostrou-se, pela primeira vez desde que regressou à política, convencido e convincente. Respondendo a Vítor Melenas e João Damásio, rejeitou qualquer coligação pré-eleitoral, mas mostrou-se aberto a conversações posteriores. Criticou fortemente o PSD, a que atribuiu a principal responsabilidade pela crise local, mas não isentou o PS, culpando-o pelos dois anos de falsa coligação, que mais não foram, na sua opinião, que uma questão de interesses pessoais. Noutro passo, estranhou a original posição de Anabela Freitas, que se declarou aberta a coligações, colocando porém como condição prévia e intransponível a sua liderança.
Assim amolgados eleitoralmente os adversários, o antigo presidente apresentou soluções plausíveis para alguns dos grandes problemas locais, casos do acampamento do Flecheiro, do Bairro 1º de Maio e do Mercado. Pode ou não concordar-se, como é natural, mas revelou assim estar preparado em relação a algumas das grandes mazelas locais. Pena é que não tenha conseguido ser tão convincente -nem lá perto- no que se refere ao financiamento dessas e doutras iniciativas municipais.
Visivelmente já convencido das suas reais hipóteses à 3ª tentativa, não se esqueceu o ex-alcaide nabantino de um dos seus principais trunfos -os funcionários municipais, entre os quais avultam aqueles que lhe devem os lugares que ocupam. Fez-lhes longos e rasgados elogios, certamente a pensar também nos quase dois mil votos que representam.
Deu-se até ao luxo e à franqueza de assumir que os IpT concorrem para ganhar, tendo citado as impressões muito favoráveis que vêm recolhendo junto da opinião pública local. Conquanto não tenha admitido que será ele o cabeça de lista, lá foi dizendo noutra passagem que não teria qualquer problema em ser segundo numa lista encabeçada...pelo Dr. Jorge Sampaio!
Citando uma fórmula há pouco usada por António Lourenço Santos, criticou o modus operandi dos partidos todos, dependentes de Santarém ou de Lisboa para as principais decisões locais, enquanto que os IpT são livres, apenas dependem de si próprios, defendendo "princípios e valores", em vez de cartilhas partidárias.
Deduz-se destes 84 minutos de conversa amena que Pedro Marques, amparado no seu já considerável traquejo político, apesar de o não admitir abertamente, encara como muito possível e natural a sua futura vitória eleitoral, caso se confirme que Anabela Freitas será a candidata do PS e Carlos Carrão o do PSD. Para que isso possa acontecer, resta-lhe apenas, o que não é nada pouco, 1 - Conseguir uma lista convincente; 2 -Apresentar um programa credível e articulado; 3 - Assegurar financiamento para uma campanha com adequados meios humanos e materiais. Se tiver sorte em tudo isto, pois ainda é demasiado cedo para considerar que "les jeux sont faits, rien ne va plus", então 2013 poderá mesmo ser o ano da almejada vingança de Pedro Marques, em relação aos que o afastaram do PS no século passado. Cá se fazem, cá se pagam?

domingo, 16 de dezembro de 2012

Mazelas tomarenses

Não se esqueça de votar >>>

Notícias Magazine, 16/12/12, página 82

Que tem o bife dos Açores a ver com as mazelas tomarenses?!? Pelo menos aquilo que se vai tentar demonstrar. Ora faça o favor de ler o documento com atenção. Já está? Então terá reparado decerto neste excerto: "De resto, eu teria gostado de uma decoração mais elegante e de uma manutenção mais higiénica. E também não me teria desagradado ser atendido com um pouco mais de savoir faire, para não dizer deferência. Mas esse não é um problema do Aliança, nem sequer de Ponta Delgada. É, infelizmente, um problema dos Açores."
Como bem sabe, maneira simpática de dizer o oposto, a colonização dos Açores foi iniciada pelo senhor Infante D. Henrique. Com gente da sua casa, oriunda de Tomar e da zona de Castelo de Vide, diz-nos o  cronista Zurara. Não admira portanto que naquele arquipélago falte qualidade, designadamente higiene e atendimento decente, como acontece em Tomar. Há coisas que mesmo com o tempo nunca mudam! É excelente para os tradicionalistas, mas péssimo para os visitantes. E sem visitantes...