sexta-feira, 25 de março de 2011

CRITICAR FORTE E FEIO...

Há na política tomarense algumas almas pretensamente sensíveis que se sentem ofendidas com qualquer opinião mais frontal. Sobretudo quando fundamentada. Regra geral, vá de lamentar que o autor da crítica seja mal educado, de baixo nível, desleal, etc. etc. 
Sendo óbvio que tal tipo de reacção apenas denota falta de tolerância e de vivência democrática, torna-se ainda assim indispensável apresentar casos concretos, dado que os tomarenses, entre outras lacunas, também não são muito dados a leituras, excepto de jornais desportivos.
Seguem-se excertos de uma entrevista hoje publicada no semanário SOL. O entrevistado é Alípio de Freitas, ex-padre, ex-jornalista e ex-preso político no Brasil, agora com 82 anos. Para os leitores perceberem como se critica forte e feio, sem todavia exceder os limites do normal debate político robusto.

"Portugal está em crise desde D. João II. Crise essa que se agravou durante o reinado de D. Manuel, com a expulsão dos judeus. Aí Portugal perdeu o rumo. Houve uma tentativa de mudança das coisas com o Marquês de Pombal, mas depois ficou tudo na mesma. Fomos modelados pela Inquisição e por uma nobreza medíocre.
Perdemos [com a expulsão dos judeus] a formação de uma burguesia. Portugal nunca teve burguesia. E sem burguesia não há revoluções. Os Descobrimentos iniciaram-se com um capitalismo mercantilista e para isso foi necessária uma burguesia mercantil. Essa burguesia mercantil era formada por judeus, que eram os homens de negócios e os homens da banca.
As condições económicas agravaram-se [nos últimos anos]. Mas o problema é de toda a Europa. A Europa esbanjou as riquezas que lhe foram chegando de outros continentes. Portugal esbanjou o ouro do Brasil. Temos coisas sumptuosas, mas não se criou uma indústria. A Europa viveu sempre da espoliação dos continentes e agora isso terminou.
[Ouro do Brasil e fundos comunitários] é a mesma coisa. Os dois foram usados em coisas sumptuosas. Dos fundos europeus só restam as estradas. Do ouro do Brasil resta o Convento de Mafra e umas coisas ilusórias. O aproveitamento foi o mesmo. ... ...
...Mas as crises também podem desembocar em situações melhores. Há quanto tempo não vemos, por exemplo, notícias sobre a Islândia? Depois das cinzas não se soube mais nada, mas a Islândia venceu a crise. Deixou assentar as cinzas e está a levar à justiça todos aqueles que contribuíram para a sua falência. A Islândia deixou de ser notícia porque resolveu os seus problemas sem todas estas palhaçadas do Sócrates e dos outros... ... ...
Tudo isto é de um ridículo atroz. A política portuguesa é de um ridículo atroz. Parece uma farsa de loucos. A Assembleia parece uma gaiola de gente que está fora do mundo. Aquilo é um circo de ridículos com alguns palhaços, umas bailarinas e mais nada. Basta ver que Sócrates, quando vai ao Parlamento, fala, fala e não responde a nada. Quem esteja atento vê que aquilo é só gastar tempo. Se eu fizesse uma pergunta a um sujeito e ele me respondesse daquela forma, acho que lhe partia a cara. Levantava-me da bancada e partia-lhe a cara: Oiça lá, então eu pergunto-lhe uma coisa e você responde-me outra? ... ...
... ... ...O Presidente da República foi eleito com 23% dos votos dos eleitores inscritos e diz que é presidente de todos os portugueses, mas 77% não votou nele. ... ...Se isto fosse um regime político a sério, ele não aceitava tomar posse. ... ... ...
... ... Quando oiço o Jerónimo de Sousa falar -e eu sempre fui um tipo de esquerda- sobre a classe operária e os seus trabalhadores, acho que ele ainda está a pensar na Lisnave. Aqueles que não estão a tornear uma peça, para ele não devem ser trabalhadores. O mundo mudou. O conceito de Marx, do século XIX não se aplica mais a isto. E eu até gosto do Jerónimo. Acho-o uma boa pessoa.
...Acho que ele [Sócrates] está louco. Paranóico. É um caso de loucura aguda. Repete sempre o mesmo discurso, faz sempre as mesmas afirmações, tem sempre os mesmos comportamentos, mente permanentemente e acha que as suas mentiras são verdade. Vive uma realidade que não existe. E, na cabeça dele,  é coerente, tal como todos os loucos. Os loucos são mais coerentes do que nós. Nós somos incoerentes.  A incoerência faz parte da sanidade mental. Já as pessoas que estão sempre certas, precisam de um tratamento psiquiátrico. E Sócrates é um caso agudo. Devia ser internado a bem a nação. E depois tem à volta dele um monte de trauliteiros, tipo Chico Assis e outros, que defendem a torto e a direito tudo o que ele diz e faz. A política não pode ser isto. Não sou médico, mas o sujeito está com pancada. E é grave.
[Passos Coelho] ainda está de cueiros. Ainda usa fraldas. Duvido que os barões do partido queiram um imberbe daqueles a governar. Ainda acho que Sócrates é capaz de ganhar as eleições.
[Cavaco] acho que não é bom em nada. Como primeiro-ministro foi um desastre. É o pai de toda esta corrupção generalizada. Basta ver que os amigos dele estão aí todos encrencados com processos. ... Como presidente, está sempre em cima do muro. Não vai para um lado nem para o outro. Fica assim sempre sem saber o que fazer."


José Fialho Gouveia, SOL, 25/03/11, páginas 2 e 3
josefialho@sol.pt

As partes a azul são de Tomar a dianteira.

3 comentários:

Anónimo disse...

Quem fala assim... Boa, ex-Padre Alípio! As passagens da sua entrevista transcritas são o melhor que se lê aqui no Blogue do Estimado Professor Rebelo. O resto, é de meter dó!
Os comentadores dizem sempre a mesma coisa. Não há uma boa ideia. Falam de boys de um lado, dos que estão; falam dos quem vêm a seguir. Este país já não tem remédio. E não se iludam. O Engenheiro José Sócrates vai ganhar outra vez as eleições e vamos tê-lo mais uns anos como Primeiro Ministro.
Bom fim de semana para todos!
Visconde da Aldeia

Anónimo disse...

Quantos comentários não foram feitos aqui,em termos semelhantes,e que,só por porem em causa opiniões,posturas e ambições do "triunvirato" (António Rebelo/Luís Ferreira/Hugo Cristóvão)foram liminarmente censurados ?
Quantos?

"Criticar forte e feio" só é consentido se não tocar nos intocáveis,os três senhores e,agora,mais o "estadista" Relvas.

E,a ver vamos,se este comentário vê a luz do dia.

Anónimo disse...

Claro que vai pois basta ver a dupla PSSAOS COELHO/MIGUEL RELVAS, dois gartos sem experiência a quererem governar PORTUGAL. Mal por mal mais vale o Sócrates pois j´s mostrou o que é