terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Por aí?!?!

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Leio no site da Hertz que "Anabela Freitas questiona Ministro da Economia sobre investimentos no concelho". Se fosse outro político local, nem tomaria a iniciativa de redigir este comentário. Cada cidadão é livre de cometer os disparates que entender. Tratando-se porém de Anabela Freitas, presidente da CPC do PS nabantino, deputada municipal, candidata à câmara tomarense e deputada substituta na AR, por quem tenho estima e muita consideração, o caso muda de figura.
Já aqui foi escrito anteriormente que um dos grandes inconvenientes das novas gerações é o relativo desconhecimento do Mundo e o facto de serem em geral produtos do facilitismo. Com esta sua iniciativa, a líder do PS local acaba de confirmar isso mesmo. Vejamos. Na actual crise financeira internacional, Portugal a Grécia e a França integram o grupo daqueles países em que o problema fundamental é a respectiva dívida pública, que não pára de crescer, apesar de severas medidas de austeridade. Nestas condições, torna-se indispensável suprimir as gorduras do estado ou, numa linguagem mais suave, redimensionar o sector público, procurando bem entendido salvaguardar as suas missões essenciais (saúde, educação, segurança pública...). Em qualquer caso, reduzir acentuadamente a fatia orçamental do Estado, de forma a poder num segundo tempo baixar impostos, contribuições e outras taxas, condição básica para a retoma económica, que só pode ser liderada pela iniciativa privada, o único sector criador de valor acrescentado. Não se trata de posições ideológicas, mas de simples constatações de mero bom-senso.
Acresce que a época das grandes obras públicas, com dinheiros de Bruxelas, já lá vai. E não volta. As infraestruturas estão concluídas (estradas, hospital, politécnico, escolas secundárias, escolas básicas, quartel, pavilhões, etc. etc), pelo que não se vê onde possa agora investir o Estado. Em fábricas de funcionários públicos?
Num tal contexto, vir uma importante dirigente partidária e deputada da república, dizer a um ministro assumidamente liberal que "o investimento público e o apoio do Estado são fundamentais para o desenvolvimento e o crescimento económico", resvala para a anedota. Sobretudo quando mais adiante se pergunta quais os investimentos públicos previstos para o concelho de Tomar. Se eu estivesse no lugar do ministro, tinha uma resposta sucinta e imparável: Boa pergunta, senhora deputada! Diga-me lá, por favor, onde é que Tomar precisa de investimento público?
Procurar mostrar serviço e fazer propaganda partidária, são actividades legais e louváveis. Contudo, induzir em erro os eleitores, levando-os a acreditar que a triste situação em que se encontram é da exclusiva responsabilidade deste governo, pelo que só ele pode vir a resolver o problema, não é moralmente aceitável, podendo até vir a provocar no futuro reacções menos esperadas. Mesmo o poeta popular António Aleixo, que era quase analfabeto, já percebera isso, na primeira metade do século passado:                                     

                                                  Vós que lá do vosso império
                                                  Prometeis um mundo novo
                                                  Lembrai-vos que pode o povo
                                                  Q'rer um mundo novo a sério                             
                                                                       

Convém por isso não exagerar, que os tempos estão cada vez mais difíceis para todos. Tanto à esquerda como à direita.

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