domingo, 31 de março de 2013

Ignorância? Má-fé? Ambas?



Em domingo de Páscoa, desatei a pensar no cabrito do almoço. Lembrei-me que "Quem cabritos vende e cabras não tem, certamente lixa alguém". Dado que os nossos eleitos prometem muito, mas nada têm para oferecer, a conclusão é óbvia. E explica, entre outras coisas, porque razão numa factura dos SMAS - Tomar, de 31 euros, 16 são de taxas... Nestas condições, será de admirar que, entre 2001 e 2011, segundo dados do INE, o concelho de Tomar tenha perdido quase 2.500 habitantes, enquanto a população de Ourém, Leiria e Caldas da Rainha aumentou na mesma proporção? Porque terá sido? Clima agreste? Ou má administração, péssima qualidade de vida e custos escaldantes?
Não há pior cego que aquele que não quer ver, nem pior ignorante que aquele que não quer aprender. Como acontece com a maior parte dos nossos eleitos locais. Ainda recentemente, publicou O Templário um trabalho sobre os famigerados parques de estacionamento da execrada era paivina. Baseando-se em dados fornecidos pela autarquia, referia a dita notícia que o parque além da ponte dava prejuízo, mas o seu mano ex-ParqT dava lucro. Vejam lá e vejam bem! Um parque de estacionamento quase sempre às moscas, se exceptuarmos os senhores autarcas e as viaturas municipais, que não pagam, ainda assim com uma exploração equilibrada.
Devidamente escalpelizado o assunto, concluí tratar-se apenas de mais uma das habituais manobras publicitárias da autarquia. Uma daquelas usuais vigarices políticas, para iludir os papalvos. Neste caso recorrendo a uma forma de contabilidade criativa.
Resulta da referida notícia que a receita mensal do dito cujo, ao que parece, dá para custear a energia e a despesa com a vigilância, assegurada por uma empresa privada de segurança. Muito bem. Mas em bom rigor, uma exploração rentável seria aquela que assegurasse receitas que cobrissem, não só as despesas de exploração, como também a progressiva amortização do investimento, os concomitantes juros + outros encargos, e uma reserva para custos de manutenção corrente.
Uma vez que, devido a uma gestão desastrosa dos sucessivos autarcas, o citado ParqT custou aos contribuintes a bagatela de sete milhões de euros = 1,4 milhões de contos, a amortizar em 14 anos (prazo usual dos empréstimos bancários às autarquias), para a sua exploração ser rentável deveria proporcionar aos cofres municipais um mínimo de meio milhão de euros anuais + juros + despesas de exploração + fundo de manutenção. Algo como um plancher de mil e quinhentos euros diários. Alguma vez será o caso?!? E lá terão os desgraçados e já esfolados contribuintes de arcar com mais este encargo com o estacionamento dos outros...
Apesar de sucessivos desastres semelhantes a este (pavilhões sem as medidas legais, estádio transformado em campo de treinos, paredão do Flecheiro, Elefante branco da Levada, Núcleo de Arte Contemporânea, Envolvente ao Convento de Cristo...) aí temos de novo os mesmos actores a submeterem-se ao voto popular. Tão ufanos, tão convencidos, tão contentes consigo próprios, que até parece terem feito uma obra admirável nos últimos anos. E até devem estar convencidos disso. Santa ignorância! Nem sequer imaginam os prejuízos que já causaram aos tomarenses da cidade e do concelho, cada vez mais numerosos a dar corda aos sapatos, em busca de autarquias com menos fanfarrões.
Em Outubro próximo, com o meu voto não contam. Sem escolha possível, não se justifica a deslocação.

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