1 - Pessimistas encartados
Ao decidir publicar a publicidade paga pela governo francês, para promover o Grande Empréstimo de 40 biliões de euros, não tínhamos em mente qualquer intervenção em termos de política nacional. Sabemos bem que não há qualquer hipótese de sermos ouvidos lá para as bandas de S. Bento, ou do Terreiro do Paço. As nossas principais preocupações são mais modestas. São o concelho de Tomar e a busca incessante da melhor maneira de levar os tomarenses a encararem a realidade e agirem em consequência. Não temos conseguido grandes avanços, é verdade, o que nos leva a prosseguir ainda com mais afinco.
Na citada acção do governo francês, na busca de um futuro melhor para França, o primeiro aspecto a destacar é o seu respeito pela igualdade de todos perante as leis do país. Propriedade da Sociedade de Jornalistas e da Sociedade de Leitores, o LE MONDE tem sido, desde a sua fundação em 1946, um jornal de "pessimistas encartados". Tem criticado todos os presidentes e todos os governos, tanto de esquerda como de direita. O que não impediu o poder de direita de lhe pagar duas meias páginas de publicidade a cores. Como a todos os outros. O contrário seria impensável, no país cujo povo fez a revolução há 221 anos. E por estas bandas, como vamos de igualdade perante a lei ? Uma coisa é proclamar, outra coisa é respeitar.
2 - Governar é optar
Com estas intervenções publicitárias, o governo francês demonstra aos seus cidadãos eleitores que não anda às sopas de Bruxelas. Que não consente que seja Bruxelas a determinar quais os sectores ou obras a financiar.
Fixou objectivos, definiu tácticas e estratégias, naturalmente susceptíveis de correcção a todo o tempo, e procurou os meios para as suas ambições, sem aguardar a bênção da UE.
Em vez disso, aqui nas margens nabantinas aprovam-se orçamentos de faz de conta, tendo como argumento central, inscrito no próprio documento, a caça às esmolas da Europa. Será isto aceitável ? E quando não houver mais esmolas ?
3 - Criar riqueza e não esbanjá-la
Ensino, formação, investigação científica, PME/Indústria, desenvolvimento sustentável e economia digital, eis os eixos do programa francês, a financiar com o referido empréstimo de 40 biliões, vocacionado para enriquecer o país, que vai assegurar investimentos nos sectores mais promissores, os quais foram escolhidos em função da capacidade para gerar actividade económica, emprego e riqueza negociável.
Será com a ponte metálica do Mouchão/Campo de treinos, a Muralha e a Ponte do Flecheiro, o abastardamento do Mouchão, o parque subterrâneo, os campos de ténis, a nova via pedonal na Mata ou os museus da Levada que vamos gerar riqueza, mais valia, valor acrescentado ? Não nos parece. Nenhum deles faculta ou virá a facultar receitas que se vejam. Pelo contrário. Vieram ou irão aumentar substancialmente os encargos, tanto junto da banca como em termos de funcionamento e manutenção. Mas os eleitores tomarenses, optimistas crónicos contra a corrente das evidências, é que sabem. Não poderão é continuar a respeitar a verdade quando afirmam que ninguém os avisou...
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