terça-feira, 3 de abril de 2012

A Mata e os mata-esperança - 3



Graças aos recursos informáticos, a recente acção promocional da autarquia em relação à Mata dos 7 Montes dotou aquele pulmão da cidade com uma bela infografia, logo à entrada, do lado direito. Como decerto notarão os mais atentos a estas coisas, é evidente a origem militar do programa usado. Temos uma visão aérea do terreno, a baixa atitude e por conseguinte em posição de tiro directo. Agora manipulado por civis beócios, há uma parte inútil (ângulo superior esquerdo), em vez da indispensável ligação à urbe. De tal forma que os pobres turistas, caso não se orientem pelas plantas dos seus próprios guias, "estão feitos ao bife".
Para não massacrar demasiado, este vosso rústico criado vai procurar ser o mais breve possível. Assim:
1 - Quem não conhecer a Mata terá a maior dificuldade em orientar-se pela planta supra, uma vez que nem sequer nela figura o indispensável e clássico círculo vermelho com a indicação "Você está aqui". 2 - Só existe esta infografia à entrada, o que leva a supor que um visitante que tenha chegado ao lado oposto (onde estão uns binóculos, no ângulo superior direito) ainda se lembrará muito bem do que viu à entrada... 3 - Em vez de se limitarem a indicar pontos de referência (Tanque Grande, Charolinha, Outeiro dos Ciprestes, Lagar, etc), os autores da coisa resolveram marcar no terreno, que é como quem diz na infografia, dois circuitos pedestres -o "Caminho da Charolinha" e o "Caminho da Cadeira d'El-Rei". Uma bela confusão, porque na Mata não há nenhuma Cadeira d'El-Rei. Apenas o Tanque da Cadeira d'El-Rei (em C). A dita cadeira fica no exterior (em D). Pelo que bem podem os infelizes visitantes ir caminhando até a encontrarem. 4 - Outra originalidade reside no facto de haver cruzamentos (como por exemplo os dois marcados com X) sem qualquer sinalização, o que para um desprevenido visitante... 5 - A linha azul da primeira infografia indica o hipotético caminho pedonal para o Convento, pela Torre da Condessa. Uma vez que esta está sempre fechada, a outra infografia mostra (também a azul, em A) a Via Sacra que os candidatos à visita ao Convento têm de percorrer. A linha laranja, em B, mostra o que poderia ter sido feito, recuperando a antiga ladeira da Almedina, com passagem pela porta do mesmo nome ou do Sangue. Mas teria sido demasiado simples e portanto muito mais barato. 6 - Finalmente, para não bater demasiado nos cèguinhos, há uma curiosa linguagem informativa em diversas placas metálicas de identificação. Eis um exemplo:


Leigo nestas como em muitas outras coisas, o autor destas linhas teria escrito apenas o seguinte: Jardim da antiga Horta dos Frades. Estilo francês de Le Nôtre, em buxo talhado. À direita o Tanque dos Frades, ligado por caleira de telha romana ao Tanque Grande (ao fundo) e às aguas do Aqueduto de Pegões, através das escorrências da Porta do Sangue e da Gruta da Encosta. Por sua vez, o Tanque Grande recebia as águas da Nascente da Charolinha e do Tanque da Cadeira d'El-Rei
Estilos diferentes, está claro... O povo bem recomenda "Não vão os sapateiros além das chinelas", mas quê!? Em Tomar todos sabem de tudo. Por isso estamos tão bem que nem sequer damos pela crise. Ou estarei a ver mal?

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