sábado, 19 de dezembro de 2015

Uns são cegos, outros incompetentes

...Outros ainda são ambas as coisas. Só ainda não consegui responder cabalmente a uma dúvida fundadora: São cegos porque incompetentes? Ou incompetentes porque cegos? Ou está tudo ligado?
Aos factos. 
Murmura-se por aí que estou contra a comunicação social local por inveja, por ressentimento e porque estou sempre contra tudo e contra todos. A esses respondo com a célebre frase dos idos de 1975: Olhe que não! Olhe que não! E avanço um exemplo, a apoiar.
Semana após semana, a comunicação social local vai despejando notícias de forma acrítica e geralmente incompleta. A maior parte das vezes limitam-se a reproduzir parte daquilo que as diversas entidades lhes enviam. E assim, porventura sem disso se darem conta, os jornalistas que temos vão enganando os leitores com a verdade...incompleta porque fora do seu contexto.


Cidade de Tomar publica, na sua edição desta semana, a notícia local cujo título se reproduz acima. Suponho que será da autoria da excelente jornalista Elsa Ribeiro Gonçalves, que terá sido induzida em erro pelos competentíssimos serviços camarários encarregados dos contactos com a comunicação social. Conforme salta aos olhos de qualquer leitor que saiba português e não seja totalmente analfabeto em termos societais e políticos, aquela longa frase titular contém dois erros crassos. Um de protocolo, outro de política elementar.
Em termos protocolares (e há um Protocolo de Estado que todos os governantes devem respeitar), um ministro só reúne com alguém quando são os seus serviços que convocam essa ou essas pessoas. Quando pelo contrário é uma pessoa ou entidade, como por exemplo o Município de Tomar, que solicita uma reunião, deve escrever-se que o ministro recebe fulano ou cicrano.
Por conseguinte, Anabela Freitas não reúne com Ministro da Saúde, que lhe é -fora do concelho- hierarquicamente muito superior em termos protocolares. Anabela Freitas É RECEBIDA pelo ministro da saúde, devia escrever a comunicação social tomarense. O ministro da saúde RECEBE a presidente do executivo tomarense, escreverá a restante comunicação social, cujos leitores ignoram totalmente quem possa ser Anabela Freitas.
Mas há pior. Muito pior. Além de passarem por mal educados aos olhos de quem ler o dito título, os membros do executivo tomarense serão também considerados perigosos esquerdistas contestatários...e pouco preocupados com aquilo que dizem. Porque não lembra a ninguém, para além dos seguidores do Mandanela, noticiar que a presidente de um executivo autárquico desacreditado e de segunda categoria resolveu ir PRESSIONAR o ministro da saúde. Além de ser uma idiotice, é também uma completa burrice. Como devia ser bem sabido, nunca um governante admitirá que sofreu ou cedeu a pressões.
Portanto, o problema hospitalar tomarense só pode continuar a agravar-se. Tanto mais que a autarquia nem dinheiro tem para manter as ambulâncias operacionais. E os serviços do ministro não devem andar a dormir. Credibilidade, precisa-se com urgência.

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