terça-feira, 17 de agosto de 2010

COMPARANDO A GENTE APRENDE

Com esta crise infindável, está a tornar-se um hábito o dois em um. Que remédio. Necessidade a quanto obrigas! Pois vamos a isso. Estes dois mapas temáticos já aqui foram publicados, isoladamente, cada uma com a sua função. Este é sobre a quantidade de funcionários autárquicos por mil habitantes do respectivo concelho, o de baixo mostra o índice de poder de compra de cada concelho, conforme vimos ontem. Ambos são do INE -Instituto Nacional de Estatística, conhecido na gíria do meio especializado de Bruxelas como "PortugalStats". Trata-se agora, em segunda apresentação, (donde o dois em um...), de os comparar, dentro daquilo que é possível e sem procurar influenciar os leitores, que são adultos e estão habituados a pensar cada qual com a sua cabeça. Ou não? Se calhar, por vezes, os óculos partidários e/ou ideológicos...

Publicado no semanário SOL, o mapa supra mostra-nos a relação concelhia funcionários autárquicos/habitantes do concelho respectivo. De acordo com as indicações convencionais, ao meio, do lado esquerdo, está o país dividido em quatro categorias, cada uma com a sua cor. Temos assim, verde se a autarquia emprega entre 3 e 9,99 funcionários por mil habitantes, amarelo vivo para a faixa entre 10 e 16,99, amarelo torrado para 17 e 23,99, finalmente, vermelho para 24 e 90,99. Já agora, pelo sim, pelo não, assinala-se que o concelho de Tomar é aquele triângulo irregular, amarelo vivo, no centro do mapa, com o lado maior virado para cima, tendo à esquerda concelhos verdes e à direita um amarelo (Abrantes) e muitos vermelhos.
A primeira constatação é que praticamente não há "concelhos verdes" a sul do Tejo. Concentram-se quase todos na metade norte do país, sobretudo na faixa costeira. Ressalta igualmente que, com as notáveis excepções de Lisboa, Oeiras e Porto, todas as grandes cidades costeiras, incluindo Coimbra, são verdes. Ainda na área verde, destaque para as regiões interiores da Serra da Estrela, Castelo Branco e vale do Douro.
Na outra extremidade da tabela temos os "concelhos vermelhos", aqueles cujas autarquias são em geral os principais "patrões" da zona. Trata-se, regra geral, de câmaras que já foram ou são geridas pela CDU e/ou pelo PS, sobretudo por aquela. Há três exemplos flagrantes: a predominância vermelha a sul do Tejo, sobretudo no Baixo Alentejo e, a outro nível, aquela salsicha a sul do concelho de Tomar (Constância) e Marinha Grande, numa imensa mancha verde... que engloba o Pinhal de Leiria, conquanto o verde se não refira a pinheiros mas a "graveto" ao fim do mês.

Neste outro mapa, igualmente com dados do INE e publicado pelo EXPRESSO, podemos ver, como já foi referido ontem, o índice de poder de compra de cada concelho. Neste caso a representação utiliza uma gradação de matizes de cinzento. (Ou não fôssemos nós um país de cinzentões... Mas já foi muito pior. Se foi!). Temos assim que quanto mais escuro, maior poder de compra concelhio.
Olhando agora, em simultâneo, para os dois mapas (o melhor será imprimi-los a cores e depois colocá-los lado a lado), é possível constatar alguns aspectos com interesse. O principal é que regra geral os concelhos com menor percentagem de funcionários são igualmente os concelhos com maior poder de compra, naturalmente com uma ou outra excepção. Exemplos: área de Castelo Branco (ao meio, do lado direito), concelhos de Campo Maior e zonas de Elvas, Évora e Beja.
Inversamente, em quase todos os casos, o vermelho (muitos funcionários) e o cinzento mais claro (fraco índice de poder de compra), emparelham. O que se entende perfeitamente, em termos de economia política. Por um lado, como é bem sabido, os funcionários, regra geral, não criam riqueza, são por ela remunerados. Pelo outro, quanto mais funcionários tem de sustentar uma autarquia, mais elevadas são as taxas, preços e outras alcavalas, e mais complicada e exigente a burocracia, como acontece em Tomar, o que leva os investidores e os produtivos a debandar em busca de ares mais amenos. É assim e não adianta negá-lo, que os factos são obstinados. Quanto mais procuramos escamoteá-los, mais eles se tornam evidentes. Não é verdade senhores autarcas, coligados e outros? Bem dizia o Mitterand: "Vamos dar tempo ao tempo..."

10 comentários:

Anónimo disse...

E os "funcionários disfarçados" dos municípios do Litoral (e não só)? Os funcionários das empresas públicas municipais?

O PCP é contrário a estas práticas empacotadas de diminuir o número de funcionários autárquicos por via artificial. E se calhar é mesmo por este motivo que, são os concelhos Comunistas os que apresentam maiores percentagens de funcionários municipais. Ou não será?

Anónimo disse...

Segundo um autarca do interior e do sul do Tejo, aí o posto de trabalho autarquico é a única forma de impedir no local a desertificação completa. Tem razão. Claro que isso implica haver dinheiro disponível (impostos dos portugueses ou doutros europeus!).Quanto às câmaras "verdes", não se iludam:há grandes manobras com as contas.Até para isso é preciso haver espertalhaços, coisa que não abunda do interior já meio desertificado...
Pedro Miguel

Anónimo disse...

Então não é que vim a saber agora (tenho andado um bocado distraído, é verdade!!) que o Festival Bons Sons cobra bilhetes para os espectáculos.
Estou estupefacto! Então aquilo foi subsidiado com o meu dinheiro e ainda tenho de pagar para ir ver um espectáculo?
Nahhhh!!! Não é o filho do meu pai que vai nessa! Olha o dinheirinho que me pouparam: o da deslocação, o do bilhete e o do comes-e-bebes que se calhar iria gastar!!!

Obrigado a quem quer que seja!

Anónimo disse...

Ó amigo das 13:31,
deve conseguir encontrar muitos espectáculos, festivais, o que quer que seja neste país com bilhete pago, que não seja ainda assim financiado!

10 euros por três dias de qualidade parece-lhe caro?
Pode sempre ir ao rock in rio, onde paga 60 por dia, ou ao Sudoeste, ou ao Alive, ou até mesmo ao Avante, ou porque não à Gulbenkian ou ao São Carlos, ou tantos outros por aí fora.

Bom, pode sempre ir ver o Tony Carreira, parece que o Modelo arranja muitos desses à borla. E sempre está mais de acordo com a sua mentalidade de achar que a qualidade não se paga.

Anónimo disse...

Boa, boa,BONS SONS, bons tons, sempre!
A tacanhez e visão míope dos ILUMINADOS desta fantasmeada terra, dá na desgraça que é!
Oh malta de Cem Soldos, força, e muita e boa música!
Boa cerveja, bom tudo, como de costume.
Ouvidos moucos aos pios agoirentos!
E, qualquer dia, reivindiquem a independência deste reino, ou, então, a integração no vizinho…
Será o caminho!

Anónimo disse...

Caro Pedro Miguel, gostaria de perceber como é que "outros europeus" podem pagar salários nas autarquias portuguesas (a não ser que se refira aos imigrantes. Mas nesse caso não são só "outros europeus").
Tanto quanto eu saiba ainda temos orçamentos autárquicos e orçamentos nacionais. Já um orçamento europeu não inclui nenhum pagamaneto de salários para autarquias de qualquer país da União.
Quer-me parecer que os portugueses, além de serem dos que pagam mais impostos, continuam convencidos que o desenvolvimento e sobrevivência da economia portuguesa se deve ao dinheiro "dos outros europeus".

Cumprimentos,

Anónimo disse...

Ó amigo, não me arranja 5 bilhetinhos para o Tony Carreira? É para mim, para a minha maria e para os meus três meninos que ainda são pequeninos e não podem ir às assembleias da câmara.

Anónimo disse...

Para FGS
Os múltiplos subsídios e ajudas da Europa que têm entrado do País são obviamente produto de outras receitas fiscais. Ou o dinheiro dos "apoios" nasce do chão?Esse dinheiro entra e circula,como para pagar obras ou subsídios.O financiamento do POLIS de Tomar acha que vem donde?
Outra coisa é dívida:financiamento a pagar no futuro(não se sabe bem por quem).
Pedro Miguel

Anónimo disse...

Um Festival que custa 150 mil euros e recebe da autarquia 20 mil euros, não devia cobrar bilhetes para os espectaculos?

E os concertos do Festival de percursão em Tomar, que custou 38 mil euros e recebeu também 20 mil euros de financiamento, não cobrava bilhetes nos espectáculos do Cine-teatro?

Sinceramente há gente que nem merece o esforço que estes associações fazem e que a autarquia apoia.

Anónimo disse...

Tudo à borla e à fartazana!
Tudo, não.
Apenas algumas coisas, como por exemplo o(s) passeio(s) dos velhinhos!
Aqui há votos, logo é à borliu!!!!!!!!!!!!!!!