terça-feira, 20 de novembro de 2012

A evolução não perdoa...

Foto O Templário

O inesperado e envergonhado (não há qualquer indicação nas portas do estabelecimento) encerramento do Café Santa Iria, é a notícia triste desta semana. Inaugurado no início da década de 70 e dirigido por um ex-empregado d'A Primorosa, cedo se tornou poiso certo e obrigatório de tomarenses conotados primeiro com o reviralho e mais tarde, após o 25 de Abril, com a esquerda e extrema esquerda. Ocupando uma antiga sacristia do convento adjacente, do qual herdou o nome, foi decorado e mobilado a partir de um projecto do arquitecto tomarense João Pedro da Mota Lima. Conviria por isso que os serviços competentes da autarquia procurassem providenciar no sentido de preservar pelo menos as mesas e as cadeiras, que são exemplares únicos.
Quanto à cessação de actividade -que se deseja provisória- não passa afinal de algo infelizmente corrente nas sociedades actuais. Tal como os seres vivos ou outras organizações menos complexas, os cafés também nascem, crescem, definham e morrem. O Santo Iria é apenas o caso mais recente, após o Transmontano, o Noite e Sol, a Veneza, a Samaritana, o Central, a Havaneza, a Primorosa, o Sellium, o Tomarense, o Diogo, o Arco Iris e tantos outros.
Ao que contam alguns livros, na hora de se finar, nos idos de 80 do século XVI, Camões terá exclamado "Morro com a Pátria!". Se falasse, outro tanto poderia gritar o Santa Iria: Morro com a cidade, cada vez mais uma aldeia porca!
É a vida, lamentaria o Guterres, aproveitando para lembrar que, de acordo com Schumpeter, a evolução mais não é afinal que uma permanente destruição criadora...

Acabou a leitura da infausta notícia? E já votou, aqui do lado direito do ecrã? Despache-se, que a sondagem encerra amanhã.

3 comentários:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

É uma desagradável Informação!

Era já uma referência importante da cidade.

Lamento. Tinha ainda a vantagem de se poder fumar lá dentro... Para mim, já se vê.

É preciso fazer Renascer Tomar!

Anónimo disse...

Lamentavelmente mais uma vitima desta crise criada por alguns e enfadada pelos atuais governantes que "custe o que custar" temos de pagar o que eles devem, sim, porque eu não devo nada ao estado nem a qualquer governo deste pais miserável porque nunca pedi nada ao estado. Não tenho duvida nenhuma que é mais uma vitima do IVA a 23% na restauração que estes inergumenos dos governantes fizeram uma das maiores asneiras alterarem o IVA da restauração. Foram os que já citaste e o S. Iria agora, irão mais se nada se fizer, aumentará o desemprego em flecha no conselho etc. É o pais que temos e o "ZÉ" continua a pagar as asneiras de meia dúzia de parasitas que deviam estar na cadeia.

Leão_da_Estrela disse...

Caro Por Tomar,

Toda a razão!
Ainda no fim de semana, no programa de Herman José, vi e ouvi que a mítica pastelaria Versalhes, em Lisboa, teve que contrair um empréstimo bancário para liquidar o IVA. Quando estas casas, com grande movimento e vendas, estão com a corda na garganta, como não irão outras, aos milhares, por esse país fora.
Sou familiar de proprietários de um famoso restaurante em Cabanas de Tavira (tomarenses), com porta aberta há 35 anos, que nos meses de Verão tem lista de espera de uma semana; no dia 13 de Novembro, a semana passada, pela primeira vez na sua existência, a casa ficou vazia, sem servir uma única refeição.
É esta a situação de muitos por esse país fora, que entretanto vão fechando, com as consequentes chagas sociais que vão abrindo e a que, para além da crise, o aumento do IVA está directamente ligado.
Gasparices...

Ctos