quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

UM CARRÃO E CINCO CARROS

Jornal de Notícias, 21/12/2011, página 23

A notícia refere-se à Câmara de Matosinhos. Aquela onde Narciso Miranda governou alguns anos. Mais exactamente até que, deslumbrado pelo poder, achou já não ser necessário "dar o corpo à curva". Vai daí, o PS avançou com outro cabeça de lista. Narciso vingou-se, concorrendo como independente. Constatou então que os votos afinal não eram só dele, como também do seu partido...
Temos em Tomar um caso bastante semelhante, que me abstenho de melhor caracterizar. Até porque o protagonista parece não se ter ainda convencido de que "nunca mais lá vai" como independente, enquanto o PS também concorrer. Além dessa semelhança, outras há que são assaz interessantes. Por exemplo o facto de toda a frota moderna das municípios ser em aluguer de longa duração, um excelente negócio para quem aluga, ao mesmo tempo que um encargo elevado para as finanças autárquicas. Praticamente só para o penacho...
Neste caso de Matosinhos temos um carrão = Citroën C6 e cinco carros Opel Insígnia, para um concelho com 143.919 eleitores inscritos, em 2009, e 147.331 em 2011. Um aumento de 3.412 inscritos em dois anos. Em Tomar também temos um Carrão, mas neste caso vice-presidente, que tem para seu uso pessoal um Opel Insígnia. Sinal de que a marca e o modelo são bastante apreciados pelos eleitos. O problema vem a ser que os eleitores nabantinos inscritos eram só 38.724, em 2009, tendo baixado para apenas 38.070 em 2011, o que corresponde a menos 654 inscritos em dois anos. Porque será? Terá algo a ver com o citado Opel Insígnia do vice-presidente? Com os passeios gratuitos comezaina/tintol/animação? Com o triste estado a que já chegámos? Com a absoluta falta de perspectivas? Com o evidente esbanjamento dos fundos comunitários e dos recursos do município? Com a descomunal dívida a fornecedores?
Acabei de ler aqui que Corvêlo de Sousa pediu suspensão do mandato por 60 dias, sendo provável que tais pedidos se repitam até Julho de 2012, altura em que completará 65 anos e poderá aposentar-se. A ser assim, vão os tomarenses ser brindados com mais sete meses perdidos, do tipo faz que anda mas não anda. No mínimo, porque a partir do próximo Verão será já demasiado tarde para realizar eleições intercalares. Vai ser por conseguinte uma lenta, trágica e problemática agonia, até às autárquicas previstas para Outubro de 2013. A menos que outros autarcas achem que tudo o que é demais parece mal, e ajam em consequência. O que é pouco provável. Os políticos tomarenses terão certamente as suas qualidades. Nunca constou porém que a coragem, a ousadia e a frontalidade fossem as principais, ou sequer aparentes. Ou estarei enganado? Oxalá!

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