segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

REMENDO O FATO NOVO?

Economia de Crise, Nouriel Roubini e Stephen Mihm,  Publicações D. Quixote, Lisboa, Outubro 2010,  418 páginas, 22 euros

Eis a obra que faltava em tradução portuguesa. A análise da crise e as hipóteses de solução, pelo único economista -Nouriel Roubini- que previu a hecatombe em 2006. Dois anos antes do seu início. Infelizmente, em tempo útil ninguém levou muito a sério aquilo que ele então disse. Não é aqui o local nem será a hora para apresentar e debater o conteúdo do livro. Isto porque, mesmo partindo do princípio segundo o qual "o saber não ocupa lugar", estamos no local errado. Em Tomar, regra geral o saber não só ocupa o lugar reservado aos réus, como desclassifica os seus detentores. Os nabantinos adoram uma boa refeição, uns bons copos ou um Sporting-Benfica, mas detestam quem demonstre, de forma activa ou passiva, que detém algum saber. Se tiver razão, então ainda é pior. Começam a ter-lhe raiva. Deve ser por  isso também que estamos cada vez melhor. E com tendência para aperfeiçoar. Ou estarei enganado?
Desta obra fundamental para perceber o mundo e a sociedade em que vivemos, limito-me por agora a destacar dois pequenos excertos: "Em 1933, John Maynard Keynes declarou: "O capitalismo internacional, decadente mas individualista, nas mãos do qual nos encontramos desde o final da guerra [Primeira guerra mundial, 1914/1918], não é um sucesso. Não é inteligente, não é bonito, não é justo, não é virtuoso. E não cumpre a sua obrigação. Em resumo: Não gostamos dele e começamos a desprezá-lo. Mas quando pensamos no que colocar no seu lugar, ficamos extremamente perplexos." (contra-capa)
"...Stephen Roach, do banco Morgan Stanley, e David Rosenberg, da Merrill Lynch, há muito que tinham expressado preocupações sobre o facto de os consumidores nos Estados Unidos viverem acima das suas possibilidades."
Em resumo e usando linguagem coloquial, A) -  O capitalismo não vale um chícharo, mas ainda não se conseguiu implementar nada melhor. Logo, temos de ir vivendo nele e com ele, embora continuando a procurar; B) - Não são só os consumidores norte-americanos que vivem acima das suas possibilidades. Assim como quem tenta falar acima do nível da sua boca, ou dar passos maiores do que as pernas. Em Portugal e particularmente em Tomar, a megalomania, a basófia, as afigurações, são tudo coisas correntes. Tanto a nível individual como colectivo. Armar ao pingarelho, agir para o penacho, fingir de carapau de corrida, são práticas nabantinas quotidianas. A própria autarquia, cuja envergadura política ou arcaboiço fianceiro são aquilo que se sabe, vai-se enterrado pouco a pouco, mas de forma segura. À medida que as dívidas vão aumentando, em vez de ir reduzindo as despesas, insiste na ideia de aumentar as receitas, o que acentua a debandada dos contribuintes e a redução dos impostos cobrados. Temos assim um prática auto-sustentada: o executivo camarário vai afundando o buraco à medida que nele se vai enterrando. Já estamos nos 40 milhões de euros de dívida global = 8 milhões de contos = 8.000.000.000 de escudos. Quem vai pagar? A União Europeia? Julgam que eles são tão imprevidentes, esbanjadores, preguiçosos, acomodados e parvos como nós? Se assim fossem, já teriam morrido de frio, que o clima daquelas bandas não perdoa...
Neste contexto de profundo mal-estar, tanto a nível nacional como local. Destaco duas reacções, ambas de quadros militantes do PS. 1 -  O presidente dos socialistas nabantinos, o meu amigo Hugo Cristóvão, dedica o seu mais recente post (alguresaqui.blogspot.com) aos Óscares. O que se compreende. Quaisquer que tenham sido os resultados finais, houve de certeza uma falha: não atribuiram à câmara de Tomar o Óscar da pior autarquia do país. Ingratos!
2 - Luís Ferreira, outro amigo meu e  estratega-mor, o Relvas do PS tomarense, finalmente lá acabou por perceber e aceitar que a hipocrisia e o equilibrismo político também têm os seus limites. No seu blogue (vamosporaqui.blogspot.com), advoga uma requalificação da já demasiado arruinada coligação. Assim uma operação de refrescamento + reformulação, tal como antigamente se mandavam virar os casacos, quando já estavam demasiado coçados. A problema é que ficava sempre a notar-se a dita operação, pois o bolso superior mudava de lado. Coisas...
A pergunta que faço é esta: Dado o estado de ruína da coligação e das políticas, não seria melhor ouvir os tomarenses sobre a melhor solução possível, em vez de procurar remendar o que já não tem conserto? Pensos em pernas de pau carunchosas nunca remediaram, craram ou evitaram o que quer que seja. 

4 comentários:

Anónimo disse...

António,

Com amigos desses,nem precisa de inimigos!

Há muitos anos,numa viagem de comboio do Entroncamento para Tomar,vinha um casal(h+m)de bêbados a caturrar,em que ele berrava repetidamente para ela:

ABRE OS OLHOS,MULA!...

Sem ofensa pelo lado das patas e das orelhas,apetece-me gritar-lhe o mesmo.

Que mais é necessário eles dizerem ou fazerem para você perceber que,até ao último suspiro,estão agarrados ao poder e às mordomias como lapa à rocha?

Aqui e acolá até mandam umas bocarras para "turvar as águas",como aconteceu com o "lapsus linguae" do Huguinho a chamar-lhes "Cambada".

Mas é tudo inconsequente,folclore rasca,fogo de artifício maricas.

O mendigar de uma renegociação e reformulação do acordo entre os nubentes,mostra um PS invertebrado,de cócoras,em pânico com a possibilidade real de serem corridos da gamela municipal.

Volto a dizer-lhe:

Jamais verá uma pereira a dar laranjas ou,como diz,um pinheiro a dar figos.

Os seus dois amigos,como faz questão de sublinhar,são duas minhocas fermentadeiras do pântano,do húmus em que se transformou a política local.

Como tal,e no futuro,segundo a teoria de Lavoisier,apenas poderão ter uma utilidade:estrume!

Espero que não confunda ofensa com liberdade de expressão e de estilo.

R.Grácio

Unknown disse...

Para R. Grácio:

Ensinaram-me assim lá pelas Gálias e assim continuarei a praticar: Nunca confundo amizades pessoais com opções políticas. Aprecio mais um adversário político inteligente, aberto, leal e fraterno do que um correlegionário lorpa, tacanho e labrego.
O facto de ser amigo de Corvêlo de Sousa há muitos anos, nunca me impediu nem impedirá de criticar as suas opções políticas, ou a falta delas.
Em todo o caso, obrigado pelos seus conselhos.

Anónimo disse...

"
Dado o estado de ruína da coligação e das políticas, não seria melhor ouvir os tomarenses sobre a melhor solução possível, em vez de procurar remendar o que já não tem conserto?
"
- Ao idêntico da Grécia antiga, sugiro uma vereação de salvação concelhia, com 7 ou 9 personalidades insuspeitas que escolheriam de entre si o seu líder.
AA

Anónimo disse...

Poderá haver muito boa critica e de toda a credibilidade. Contudo nada há a fazer num concelho onde está enraizada uma creça PSD e que dificilmente se conseguira inverter. Os munícipes têm aquilo que merecem porque não pensam em revirar o rumo para o nosso concelho.
Também é verdade, que as forças politicas, que se designam de esquerda, em vez de converguirem todos no mesmo rumo, não, actuam cada uma com a sua sentença. Assim não se vai a lado nenhum e dificilmente se traçará um rumo certo para o desenvolvimento do concelho de Tomar.
Também concordo que deveria haver eleições antecipadamente,mas com a mentalidade instalada no concelho tudo ficará na mesma.
Foram três decadas muito mal aproveitadas, olhando os politicos só para o seu humbigo e a forma de alcançar votos, não olhando a meios.
Isto não devia continuar, mas infelizmente é o que temos mais certo. Os mesmos a instalarem-se e a darem a mão aos "chulos" da política, que não sabem fazer nada, "porque nunca fizeram" e a promoverem os funcionários de marca, para eles mais facilmente serem coniventes com as suas manhas. Enfim é o que temos e vamos tendo.