segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Leitura para a noite de Ano Novo


"Um quarto da população europeia ameaçada pela pobreza"

"Para evocar a situação dos países mais atingidos pela crise da zona euro, ninguém ousa ainda utilizar o termo tão angustiante de "depressão", usado durante a crise dos anos 30. Contudo, a situação de milhares de gregos, espanhóis, irlandeses, portugueses ou italianos apresenta contornos cada vez mais dramáticos. A recessão nalguns casos interminável (cinco anos na Grécia), acumulada com o desemprego de massa (mais de 25% na Grécia e em Espanha, acima de 15% em Portugal), a par com as medidas de austeridade que reduzem o formato do Estado-providência, provocaram o aparecimento de novas formas de pobreza.
A que é perceptível nas pequenas privações mas também, com frequência, nos verdadeiros sacrifícios. Os espanhóis reduziram os seus orçamentos de Natal. Muitos renunciaram já, em números récordes, ao uso de telemóveis: um total de 486 mil assinaturas foram interrompidas e o total de assinantes baixou 3,8% nos últimos 12 meses, segundo a Reuters.
Com um desemprego que atinge mais de metade dos activos de menos de 25 anos, os jovens espanhóis solicitam cada vez mais a ajuda paterna para conseguirem sobreviver. Quanto aos mais velhos, recorrem cada vez mais às associações caritativas, praticamente já sem mais recursos. No passado dia 14, o jornal EL PAÍS destacava um relatório publicado pela associação Intermon Oxfam ("Crise, desigualdade e pobreza"), alertando para o risco de pauperização cada vez maior do país. Segundo o estudo citado, até 2022 40% dos espanhóis -dois em cada cinco- estarão em situação de exclusão social. "Um nível tão elevado que serão necessárias duas décadas para que o país reencontre o nível de bem-estar anterior à crise", informava o jornal.
Entretanto, o consumo de produtos alimentares de baixo custo provocou um aumento da obesidade, enquanto que no vizinho Portugal 10.385 alunos de 253 do ensino público sofrem de carências alimentares, alarmava-se o Jornal de Angola, um quotidiano lido em Luanda, a capital da ex-colónia portuguesa, para onde emigram cada vez mais portugueses fugindo à crise.
Na Grécia, segundo um documento do Eurostat, publicado a 3 de Dezembro, quase um terço dos gregos (31%) estão em "situação de privação material severa", ameaçados pela pobreza e pela exclusão. O que significa viver com um rendimento inferior ao patamar de pobreza, fixado em 60% do rendimento mediano nacional, e/ou incapazes de pagar as facturas da vida corrente, como por exemplo o aquecimento.
Com a redução das despesas de saúde, uma percentagem crescente da população grega deixou de ter de facto assistência médica. Ao mesmo tempo que as falências e o desemprego atiram alguns para a depressão e a miséria. Desde há dois anos, os médicos de Tessalónica constatam o aparecimento de novas patologias ligadas à má alimentação das crianças. Enquanto em todo o país reaparecem doenças já esquecidas, como o paludismo ou a tuberculose (Le Monde de 27 de Novembro).
Igualmente na Grécia, a chegada do frio originou numerosos roubos de lenha, incluindo na mata protegida do Monte Olimpo. Para o Eurostat, o perigo é mais evidente nos países do sul da Europa, mas afecta igualmente o conjunto do Velho Continente. Em 2011, cerca de 120 milhões de pessoas encontravam-se em situação de privação, ou ameaçadas pela pobreza e a exclusão social, o que corresponde a 24,2% da população dos 27 países da União Europeia, contra 23,4% em 2010 e 23,5% em 2008.
A França, até agora relativamente poupada por esse flagelo (19% em risco de pobreza, de exclusão social, ou em situação de privação), é cada vez mais um país cuja população tem medo. No passado dia 7, o jornal Les Echos publicou os resultados edificantes de uma sondagem realizada pela CSA: quase um francês em cada dois (48%) considera-se "pobre" ou "a caminho da pobreza".

Claire Gatinois, Le Monde, 29/12/2012, página 11

Felizmente em Tomar, graças ao trabalho esforçado e profícuo dos políticos (em particular dos eleitos), ao empenhamento da população e à tradicional, atempada e eficaz solidariedade nabantina, não temos esse tipo de problemas.
Ninguém passa fome, toda a gente está bem alojada, não há desemprego nem encerramento de empresas, a população não dá à sola, não existe nenhum acampamento cigano com condições deploráveis e os sem abrigo dispõem de um albergue nocturno muito confortável.
Nem se percebe porque se sentem os tomarenses tão infelizes. Mau feitio, é o que é!

Um bom ano novo para todos, apesar de tudo!


Sem comentários: