Correio da Manhã, 10/12/2012, página 29
Diário de Notícias, 10/12/2012, página 12
Nos tempos em que ainda se tertuliava nos cafés, mormente por não haver ainda TV, era norma o uso de algum vocabulário comum, que se transmitia de geração em geração. Não é o local nem o momento para dissertar sobre esse assunto. Contudo, o tema acima noticiado implica algum conhecimento, ainda que sumário, dessa giria tomarense.
Segundo Cartaxo da Fonseca e Nini Ferreira, quando se fala da população da cidade, convém sempre destrinçar entre metecos, tomarenses, tomaristas e tomarudos. Os metecos davam-se em tempos, quando havia fartura, muito bem por estas paragens, uma vez que, segundo as fontes citadas, "Tomar sempre foi madrasta para os seus filhos e mãe generosa para os metecos sabidos." Os tomarenses, aqueles que, contentes por aqui terem nascido, acham que isso lhes traz direitos mas também algumas obrigações, deviam ser o grupo cada vez mais amplo, mas não. São cada vez menos. Fica para outra altura a respectiva explicação. Quanto aos tomaristas, são os que trazem sempre Tomar ao pescoço, como se fosse uma medalha, quando se trata de reivindicar isenções ou outros privilégios "porque temos o Convento de Cristo, Património da Humanidade, e foi daqui que se iniciaram os descobrimentos portugueses". Restam os tomarudos. A esmagadora maioria. Basta olhá-los, para os identificar. Para eles, rir-se, mostrar boa cara, ser cordato ou apoiar, são outros tantos crimes. São contra tudo e contra todos, inclusivé contra si próprios. Resumindo, são os nossos conterrâneos trombudos e desprovidos de sentido de humor.
Todo este intróito para tornar mais claro para os leitores que os tomarudos devem estar agora a esfregar as mãos, quiçá até a preparar-se para lançar foguetes. Miguel Relvas, presidente da Assembleia Municipal e ministro adjunto do primeiro-ministro já deu o primeiro passo para se desvincular desta terra que elegera como sua. Na próxima consulta eleitoral já não fará campanha nem votará em Tomar. Ficam assim os "profetas da desgraça", também conhecidos como o "pessoal do quanto pior melhor", sem o seu inimigo de estimação. O que significa que já falta pouco para finalmente caírem na real: Não estamos em crise por causa de Miguel Relvas. Estamos em crise porque desde o 25 de Abril ainda não abrimos os olhos; o que nos tem levado a eleger cada encomenda...
2 comentários:
Com todo o respeito pergunto, sem ofensa, Que raio de "panca" é esta de adjectivar com "Tomarudos", "Tomaristas", daqui a nada "Tomaréis", "Tomarinos" e o que mais possa vir.
Mas indo à questão: "Miguel Relvas, presidente da Assembleia Municipal e ministro adjunto do primeiro-ministro já deu o primeiro passo para se desvincular desta terra que elegera como sua."
O infelizmente ministro e ainda mais infelizmente pres. da A.M.T. e para desgraça deste país, adjunto com poder moral e "marionetal" do P.M., só planeou da sua vida comprar um único bilhete de ida para Lisboa, mas esperou pacientemente pela melhor locomotiva, teve sorte que a avaria de seu nome Ferreira Leite passou ligeira e toca de apanhar o próximo TGV rumo ao que sempre quis, poder pelo poder.
Daí o "elegera", pretérito que para ele,é muito mais-que-perfeito, de facto a subserviência sobre os ditames sociais-democratas no feudo de Tomar deu frutos, ou melhor, é como o anúncio, "deu-lhe asas".
Mas tem razão, estamos assim desde '74, mas pior ficamos desde essa hierarquia suserana que dá pelo nome de PSD-Tomar.
SR. A. Rebelo, é que não me espanta nada, nem vejo razão para tal. Pois que se M.R. votasse noutro candidato aí sim, era um espanto, se votasse em Tomar, era igual ao litro, seria só pelo trabalho de mudar a residência (e nem vou falar de residências...).
Em Tomar?
PSD? É o mesmo que tocar acordeão defronte da estátua de D. Gualdim na esperança que ela dance.
PS? Para casamenteiro, já temos a Teresa Guilherme na TVI. (já que pelos vistos, são os próprios a afirmar que o seu programa não "presta", já que a coisa só vai lá com falinhas mansas, leia-se casamentos, leia-se pseudo-coligações e, por falar nisso, o PS também já se revelou muito eficaz nos enlaces que aceita...).
Para finalizar, não é preciso ser "profeta" para ver o futuro ainda mais negro, até um optimista fervoroso vê isso.
Por mim a equação é simples:
Quanto mais PSD maior a hecatombe nabantina, quanto mais o PS se comporta assim, maior o peso do PSD.
Sinteticamente, nem PS nem PSD (que aliás nos governam de 1974, curioso não é?).
Não adjectivei. Limitei-me a relembrar termos outrora usados, nomeadamente pelos tomarenses ilustres que mencionei.
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