sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A armadilha da Levada

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Perdeu-se uma excelente oportunidade

Como explica Hugo Cristóvão no seu blogue, de forma simples mas muito certeira, o megalómano e mal alinhavado pesadelo da Levada, mais não é afinal que um enorme ponto de interrogação. Uma armadilha para papalvos e uma tentação para oportunistas de toda a ordem. Bem vistas as coisas, não há projecto algum, ninguém sabe com rigor o que fazer de tudo aquilo. Fala-se de "complexo museológico" e de "museu polinucleado", mas ignora-se exactamente qual o conteúdo de tais conceitos. Isto para já não falar dos múltiplos problemas nunca abordados até agora, que vão da segurança aos recursos humanos e do estacionamento às normas museológicas. Um pequeno exemplo: De acordo com as normas europeias, todas as instalações museológicas abertas ao público devem dispor obrigatoriamente de: portas pára-fogo, escadas de largura proporcional à superfície total das instalações, rampas para deficientes, corredores de visita e plataformas para conferência, devidamente vedadas. Alguém consegue imaginar tais recursos na moagem? E na central eléctrica? Há projectos para isso? Outro óbice: todo o interior da moagem é em madeira, com elevado risco de incêndio. Que sistema de protecção está previsto? Foram ouvidos os Bombeiros? E a Protecção Civil?
Inesperadamente, surgiu uma excelente oportunidade para resolver o imbróglio, de modo transitório mas prudente. Aproveitando a insolvência da empresa encarregada da obra, podia a autarquia ter aproveitado para anular o contrato, pagando o já efectuado, após o que se concluiria o que falta da 1ª fase: completar o telhado da central eléctrica e colocar portas e janelas em todo aquele conjunto. Depois, deixar a apurar, aproveitando para reequacionar todo o empreendimento, à luz das novas condicionantes. Foi a decisão tomada em relação ao novo mercado pelo executivo PS de Abrantes, perante a insolvência do mesmo empreiteiro.
Demonstrando que afinal são todos farinha do mesmo saco, os sete membros do executivo tomarense resolveram ao contrário. Deslumbrados pela cobiça dos fundos europeus, perante o precipício resolveram saltar resolutamente. Aprovaram a transferência da empreitada para outra empresa, indicada pela entretanto insolvente. Lindo serviço! E se calhar ainda por cima estarão convencidos de que tomaram a decisão certa. 
Aproveitando a inesperada unanimidade, o presidente Carrão deu logo mais um nó, daqueles tipo rotunda, ex-estádio, pavilhão, parqT, mercado, envolvente ao Convento... Disse que há o problema das escavações arqueológicas do lagar que foi posto a descoberto, as quais não estão previstas no plano inicial, pelo que a autarquia vai fazer mais uma candidatura. Coisa para mais uns milhões a fundo perdido, na sua óptica. Por este caminho, quando escavarem os outros lagares e descobrirem em cada um vestígios semelhantes, certamente haverá uma nova candidatura a fundos europeus para cada um deles. Seguir-se-ão as candidaturas para;: 1 - Equipamento de todo o complexo; 2 - Contratação e treino do pessoal especializado indispensável ao funcionamento do complexo; 3 - Verba anual para pagamento de salários e outras despesas de funcionamento; 4 - Orçamento anual para promoção do complexo.
Se os responsáveis locais não conseguirem evitar que tal loucura prossiga, estamos perante um novo ParqT, desta vez superior a dez milhões de euros. Siga a dança, que a música pagam os do costume!

1 comentário:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

Um vivo, e bem à vista de todos, exemplo de má gestão autárquica. Várias vezes ao longo dos últimos tempos o Tomar a Dianteira vem denunciando este caso (entre outros).

Estes casos só são possíveis porque falta uma imprensa local responsável, capaz de os trazer à primeira página, com persistência, para ajudar a formar uma opinião pública interventiva.Uma imprensa local sem medo.