domingo, 30 de junho de 2013

E se...?


A recente evolução dos acontecimentos ligados à pré-campanha eleitoral em Tomar parece demonstrar que estamos perante mais uma cagada nabantina. Dois factos indignaram particularmente os cidadãos tomarenses. Tanto os futuros eleitores como os que, como eu, não tencionam ir votar. Um foi a escolha para segundo do actual vice-presidente socialista da câmara de Abrantes, antes apoiante de António Paiva e agora, segundo a imprensa diária, ligado a um curioso negócio de compra pela autarquia de algumas oliveiras centenárias por um preço jeitoso, a familiares da socialista presidente da câmara. Ao que parece, as ditas oliveiras destinaram-se a um logradouro escolar. Pelo preço que custaram aos cofres municipais, o melhor será mandar a PSP vigiá-las, para evitar tentações.
O outro facto foi a indicação, por uma conhecida formação política local, de um futebolista reformado para seu mandatário. Um pontapé no bom-senso, uma bofetada na elegância, uma clara demonstração de ausência absoluta da noção de ridículo, segundo diversas fontes ouvidas por Tomar a dianteira.
Dando razão a quem assim pensa, sobretudo aos mandatários das outras formações, nesta altura decerto a meditar que mais vale só que mal acompanhado, quer-me parecer que as referidas reacções podem também ter uma outra dimensão.
Até agora, no país em geral e nas margens do Nabão em particular, o importante tem sido ganhar as eleições. Conseguido isso, o resto é só facilidades. Pelo menos na óptica dos reles candidatos que temos tido e vamos continuar a ter. Contudo, as recentes manifestações espontâneas, com destaque para o Brasil, o Egipto e a Turquia, tendem a mostrar que o clima político pode estar a mudar. Mesmo nas usuais pasmaceiras como Tomar. E se assim for?
Se assim for, os candidatos em liça no lamaçal tomarense podem muito bem vir a estar lixados. Sem ideias, sem propostas próprias, sem cultura económica e política apresentável, sem Mundo, se confrontados com substantivas manifestações populares, só lhes restará calçar os patins e pôr-se na alheta. Formulo desde já votos para que assim suceda. Seja qual for o vencedor, Tomar continuará a perder oportunidades. Porque quem ousa apresentar-se ao voto apesar de se saber pouco qualificado, também é capaz de bem piores tropelias. E os tempos que aí vêm serão bem mais exigentes para todos. Finalmente!

sábado, 29 de junho de 2013

Sobre emigração e informação

A acreditar na comunicação social portuguesa, a emigração tende a aumentar, tal como sucedeu nos anos 60-70 do século passado, agora com destaque para os jovens com diplomas universitários. Acontece contudo que a imprensa estrangeira relativiza o fenómeno, considerando mesmo Portugal um caso diferente:

"Diplomados do sul procuram emprego a norte"

"A Alemanha atrai jovens espanhóis, italianos e gregos, que fogem da penúria de empregos qualificados e bem remunerados"

"O movimento é ainda modesto, mas há claramente uma dinâmica que se acentua: a crise económica está a redesenhar o mapa dos fluxos migratórios intra-europeus. Jovens diplomados do sul do continente são cada vez mais numerosos a procurar os países mais prósperos da União Europeia. 
Desde a crise de 2008, os fluxos mais dinâmicos provêm de Itália e de Espanha. O afundamento das economias da Europa do sul reactivou uma emigração que quase acabara desde meados do século XX. Entre 2007 e 2011 a emigração italiana aumentou mais de 30%, a espanhola mais de 140% e a grega ultrapassou os 200%. Principal destino destes emigrantes -a Alemanha.
Nesta paisagem, os portugueses são um caso particular. A emigração lusa aumenta desde 2010, mas unicamente para a Suiça e para Angola, uma antiga colónia portuguesa que tem registado um forte crescimento económico desde há dez anos. Globalmente, em valor absoluto, a emigração portuguesa para os países da União Europeia até baixou 16%.
A principal novidade deste cenário, inimaginável há apenas cinco anos, é o fim da hegemonia do fluxo migratório Leste-Oeste. Até então, os países que forneciam mais candidatos à emigração eram a Polónia e a Roménia, com respectivamente mais de 320 mil e 530 mil saídas registadas em 2007. Estes emigrantes dirigiam-se sobretudo para quatro destinos: Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha.
De um modo geral, estes novos movimentos migratórios devem contudo ser relativizados. "Há um crescimento da emigração nalguns países, mas como se parte de pequenas quantidades anteriores, continua a tratar-se de algo moderado", esclarece o perito da OCDE Thomas Liebig. "As migrações provenientes de Itália, Espanha ou Grécia dizem respeito a 50 mil pessoas em média, em 2011", acrescentou. A título comparativo, apesar da sua relativa saúde económica, a Alemanha forneceu desde 2007 mais de 100 mil emigrantes anuais, designadamente para a Suiça e para a Áustria.
Por outro lado, tanto na Alemanha como em Espanha ou na Itália, a taxa de emigração não ultrapassa por enquanto um a três por mil da população total respectiva. Trata-se portanto de um movimento que nada tem a ver com os dois milhões de portugueses que emigraram nos anos 60 e 70, o que corresponde a 23% da população total.
No caso da Espanha, o movimento migratório para o norte da Europa poderá muito bem ser actualmente sobretudo o de anteriores imigrantes chegados aquando do boom económico do início do século XXI. De acordo com Thomas Liebig: Houve então uma vaga de naturalizações e, com a crise, alguns aproveitaram a livre circulação para se instalarem noutros países. 
Se desde 2007 os fluxos migratórios provenientes da Polónia e da Roménia diminuíram bastante (respectivamente 18% e 43%), não cessaram contudo completamente, continuando a ser, em volume, os mais importantes da Europa.
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Exceptuando um pequeno número de espanhóis e portugueses, a atracção dos europeus pelos países emergentes é também globalmente limitada. O único movimento importante observado, no que concerne a esses países, é o do retorno de Latino-Americanos residentes designadamente em Espanha.
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Elise Vincent, Le Monde, 28/06/2013, página 2

Os destaques coloridos são de Tomar a dianteira, tal como os cortes efectuados devido ao tamanho do texto original, que se encontram devidamente assinalados.


Apenas detalhes, mas...

Certamente para melhorar as condições de acesso ao nosso principal monumento (ou terá sido antes para sacar fundos de Bruxelas + as suas usuais escorrências por baixo da mesa?) a autarquia resolveu fazer filhos em mulher alheia. Gastou 200 mil euros na Mata, com a via pedonal para o Convento, as casas de banho com recepção e estas plantas ornamentais. Esquecidas nas traseiras das ditas instalações sanitárias, são agora o testemunho de que quando o tempo aquece, a água apetece. Se houver quem a forneça. Infelizmente ainda não há fundos europeus para custear a rega de plantas ornamentais. Mas, pelo caminho que as coisas levam, lá chegaremos.

As malfadadas obras junto ao Convento lá vão prosseguindo, ninguém sabe até quando. Aqui há tempos, pressionados pelos protestos, os senhores técnicos municipais condescenderam em mandar cortar na altura dos paredões e a coisa melhorou um pouco em termos estéticos. Infelizmente, agora rebaixaram a estrada, daí resultado que o paredão apresenta de novo uma cércea exagerada. Basta comparar com o alambor à esquerda. Impõe-se novo corte.

No ParqueT, a julgar pela foto, a autarquia lá terá acabado por perceber que os tempos não estão para sustentar burros a pão de ló ou seguranças a mastigar marmelada, mas pagos a peso de ouro.

São apenas detalhes, mas sem eles quem consegue entender cabalmente o conjunto?

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Enxerguem-se porra!

Mete dó e faz-me muita impressão a calma olímpica e triunfante de meia dúzia de aprendizes políticos nabões, quase todos sem fundo nem Mundo, que avançam para eleições sem sequer perceberem a nova realidade em que são e serão forçados a viver, a qual não vai ser mesmo nada agradável. Ao pensar neles não consigo impedir-me de compará-los com os cordeiros que por ai vão passando em camiões, rumo aos matadouros mais próximos.
É para tão inconscientes concidadãos que vai a tradução seguinte. Para que depois não possam dizer, respeitando a verdade, que ninguém os avisou atempadamente.

"Continua-se a contar com o regresso ao crescimento económico, mas esta crise é perene"

"Para o economista Stephen D. King, é chegada a hora das opções dolorosas, mas ninguém se resolve a optar"

WHEN THE MONEY RUNS OUT. THE END OF WESTERN AFFLUENCE, Stephen D. King, Yale University Press, 304 páginas, 18, 62 euros

ENTREVISTA

"Stephen D. King, chefe economista do banco HSBC, acaba de publicar um livro alarmante. When the Money Runs Out. The End of Western Affluence (Yale University Press, 2013). Nele considera que os países ocidentais nunca mais voltarão a uma situação de vacas gordas. A factura da crise continua por pagar e todos devem preparar-se para meter a mão ao bolso.

A tese do seu livro é que o crescimento económico nunca mais voltará aos países desenvolvidos com os mesmos níveis de outrora. Está assim tão pessimista?
Estou. Continuamos a prometer a nós próprios o regresso dos bons velhos níveis de crescimento económico. E os vários responsáveis políticos continuam a dizer que a retoma é já ali ao fundo da rua. Ora, se é verdade que o apoio activo dos bancos centrais evitou a repetição da Grande Depressão, tal não é contudo suficiente para restaurar o crescimento anterior, ao contrário daquilo que se esperava. Esta crise é perene. E as expectativas em matéria de pensões, de sistema de saúde e na área da educação, não poderão ser alcançadas, tal como acontece com os rendimentos antecipados pelos mercados sobre as obrigações e as acções.
Quando a sociedade reconhecer finalmente que a situação é pior que o previsto, haverá um processo de tomada de prejuízos. O qual conduzirá a um aumento significativo da idade da reforma, bem como a uma reformulação dos sistemas de saúde; ou a um efeito sobre o sector financeiro, provocado por bancarrotas; ou ainda a um aumento da inflação que vai pesar sobre toda a sociedade. Vai ser imperativo escolher. Todos resistem por enquanto, mas ninguém vai poder abster-se.
Como é que vê esse processo na Zona Euro?
Se se reestruturarem as dívidas da Europa do Sul, a Europa do Norte terá de pagar. Actualmente, a Alemanha nem quer pensar nessa hipótese, considerando não ser responsável pela crise. E são portanto os países do sul do velho continente que suportam sòzinhos a situação, ano após ano, mediante agressivas políticas de austeridade.
Politicamente é impossível continuar assim. Assiste-se à ascensão dos extremismos políticos, como a Aurora Dourada, na Grécia, ou a do separatismo, como na Escócia e na Catalunha. A situação actual encoraja o nacionalismo económico e político, como mostra o UKIP, um partido anti-Europa e anti-imigração, no Reino Unido. Cada qual devolve a bola e acusa os outros, tanto entre nações como no seio de cada uma delas.
Qual é então a saída?
A Alemanha tem de compreender que os países do sul se endividaram em excesso...porque ela própria lhes emprestou em demasia. O seu sucesso na exportação é excelente, mas o respectivo valor acrescentado não foi usado para investir além-Reno e aumentar os salários. Foi colocado no sul, por exemplo em títulos do tesouro gregos, até 2007. Sucede que, quando se investe ou se empresta, se correm riscos. Agora há que assumir. Ou os bancos vão registar pesadas perdas, devido à reestruturação das dívidas públicas, ou os contribuintes terão de as pagar, ou de arcar com o saneamento financeiro dos Estados. É apenas uma questão de escolha.
A inflação paralela dos preços e dos salários permitiu, durante os "trinta gloriosos" [1945-1975], tornar as dívidas menos pesadas. Porque não recorrer a isso uma vez mais?
Algumas redistribuições de rendimentos através da inflação são por vezes aceitáveis, outras vezes não. Entre 1950 e 1970 a geração dos baby-boomers estava a trabalhar e endividava-se para comprar casa. O aumento da inflação -com os salários indexados sobre os preços- era-lhes favorável. Mas para os reformados e pensionistas a inflação é desastrosa, pois em geral as pensões não estão indexadas. E os baby-boomers estão agora na situação de reforma. No Japão, o envelhecimento da população conduziu a uma inflação fraca.
Além disso, se a inflação acontecer unicamente nos países europeus mais endividados, o inevitável aumento dos custos salariais vai provocar-lhes perdas de competitividade. Para ter êxito, seria necessário que a zona euro adoptasse conjuntamente essa estratégia. Mas a Alemanha não vai nessa direcção. Prefere orientar-se antes para a reestruturação das dívidas soberanas.
O BCE dispõe dos meios necessários e suficientes para compensar as perdas do sector bancário?
Faço uma analogia entre o BCE e um decorador ou um pintor da zona euro. A instituição de Francfort decora as rachas, pinta-as para que desapareçam durante alguns meses. Mas os alicerces continuam frágeis... Todas as uniões monetárias que sobreviveram, adoptaram uma união política e  orçamental, capaz de gerir o processo de distribuição de prejuízos. Tal como nos Estados Unidos, seria necessário aceitar que os Estados sob assistência dos seus pares percam a soberania orçamental e fiscal durante o período de assistência. E conseguir os meios necessários para apresentar orçamentos equilibrados.
A economia tem ciclos ligados à inovação. A redução do crescimento é assim tão inevitável?
Tudo é incerto. O crescimento económico pode muito bem melhorar. Mas isso não depende só dos eventuais progressos tecnológicos. No passado, o crescimento beneficiou igualmente do incremento do comércio, da entrada das mulheres no mercado do trabalho e da expansão do crédito ao consumo.
Acontece que atingimos os limites. A dívida das famílias americanas representava 40% dos respectivos rendimentos anuais em 1950, mas é actualmente de 140%. A tecnologia vai portanto aumentar o nosso nível de vida, mas mais lentamente. Daqui para a frente, os países ocidentais têm imperativamente de concluir um novo contrato social, sendo ainda muito longo o caminho a percorrer para lá chegar."

Entrevista realizada por Adrien de Tricornot, Le Monde, 27/06/2013, página 7

A Grécia em Imagens - Meteoras

É um dos mais interessantes conjuntos monumentais da Grécia, junto a Kalambaka, a 300 quilómetros ao norte de Atenas.

As Meteoras são um conjunto de mosteiros encarrapitados nos pitões rochosos erosinados pelo tempo e por um rio, edificados nos séculos XIV e XV por religiosos anacoretas, que entre nós designamos por ermitas.

Chegou a haver 24 mosteiros, mas actualmente restam apenas seis, restaurados graças aos fundos de Bruxelas, posto que o conjunto mereceu a classificação de Património da Humanidade.

Embora actualmente já disponham de acesso rodoviário, até há pouco tempo os únicos contactos com o exterior e os abastecimentos...

 ...faziam-se por meio de cordas, poleias, roldanas e força braçal.


Situados próximo das localidades de Kalambaka, (13 mil habitantes) e Kastraki, (dois mil habitantes), os cinco mosteiros de ermitõese e um de ermitoas ainda não puderam beneficiar dos excelentes conhecimentos de alguns técnicos superiores da autarquia tomarense. Por isso ainda se podem ver vendedores ambulantes à entrada de cada um deles, tanto apeados como motorizados:

Apesar da crise, das obras e dos fundos de Bruxelas, cujas escorrências têm cegado tanta gente, esta foto documenta, sem margem para dúvidas, que ainda há gregos felizes. Pelo menos quando comparados com os seus homólogos tomarenses, um dos quais até tem uma carrinha apreendida pela autarquia. Bizarrias nabantinas...





O momento actual visto de fora

"Em Portugal até o patronato se impacienta com a política de austeridade do governo"

"Após dois anos de crise e de sacrifícios sem resultados visíveis, a fadiga e a impaciência aumentam entre os portugueses. Tanto entre os trabalhadores e os pensionistas, como doravante entre os próprios patrões: "É tempo de salvar o país da recessão e do abismo!", proclamaram na passada segunda-feira, 24 de Junho, as quatro organizações empresariais que representam os agricultores (CAP), o comércio e serviços (CCP), a indústria (CIP) e o turismo (CTP). Esta posição conjunta visa provocar uma reacção do governo de centro-direita, considerado às ordens da Europa.
Segundo estes dirigentes, o primeiro-ministro Passos Coelho obstina-se no prosseguimento de uma política de austeridade que é perigosa e que lhe é ditada pela troika, que representa os credores desde a ajuda financeira concedida na Primavera de 2011. "O governo tem uma bíblia - a política europeia. A experiência demonstra que não funciona, mas o governo continua como se nada fosse", enerva-se um dos representantes do patronato. "Tem de se reconhecer que alguma coisa falhou", alerta igualmente o presidente da CCP, João Vieira Lopes, no jornal Público da passada segunda-feira.
E é verdade que os sacrifícios não resultam. Pelo menos o suficiente. É verdade que as exportações aumentam (+ 17,5% em Abril, em relação ao ano anterior), mas representam o único motor da economia que funciona. O que não basta para sair da recessão, enquanto a dívida pública continua a aumentar (mais de 120% do PIB) e o o desemprego segue pelo mesmo caminho (18,2% da população activa).
Perante o que parece ser um flagrante malogro, os portugueses têm dificuldade em compreender a acção do governo, cuja popularidade cai a pique. Aceitam particularmente mal que as medidas de austeridade, reprovadas em Abril pelo Tribunal Constitucional, tenham sido transformadas em cortes que atingem directamente o Estado-providência.
Os empresários reivindicam uma mudança de estratégia: um plano de relançamento que os ajude, por intermédio da redução da fiscalidade, nomeadamente do IVA, mas que apoie igualmente o consumo, cada vez mais anémico. Criticando os esforços demasiado severos impostos à população, o patronato acaba por quase apoiar o apelo à greve geral, lançado pelas duas centrais sindicais para 27 de Junho. "Não é boa para nós, mas compreendemo-la. Estamos deveras preocupados", explica o representante de uma das organizações patronais. "O governo vai tomado medidas cada vez mais duras, sem diálogo e sem debate. Tais políticas já mostraram não produzir os efeitos desejados. Há que mudar", apoia Paula Bernardo, da UGT.
Tal como os sindicatos, os patrões não escolheram por mero acaso o momento para avançar com as suas reivindicações. O seu descontentamento alimenta-se também da fragilidade da troika, que chegou ao país na segunda-feira, para mais uma missão de avaliação. As divergências entre os seus membros são já do domínio público e o FMI, após ter reconhecido os seus erros, interroga-se sobre a pertinência da austeridade levada ao extremo.
"Chegamos na altura em que a austeridade começa realmente a ser dolorosa. E a situação não vai melhorar. O poder de compra vai baixar, mesmo para os que ainda têm emprego", constata Diogo Teixeira, administrador do fundo de investimento Optimise. "Há um cansaço generalizado e todos aproveitam o actual contexto europeu em que a austeridade é posta em questão."
Consciente da insatisfação generalizada, mas incapaz de liderar uma política de relançamento, o primeiro-ministro Passos Coelho prometeu, durante a recente visita de uma empresa, em Évora, que em caso de necessidade "o governo colocará a questão da revisão dos objectivos" do défice público. "Os empresários não estão mais preocupados do que o governo", acrescentou.
De acordo com os analistas, Portugal poderá pedir aos seus credores um objectivo de défice de 4,5% ou 5% do PIB, em 2014, contra os 4% actualmente previstos. Se tal for concedido, será a terceira correcção conseguida por Lisboa desde Setembro, confirmando que o país deixou de ser o aluno aplicado da troika, preferindo antes uns balões de oxigénio para acalmar uma população já no limite.

Claire Gatinois, Le Monde - Economie & Entreprise, 16/06/2013, página 3

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Aperta-se de novo o nó fatal

Le Monde - Economie & Entreprise, 26/06/2013, página 3
Evolução das taxas de juro da dívida pública a 10 anos. Da esquerda para a direita e de cima para baixo: Alemanha, Portugal, Irlanda, França, Espanha, Itália. À esquerda de cada gráfico a taxa de juro em 15 de Março 2013. A direita, a mesma taxa em 25 de Junho 2013.

"O brusco aumento das taxas de juro das dívidas soberanas põe de novo a Europa sob pressão"

">> O regresso aos mercados da Irlanda e sobretudo de Portugal corre o risco de ser mais complicado que o previsto"

"Da Europa à Ásia, passando pelos Estados Unidos, as taxas de juro das dívidas soberanas sobem vertiginosamente nos mercados. A tensão continua a aumentar desde as últimas declarações de Ben Bernanke: no passado dia 19, o presidente da Reserva Federal Americana (Fed) anunciou a próxima redução das medidas de apoio monetário à economia estado-unidense.
Este aumento geral das taxas de juro não poupa a zona euro. Atinge mesmo com particular intensidade as economias mais frágeis do sul da Europa, como a Espanha, onde a taxa de juro dos títulos a 10 anos ultrapassou, na passada segunda-feira, os 5%, pela primeira vez desde há três meses.
Esta nova situação poderá vir a complicar os projectos de Portugal e da Irlanda. Sob tutela financeira da Europa e do FMI, estes dois países estão actualmente dispensados de solicitar os investidores para a seu financiamento. Mas Dublin e Lisboa devem concluir os seus respectivos planos de austeridade dentro de alguns meses, regressando então plenamente aos mercados.
A situação é particularmente delicada no caso de Portugal, cuja taxa de juro para os títulos a 10 anos atingiu na terça-feira, 25 de Junho, pela manhã, os 6,6%, contra apenas 5,1% em Maio. Se o nervosismo dos mercados se mantiver, a dívida pública portuguesa, que equivale a 127% do PIB, poderá tornar-se rapidamente insustentável, numa altura em que o país continua mergulhado na recessão.
A pressão dos mercados de obrigações fez-se sentir em todos os grandes países. O rendimento a dez anos dos títulos do tesouro americanos atingiu na passada segunda-feira 2,6%, coisa nunca vista desde há dois anos. O nervosismo dos investidores propagou-se de resto às bolsas do mundo inteiro. Em Paris o CAC 40 registou o seu mínimo anual, abaixo de 3.600 pontos. Além dos projectos da Fed, um possível abrandamento do crescimento económico chinês, onde também há ameaça de redução da massa monetária, continua a alimentar inquietações."

Marie de Vergès, Le Monde-Economie & Entreprise, 26/06/2013, primeira página

Aspectos de Mikonos










O pelicano é o Petrus, sétimo na linhagem de mascotes da ilha, desde 1950.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Quanto mais se mexe na dita...


Na Praça Sintagma, frente ao Parlamento, ao lado do  evzoni de serviço. Não vá dar-se o caso de algum dos usuais caluniadores de serviço começar por aí a espalhar que afinal eu nunca estive sequer em Atenas. Não se consegue distinguir o rosto do soldado? Pois não, que o homem não se pode queimar. Mas eu, como já estou queimado há muito...

Lá como cá, os malditos fundos de Bruxelas permitiram chagas destas: sistemas de rega por aspersão que depois nem sequer funcionam. Porque o importante era sacar a maquia.
No Mouchão havia um sistema de rega totalmente ecológico, a partir da água da roda secular. Foi destruído e substituído por uma rede de aspersores que agora -quando funcionam- molham os incautos turistas. Foi mais uma obra paivina.

Na Acrópole de Atenas (12 euros cada entrada), o Partenon está assim. Perante semelhante barbaridade, apenas duas humildes interrogações: Sem volumosas lajes de betão nem pesadas gruas, como conseguiram os gregos antigos, séculos antes de Cristo, erguer semelhantes maravilhas? Se eles conseguiram, qual a real utilidade de semelhante estardalhaço técnico, milénios mais tarde?

Mal acabo de chegar é já há queixas. Lastimam-se alguns leitores, (apenas dois ou três), que "estão às escuras", pelo que solicitam escritos sobre a tristérrima realidade política local. Peço-lhes desculpa. A eles e a todos os restantes. Ainda impressionado com a homologia Grécia-Portugal no campo das desgraças, a confirmar que "as mesmas causas, nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos" (Lavoisier), tenho procurado abster-me de considerações políticas sobre o nauseabundo pântano tomarense. Logo que me preparo para começar, lembro-me do conhecido dito popular "Quanto mais se mexe na dita, mais mal ela cheira". E como a pestilência é já tanta...
Mas pronto. Concordo que o que tem de ser, tem muita força. Devidamente tapadas as narinas e desactivada a pituitária, mãos à obra.
Nesta altura do campeonato político local, convém dividir os intervenientes em diversas categorias, para melhor entendimento posterior. No meu entender, além dos clássicos competidores com hipóteses e dos simples "animadores de pista", desta vez convirá introduzir em cada um desses tipos três subdivisões: as figuras, os figurões e os figurantes. Quase 40 anos após o 25 de Abril, os eleitores nabantinos já serão assaz crescidos politicamente para identificar cada um deles, sem necessidade de que lhes faça um desenho.
Indo ao produzido até agora em termos de informação política aos eleitores, a situação não é brilhante. Quanto a planos, projectos, ideias = zero. Quanto a blábláblá, bastante. Por ordem decrescente dos resultados de 2009:
1 - O PSD mantém um rigoroso silêncio, apenas quebrado quando de todo em todo se impõe. Compreende-se. Procuram mexer-se o menos possível, temendo quebrar a pernada na qual estão sentados há mais de 15 anos. Por isso ainda nem sequer começaram a sua a sua pré-campanha eleitoral. Não há palavra de ordem nem cartazes. A demonstrar que os laranjas nabantinos tendem a confundir a pernada em que estão instalados com o "direito de pernada". O que não é bem a mesma coisa, como a seu tempo irão constatar.
2 - O PS parece ter adoptado o anexim "candeia que vai à frente, alumia duas vezes". Já tem cartazes e até um slogan, por sinal muito original: "Mudança - É agora!" Por acaso na campanha para as  presidenciais francesas do ano passado, o slogan do candidato vencedor, o socialista François Hollande, era "Le changement c'est maintenant" = A mudança é agora. Mas deve tratar-se de simples coincidência, sendo certo que até agora o novo presidente não mudou nada de substancial, apesar de repetidamente instado nesse sentido pela senhora Merkel.
Outra originalidade dos socialistas nabantinos foi a escolha do arquitecto Serrano (tomarense, ex-PSD apoiante entusiástico de António Paiva e actual vice-presidente da câmara abrantina), para segundo de Anabela Freitas. Tal como em 2009, o PS resolve assim avançar com um arquitecto tomarense, ex-PSD e com experiência autárquica. Antes Vitorino, agora Serrano. Com o mesmo treinador. O problema é que Abrantes tem indústria, mas não tem património monumental e em Tomar sucede exactamente o oposto. Como vai ser?
3 - Os IpT lá vão procurando fazer pela vida. Desta vez com o mote "A força da cidadania". O problema é que desde 2005 os tomarenses procuram debalde perceber quais as linhas de força da dita agremiação. Força da cidadania? Que força, que cidadania, se nem com maioria no executivo conseguiram alguma vez controlar uma desastrada maioria relativa PSD?
4 - BE, CDU e CDS? Sem quaisquer hipóteses reais, tendo em conta o evoluir da situação. Votar em qualquer deles será apenas uma questão de fé. Ou de crença, se preferirem. Permitirá "contar espingardas" uma vez mais. E apenas isso.

Cegos? Ou nem tanto?

Ante uma crise que não há meio de dar tréguas, à beira-Tejo sucedem-se as tentativas (até agora infrutíferas) para ultrapassar o evidente bloqueio político em que estamos mergulhados. Após a direita, mais ou menos encapotada, com os diversos movimentos ditos alternativos, a esquerda resolveu aproveitar a boleia. De Carvalho da Silva e Vasco Lourenço a Mário Soares e Rui Tavares, todos julgam que faz falta uma nova agremiação partidária canhota, como forma de levar o país para a frente.
Ou muito me engano, ou há por ali muito fingimento e demasiado calculismo. Porque não cabe na cabeça de ninguém minimamente dotado que tão ilustres massas cinzentas ainda não tenham percebido o essencial. Sendo certo que as diversas bíblias partidárias -particularmente à esquerda- se estão revelar face à crise escandalosamente obsoletas- o bloqueio político a que assistimos e que não conseguimos ultrapassar não provém só nem essencialmente daí. Resulta, isso sim, do absurdo colete de forças que é a Lei eleitoral que nos foi imposta e continua em vigor, a qual apenas visa perpetuar um monopólio partidário que já nada justifica. Faz lá algum sentido, em plena época de comunicação instantânea, obrigar os cidadãos contribuintes e eleitores a passar obrigatoriamente pelo prostituído crivo partidário, tanto para se candidatar como para votar? Alguma vez se referendou, ou pensou sequer em referendar, tão aberrante processo? Não seria muito mais rápido e eficaz acabar com semelhante espartilho? Os partidos seriam muito prejudicados? Pois seriam. E daí? O que queremos afinal? Partidos prósperos e monopolistas, que são também, por isso mesmo, alfobres de corruptos? Ou um país de todos e para todos, trabalhando afincadamente para ultrapassar as dificuldades que nos afligem?
A resposta cabe aos senhores de Lisboa, uma vez que, nas suas cabecinhas pensadoras, "o resto é paisagem".

terça-feira, 25 de junho de 2013

E a Grécia? Como é que está? - 2

Foi muito comentada por estas bandas a posição do presidente António Paiva, referindo não querer em Tomar turismo de pé-descalço. Os conhecidos "mochileiros" ou "caracóis". Como se no turismo a selecção pudesse ser feita de acordo com os absconsos critérios de cada autarca. Mas fica sempre bem e rende muitos votos afirmar que se pretende para qualquer burgo apenas turismo de luxo e nunca o de massas = grandes quantidades. O problema é que, posteriormente, para repelir os visitantes "pé-descalço", acaba-se por afastar igualmente os outros. Como sucede em Tomar.
Embora em crise, os gregos aceitam todo o tipo de visitantes, oferecendo-lhes um riquíssimo património histórico, muita praia, boa comida, simpatia, boas estruturas de acolhimento, folclore e sol com fartura. Daqui resulta o que as fotos seguintes mostram. Que começa a ocorrer igualmente em Lisboa, graças à nova política de turismo de António Costa, tendo como um dos principais objectivos o incremento das escalas de cruzeiros.
Contudo, cada um dos novos navios da especialidade é uma verdadeira cidade flutuante, com mais de três mil passageiros e perto de mil tripulantes. De forma que, ao atracar em cada porto, são necessários muitos autocarros para acolher todos os inscritos nos diversos circuitos. Geralmente entre 15 e 60, a 55 passageiros cada. Estão a imaginar a coisa aqui em Tomar? Com estacionamento onde? O novo parque junto à fachada norte do Convento dá para apenas 10. E os outros?
Entretanto vão olhando para as fotos e pensando se valerá mesmo a pena ir votar em Setembro...

Autocarros de turismo num dos parques de estacionamento de Santorini, uma ilha com 14 mil habitantes.

 Turistas numa das ruas da capital de Santorini.

 O calor aperta, a sede desperta... e há que aguardar a sua vez para se aliviar no WC!



Três aspectos da Ilha de Santorini

Um dos autocarros aguardando o regresso dos turistas. Na placa amarela o nº 16 e no para-brisas a indicação "English and Ind." = guia em inglês para clientes individuais (não englobados num grupo pré-organizado).
Bagagens aguardando embarque no Porto do Pireu - Atenas

E a Grécia, como é que está?

 Mercado do peixe na ilha de Mikonos

 Instalações sanitárias públicas em Mikonos

 Verga de uma porta antiga em Mikonos

Vendedor ambulante em Kusadaci,Turquia, junto ao castelo. Se fosse em Tomar, os técnicos da autarquia já teriam corrido com ele...

Aspecto da orla costeira em Kusadaci. Repare-se na limpidez da água...

É a pergunta sacramental: Correu tudo bem? Segue-se a inevitável: E a Grécia, como é que está?
Pois correu sim senhor. Lisboa-Milão-Atenas-Mikonos-Kusadaci-Creta-Santorini-Atenas-Kamena Furla-Kalambaca-Meteoras-Delfos-Corfou-Ítaca-Scorpios-Olímpia-Micenas-Corinto-Atenas.
Chegámos a Atenas a 13 de Junho. Dia de mais uma greve geral. Praticamente sem incidência no sector privado. Tudo calmo, tudo a funcionar.Menos os serviços públicos, claro. Lá como cá, os funcionários públicos julgam-se donos do país. A tal ponto que nestas nossas terras de Santa Maria nem sequer consegui perceber o que movera Samaras a encerrar bruscamente a televisão grega. Só já em Atenas a habitual leitura diária do Le Monde me esclareceu. Dado que a constituição grega proíbe o despedimento de funcionários, excepto quando ocorra a extinção do organismo em que estejam colocados, o primeiro-ministro grego não tinha afinal outra opção. Mas aqui em Portugal há coisas que não convém explicar,em prol da manutenção da mitologia pseudo-progressista.
Quanto às primeiras impressões da Grécia, clima agradável, população fraterna, alimentação semelhante à nossa, em mais variado. Ruas porcas, tal como em Tomar. Mas Atenas é uma grande cidade e Tomar cada vez mais uma aldeia decadente. Adiante...

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Velhos hábitos

 Foto 1- 2011

Foto 2 - 2013

A Rua do Pé da Costa da Cima é bem conhecida dos tomarenses. Trata-se  da única em toda a cidade cujos moradores só conseguem chegar a casa de automóvel passando antes por dentro do famoso ParqT, agora municipal, mediante a bagatela de quase sete milhões de euros. Como se isso não bastasse, os senhores autarcas, ao mesmo tempo que vão proclamando a necessidade de requalificar o património construído da cidade  antiga, nada fazem para facilitar a vida aos infelizes proprietários.
Como sucedeu com o imóvel acima. O dono viu-se envolvido com o poder judicial, accionado pelo defunto IGESPAR, entretanto integrado na DGPC, mas ainda a aguardar uma monda séria, designadamente no Convento de Cristo. Alegam que o esqueleto do prédio foi demolido, quando afinal ruiu. Tomarense dos quatro costados, o nosso conterrâneo não se deixou abater e mandou reedificar, uma vez conseguida a aprovação do projecto pela autarquia. 
Concluído o exterior (foto 2), solicitou à EDP que voltassem a colocar o candeeiro que se vê na foto 1. Qual não foi a sua surpresa ao receber, lá nos Açores onde reside, esta resposta lacónica e nada canónica: -"Roubaram o candeeiro!"
Fiel aos velhos hábitos do tempo do monopólio estatal e do quero, posso e mando, o empregado autor da resposta da agora empresa privada EDP nem sequer se deu ao incómodo de ponderar que, mesmo se houve roubo, (o que falta provar), o munícipe dono do prédio e autor do pedido nada tem a ver com o assunto. Ou agora os consumidores e os proprietários dos imóveis, além de pagarem o IMI e a energia a preços de queimar, também estão obrigados a vigiar a iluminação pública à borla?!
Deixem-se mas é de atitudes caricatas e ponham lá o candeeiro quanto antes!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Encontrar outro modo de vida


 Foto 1
Foto 2

Foto 3

Embora uns não entendam e outros não queiram entender, o que nestas linhas se tem procurado inculcar é a urgente e imperiosa necessidade de encontrar outro modo de vida aqui em Tomar. Porque o modelo do século passado, quase exclusivamente à sombra do Estado, esse está a mirrar irremediavelmente de dia para dia. De forma que o melhor, pareceu-nos, era aconselhar uma vez mais o retorno aos clássicos. O back to de basics dos anglo-saxões e respectivos seguidores. Tratem por conseguinte de ler ou reler quanto antes o evangelho do Gandanóia, que tem muito de aproveitável.
(Para o pessoal da esquerda pura, dura e sem mácula, fica desde já a promessa de se publicitar e comentar qualquer obra sobre a crise do Jerónimo, do Seguro ou do Louçã. Desde que apareçam, é claro!)
Entretanto, seria bom que os tomarenses, e os que se tomam por tal, descessem dos respectivos pedestais onde julgam estar, começando a ter em conta os contornos desta apagada e vil tristeza (Foto 3, colhida ontem frente ao Paraíso).
Deixem-se de "rumo certo", "mudança", "força da cidadania" e quejandos. Tratem mas é de elaborar quanto antes uma táctica e uma estratégia, ambas adequadas aos jogadores, aos treinadores e aos dirigentes que há em Tomar. Considerem que mesmo se, por grande milagre de Fátima, o União viesse a ser treinado pelo Mourinho ou pelo Guardiola, de certeza que, sem muitos reforços e novos dirigentes, nem mesmo assim conseguiria vencer a 1ª Liga.
E por falar em mudar de vida, Tomar a dianteira faz uma pausa até dia 24 do corrente. Estará para as bandas de Atenas, Olímpia, Mikonos, Corfu porque, se quem não sabe é como quem não vê, a inversa também é pertinente: quem não vê é como quem não sabe. O pessoal aqui do burgo é que teima em acreditar no contrário. Porque assim lhes convém. Mas sem Mundo...

terça-feira, 11 de junho de 2013

Revisitar Óbidos...


Revisitar Óbidos e chorar. Lágrimas profundas, pesadas e pesarosas. Quando se é de Tomar, se vive em Tomar e se ama Tomar bem do fundo do coração. Óbidos então. Aí está uma pequena vila que sabe viver do turismo. Impecavelmente limpa, amplos estacionamentos para automóveis e autocarros, instalações sanitárias numerosas, cuidadas, gratuitas e equipadas, dezenas de vendedores ambulantes, humildes e atenciosos logo à entrada, sinalização eficaz e suficiente, trânsito automóvel proibido dentro das muralhas, excepto para os residentes, devidamente identificados com um dístico no parabrisas. Comércio variado (bebidas, comida rápida, pastelaria, loiças, bordados, pintura, livraria...tudo aberto mesmo nos dias feriados). E turistas por todo o lado.
Não muito longe e com muito mais património visitável, Tomar é o exacto oposto. Os senhores autarcas dizem pretender desenvolver o turismo, ao mesmo tempo que tudo vão fazendo para enxotar os turistas. Numa evidente contradição a pedir uma urgente psicanálise. Acabaram com o estacionamento de autocarros de turismo junto à Várzea Pequena, destruíram as casas de banho do Mouchão e as do ex-estádio, entretanto transformado num reles campo de treinos de quinta categoria. Proíbem os autocarros de descer a estrada do Convento e depois lastimam-se que os turistas visitam o Convento sem vir cá abaixo. Deixaram encerrar o mercado tradicional há três anos e só agora resolveram mudar-lhe o telhado de amianto. Atravancam vai para três anos, com obras escanifobéticas, a envolvente ao Convento de Cristo, obrigando os turistas a sofrer as passas do Algarve em pleno Ribatejo. Impedem duas humildes vendedoras ambulantes de ganhar a vida frente à Porta de Santiago, apesar de as obras já ali estarem terminadas há meses e de uma delas ter cuidado durante anos gratuitamente das instalações sanitárias municipais da Cerrada dos Cães, entretanto encerradas pela autarquia. Que rica prova de gratidão do município!
Apesar de tudo isto, que não é mesmo nada pouco, ainda têm a desfaçatez de se apresentar novamente a sufrágio. Prometendo mundos e fundos, como é hábito. Pois não contem com o meu voto. Sei bem que sem partidos não há democracia. Mas sei igualmente, graças a um saber de experiência feito, que com estes partidos e este sistema eleitoral fechado, também não. Como de resto está escancarado à vista de quem não se deixe cegar por óculos partidários ou ideológicos.
Votar nas próximas autárquicas? Em quem? Porquê? Para quê? Para mim chega. Estou farto de ser aldrabado por incapazes, cuja principal qualidade é a pretensiosismo balofo.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Pascal tinha razão!


E tanto quanto se sabe, a desgraça é geral. Aqui em Tomar, infelizmente, se uns são nulos, outros não prestam e outros ainda não valem nada. Com uma agravante: de tão limitados que são, nem se dão conta disso mesmo. Pascal, pensador francês (1623/1662), tinha razão ao observar que, "um indívíduo que sabe ser burro, não é inteiramente burro". 
Para mal dos nossos pecados e de nós próprios, aqui pelas remansosas margens nabantinas é o que todos podemos ver, uma vez retirados os óculos ideológicos... Não temos mesmo sorte nenhuma!

domingo, 9 de junho de 2013

Teimosos!!!

 Foto 1 - 15/04/2012

 Foto 2 - 15/04/2012

 Foto 3 - 15/04/2012

 Foto 4 - 09/06/2013

Foto 5 - 09/06/2013

Se outras não tiverem, alguns dos senhores técnicos superiores camarários têm pelo menos uma qualidade -são teimosos até mais não. O ano passado, um temporal de fraca intensidade derrubou as pinheiras do parque de estacionamento da Cerrada dos Cães, plantadas em Março de 1960. Ficou só uma para amostra. Rbéubéu, pardais ao ninho, foi um azar, ninguém teve culpa nenhuma.
Verificações feitas, tal desastre ecológico resultou apenas e só da imprevidência dos projectistas das obras e dos senhores técnicos superiores que as dirigem, ao mandarem proceder ao rebaixamento do terreno. Basta ver com atenção as fotos 1, 2 e 3, tiradas em 15 de Abril de 2012.
Um ano e dois meses mais tarde, estamos novamente confrontados com a mesma asneira. Desta vez a vítima é uma da tílias junto à fachada norte -Fotos 4 e 5. No próximo temporal, lá vai ela. Se entretanto não tiver secado, ou sido substituída, para evitar "verrugas". 
E ao que nos foi dito, o pior ainda estará para acontecer, com o previsto rebaixamento da estrada e do parque de estacionamento para autocarros, junto à mesma fachada norte do monumento. Cujos alicerces não são tão fundos quanto se possa pensar. Aguardemos.
Apesar de tanta infelicidade (para não dizer outra coisa), o presidente da câmara lá vai renovando as sucessivas comissões de serviço, sem que se perceba porquê ou para quê. Manifesta falta de pulso, é o que é.