segunda-feira, 16 de agosto de 2010

QUANDO EM ESPANHA COMEÇAM A TOSSIR...

Os nossos vizinhos peninsulares têm outros hábitos. Não estão, como nós, atrasados de uma guerra civil. O que permite a um grande diário, usual apoiante do governo do PSOE, fazer apesar disso manchete com um tema incendiário: "Os buracos da crise nas contas públicas/1 - A ruína das autarquias asfixia as empresas de construção e obras públicas. "Devem-nos 3.500 milhões. É a situação mais grave da democracia."
Em Portugal qual é a situação? Silêncio. As autarquias quanto devem às empresas de construção civil? Silêncio. A autarquia de Tomar devia 29 milhões no final de Maio e 30 milhões no final de Junho. Agora já deve 31 ou 32 milhões? Silêncio. Deste total, quanto corresponde às referidas empresas? Silêncio.
A João Salvador já foi, a Abrantina, do grupo Lena, consta que está a ir. As obras da Mata andam muito devagar. As da Rotunda a passo de tartaruga. Será por falta de atempado cumprimento por parte da autarquia? Silêncio.
Há recursos disponíveis para os museus da Levada? Silêncio. E para equipar e assegurar o posterior funcionamento dos ditos? Silêncio. E para a 3ª fase do Flecheiro? Silêncio. E para as habitações destinadas a realojar o pessoal do Flecheiro? Silêncio. E para o novo mercado provisório? Silêncio. Porque será que a respectiva cobertura de lona devia te vindo na passada quinta-feira, e ainda não apareceu? Silêncio.
Se estão, como sempre estiveram, a contar com a banca, podem ir-se preparando para uma de duas situações -1ª -Lamentamos não nos ser possível satisfazer o vosso pedido, devido às crescentes dificuldades para obter financiamento interbancário no exterior; 2ª - Tratando-se de um excelente cliente, foi decidido abrir uma excepção, com um spread, muito vantajoso de... o que corresponde a um encargo global de... (seguir-se-á a indicação de uma taxa de ágio de abalar a fugir). Que saudades do tempo das vacas gordas, e do dinheiro ao preço da uva mijona!
Em situação de prolongada crise, cujo fim ninguém ousa prever, não há piores cegos do que aqueles que não querem ver, nem piores surdos do que aqueles que não querem ouvir. Independentemente de considerações pessoais, em termos exclusivamente políticos, não partidários, perante a prova oficial de que os actuais autarcas e/ou os seus antecessores, vêm contribuindo activamente, desde há mais de dez anos, para a ruína da cidade e do concelho, só lhes resta, no meu entender, uma solução digna, após pouco mais de 6 meses de mandato -renunciar em bloco e quanto antes. Porque desde há muito tempo que não são a solução, mas sim a causa principal da nossa evidente decadência. Custa-me dizer isto, pois sei que são todos boas pessoas, excelentes cidadãos, agindo sempre com a melhor das intenções. Infelizmente os resultados falam por si. Face a tão trágica situação, se me calasse estaria a contrariar a minha consciência de eleitor entranhadamente tomarense, para quem os permanentes interesses da comunidade nabantina sempre estiveram, estão e estarão antes de transitórias conveniências pessoais, sejam elas quais forem.
Serei demasiado alarmista? A seu tempo se verá.

7 comentários:

Anónimo disse...

Uma realidade dura, na verdade. Mas, pergunto. Os Municípios não foram, durante bastos anos, a galinha dos ovos de ouro das construtoras? O Ouro no final era apenas pintado, estou a ver. Mas então não havia um corropio de euritos por baixo das mesas e a subsidiar campanhas eleitorais, locais e nacionais, para apresentar e aprovar projectos verdadeiramente inovadores e sustentáveis? Para a promoção do tão esperado desenvolvimento nacional e imprescindíveis obras da modernidade nacional? Não? Não foram constituídas centenas de empresas para prospecção do ouro? Não era o negócio do futuro? Pelos vistos não, e o que resta agora ficou para os amigos.
Porfiemos que talvez ainda possa surgir alguém que pague para desfazer a grande parte da porcaria que fizeram. O País agradecia, e eles também. Nunca há fartura que não dê em fome, pelos vistos. Somos realmente um país e uma terra de silêncios...muro das lamentações já temos.

Anónimo disse...

"De Espanha nem bons ventos, nem bons casamentos..."

Anónimo disse...

A construção serviu para o enriquecimento especulativo de:donos de terrenos;fabricantes de materiais de construção;contrutores;bancos e, sem provas mas com suspeitas, de autarcas que licenciaram o uso do solo.Tomar tambem entra no pacote. Entretanto os alemães fartaram-se de vender carros topo de gama.Os portugas endividaram-se para a vida para ter a casinha e,continuam a trabalhar para a banca.
Sobre os vereadores, claro que são todos boas pessoas mas vai ver que essa sua ideia de "Renuncia" só é entendida quando tiverem a reforma garantida. Veja-se o caso do sr. paiva.Este país (já) não é para gente séria.É para xicos-espertos.
Pedro Miguel

Anónimo disse...

As autarquia espanholas afundam-se.
E afumdam as construtoras civis espanholas.
Como a Espanha assentou o seu modelo de crescimento (não de desenvolvimento) na especulação imobiliária, o afundar das construtoras leva ao afundamento espanhol, e ao afundamento dos clubes de futebol, como o Real: 16 clubes da Liga espanhola estão com dificuldades financeiras.
A crise espanhola terá onsequências na sua colónia económica, que é Portugal.
Parafraseando "Che" Guevara: para destruír a Península Ibérica há que esperar pelo descalabro de uma, duas... muitas autarquias.
Só as autarquias são revolucionárias, porque levam ao desastre económico,político,moral e social.
Lancelot du Temple

Anónimo disse...

O Lancelot du Temple, ainda primo do Barão de Trofa, vem agora botar faladura contra as autarquias.
Mas enquanto pôde mamou (e bem) à custa do erário público.
PM

Anónimo disse...

Eu mamei à custa do erário público ?
Adoro este tipo de afirmação. É falsa. Faz-me rir. Como está longe da verdade.
Um Cavaleiro da Távola Redonda procura o Graal e o equílibrio social e não os bens materiais.
Não estou contra as autarquias. Em Portugal elas até são extremamente importantes. Critíco, com todo o direito e dever de cidadania, as suas políticas e o seu esvaziamento em prejuízo das comunidades que servem.
Quanto às autarquias espanholas e à situação em Castela, "porreiro pá".
Lancelot du Temple

Anónimo disse...

Adenda.
Não chamem ao homem Barão da Trofa porque ele não tem nada de aristocrata. Não passa de um Peter Pan, que tenta voar mas volta sempre para a protecção da sua Wendy, como a maioria dos homens, que só têm farronfa, sem as mulheres eles não eram nada.
Lancelot du Temple