quarta-feira, 11 de agosto de 2010

UMA HONESTA MEDIANIA...

O "Jornal de Negócios" publicou na passada segunda-feira um estudo com relativo interesse, a merecer algumas considerações. Neste mapa, os 308 concelhos portugueses aparecem assinalados por quatro cores diferentes, consoante o total de funcionários em relação ao total de habitantes. Temos assim, por ordem crescente dos funcionários, verde para câmaras com um total situado entre 3 e 10 servidores do estado, por cada mil habitantes; amarelo para totais entre 10 e 17; torrado, para totais entre 17 e 24; vermelho, para totais entre 24 e 91.

Observando com mais atenção, verifica-se que os munícipios "bem comportados", a verde, se situam quase todos na faixa costeira, com as nótáveis excepções de Catelo Branco, Belmonte e três lá mais para cima, que não conseguimos identificar. Aqui ao nosso lado, Ourém, Leiria e Batalha também integram este grupo dos "poupados".
O nosso munícipio integra o grupo amarelo, o mais numeroso. Encontra-se portanto em boa companhia, numa honesta mediania. (Rima e é verdade...). Seguem-se os pequenos desgraçadinhos, a torrado, e os grandes desgraçadinhos, a vermelho.

Não nossa tosca opinião, quem elaborou esta peça foi infeliz. Enveredou pelo correlacionamento partidário, quando é evidente que cada presidente eleito herda, quer queira ou não, a situação deixada pelo anterior. Ele próprio ou outro. Do mesmo partido ou de agremiação diferente. De tal sorte que atribuir, por exemplo, a António Costa e ao PS a responsabilidade pela quantidade de funcionários da câmara de Lisboa (o dobro da de Madrid, que tem cinco vezes mais habitantes), é um erro crasso. Quando ele tomou posse, já eles lá estavam. Pelo menos a esmagadora maioria.
Se em vez disso tivessem procurado apurar a relação entre os administrativos e os produtivos, então teriam obtido elementos bem mais úteis. Por outras palavras, se em vez de se ficarem por totais gerais/cores dos presidentes de câmara, procurassem saber quantos varredores há e quantos chefes têm, ficariam decerto surpreendidos.
Afinal, o ex-império soviético implodiu exactamente por isso -Havia cada vez mais administrativos e menos produtivos. O que para um partido dito de trabalhadores... O mesmo aconteceu, aliás, aqui mesmo nas nossas barbas. Fábricas Mendes Godinho foram à viola, vitmadas pelo mesmo fado. E o que delas resta -a ex-Platex- vai agora recomeçar a laborar, mas com menos 70 empregados = 35% do efectivo.
Nestas condições, o Município de Tomar, não destoando no conjunto do país, uma vez que integra a honesta mediania, está na verdade e concomitantemente numa honesta mediocridade. Basta ir dar uma volta por Abrantes, Torres Novas, Entroncamento, Ourém, Leiria ou Caldas da Rainha, para se perceber quão mal servidos estamos em termos de limpeza e de aprimoramento da cidade. Apesar de pagarmos a água mais cara e o IMI a uma taxa superior. Depois admiram-se que naqueles concelhos a população, o investimento e os nascimentos estejam a aumentar, enquanto que aqui pelas margens nabantinas é o que todos sabemos. Neste mundo, pouco ou nada acontece por mero acaso.

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom artigo camarada Rebelo.

Contudo gostava de destacar que uma grande parte dos municípios "bem comportados" - a vede - estão nesta situação devido ao facto de terem passado alguns(muitos) trabalhadores para empresas municipais e afins, criadas também com o fim de diminuir estes rácios.
Já agora quando identificou no interior do País o município de Belmonte, deveria dizer "Belmonte + Covilhã". E já agora refira-se que a Covilhã é um bom exemplo do que acabei citar. Este município tinha um rácio funcionário/população bastante elevado e com a criação da Águas da Serra, metade dos funcionários da Câmara passaram para esta nova empresa municipal onde mantendo as mesmas regalias já não são considerados funcionário públicos.
Isto não é "contabilidade criativa", mas sim "engenharia administrativa". E hoje já se aprende nos bancos da faculdade.

AA
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Anónimo disse...

Há portanto que contratar mais funcionarios para a autarquia limpar o lixo que está amontoado por todo o lado e colocar novamente o Casimiro nos Bombeiros de Tomar, que desde que ele saiu de lá e ficou a tomar conta da limpeza e jardins é o que se vê.

E o problema maior é que ele está cda vez mais perto da Caixa Geral. Acautelem-se rapazes...