terça-feira, 11 de junho de 2013

Revisitar Óbidos...


Revisitar Óbidos e chorar. Lágrimas profundas, pesadas e pesarosas. Quando se é de Tomar, se vive em Tomar e se ama Tomar bem do fundo do coração. Óbidos então. Aí está uma pequena vila que sabe viver do turismo. Impecavelmente limpa, amplos estacionamentos para automóveis e autocarros, instalações sanitárias numerosas, cuidadas, gratuitas e equipadas, dezenas de vendedores ambulantes, humildes e atenciosos logo à entrada, sinalização eficaz e suficiente, trânsito automóvel proibido dentro das muralhas, excepto para os residentes, devidamente identificados com um dístico no parabrisas. Comércio variado (bebidas, comida rápida, pastelaria, loiças, bordados, pintura, livraria...tudo aberto mesmo nos dias feriados). E turistas por todo o lado.
Não muito longe e com muito mais património visitável, Tomar é o exacto oposto. Os senhores autarcas dizem pretender desenvolver o turismo, ao mesmo tempo que tudo vão fazendo para enxotar os turistas. Numa evidente contradição a pedir uma urgente psicanálise. Acabaram com o estacionamento de autocarros de turismo junto à Várzea Pequena, destruíram as casas de banho do Mouchão e as do ex-estádio, entretanto transformado num reles campo de treinos de quinta categoria. Proíbem os autocarros de descer a estrada do Convento e depois lastimam-se que os turistas visitam o Convento sem vir cá abaixo. Deixaram encerrar o mercado tradicional há três anos e só agora resolveram mudar-lhe o telhado de amianto. Atravancam vai para três anos, com obras escanifobéticas, a envolvente ao Convento de Cristo, obrigando os turistas a sofrer as passas do Algarve em pleno Ribatejo. Impedem duas humildes vendedoras ambulantes de ganhar a vida frente à Porta de Santiago, apesar de as obras já ali estarem terminadas há meses e de uma delas ter cuidado durante anos gratuitamente das instalações sanitárias municipais da Cerrada dos Cães, entretanto encerradas pela autarquia. Que rica prova de gratidão do município!
Apesar de tudo isto, que não é mesmo nada pouco, ainda têm a desfaçatez de se apresentar novamente a sufrágio. Prometendo mundos e fundos, como é hábito. Pois não contem com o meu voto. Sei bem que sem partidos não há democracia. Mas sei igualmente, graças a um saber de experiência feito, que com estes partidos e este sistema eleitoral fechado, também não. Como de resto está escancarado à vista de quem não se deixe cegar por óculos partidários ou ideológicos.
Votar nas próximas autárquicas? Em quem? Porquê? Para quê? Para mim chega. Estou farto de ser aldrabado por incapazes, cuja principal qualidade é a pretensiosismo balofo.

Sem comentários: