domingo, 20 de fevereiro de 2011

INICIATIVA CONJUNTA RÁDIO HERTZ/TOMAR A DIANTEIRA - PROGRAMA SEMANAL "À MESA DO CAFÉ" - 7


Em termos de política partidária e tanto quanto sei, somos na Europa uma originalidade em duas vertentes. Temos o único partido comunista europeu com mais de 5% de votos em legislativas e presidenciais, bem como a única fomação esquerdista -o Bloco de Esquerda- com vários deputados no parlamento nacional.
Não sei se com alguma ligação ao que antecede, na edição nº 7 do programa semanal "À mesa do café",  em resposta ao convite feito, os bloquistas decidiram (com todo o direito, de resto) indicar um militante de base, em vez de uma das conhecidas figuras de proa locais. Tive assim o prazer de dialogar com Paulo Reis, um tomarense de 38 anos, nascido na então Lourenço Marques, mas aqui radicado desde menino.
Foi, por assim dizer, um diálogo entre vizinhos, com problemas comuns, uma vez que habitamos ambos na cidade antiga, o agora designado com alguma pompa "Centro histórico". O convidado foi directo e genuíno, assumindo-se como porta-voz dos moradores de S. João Baptista. Teve até a coragem de lastimar, logo no início, que nenhum dos autarcas em funções resida por estes lados onde agora estou a escrever.
Entre os múltiplos problemas abordados, do cheiro pestilento dos esgotos da Rua dos Moínhos aos lamentos de alguns comerciantes, que já andam a pedir aos senhorios respectivos reduções de rendas, pois já não têm volume de negócio que permita liquidar as actuais, falou-se praticamente de tudo, num ambiente consensual. Só em relação às já antes propostas hortas comunitárias, que Paulo Reis gostaria de ver na Mata, estive em desacordo, mas nada disse. Cabe por isso acrescentar agora que também apoio as ditas hortas. Vejo-as porém em local bem diferente, que a seu tempo tenciono revelar se for oportuno, pois constituem um segmento, do meu projecto tomarense, conquanto a ideia inicial seja do BE. O seu a seu dono.
Por falar em projecto tomarense, entusiasmado com o diálogo fraterno em curso, quando Paulo Reis mencionou a questão da animação nocturna, dos bares na cidade velha e das crónicas queixas dos moradores, naturalmente acrescentou que os Moinhos da Ordem, ali na Levada, é que poderiam ter sido aproveitados com esse fim, dado que não incomodariam ninguém, por assim dizer. E concluiu que agora já é tarde, pois vamos ali ter um elefante branco. Aí não resisti e fui na embalagem. Revelei que do meu projecto faz parte a implementação de bares ribeirinhos, com praia fluvial, nas traseiras dos referidos moínhos/lagares, aproveitando o desnível de um andar, existente entre o piso da Levada e o areal que já ali houve e foi dizimado pelas obras paivinas. (Ver foto) Aqui fica o registo, para memória futura e para que os meus adversários, que respeito e oiço com agrado, quando de boa-fé, constatem que não ando a brincar em serviço. Quando digo que tenho um projecto substantivo para Tomar, tenho mesmo. Não estou a fazer campanha eleitoral, como vem acontecendo com outros, que garantiram tudo e mais alguma coisa, quando afinal...
O nosso convidado defendeu também incentivos ao arrendamento urbano, o arranjo e a abertrura à comunidade daquele espaço verde entre as ruas de Pedro Dias e Aurora Macedo, doado há autarquia há mais de cinco anos e desde então ao abandono; um espaço de dois ou três lugares para cargas e descargas, ao fundo da Corredoura, bem como tarifas acessíveis de estacionamento para as viaturas dos moradores.
Referiu a dada altura que quando andou a tentar arranjar pessoas para concorrer à junta de freguesia, teve ocasião de constatar o grande descrédito dos políticos locais junto dos cidadãos. Acrescentou que, se calhar também por isso, a população continua a diminuir, pelo que seria bom recuperar os prédios em ruínas para arrendamento acessível e/ou para instalar residências de estudantes.
Falou depois do mercado, que urge recuperar e reabilitar, de forma a que os ainda produtores agrícolas do concelho possam aumentar e ter um local acessível e aprazível para escoar os seus produtos.
Uma nota final para um dado concreto avançado por Paulo Reis. Segundo referiu, na festa dos tabuleiros de 2007 houve 31 ruas ornamentadas pelos seus moradores. Este ano ainda só há 20 adesões à iniciativa. E começa a ser tarde para aderir, por causa das flores que é preciso fazer. Que quererá isto dizer? Que o actual modelo começa a dar sinais de esgotamento?
No próximo sábado, o convidado é o arquitecto José Lebre, vereador da AD, nos idos de 80 do século passado, cabeça de lista do movimento independente "Tomar em primeiro lugar" nas últimas autárquicas, cidadão comprometido com a sua terra...e morador na Rua dos Moínhos. Não perca, em directo ou em gravação, no site da Rádio Hertz.

4 comentários:

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

Estive a ouvir a entrevista ao Sr.Paulo Reis na RH pela Internet.

O entrevistado, 38 anos de idade, a bem dizer um jovem, surpreendeu-me pela simplicidade, despido de peneirices. Há muito anos que não ouvia um representante de um partido assim tão liberto de amarras dos chavões que os partidos lhes encomendam. Não fosse ingenuidade e evidente falta de estudo mais aprofundado em cada assunto que abordou, e ter-se-ia aproximado muito mais do perfil desejado para um autarca.

"Não respondo a isso, porque não estou muito dentro do assunto" e "eu não vivo da política, tenho as minhas ideias" - franqueza e humildade sempre a realçar num militante partidário. Procurou, talvez em demasia, falar de pequenos problemas dos moradores, dos comerciantes, e achei maravilhoso quando disse que tinha estado a falar com os moradores, e que eles disseram isto e aquilo, e que os comerciantes ainda não fizeram dinheiro para pagar as rendas. E aquela de ter vindo diretamente do trabalho (noturno) para a entrevista!!! Julgava que isto já não era possível em Portugal. Delicioso.

Um momento menos feliz: "Não tenho dinheiro para estacionar lá em cima - isso é só para os capitalistas". Há assim tantos capitalistas em Tomar? Julgo que fez esta afirmação embalado pelo entrevistador quando disse, com ironia, que era "proletário...", por isso "não tem carro", contrariando a filosofia económica dos grandes produtores de carros e o legítimo desejo dos proletários em tê-lo

Foi pena não ter tratado melhor o tema da "Horta Comunitária"... que o poderia levar à "Comida comum"...., propondo-nos o retorno ao regime tribal. Se é que ele não existe em Portugal em torno da Tesouraria Nacional Portuguesa.

Não gostei, especialmente, quando comungou o dizer de alguns jovens de que os políticos "são mentirosos, são ladrões". Alguns serão, a maioria não. Mas quando meia dúzia de políticos do PSD causam um prejuízo de muitos milhares de milhões de euros aos cofres dos Estado (mais de um terço da nossa dívida pública comprada pelo BCE desde janeiro deste ano) temos de compreender; e por isso devia chamar os bois pelos nomes quando se fala em políticos mentirosos e ladrões Mas vá lá.... O partido do senhor Paulo Reis mai-lo PCP não descansam enquanto não verem o inqualificável PPCoelho e o homem dos submarinos a gerirem o "Pote" grande, na esperança de criarem condições para proporcionarem aos portugueses "hortas comunitárias" e, já agora, "comida comum".

Gostei da entrevista. Pareceu-me ser um jovem sério, com gosto de servir os munícipes. E é bom que assim seja, porque muitos da minha geração têm a mania que são umas enciclopédias em filosofia política. Mas estão a perder o pé e a gritar pelo Portugal velho para que os salvem.

Continuo a não perceber uma coisa: porque é que os políticos nabantinos só falam da cidade (de uma parte da cidade)? E os outros 30.000 habitantes?

Anónimo disse...

Primeiro que tudo, muitos parabéns pelo seu programa que oiço atentamente.
Fazendo uma abordagem pelos seus programas do inicio, tem sido bastantes produtivos. O ultimo como ja vimos, fez mesmo jus ao nome "mesa de café"
Quem falou, teve uma conversa franca como qualquer, cidadão, não foi politizado. O espelho do proprio partido que ele mesmo representa, ou seja o Bloco de esquerda será sempre um partido de causas e não de poder.
Mas os outros convidados, penso que foi muito produtivo, tirando as prestações de hugo cristóvão e de pedro marques. O primeiro que tenta ser aquilo que ele não é, utilizando termos caros para expor as suas ideias, e nao fala de uma forma sintetizada, e quem ouve não percebe nada. O segundo porque é mais do mesmo, o representante dos ditos "dinossauros autarquicos".
De louvar a prestaçao de Miguel Relvas e de Ivo Santos. Tem uma visão de como é, e tem de ser a politica dos tempos de hoje. O poder de comunicação é muito bom.
Como cidadão e ouvinte atento, e seguidor do seu blogue, gostava de sugerir que o professor tivesse nos seus proximos programas pessoas com provas dadas na sociedade tomarense. Pessoas que a sua prestação seja pouco questionável na sociedade tomarense, não falo em senhores do tempo da outra senhora, mas em pessoas crediveis e que ja fizeram alguma coisa por Tomar. São poucos é verdades, dificeis também de encontrar é um facto, porque eles mesmo são uma raridade no nosso mundo. Mas eles existem, e fazem falta, e muitas vezes não são ouvidos.
José Faustino

Anónimo disse...

Sr. Paulo Reis: mais um da geração rasca.

Unknown disse...

Para José Faustino:
Muito obrigado pelas suas palavras, que me dão mais alento para continuar.
Com o arquitecto Lebre (que é igualmente uma figura grada da cidade, com obra feita) esgotamos a ronda protocolar e pelas formações políticas. A seguir vamos ter as figuras a que se refere. Se nos pudesse indicar alguns nomes, seria como sopa no mel. Caso prefira que não sejam publicados, aqui vai o meu email: a.frrebelo@gmail.com

Bem haja e continue a opinar.

Cordialmente

António Rebelo