terça-feira, 10 de abril de 2012

Honrai a Pátria...


Sem água da rede desde ontem. Rotura (como agora se diz, em vez da tradicional ruptura) de uma conduta principal na Rua Direita (Infantaria 15). "Trabalhámos toda a noite", asseverou um quadro superior dos SMAS. "Um a trabalhar e três a ver", alertou um morador da zona. Assim ou assado, que esperar de material com mais de 70 anos de uso?. A parte da rede de água do pomposamente designado Núcleo Histórico que ainda não foi remodelada, data de 1936! Por falta de vontade política e de meios, já se vê.
Mas, como já foi dito em post anterior, os funcionários do Convento de Cristo puderam gozar o domingo de Páscoa como entenderam, graças aos direitos adquiridos em tempos que já lá vão, quando foi época de farturas e muitos aproveitaram para se alambazar. E aquele monumento Património da Humanidade esteve fechado. Pelo menos um milhar de forasteiros bateu com o nariz na porta...de S. Tiago.
Claro que não há qualquer relação entre a rotura da Rua Direita, a vetustez das condutas e as entradas no Convento de Cristo, ou nos outros monumentos Património Mundial, no 1º de Janeiro, no Domingo de Páscoa, na sexta-feira-santa, no 25 de Abril, no 1º de Maio e no dia de Natal. É só por dizer que na economia impera também a conhecida lei dos vasos comunicantes. Os milhares de euros perdidos por ocasião de cada feriado com o encerramento dos monumentos e museus ( só no Domingo de Páscoa e no Convento teriam sido pelo menos 5 mil euros), fariam muito jeito noutras áreas, como por exemplo na modernização das redes de águas...
Por mera coincidência, ainda ontem a ministra Cristas apareceu no Telejornal a defender a inevitável reforma do tarifário da água a nível nacional. Usou mesmo um método extremamente eficaz: mostrou os preços máximos e os mínimos. O oito e o oitenta. Todos subsidiados, uns mais do que outros. Excelente!
Em fundo, uma roda de leme, julgo que do Navio Escola Sagres, na qual se podia ler, sobre madeira envernizada, "Honrai a Pátria que a Pátria vos contempla". Exactamente a mesma legenda que até 1999 encimava a Porta do Cerco, fronteira entre a China e o Território de Macau...
Usando estilo camoniano: Ditosa Pátria que tais filhos tem!

1 comentário:

Leão_da_Estrela disse...

Pela foto ilustrativa, o caro professor acabou por desmentir esse desgraçado morador que ficou sem água para o banho matinal: os três que lá passaram a noite sem fazer nada (são masoquistas, coitados), mais o infeliz que operou a máquina, abriu o buraco, cortou o tubo, iniciou a reparação e colocou a sinalética de obras, foram dormir e chegaram dois para trabalhar. pela mesma proporção estariam seis a ver, mas não! se fosse antigamente, dir-se-ia com a mesma leviandade que estavam na Lena nos copos; hoje se calhar estariam a trabalhar noutro lado qualquer. Valha-lhes isso, aos moradores; assim mais rapidamente verão reposto um serviço tão essencial.

Passado o "fait divers", concordo com a crítica à vetustez da rede de águas; sendo ela tão antiga, são normais as rupturas; vale que a zona não tem uma grande densidade populacional e os consumos não são por aí além, logo não requer muita pressão, doutro modo os cortes aconteceriam mais amiúde, com os consequentes transtornos.

Não me parece que com o dinheiro da abertura do Convento se conseguisse remodelar toda a rede de abastecimento de água da zona velha da cidade, até porque quem o embolsaria não seria a Câmara, mas com o que se gastou no parque de estacionamento, até a rede de esgotos e aguas pluviais poderia ter sido remodelada. Mas isso são (foram) opções...

(já agora, só para conhecimento, aqui onde vivo, a minha factura da água trás atrelado a ela 140% de taxas e impostos, ou seja, imagine que o consumo de água são 10 Euros, na factura vêm lá 24 Euritos p'ra pagar! o meu consumo médio mensal são 40,00€, para uma família de 3 pessoas, é obra...[ou os carros novos dos administradores dos SMAS])

Cumprimentos