domingo, 21 de fevereiro de 2010

CONFRONTAR-SE COM A CONSCIÊNCIA




As três imagens supra ilustram três detalhes praticamente ignorados do Convento de Cristo. Importantes porque nos vêm de uma época em que a difusão dos padrões comportamentais se fazia pela palavra, pelo desenho, pela escultura e pelo exemplo. Mostram que havia naquele tempo o que mais tarde veio a ser designado como "sentimento trágico da existência". Afinal aquilo que ainda hoje se consubstancia na frase "Esta vida é apenas uma passagem". Assim como uma preparação para a outra, onde os bons serão recompensados e os maus, já se sabe...
A caveira representada é a de D. João III e está no mostrador do relógio que em tempos figurava na Torre fronteira à Charola. Há uma semelhante no mostrador do relógio da Torre de S. João Baptista.
Aquele rosto aflito, está do lado esquerdo do púlpito nascente do refeitório do Convento de Cristo e parece gritar "Não encham tanto a pança que é um pecado mortal !"
Quanto à última, trata-se de uma representação da consciência e está igualmente localizada em local estratégico do refeitório conventual. Vale a pena, pensamos, contar a história. Esta época em que vivemos, apesar de todos os seus dramas e outros problemas, é de abundância, de fartura em termos de alimentação. Mas nem sempre foi assim. Durante séculos houve muita fome por estas bandas. De tal maneira que o Convento de Cristo tinha todos os dias dezenas e dezenas de mendigos no Claustro da Minha, à espera da micha (pão) e dos restos da comida dos frades. E o problema arrastou-se, mesmo depois de extinta a ordem e desaparecidos os frades. Nos anos 50 do século passado, todos os dias o RI 15, à época no Convento de S. Francisco, distribuia comida e pão a mais de uma dezena de necessitados
Membros de uma ordem abastada, os frades tratavam-se bem. Pode até dizer-se que, alguns pelo menos, se alambazavam um bocadinho. Um frade espanhol, que por aqui esteve na primeira metade do século XVII, fala em pelo menos seis pratos, seis, a cada refeição. E por vezes até nove. Em dias de festa, já se vê ! Talvez sabedor dos ancestrais hábitos da Casa da Ordem, a mais rica do país, Frei António de Lisboa, (na verdade o tomarense António Moniz da Silva, frade jerónimo formado em Espanha), ao mandar construir o chamado "convento novo", na sequência da reforma de 1529, não esteve com meias medidas. Além da figura trágica do púlpito, ordenou igualmente que não houvesse qualquer porta entre o refeitório dos frades e a cozinha. De tal modo que as iguarias passavam por aqueles dois postigos ainda hoje existentes, do lado esquerdo da pequena porta agora existente, que apenas foi aberta já no século passado, para serviço do então Seminário das Missões.
Sem acesso ao "santuário da comida", por razões óbvias, os frades de grande apetite o mais que podiam fazer era reclamar junto aos postigos. Donde a utilidade daquele rosto severo, virado para eles, com ar de quem exige que se "ponha a mão na consciência."
Decorridos quase cinco séculos, quere-nos parecer que faz falta um busto assim em certos locais, encarando quem entra. Ali ao fundo das escadas dos Paços do Concelho, por exemplo...mas não só !

7 comentários:

Anónimo disse...

Que tal um busto igual na escadaria dos Paços do Concelho?...

Anónimo disse...

Rapidamente inaugurado pelo Pinto de Sousa com a Ferreira Leite sob o olhar ternurento dos titulares da união de facto - Relvas/Curvelo/Carrão/Vicente com Ferreira/Bezerra/Zeca/Huguinho.

Era do baril, pá!

Anónimo disse...

Quem é que é o Pinto de Sousa

Anónimo disse...

Esta criatura anda pela estratosfera.

JOSÉ SÓCRATES Pinto de Sousa, já lhe diz alguma coisa?!

Realmente, não há pachorra!!!!!!!

Anónimo disse...

É verdade. Os tomarenses têm o que merecem. Elegeram aqueles que já tinham provado a sua incompetência. Estes associaram-se aqueles que nada provaram e só vivem da politiquice e piolhice. São os boys que se julgam fadados para servirem a eminência parda do partido. Os independentes, apesar de tudo, e para sermos honestos, não podem ser julgados por actos que não são os seus. Exigir que tenham soluções para o concelho é um acto de fé, até pela atitude do bota-abaixo e chumbo garantido pela coligação (mesmo sem qualquer avaliação dos conteúdos das propostas que os independentes têm apresentado) de todas as propostas que estes apresentem.
Estamos perante o pior executivo de que há memória no pós 25 de Abril.

Anónimo disse...

Que saudades devem ter os tomarenses, e todos os que querem bem a este concelho, dos tempos em que Tomar era uma terra muito elogiada por todos os que nos visitavam.
Hoje, coitada, vai morrendo aos poucos sem que haja "médicos" para a socorrer.
Para bem da verdade, os tomarenses merecem o que têm.

Anónimo disse...

Que saudades devem ter os tomarenses, e todos os que querem bem a este concelho, dos tempos em que Tomar era uma terra muito elogiada por todos os que nos visitavam.
Hoje, coitada, vai morrendo aos poucos sem que haja "médicos" para a socorrer.
Para bem da verdade, os tomarenses merecem o que têm.