quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

DO ZAROLHO PARA ZAROLHOS NATOS

Agora que se começa a tornar mais plausível a hipótese de podermos vir a ter um presidente poeta. Agora que temos na autarquia uma maioria circunstancial com alguns membros nitidamente poetas, pelo menos em termos de ideias para o renascimento local; Tomar a dianteira não podia deixar de contribuir para a cultura geral, adaptando um conhecido soneto do zarolho Camões para proveito dos zarolhos intelectuais nabantinos.

Mudam-se os tempos, mantêm-se os sentados,
Muda-se o voto, persiste a desconfiança;
Todo o mundo acelera a mudança,
Em Tomar continuamos parados.

Continuamente vemos novidades,
Menos na área da esperança;
De mal temos muito na lembrança,
Do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E converte enfim em choro o nosso canto.

E excepto este mudar-se cada dia,
Outra mudança causa mais espanto:
Tomar já não muda como fazia.

Façam então o favor de arquivar, naturalmente após leitura atenta. Caso tenham outras propostas do mesmo género, tenham a amabilidade de as fazer chgar a estas bandas, que a gente terá todo o gosto em publicar. Afinal sempre fomos e somos um país de poetas. Aceitem os nossos antecipados agradecimentos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não seja lírico.
Ter um presidente-poeta seria o mesmo que ter o guarda-redes da selecção nacional de futebol aprisionado numa cadeira de rodas entre os postes.

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

"E excepto este mudar-se cada dia,/
Outra mudança causa mais espanto:/
Tomar já não muda como fazia.


Haja esperança! Os estudantes do Secundário estão hoje em luta em muitas escolas.

Uma dirigente desta luta, com 17 anos, diz a um jornal de hoje:

«Mas a velhinha liberdade continua a ser uma reivindicação. Se Luís de Camões visitasse hoje as escolas, provavelmente enendaria o poema "Mudam-se os tempos / mudam-se as vontades." Quase nada mudou. As nossas lutas só se agravaram e temos ainda mais preocupações. A imagem que se tem passado é que os jovens não têm consciência, mas não é assim. O nosso principal objectivo, continua a ser atingir uma educação pública gratuita e de qualidade e estão a silenciar-nos".

A aluna queixa-se de que nas escolas estão a dificultar a organização de reuniões gerais de alunos e a marcação de manifestações., responsabilidade que atribui às direcções das escolas. Um outro aluno diz que "Temos direito a uma escola pública de qualidade mas também temos de lutar por ela.

A sociedade está dominada por um sistema partidário que assimilou também o aparelho de Estado e vice-versa.

Por isso, a Plataforma Nacional de Associação de Estudantes do Ensino Básico e Secundário (veja-se só esta paradoxal mistura!), apertadamente controlada pelo sistema partidário português, não apoia e está contra estas movimentações.

Haja esperança! Há-de ser das escolas, especialmente nas universidades, que o sinal de mudança de vontades há-de brotar.

Não em torno de propinas, de refeitórios ou limpeza dos estabelecimentos.