Houve tempo em que qualquer espectáculo gratuito atraía muitos espectadores, porque não havia a televisão em canal aberto, na parabólica, ou codificada. Hoje em dia, ou se apresentam ao vivo artistas de inegável nomeada, ou os potenciais espectadores preferem virar-se para outros focos de interesse. Nestas condições, continuar a proporcionar exibições medianas para meia dúzia de cidadãos é um claro desperdício do dinheiro dos contribuintes. Que seria muito mais útil, por exemplo, na constituição de uma unidade de salubridade urbana, composta por um operador, uma scooter, um compressor, água e um desinfectante, encarregada de ir limpando todos os dias os excrementos de toda a espécie que ornamentam as ruas nabantinas. Nem sequer seria uma novidade europeia. Além-fronteiras já existe um pouco por todo o lado. Aqui em Portugal é que continua a não haver verbas disponíveis. "Cabimentação orçamental", em autarquês. Pudera ! Gastam-nas em actividades artísticas de duvidosa qualidade...
Pois a nossa Câmara parece trabalhar na mesma onda. A União Europeia não se cansa de recomendar o uso de lâmpadas de baixo consumo. Até já proibiu a venda de lâmpadas incandescentes, dado o seu fraco rendimento em relação ao consumo. Implementou igualmente a designação "lumen" como referência para capacidade efectiva de iluminação, em vez do usual "watt", que é uma unidade de potência eléctrica e não de luminescência. Alheia a tudo isto, a autarquia nabantina decidiu continuar a dar uso às centenas e centenas de metros de gambiarra, comprados para abrilhantar a Festa dos Tabuleiros. Num país pobre, com elevado défice orçamental e costumeiro importador de energia eléctrica, uma autarquia de um concelho em manifesta decadência, para mais atascada em dívidas, resolve mandar instalar centenas e centenas de lâmpadas incandescentes, acesas toda a noite. Com que fim ? Desobedecer deliberadamente à norma europeia, que proíbe tais lâmpadas ? Fazer pouco dos pobres ? Mostrar que a normal iluminação urbana (os BIPs) não é suficiente ?
1 comentário:
O pior de tudo nem é o esbanjamento da electricidade, mas sim o facto, triste, de as ruas estarem as moscas... Se houvesse esbanjamento mas as ruas estivessem cheias de gente acho que até valia a pena...
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