sexta-feira, 2 de novembro de 2012

É sempre bom ir comparando

Como vão os nossos irmãos na desgraça?

"A Grécia apresenta novas medidas de austeridade e mais reformas estruturais

A idade da reforma vai passar de 65 para 67 anos. Salários e pensões vão baixar"

"O governo grego está na recta final para apresentar  novas medidas de austeridade, tendo em vista reduzir o défice das contas públicas. Após meses de negociações entre os membros da coligação governamental e com a troika, o ministro das finanças vai apresentar quarta-feira, 31 de Outubro, no parlamento um projecto de orçamento rectificado, o qual prevê nove mil milhões de euros de economias, em vez dos 7,8 previstos no projecto precedente, entregue no dia 1 de Outubro.
A  segunda etapa da austeridade deverá começar na segunda-feira, 5 de Novembro, com a apresentação de novas medidas estruturais pedidas pela troika, como condição para desbloquear as próximas ajudas da União Europeia e do FMI. Os sindicatos convocaram já uma manifestação para quarta-feira, dia em que também está prevista uma reunião telefónica dos ministros das finanças da zona euro.
As novas medidas prevêem mais reduções de salários, pensões e despesas com a saúde, diminuição dos subsídios de despedimento, recuo da idade da reforma de 65 para 67 anos,  baixa dos abonos de família, supressão do aumento automático de salário logo que o empregado se casa e colocação de funcionários na situação de desemprego técnico.
Está igualmente previsto um novo aumento de impostos. O governo tenciona eliminar a maior parte das isenções, bem como o patamar de não-imposição, actualmente nos 5 mil euros anuais, para os comerciantes e empresários em nome individual. Actualmente, 56% dos empresários gregos declaram menos de 5 mil euros anuais, pelo que estão isentos de imposto.
As medidas de flexibilização do mercado laboral provocaram uma renhida luta entre a troika e o 3º partido da coligação governamental -a Esquerda Democrática- que ameaçou já não votar favoravelmente tais disposições. A troika, por sua vez, insiste na necessidade de baixar o custo do trabalho, como condição para melhorar a competitividade do país, mas numerosos economistas mostram-se cépticos em relação à sua eficácia. "O exemplo da Grécia e da Espanha mostra que a desvalorização interna não funciona", afirmou na passada segunda-feira o economista Elie Cohen, durante uma conferência no Instituto Francês de Atenas. "Baixam-se os salários para ganhar competitividade. Os salários baixam mas os preços não. Não há qualquer ganho de competitividade, Apenas uma redução da actividade económica."
A Nova Democracia e o Partido Socialista dispõem em conjunto de uma maioria parlamentar suficiente para aprovar as novas medidas de austeridade. Mas a oposição da Esquerda Democrática provocaria um enfraquecimento da coligação governamental. Daria aos gregos a ideia que os novos sacrifícios são votados apenas pelos partidos que se sucederam no poder desde 1974, que são considerados responsáveis pela deriva económica do país.
Para evitar novas derrapagens orçamentais, o governo anunciou no passado dia 29 de Outubro a implementação de um mecanismo de controle das despesas do poder central. Eventuais ultrapassagens dos ministérios passarão a ser vigiadas pelo ministro das finanças. "Trata-se de um mecanismo estritamente grego, sem qualquer intervenção dos credores da Grécia", assegurou o primeiro-ministro."

Alain Salles, Atenas, Le Monde, 31/10/2012, página 11

1 comentário:

templario disse...

de: Cantoneiro da Borda da Estrada

Estamos a assistir a uma nova invasão da Europa por novos bárbaros:os grandes especuladores internacionais, o grande capital, alguns deles originários também do norte da Europa. Arrasam tudo.

Há quem classifique esta investida de neoliberal, não agora por barcos e barcas de penetração por rios e ribeiras,mas utilizando as grandes instituições financeiras internacionais, através dos satélites de comunicações, e de bandos de tecnocratas que se deslocam via aérea aprisionando os próprios governantes nos seus gabinetes (como está a acontecer nestes dias em Portugal com o FMI a distribuir diretivas ao governo). Para mim não é neoliberal coisa nenhuma: é rapina, destruição e desmantelamento dos regimes republicanos, parecendo fazer-nos regressar ao estado natural. São assaltos.

Os princípios filosóficos do próprio liberalismo são postergados a olhos vistos.

Escrevia um dos pais do liberalismo, séc. XVII, John Locke:

O poder de um Governo Civil, subordinado ao poder legislativo, "É um poder que não tem outro fim senão a conservação, e por isso nunca pode ter direito a destruir, escravizar, ou a empobrecer de propósito os súbditos".

Governos como o que temos são traidores. Este governo tem que ir para a rua. Para se manter, vende o povo e a Pátria e todo o seu Património, protegendo os interesses só de alguns.

Nunca se viu coisa assim!

FOI UMA TRAGÉDIA A ELEIÇÃO DESTA QUADRILHA!