domingo, 13 de março de 2011

À RASCA...E AGORA?

Foto DN, com os agradecimentos de TaD
Houve quem, tendo lido os comentários do blogue, me perguntasse se era contra as manifestações de ontem. -De modo nenhum! Participei no Maio de 68, em Paris, e que saudade, Deus meu! Aí aprendi e não mais esqueci que "Manifestar a valer, dá saúde e faz crescer!" (Intelectualmente, bem entendido.)
De forma que tivemos então manifestações não partidárias nem anti-partidárias, na faixa costeira do País. Como em 68, em Paris! Já ia sendo tempo! Agora resta-nos aguardar pelas manifestações no interior do País, cada vez mais (salvo raras excepções) uma espécie de gigantesco armazém do "refugo do refugo" e dos conformistas acomodados.
Os manifestantes de ontem, contra o desemprego, contra a precariedade, contra a austeridade, contra a falta de alojamentos baratos nas zonas históricas têm razão? -Têm sim senhor! Tanto mais que há sempre razões para se manifestar. Agora empregos, empregos fixos e alojamentos económicos é que não há. Nem se prevê que venha a haver nos tempos mais próximos. A doença é geral por essa Europa fora. Resulta do novo paradigma: já não somos o continente dominante, na política, na economia, na finança, na tecnologia ou na inovação. Desapareceram por isso as elevadas taxas de valor acrescentado que permitiram durante décadas sustentar o Estado-previdência e o Estado-providência. Agora vamos ter de viver num mundo caótico, até que uma nova plataforma provisoriamente estável venha a ser conseguida. Mas vai levar tempo e custar muitas lágrimas. Os jovens portugueses à rasca terão de interiorizar que as fronteiras estão abertas e que "quem tem unhas é que toca viola". Nos anos 60 e 70 do século passado foi bem pior. Havia a guerra em África e as fronteiras estavam fechadas, pelo que era preciso coragem e espírito aventureiro para "dar o salto" para Espanha e daí para a Europa livre. Coragem juventude! Somos portugueses, europeus e cidadãos do Mundo, ou não?! Nestas coisas, como em tudo, há os que têm... e os outros. Estão à espera de quê?
Entretanto em Tomar continuamos em contra-ciclo. Obras faraónicas fora de tempo, em época de austeridade e de cortes orçamentais. Admissão de novos funcionários, entre os quais alguns quadros superiores, quando o mais acertado seria reduzir os quadros. Elefante branco da Levada, Envolvente ao Convento, Estrada de Coimbra. E a seguir? Novo mercado tradicional? Mercado abastecedor? Realojamento dos ciganos? Requalificação do Bairro 1º de Maio? Requalificação do Bairro da Senhora dos Anjos? Com que recursos?
Quem são os culpados? A relativa maioria PSD? Pois são sim senhor! Mas os maioritários quatro vereadores da oposição bem podem limpar as mãos à parede, que têm feito um rico trabalho. Benza-os Deus, apesar de pelo menos um deles proclamar que é laico.
Um dos elementos do actual conselho tunisino da revolução declarou ao EL PAÍS que os cidadãos se revoltaram porque estavam fartos de ser tratados com imbecis pelo governo. Aqui em Tomar estamos na mesma, mas a população acomodada continua a dormir na forma. Por enquanto?

8 comentários:

Anónimo disse...

Senhor Rebelo estamos mesmo à rasca. Quer um testemunho? Deve querer! No Politécnico de Tomar existe manifestamente um senhor que gere as finanças dessa instituição e que mais parece um representante do FMI. Bolsas de estudo por pagar à bué (os alunos preparam-se para se manifestar), multas sobre multas sobre os alunos, emolumentos sobre emolumentos, ordenados muito incertos, despedimentos em catadupa já para o início de Setembro, falta de papel, água engarrafada (um luxo quanto a mim pois a água da torneira é óptima), não pagamento de revistas científicas on-line, ajudas de custo em largo atraso, restrições nas impressões a cores, inibição na aquisição de livros, contratação de máquinas vending sem concurso, dívidas acumuladas a fornecedores, etc.
Para que conste pessoalmente concordo com quase todas estas restrições orçamentais quase ditatoriais (não se consulta ninguém) mas necessárias senão o IPT encerra mesmo. Finalmente será bom observar que pagam sempre os mesmos pois os amiguinhos dos que tentam gerir comem tudo até rapar o tacho.
Assim vão as coisas pelo IPT. Por quanto tempo mais? Por pouco isso é certo.

Grão de areia-mor :(

Anónimo disse...

É por tudo isto que concordo com as medidas do sr. sócrates. Reduzir pensões superiores a 1.500 euros. Já.
Os alunos passam a limpar o estabelecimento e a limpar a sujidade que produzem. AOS FINS-DE-SEMANA DEVEM TRABALHAR. Se for preciso eu digo onde.
Nada dis to é estranho, só me admira é estar a dar-se tão tarde...
Temos que nos convencer que somos um país pobre. Apesar de há muito os nosos políticos terem-nos iludido que eramos ricos pelo facto de sermos europeus...
A factura está aí para pagar? Quem a paga? Vamos ver se isto fica ainda assim.
Sou daqueles que pede o FMI já!!!!

Um homem pobre mas honrado.

Anónimo disse...

Os alunos devem trabalhar ao fim de semana ? Então ? Durante a semana comem, estudam, dormem. Durante o fim de semana fazem os trabalhos de casa, estudam, dormem, comem e trabalham ? Rica vida. Mentalidade de merda. Precisamos é de ter qualidade de vida, que não temos graças ao desgoverno socialista. Se lutarmos por melhores condições, haveremos de as conseguir alcançar.
Não é com pensamentos conformistas e mesquinhos que alcançaremos algo.

Jaquinzinho

Anónimo disse...

Para o anónimo das 14:33 do dia 13,

Por todas as razões que salienta e porque estamos em período de vacas magras, julgo que o IPT (ao idêntico de outras escolas superiores abertas em período de vacas gordas) deveria encerrar e os alunos reconduzios a outros escolas do saber. Eventualmente a verdadeiras escolas do saber.
Não é à toa que os filhos dos professores do IPT estejam em escolas de Lisboa e Coimbra. Eles sabem bem o que aquela casa produz...
P.M.

Anónimo disse...

À rasca... andamos todos à rasca.

Anónimo disse...

O filho do doutor ostorbeek estuda no IPT sabia? E dava-lhe mais uns nomes mas fiquemos por aqui mesmo.

Anónimo disse...

Existe uma geração à rasca? Existe mais do que uma! Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida.

Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.

Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Anónimo disse...

Excepções à regra.
É bom ficarmos por aqui, pois casos destes não abundam no IPT e apenas servem para provar que de facto, "SANTOS DA CASA NÃO FAZEM MILAGRES".
P.M.