quinta-feira, 27 de junho de 2013

Aperta-se de novo o nó fatal

Le Monde - Economie & Entreprise, 26/06/2013, página 3
Evolução das taxas de juro da dívida pública a 10 anos. Da esquerda para a direita e de cima para baixo: Alemanha, Portugal, Irlanda, França, Espanha, Itália. À esquerda de cada gráfico a taxa de juro em 15 de Março 2013. A direita, a mesma taxa em 25 de Junho 2013.

"O brusco aumento das taxas de juro das dívidas soberanas põe de novo a Europa sob pressão"

">> O regresso aos mercados da Irlanda e sobretudo de Portugal corre o risco de ser mais complicado que o previsto"

"Da Europa à Ásia, passando pelos Estados Unidos, as taxas de juro das dívidas soberanas sobem vertiginosamente nos mercados. A tensão continua a aumentar desde as últimas declarações de Ben Bernanke: no passado dia 19, o presidente da Reserva Federal Americana (Fed) anunciou a próxima redução das medidas de apoio monetário à economia estado-unidense.
Este aumento geral das taxas de juro não poupa a zona euro. Atinge mesmo com particular intensidade as economias mais frágeis do sul da Europa, como a Espanha, onde a taxa de juro dos títulos a 10 anos ultrapassou, na passada segunda-feira, os 5%, pela primeira vez desde há três meses.
Esta nova situação poderá vir a complicar os projectos de Portugal e da Irlanda. Sob tutela financeira da Europa e do FMI, estes dois países estão actualmente dispensados de solicitar os investidores para a seu financiamento. Mas Dublin e Lisboa devem concluir os seus respectivos planos de austeridade dentro de alguns meses, regressando então plenamente aos mercados.
A situação é particularmente delicada no caso de Portugal, cuja taxa de juro para os títulos a 10 anos atingiu na terça-feira, 25 de Junho, pela manhã, os 6,6%, contra apenas 5,1% em Maio. Se o nervosismo dos mercados se mantiver, a dívida pública portuguesa, que equivale a 127% do PIB, poderá tornar-se rapidamente insustentável, numa altura em que o país continua mergulhado na recessão.
A pressão dos mercados de obrigações fez-se sentir em todos os grandes países. O rendimento a dez anos dos títulos do tesouro americanos atingiu na passada segunda-feira 2,6%, coisa nunca vista desde há dois anos. O nervosismo dos investidores propagou-se de resto às bolsas do mundo inteiro. Em Paris o CAC 40 registou o seu mínimo anual, abaixo de 3.600 pontos. Além dos projectos da Fed, um possível abrandamento do crescimento económico chinês, onde também há ameaça de redução da massa monetária, continua a alimentar inquietações."

Marie de Vergès, Le Monde-Economie & Entreprise, 26/06/2013, primeira página

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