quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

MANCEBIAS POLÍTICAS E NÃO SÓ...

Política e mancebia -eis duas matérias que raramente dão bons frutos. Já no Império romano, a mancebia de Marco António e Cleópatra veio a revelar-se uma tragédia. Tanto para Roma como para Tebas. Muitos séculos volvidos, a mancebia de D. Pedro com D. Inês de Castro conheceu um duplo final. Primeiro o sangue e a morte, mais tarde a glória da coroação. O rei D. Afonso IV mandou assassinar a galega Inês, alegando o interesse da coroa. D. Pedro, rei após a morte de seu pai, mandou exumar e depois coroar o cadáver da sua amada, em pleno mosteiro de Alcobaça. Onde ambos estão sepultados.
Já na época contemporânea, após 16 anos de balbúrdia política republicana, alguns militares marcharam de Braga rumo a Lisboa, onde proclamaram uma ditadura militar. Estávamos a 28 de Maio de 1926. Canhestros em matéria política e financeira, acabaram chamando um professor de finanças de Coimbra, de seu nome António de Oliveira Salazar. Politicamente conservador, mas intelectualmente muito ágil, depressa o novo governante e antigo seminarista disse ao que vinha. "Sei muito bem o que quero e para onde vou", afirmou num dos seus primeiros discursos.
Seguiram-se mais de 40 anos de regime autoritário de partido único, pois entretanto o novo chefe resolvera amancebar-se com o poder. Tanto assim que nunca se casou ou viveu em comum de forma continuada com qualquer mulher, para além da sua governanta. E não fora uma simples querela sobre promoções e carreiras, que descambou numa revolta militar vitoriosa em 25 de Abril de 1974, é muito plausível que ainda hoje se mantivesse essa espécie de ditadura à portuguesa. Dita dura, mas assaz mole em vários aspectos.
Volvidos 41 anos, temos agora em Tomar, outrora uma cidade próspera, agora em vias de se transformar rapidamente numa pobre aldeola porca e inculta, um novo modelo de gestão autárquica. Trata-se da mancebia generalizada como forma de governação municipal. Uma espécie de via rápida para a catástrofe económica e social. Os sinais de alarme já aí estão, entre os quais a continuada fuga da população, à média anual de 300 pessoas na última década...
Após as eleições de há pouco mais de dois anos, nesta terra gualdina e em termos políticos, há duas interpretações políticas possíveis: A - Na política tomarense nada é aquilo que parece; B - Na política tomarense aquilo que parece é. O leitor fará o favor de optar.
Por mim, escolhi a opção B. Temos assim que, na minha opinião, ao nível daquilo que se pode ver na prática diária, a putativa líder da autarquia na passa afinal, em termos reais, de mera secretária do seu mancebo, enquanto este, suposto chefe de gabinete, é quem de facto determina, manda publicar e orienta a sua manceba. Mais curioso ainda, o dito mancebo, que vive em mancebia doméstica e política com a oficialmente eleita, resolveu amancebar-se também com a Assembleia Municipal. Alavancado pela dita mancebia, controla o parlamento municipal por interposta pessoa e puxa os cordéis no PS local.
Tudo isto porque as oposições fingem que não percebem o que salta à vista. O verdadeiro presidente do executivo, inteligente e com muito traquejo político, consegue tocar cada vez mais instrumentos, não só por já ter sido músico profissional, mas também por não recear a 2ª parte da velha máxima segundo a qual na política podemos avançar até onde nos deixam, mas devemos recuar até onde nos obrigam. Não teme que o forcem a recuar porque desde o início do mandato intuiu o óbvio. Todos os vereadores da oposição estão afinal, eles também, amancebados com o poder.
O PSD pretende a todo o custo evitar ondas, por ser evidente que não estaria à altura caso as eleições fossem agora. O vereador IPT não pode exceder-se muito, por se encontrar na incómoda posição de cão de luxo. Usa açaimo, coleira e trela curta. Caso tente libertar-se, perde a sede, com água, luz e equipamentos, tudo à custa dos contribuintes, via benesse da autarquia. Resta o vereador CDU. Sendo certo que não precisa para nada do vencimento como vereador a tempo inteiro (que segundo julgo saber entrega ao partido), francamente ainda não consegui perceber o que o levou a embarcar em semelhante bote, que continua sem rumo certo e cada vez com mais buracos. A tal ponto que pelo menos um dos vereadores PS já confessou a terceiros estar arrependido de ter integrado a lista agora no poder.
Resumindo, certo, mesmo certo, é que toda esta gente, presidente, vereadores, deputados municipais, presidentes de junta e população em geral, vão-se lastimando por onde calha, mas nada fazem para pôr fim a mancebias que a todos envergonham. A começar pela dos mandantes máximos. Que a lei tolera mas a moral e  os costumes condenam.

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