sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Mesmo a propósito

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Quando no texto anterior escrevi que os membros do executivo falam, falam, falam, mas nada decidem, num inquietante exercício de imobilismo, disfarçado com parlapié só para ir mobilando, ainda não tinha lido esta notícia sobre a reunião camarária de ontem. Que vem mesmo a propósito ou, usando uma consagrada expressão popular, "cai que nem sopa no mel".
Relata a Hertz, cujos colaboradores, por dever de ofício, são forçados a  assistir àqueles longos monólogos "para encher chouriços", que é como quem diz para fazer de conta, que a dado passo o presidente Carrão submeteu à apreciação dos seus pares a poblemática dos telemóveis pagos pela autarquia. Acto contínuo, Pedro Marques lastimou que só agora, no final do mandato, este assunto venha à discussão. Acrescentou que cabe ao presidente decidir sobre telemóveis, sendo certo que há excessos.
Luís Ferreira aproveitou para esclarecer que a maior parte da despesa mensal com comunicações (entre 4 e 5 mil euros = entre 800 e mil contos) não provém de telemóveis, mas de transmissão de dados. Voltou a defender que em vez de restringir, o presidente deve providenciar no sentido de ser feita uma renegociação dos contratos em curso.
Numa clara atitude de divergência em relação ao seu colega de partido, José Vitorino mostrou ter feito o trabalho de casa ao apresentar um projecto de limitação de equipamentos que gostaria de ver debatido. Infelizmente não teve sorte. O documento acabou por ficar a aguardar melhor oportunidade, posto que o presidente resolveu retirar o assunto da ordem de trabalhos, sem qualquer avanço substantivo.
Graça Costa ainda aproveitou para uma picardia, acusando os eleitos PS de "birra", ao que Vitorino retorquiu pedindo ao presidente para ser mais directivo na condução das reuniões.
Assim vamos! Eleitos bem pagos, e outros com substanciais senhas de presença, insistem em transformar as sessões camarárias numa espécie de inconsequentes conversas de café. Como se tudo corresse pelo melhor, no melhor dos mundos possíveis, diria o filosófico e voltairiano Pangloss. Só de pensar que vamos ter de aturar tais conciliábulos estéreis e respectivas consequências, pelo menos até Janeiro de 2014, até fico arrepiado...
Bem sei que não vou à missa. Mesmo assim, parece-me um castigo demasiado agreste.

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