Este cartaz eleitoral vítima das intempéries ilustra cabalmente a actual situação no PSD nacional. Há uma ruptura muito nítida entre a maioria dos militantes e Manuela Ferreira Leite. PP Coelho e Miguel Relvas, afastados das listas para o parlamento sem modos nem maneiras, estão quase vingados. Quase. Ainda falta a decisiva etapa -a vitória nas directas. Até lá, Miguel Relvas agora fora da AR pela primeira vez em 20 anos, anda inseguro e algo agreste. O que se compreende, que a situação está longe de ser cómoda, ou sequer clara. Tanto a nível nacional como local.
Em recentes declarações à Rádio Hertz, em tom que nos pareceu um pouco exaltado, repetiu que só continuará na Assembleia Municipal de Tomar, caso venha a ser eleito presidente, mas mudou de justificação. Agora já não pensa ter direito ao lugar por ter sido candidato a ele, como afirmara anteriormente, mas porque venceu as recentes autárquicas. Parece-nos de certo modo peculiar tal argumentação, sabido como é que na verdade não foi só ele, nem sobretudo ele, que venceu as eleições. Prova disso é que a lista por si encabeçada obteve menos 33 votos que a lista de Corvêlo de Sousa, quando no PS sucedeu exactamente o inverso - foi Hugo Cristóvão que obteve mais 260 sufrágios que José Vitorino. Simples detalhes sem importância ? É o que falta apurar. Para já, aparecem como aquelas nódoas de café em camisas brancas -abalam logo uma boa reputação.
Relvas ainda está muito a tempo de emendar mais uma vez a argumentação, já que tanto a tomada de posse dos membros do executivo, como a eleição do presidente da AM, terão lugar na próxima segunda-feira, a partir das 17 horas. Pode ser que aproveite para avançar com a única vantagem real de que dispõe: a sua experiência de 12 anos no exercício do lugar ao qual agora se candidata mais uma vez. Mas terá de adoptar um ar mais humilde. De bater a bola baixo...
Além desta questão da presidência do parlamento local, e a ela estreitamente ligado, há o problema à priori assaz complicado da falta de maioria absoluta no executivo municipal. Qualquer das duas forças da oposição, ou até mesmo ambas, podem resolver a situação, naturalmente mediante contrapartidas. As tais gamelas segundo a terminologia portuense. O problema é que para o PS e/ou para os Independentes será uma jogada totalmente no escuro, ao não disporem de informações completas e incontroversas sobre a real situação do município, designadamente em termos de projectos e de finanças. Nessas condições, embarcar na gestão de um ou mais pelouros, de um ou mais serviços, fará com que deixe de haver real alternativa democrática em Tomar em futuras eleições, que poderão eventualmente não ser daqui a quatro anos. Quererá a oposição correr esse risco ?
Se nestas autárquicas muitos eleitores já votaram segundo o velho princípio "Como é tudo a mesma... ...vale mais votar na que está e cujo cheiro já é conhecido", imagine-se que consequências poderá ter, a médio prazo, uma coligação a dois ou a três. Naturalmente para além da demonstração prática de que afinal ninguém tinha nem tem qualquer ideia de fundo para Tomar, minimamente em consonância com os difíceis tempos que correm, nem com os ainda mais dolorosos que estão para vir...Razão tinha o Lincoln, quando afirmou que se pode enganar uma pessoa durante toda a vida, ou mesmo toda a gente durante um certo tempo; mas é impossível enganar toda a gente durante toda a vida. Lá diz a sabedoria popular: -Dá tempo ao tempo, que o tempo dar-te-á todas as respostas...
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