segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

SORVER O ORÁCULO DO PODER


É ponto assente nos meios académicos que a História não se repete. Neste caso, porém, temos fundadas dúvidas. Na verdade, tudo aponta no sentido de termos regressado à Grécia Clássica, quando os oráculos do poder só muito raramente acediam descer até à turba ignara, para explicar o sentido do mundo. Assim estamos agora, segundo nos parece e salvo melhor opinião, uma vez que não somos historiadores encartados. (Nem temos pena). Os oráculos transitoriamente sentados nas cadeiras do poder, ou mantêm o prudente silêncio, ou, como é o caso, falam/escrevem ao povoléu cada vez mais raramente. Razão imperativa para ler e analisar de fio a pavio tudo o que condescendem comunicar aos pobres e humildes ignorantes, cujas únicas virtudes são pagar impostos e votar. Mas são tão pesporrentes e inconvenientes, credo !
Vamos então à tarefa. Sabedores de que a governança local praticamente não deixa tempo livre aos ocupantes do poder, procuraremos ser o mais sintéticos possível. Afinal, "tempo é dinheiro".
Interroga o respeitável edil se dizer sempre mal não cansa. A nós não, porque já estamos habituados. Mas prejudica, sobretudo ao nível dos bolsos. Em todo o caso, deve cansar menos do que dizer bem da actual maioria. Basta pensar no trabalho que dará procurar o que já terão feito, digno de elogios não hipócritas. Só se for o "Orçamento" para 2010, realmente uma verdadeira obra-prima de contabilidade virtual.
Já agora que estamos "com a mão na massa" (salvo seja !), aproveitamos para esclarecer que nunca dizemos mal deliberadamente. Limitamo-nos a mostrar a verdade, tal como a vemos, sem óculos partidários. Dito isto, aqui vai um elogio, coisa bem rara por estes lados. Gostámos francamente deste par de frases: "Problemas sempre existiram, sempre existirão. Soluções é que são mais difíceis de encontrar." Concordamos inteiramente, aplaudimos a franqueza e até vamos mais longe. Acrescentamos que autarcas capazes de encontrar verdadeiras soluções, são uma ínfima minoria. Com tendência a extinguir-se. E aqui nas margens nabantinas nunca houve, desde 74, nem há.
Quanto ao resto do documento em análise, a técnica de responder às perguntas que não foram feitas, como artimanha para escamotear as que todos formulam, já é demasiado conhecida. O que os cidadãos querem é conhecer (finalmente !) o programa completo das comemorações dos 850 anos, se possível com a respectiva fundamentação, globalmente ou caso a caso. O resto não passa de música de fundo, para mobilar.
A alusão às eleições partidárias e às autárquicas parece-nos carecer de pertinência. Por um lado, porque ninguém pode garantir neste momento que a actual maioria circunstancial durará até final do mandato. A não ser que se entre num ciclo comparável ao da actual oposição na Assembleia da República: Às segundas, quartas e sextas fazem tudo e mais alguma coisa para provocar a queda do governo PS, mas às terças, quintas e sábados acham que não há razão nenhuma para Sócrates se demitir, porque tem todas as condições para governar...
Por outro lado, os partidos já há algum tempo que a nível local têm importância secundária. Basta pensar que nas últimas autárquicas, dos sete cabeças de lista, só dois (PS e BE) é que eram filiados. Os restantes cinco eram independentes. E mesmo assim, garantem as habituais línguas viperinas, o do PS é socialista de fresca data, muito boa pessoa e digno profissional, mas não passa de "Américo Tomás do senhor vereador Luís Ferreira". São mesmo maus, não são !?
De uma infelicidade gritante é a última frase. A confirmar que quando já se foi "peixeira", não se consegue evitar que o pé fuja para a tamanca de tempos a tempos. É o caso. Lamentável.

6 comentários:

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

D. João de Castro, vice-rei da Índia, figura de vulto da cultura portuguesa do séc. XVI, Humanista e Renascentista, desabafou numa carta a um dos seus amigos, a propósito de um pedido de socorro que tanto tardou (e nunca chegou), numa batalha que travava para defender Diu:

"(...) e estou para me enforcar dessas caravelas lá não serem, e merda para elas e para os que vão dentro, e para Gomes Vidal, porque são homens de merda que não sabem navegar senão para tomarem portos e rios e comerem pão fresco e saladas"

E referindo-se aos desastres trágicos de caravelas nos mares que matavam milhares das tripulações, acusava assim os vaidosos e petulantes pilotos que não estudavam como deviam as artes de navegar:

"Porque eles somente podem matar sem pena (...), pois cada hora vemos que dando com as naus em través por suas culpas, não há quem lhes peça conta dos mortos; mas é-lhes muito agradecido e tido por humanidade quererem dar razão de si, e a desculpa do infortúnio, pondo mil aleives ao céu, ventos e mar [...]; ora dizendo que a nau lhes levava tantas léguas; ora que as agulhas lhes nordesteavam, ora que as águas, com suas correntes, os lançaram fora do caminho"

E eram estes mesmos que se arvoravam, quanto a "astrolábios, , quadrantes, balestilhas, agulhas, relógios, cartas, pomas, tábuas solares, etc.",

"serem eles do mar os inventores, e cada um deles crê de si, e pelo menos quer dar a entender, ser o próprio que as inventou; e isto com uma soberba como se neles estivesse encerrada a astrologia..."

Rebelesco disse...

A sacerdotisa do Oráculo de Delfos tinha o nome de Pitonisia. Segundo reza a história sentava-se sobre o trípode ou cadeira alta com os três pés e acima do abismo hiante de onde brotavam as exalações proféticas. Hoje os ditos "senhores" da Câmara Municipal de Tomar sentados nas cadeiras de 4 pés e não de 3, o que lhe provoca mais equilíbrio acima dos munícipes, também brotam as denominadas "postas de pescada" sem que se consiga saborear qual o condimento que provoca cheiro de marasmo de actividades. Contudo estes politiqueiros de meia tijela (3+2) e os 2 verbos de encher não devem esquecer uma máxima de Apolo: "Se te comprometes, ganhas a infelicidade".

Anónimo disse...

» ÚLTIMA HORA
+ NOTÍCIAS »


(Sociedade)
Tomar
Câmara apresenta programa das comemorações do 1 de Março
(© Jornal O Templário, em 22-02-2010 14:25, por Jornal O Templário)

Exposições, lançamento de livros, visitas guiadas e conferências fazem parte do programa das comemorações dos 850 anos de Tomar

“Tomar cidade Templária, a Herança dos Séculos” é o lema das comemorações dos 850 anos da fundação de Tomar que começam a 1 de Março (feriado municipal) e se prolongam até Maio do próximo ano.
Estão previstas exposições, lançamento de livros, visitas guiadas e conferências, um programa que vai ser apresentado nesta terça-feira em conferência de imprensa.
Sabe-se que o Grupo de Amigos do Convento de Cristo juntamente com a Sociedade de Geografia de Lisboa e a Câmara Municipal de Tomar vão realizar uma sessão solene comemorativa dos 850 anos da fundação do Castelo dos Templários na sede daquela sociedade em Lisboa no dia 1 de Março.
No dia 4 o jornal O Templário em parceria com a Câmara vai lançar o livro "Thomar do Templo e de Cristo", com texto de João António Godinho Granada e capa, ilustrações e arranjo gráfico de José Inácio da Costa Rosa.
A apresentação tem lugar na Casa dos Cubos em Tomar."

Anónimo disse...

Tomar, por onde andas?
Diz-me para onde vais e eu dir-te-ei qual a tripulação que te empurra para o abismo.
De facto, e apoiando a afirmação atrás referida, estamos servidos de politiqueiros de meia tigela (3+2) e 2 verbos de encher.
Quem tivesse dúvidas parece já não as ter. Se os representantes do psd não valem mesmo nada, os do ps são uma vergonha. Quanto aos dois verbos de encher, alguém tinha dúvidas de que são dois molengões? Um já é repetentíssimo, a graça costa era só fumaça. Sentem-na? Ela não existe politicamente.

Anónimo disse...

Isto está mesmo mau. Desde que o actual executivo (poder e oposição) tomou posse, mais claro se tornou para os cidadãos que exercem a cidadania que nenhum dos 7 magníficos (vereadores) tem uma ideia que seja (fora as banalidades não testadas) concreta para que Tomar encontre uma janela (por muito pequena que fosse) para anunciar projectos que anunciem o futuro.
Quanto à Graça Costa, é muita parra e pouca uva. Acredito que ela se sinta bem no meio de tantos "homens" na dita associação.
Nem é de contestar. Quem não gostaria de ter companhia assim nem que fosse para encher o olho. Eu não me importava. Agora que politicamente é um vazio? Lá isso é.

Anónimo disse...

Leram o Mirante desta semana? Por norma não leio esse pasquim que sabuja todo e qualquer poder que lhe pague boa publicidade!!!
Mas o ex-presidente da câmara de abrantes vem lá a dizer que o PSD e o PS não têm qualquer expressão distrital ao nível político.
É caso para dizer: para que servem as distritais dos partidos? Para arranjar empregos bem pagos para os boys? Para colocar alguns na lista de deputados? Para colocar alguns boys no governo civil? Para que servem afinal?